O
ensino mais importante da revelação cristã é a Divindade do Senhor Jesus
Cristo, também conhecida como Encarnação. Ele é o Messias prometido, enviado ao
mundo para redimir homens e mulheres dos seus pecados e dar vida eterna a
todos quantos o receberem como Salvador.
Ora, o que se entende por Divindade do Senhor Jesus Cristo? Esta é geralmente
conhecida como a Doutrina da Trindade. Este é talvez um termo inadequado,
transformado em uso comum durante séculos.
Sem esta doutrina da Divindade do Senhor Jesus Cristo, tudo está perdido e o
Cristianismo perde a sua significação, pois se Cristo é apenas uma criatura,
isso O torna um ser criado e que Deus enviou alguém, um ser finito criado, para
nos redimir. Um ser criado não poderia nos redimir da ira divina e somente o
próprio Deus poderia fazê-lo. Se Cristo foi um ser criado, isso implica em que
houve um tempo em que Ele não existiu e Deus vivia sozinho na eternidade.
Para apreciar as verdades do Cristianismo é bem melhor que se deixe de lado
toda a verdade, num detalhe tão preciso como este, deixando que esse
entendimento penetre gradualmente em nossa mente, de modo que quando a verdade
aflorar, ela será como se tivéssemos encontrado uma pedra preciosa escondida,
para jamais ser novamente ocultada.
Em muitas ocasiões, Jesus não contou toda a verdade sobre a Sua Divindade aos
discípulos porque sabia que eles não estavam preparados para aceitar
imediatamente a verdade total sobre o que Ele iria lhes contar. Ele nos conta
em João 16:12:
“Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”.
É verdade que quando um indivíduo pesquisa sozinho e descobre um ponto especial
de crença, isto se torna sua propriedade duradoura.
Então ela é
assumida pelo intelecto. Quando pesquisamos e em seguida fazemos uma nova
descoberta, ela nos inspira. Isso se estende até a outros campos, além da fé.
Contudo, à medida em que buscamos, às vezes descobrimos que aquilo em que antes
acreditávamos não é verdade, e isso pode, e muitas vezes acontece, nos deixar
alarmados. Mas a pessoa realmente honesta livrar-se-á do erro e continuará em
sua busca pela verdade final.
Infelizmente, muitos crentes acreditam em certos itens por terem recebido e
aceitado as crenças dos seus mestres [ou pais], sem jamais terem se dado ao
trabalho de pesquisar por si mesmos, a fim de obterem as respostas.
Conseqüentemente, não devemos crer nesta doutrina da Divindade,
simplesmente porque alguém [o autor ou o tradutor deste livro] nos disse para
crer na mesma. Não façamos confissão oral por causa deste artigo de fé.
A total implicação desta doutrina [da Divindade do Senhor Jesus Cristo] é tão
sagrada e tão abrangente, que peço ao leitor para fazer uma pesquisa da
verdade, como se estivesse garimpando em busca de pedras preciosas [N.T.
- Para mim, que sou apaixonada por pedras preciosas, em razão de suas
cores deslumbrantes, descobrir que Jesus Cristo é Deus foi como encontrar
o maior e mais precioso tesouro de toda a minha vida].
Sei que a total implicação desta doutrina vai conduzir sua mente a um estado de
reverência e quando você ponderar sobre a verdade da mesma, ficará maravilhado
para sempre!
Quando realmente se crê na Divindade de Jesus Cristo, então pode-se entender
porque esta verdade é a doutrina fundamental do Cristianismo. Uma legítima fé
nesta indescritível revelação [através da Palavra de Deus] pode ser aceita em
seu coração através de uma revelação espiritual de Deus.
Foi isso que aconteceu ao Apóstolo Pedro, conforme Mateus 16:13-21: “E, chegando Jesus
às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem
dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista;
outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós,
quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu,
Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está
nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te
darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado
nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. Então
mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus o Cristo.
Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a
Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes,
e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia”.
A
confissão de Pedro de que Jesus é o “Filho do Deus Vivo” é a rocha sobre a qual
a igreja do Senhor Jesus Cristo foi edificada [e não a Igreja de Roma, conforme
ensina a doutrina católica]. É obvio, conforme a Escritura supracitada, que
Jesus não explicou Quem Ele era exatamente, esperando que o Pai celeste
revelasse a Pedro Sua identidade.
Ora, o termo “Filho de Deus” tem significação diferenciada à mente
moderna daquela que tinha à mente judaica do primeiro século. Esse é um dos
problemas para se chegar à compreensão desta verdade.
No Evangelho de João, quando Jesus chamou Deus de Seu Pai, os judeus logo entenderam
que Jesus queria dizer - que Ele era igual a Deus. “E Jesus lhes respondeu:
Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus
ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também
dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Mas Jesus
respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si
mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto
ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo
o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos
maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim
também o Filho vivifica aqueles que quer. E também o Pai a ninguém julga, mas
deu ao Filho todo o juízo; para que todos honrem o Filho, como honram o Pai.
Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou” (João 5:17-23).
Chamar Deus de Seu Pai, fazendo-se igual a Ele.
Esta
conclusão, de que o Filho era igual a Deus não é a mesma a que chegamos hoje
através dessa expressão. Se alguém se autodenomina “filho de Deus”, agora
ninguém vai pensar que ele está se igualando a Deus. Em Lucas 3:38, Adão é
chamado “filho de Deus” e ele não era igual a Deus [sendo ali apresentado como
o mais longínquo ascendente do Senhor Jesus Cristo]. Na significação atual,
iríamos entender isso no sentido de que ele era filho de Deus, do mesmo modo
como falamos de um filho nosso.
O que fez os judeus do primeiro século acreditarem que o termo “Filho de
Deus” significava igualdade com Deus?
Um livro excelente que trata da significação do Messias como sendo o Filho de
Deus, tendo levado os judeus a igualar esta declaração com Ele sendo igual a
Deus é “O Senhor do Céu”, da autoria de Sir Robert Anderson [traduzido
por Mary Schultze]. Na p. 88 do livro “The Lord of Heaven” lemos o seguinte:
“Pessoa
alguma, que aceite as Escrituras como divinas, vai poder negar que no Seu
ministério pessoal o Senhor Jesus reivindicou a Sua Divindade. A crucificação é
uma prova pública de que Ele, de fato, confirmou essa reivindicação, pois
sabemos que a expressa razão pela qual os judeus conspiraram pela Sua morte foi
porque Ele não somente desrespeitava o sábado, como ainda chamava Deus de Seu
próprio Pai: “Se
o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja
quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem?
... Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa,
mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”. (João 7:23; 10:33). Sua
afirmação de ser Senhor até do sábado era em si uma afirmação de ser Ele igual
ao Deus do Monte Sinai. E quanto ao fato Dele se declarar Filho de Deus é
que Ele pretendia que os seus ouvintes O entendessem.
Isso Ele deixou inequivocamente claro. A acusação contra Ele era tal que, se
fosse falsa, qualquer israelita piedoso tê-la-ia rejeitado com horror. Mas, em
vez de rejeitá-la, Ele a aceitou de um modo pelo qual, até mesmo os homens
comuns poderiam entender. Pois Ele depressa confirmou Sua unidade absoluta com
Deus, dizendo que o Pai era responsável por todos os Seus feitos, inclusive, é
claro, o milagre que eles consideravam uma violação à lei divina. Em seguida,
Ele afirmou Sua igualdade com Deus como ‘autor e doador da vida’ - uma
prerrogativa suprema da Divindade. E, por fim, Ele afirmou o Seu exclusivo
direito à prerrogativa igualmente divina do julgamento.”
Em resposta aos judeus, Jesus lhes disse: “Na verdade, na verdade vos digo que o Filho
por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo
quanto ele faz, o Filho o faz igualmente” (João 5:19).
Vamos mostrar que o Filho de Deus precisa ser ensinado pelo Pai porque o Pai é
maior do que Ele (João 14:28) “...porque meu Pai é maior do que eu”.
Essa condição de ser o Filho ensinado pelo Pai pode a princípio nos parecer uma
contradição, mas logo vamos esclarecer o assunto.
Vamos
mostrar que a verdade da Divindade do Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro ensino
da Sagrada Escritura. Vou mostrar isso usando o Livro de Gênesis 1,
comparando-o com o Evangelho de João.
Quando abrimos o evangelho em João 1:1 e tomamos cada frase, passo a passo, vai
ficar claro que João está tentando ensinar a ao leitor sobre a verdadeira
natureza e Pessoa de Jesus Cristo. Antes de tudo, o leitor deve apagar de sua
mente quaisquer idéias preconcebidas, por ele mesmo geradas, ou por antigos
mestres, com referência à Pessoa do Messias.
Agora peço ao leitor, à medida em que estudamos João 1:1, que nem mesmo se
permita saber, neste estágio, que Jesus é identificado como o Verbo de Deus
no Evangelho de João, verso 14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e
vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade”.
Essa identificação é quase impossível de ser removida da nossa mente, mas o
leitor deve tentar fazê-lo.
O fracasso em obedecer a este conselho pode ofuscar a compreensão do estudante
sobre o que realmente a Escritura ensina. Este conselho, removendo idéias
preconcebidas sobre a Pessoa de Cristo deveria ser aceito e este mesmo conselho
também deveria ser aceito quando considerarmos outros aspectos do ensino
cristão.
O problema é que a vasta maioria dos cristãos tem se tornado discípulos
voluntários dos seus professores e esses professores têm sido discípulos dos
seus mestres. Infelizmente, poderia acontecer que o ensino do professor não
fosse correto. Por isso, o leitor deve checar essas coisas conforme o ensino de
Mateus 15:13-14: “Ele,
porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou,
será arrancada. Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro
cego, ambos cairão na cova.” Essa mesma exortação é entregue na 1
Tessalonicenses 5:21: “Examinai
tudo. Retende o bem”.
Talvez o leitor não aprecie este conselho, mas é necessário que ele obtenha o
entendimento do texto, o qual pode até ser contestado no que se refere a esta
tentativa de demonstrar a Divindade de Cristo. Que ele deve até ser contestado
e também ignorado sobre a mesma premissa porque o escritor também é um
professor. É uma objeção válida e este é o meu conselho. Se o leitor não
concordar com o que estou ensinando nestas páginas, então não creia neste
ensino.
João
1:1 será mostrado em rápidos títulos, para evitar a implicação de nova
interpretação, antes que João mostre a verdadeira significação.
A única maneira de o leitor chegar a um entendimento próprio do que João
diz é olhar para cada frase, tentando imaginar o que estava na mente do
Evangelista, quando este estava escrevendo, de modo que ele possa compreender o
que João vai nos revelar.
Isso é exatamente o oposto de reler as palavras com as nossas idéias
preconcebidas.
Lembrem-se que um homem
é julgado pelo que ele fez, conforme Apocalipse 20:13, não pelas suas opiniões,
de modo que não há transgressão em se fazer uma legítima inquirição sobre a
Pessoa de Jesus Cristo, a fim de descobrir Quem Ele realmente foi.
Para começar, o leitor deve chegar à correta interpretação de João 1:1,
antes de conseguir entender a completa revelação feita, mais tarde, pelo
referido Apóstolo.
O primeiro verso inicia-se assim: “No princípio era o verbo...” (era o verbo = era
a Palavra).
Onde estava o Verbo? (Palavra) No princípio?
Em Gênesis 1:3 lemos a frase: “E disse Deus”.
Esta frase indica a fala de Deus, isto é, a Palavra de Deus. Essa
fala é o exato veículo, através do qual Deus criou os céus e a terra.
Em Hebreu 11:3 lemos: “O
qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder...” Em Salmos 33:6
lemos: “Pela
palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito
da sua boca”.
O que
João está dizendo é que quando o princípio começou, isto é, antes que este
começasse, conforme entendemos o tempo, a Palavra já existia [Era o verbo].
Isto significa antes, até mesmo de existirem os céus e seus habitantes [anjos].
Então, a Palavra, ou seja, a fala de Deus, é tão eterna como o próprio Deus,
estando sujeita à sua vontade, quando Ele fala.
Essa eternidade da Palavra de Deus é perfeitamente obvia, pois a Palavra de
Deus é a Sua fala eterna. Isso acontece exatamente com a personalidade humana,
pois o nosso discurso está sujeito à nossa vontade e existe somente enquanto
nós, como indivíduos, existimos.
Nossa palavra é a legítima expressão do que somos e é através dela que nos
comunicamos com os outros, a fim de conseguir que as coisas sejam feitas.
Nesse ponto da narrativa, o nome de Jesus Cristo não foi mencionado por João;
então não devemos concluir que este verbo [Palavra] seja a Pessoa de
Jesus Cristo.
A partir da narrativa, estamos apenas tentando entender o que João está
ensinando em cada frase.
Já examinamos “no
princípio era o verbo”.
Isto significa que a vontade de Deus, expressa com a sua fala, é a Sua Palavra
eterna.
A próxima frase acrescenta um pouco mais sobre a Palavra. João diz que esta
Palavra, esse pronunciamento de Deus, estava com Ele.
“No princípio era o verbo, e o verbo
estava com Deus”.
Onde se origina esta subseqüente declaração? Em
que João está pensando, quando diz isto?
“Ele (o verbo) estava no princípio com Deus.”
É verdade que a Palavra de Deus estava com Ele e não em outra parte.
Então existe o lampejo de uma significação mais profunda para esta frase?
Voltamos a Gênesis 1:26: “E disse Deus: Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”
Quem é este que está com Deus? Para tentarmos
entender, convém examinar as palavras originais no verso 1 de Hebreus 1:10:
“E: Tu,
Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos”.
Aqui o verbo para criar (fundar) é “bara” (singular). Em Hebraico Deus é “Elohim”
(plural).
A palavra hebraica “Elohim” é um nome no plural
e o verbo está no singular, quando, normalmente, deveriam
concordar um com o outro em número.
A maneira comum de explicar esta gramática
incomum de um nome no plural com um verbo no singular, é através do “nós” na
realeza.
Uma expressão que o Rei ou a Rainha devem usar de si mesmos, quando fizerem
pronunciamentos da realeza. Vamos nos lembrar do que ela (a Rainha) diz
realmente: “Nós (plural), mas ela (a Rainha) é singular.
Esta forma de expressão é chamada pelos gramáticos de “pluralis excellentiae”.
É verdade que Deus, muitas vezes, fala de Si
mesmo no plural, na Sagrada Escritura; e usando a explicação acima fica
eliminada uma aparente dificuldade gramatical.
Esse desvio literário “pluralis excellentiae”
era desconhecido por Moisés, pelos profetas, pelo faraó, por Nabucodonosor, por
Davi e por todos os outros reis de Israel, porque através da Lei e os Profetas,
todos eles falavam: não como os reis modernos estão prontos a falar - “Nós
ordenamos”, mas usaram a fórmula normal, “eu ordeno”, etc.
Em Daniel 3:29 lemos: “Por mim, pois, é
feito um decreto...”.
Em
Gênesis 41:41, lemos: “Disse mais Faraó a José:
Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito”.
Sem levar em conta este “nós” da realeza, as
palavras em Gênesis 1:26, são muito claras, em que Deus disse: “Façamos o homem
à nossa imagem”. Então João conclui que o
Verbo (Palavra) estava no princípio e estava com Deus. Lembrem-se que
é a fala de Deus, Sua Palavra, que cria.
Existe
um mistério em torno deste plural de Deus usado com o verbo no singular.
Contudo, sem esta construção, a Escritura ainda diz as palavras “Façamos”
e também diz “à nossa imagem”. É como se Deus estivesse falado com outra
pessoa da mesma essência dEle mesmo, ao usar o “nós” em “nossa imagem”.
Então, o ensino do Velho Testamento, com
respeito à natureza de Deus, é que existe somente um Deus, não dois ou três.
Por exemplo, em Deuteronômio 6:4 lemos:
“Ouve,
Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR”. Isso
foi dito aos israelitas para evitar que eles se envolvessem no politeísmo, que
era rompante no tempo de Moisés.
Numa seção seguinte existem detalhes familiares
relacionados a este plural de Deus, Elohim, o “pluralis excellentiae”. A
declaração seguinte de João é
“e o
verbo era Deus”.
Esta declaração está absolutamente correta, pois
o Verbo (Palavra), a fala de Deus, é obviamente uma expressão do próprio Deus.
João não poderia dizer: “O verbo era o Deus”, isto é, a
totalidade de Deus - “Elohim”. Muito mais do que podemos dizer que a nossa
palavra é a nossa totalidade.
O que João está expressando aqui é que o Verbo
(Palavra) estava com Deus e o próprio Verbo (Palavra) também era Deus, da mesma
substância. Mas João não confunde o Verbo (Palavra) de Deus com a totalidade de
Deus - Elohim.
O Verbo (Palavra) é a expressão da Divindade,
isto é, Ele é tão eterno como Deus é. Mas Ele (o Verbo) também está sujeito a
Deus, mesmo sendo o próprio Deus em essência, pois a Palavra expressa a
natureza e o caráter de Deus.
Quando a totalidade de Deus (em Hebraico = Elohim)
deseja criar as coisas, ou comunicar a Sua vontade às criaturas, Ele fala
através da Palavra (Verbo).
Vamos ao resumo de João 1:1:
“No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.
Pois é isso exatamente o que Gênesis 1:1 nos
ensina: “No princípio criou Deus
os céus e a terra”.
Claro que tudo pressupõe que Gênesis 1:1 contém
a verdadeira revelação de como o mundo veio a existir.
Os ateus acreditam que Gênesis é apenas um mito, o mesmo acontecendo até mesmo
com alguns cristãos.
A teoria da evolução orgânica - que hoje existe na história - substituiu
Gênesis como explicação da origem do homem, mesmo tendo Cristo se referido a
Gênesis 1, em sua discussão com os fariseus sobre o casamento. Comparar Mateus
1-6 com a Gênesis 2:23-24:
“E disse
Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será
chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu
pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.
Em Gênesis 1:2 o Espírito de Deus é descrito
como se movendo “sobre a face das águas”, as quais cobriam a terra na semana da criação.
Jamais deve haver qualquer dúvida da parte dos que estudam a Escritura, de que
o Espírito de Deus é Deus, parte de Deus e poder de Deus. Esta verdade é aceita
até mesmo pelos que não crêem no Deus Trino e nem que o Espírito Santo seja uma
Pessoa. Todos eles crêem que o Espírito de Deus é eterno, do mesmo modo como
Deus é eterno. Claro que através da Escritura o Espírito de Deus se assemelha
ao sopro de Deus, o qual procede de Sua boca, exatamente como o Verbo (Palavra)
de Deus procede de Sua boca.
Agora o leitor pode entender que cada coisa que João diz está embasada em
Gênesis e a declaração dele referente à Palavra de Deus está completamente em
sintonia com o que Gênesis ensina.
A conversa de Deus, no princípio, foi com Elohim
e era uma expressão de Elohim, isto é, de Deus. Neste ponto a narrativa de João
ainda não menciona Jesus Cristo e o leitor não deveria conectar o Verbo
(Palavra) com Ele.
O leitor deve eliminar agora essa identificação
de sua mente, à medida em que prosseguimos, para entender a narrativa.
A controversa Tradução (Novo Mundo) diz que “O
verbo era um deus”, declaração completamente absurda, pois o Verbo
(Palavra) de Deus é a Sua expressão. Não se pode chamar a eterna expressão
de: “um deus”, pois ela é a completa expressão da Divindade. Podemos traduzi-la
como “A Palavra era divina”, como alguns tradutores têm feito.
A construção na gramática grega de “Deus era a Palavra” é chamada “nomes
predicados definidos” que precedem o verbo. Deus, o nome, vem antes
do verbo, e “era” não toma o artigo definido “o”, conforme o idioma grego. A
tradução grega “O verbo era um deus” é errada, pois a regra Colwells nos
mostra que:
Lembrem-se
que não existe artigo
INdefinido na
língua grega (Vejam Apêndice 2 sobre a Regra de Colwell).
Mais de 95% das traduções dizem:
“O
Verbo era Deus”.
No início do verso, temos (em Grego) “no
princípio”. Esta é uma frase preposicional que não contém o artigo
definido, mas é totalmente definida.
A próxima declaração de João é
“Ele
estava no princípio com Deus”.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus” (João 1:1-2). Isto nos diz a mesma verdade
de que no princípio Deus estava com a Sua Palavra, a Sua fala, a expressão de
Sua perfeita vontade.
Novamente não existe aqui qualquer menção ao nome de Jesus Cristo, daí por que
não devemos tirar ainda conclusão alguma sobre Ele.
No verso 3 João nos diz: “Todas as coisas foram
feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. Que essa Palavra trouxe todas as coisas à
existência, é a mesma informação que nos é entregue em Gênesis.
A criação
principiou quando... “E disse Deus” e João completa a seqüência com o verso 3: “Haja luz; e houve luz”.
Esta é exatamente a verdade que Deus, através de
Sua voz, Palavra, fala, trouxe à existência todas as coisas que não existiam,
tudo isso devido à Sua Palavra. Tudo aconteceu porque “Disse Deus”...
A definição exata de Deus é que Ele é o
Criador do Universo.
A seguir, João se move para descrever mais sobre o Verbo (Palavra), o que, inevitavelmente
o leva a uma inacreditável conclusão. Esta é a conclusão a que ele chega, no
verso 14:
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre
nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e
de verdade”.
A inacreditável Palavra revelada é que o Verbo
de Deus, a fala de Deus, a vontade de Deus, expressa pela Sua própria boca, é
que “O verbo se fez carne na Pessoa de Jesus Cristo”. Esta é a verdade
que está sendo totalmente revelada por João, pela primeira vez.
Esta revelação que João torna conhecida é tão monumental que é dificilmente
crida, que Deus na Pessoa do Seu Filho, o Verbo, se tornou carne, tendo nascido
como Jesus de Nazaré.
Para João, um judeu
monoteísta, atrever-se a identificar Jesus de Nazaré como o Cristo, o Messias
Divino, era algo que não podia provir de sua própria mente, mas de uma
revelação direta do próprio Deus: “Mas, quando vier aquele, o Espírito de
verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas
dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir”. (João 16:13).
O leitor precisa entender que os apóstolos, sendo judeus, acreditavam
exclusivamente numa religião monoteísta e, para eles, adorar um homem como Deus
seria totalmente inadmissível e até blasfemo.
A barreira para essa adoração seria
intransponível, exceto, como neste caso, que tivessem sido iluminados pelo
Espírito Santo, conforme Jesus havia prometido.
Então, novamente, Ele prometera que o Espírito Santo lhes traria às mentes as
coisas que Ele não lhes havia falado:
“Tenho-vos
dito isto, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai
enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de
tudo quanto vos tenho dito”
(João
14:25-26). Eles não poderiam ter recebido essa revelação, logo após terem
sido vocacionados ao discipulado de Cristo. Teria sido contundente demais para
que pudessem suportá-la.
Seria muito melhor que tivessem a verificação dessa completa verdade, após a
Ascensão de Cristo, de modo que, quando se conscientizassem de Quem realmente
havia estado entre eles, pudessem ficar maravilhados.
E foi a crença em Sua Divindade que os incentivou ardorosamente a pregar as
boas novas com tanto fervor. Ela os sustentou pelo resto de suas vidas. Mal
posso imaginar como eles se sentiram, quando ficaram cônscios de que o Criador
do Universo os havia escolhido para serem Seus companheiros.
Paulo nos fala dessa decisão de fazer-nos companheiros no Reino de Deus, antes
mesmo que o mundo fosse criado:
“Como
também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção
por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1:4-5).
Hebreus
1:3 nos ensina exatamente isso:
“O qual,
sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si
mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas
alturas”.
Crer realmente nisso é tão difícil que às vezes até eu mesmo tenho dificuldade
em acreditar, porém devemos reconhecer que a Divindade de Jesus Cristo é o que
eleva o Cristianismo acima de todas as demais ideais religiosas já inventadas
pelos homens.
A Divindade não foi concebida humanamente, mas
foi uma verdade revelada por Deus sobre a Sua própria natureza.
Devo enfatizar novamente que para os judeus esse
ensino era inadmissível por causa da imutabilidade da
crença monoteísta de suas mentes. Por isso, somente através de uma
revelação direta é que os apóstolos chegaram a esse entendimento.
Esta é a mais indescritível verdade já conhecida pela humanidade, que o Criador
do Universo, o Senhor Eterno dos Céus, pudesse se tornar um de nós, a fim de
salvar-nos da morte eterna. Isto significa que Deus compartilhou do nosso
sofrimento, da nossa humanidade e que ninguém poderá acusá-Lo da incapacidade
de sentir o nosso problema.
Se Jesus não fosse Deus, então Deus estaria excluído do real sofrimento da
humanidade. Com a verdade de Sua Divindade, Deus sofre junto conosco em Sua
Paternidade de Jesus e em Seu próprio sofrimento físico e morte na cruz.
Este evento na história humana, o Verbo (Palavra) se tornando carne, conforme
as Escrituras, já estava preordenado antes da fundação do mundo, sendo uma
verdade que há de perdurar por toda a eternidade, por ser a legítima natureza e
história de Deus.
Ora, a Divindade de Cristo está completamente de acordo com a verdade
apresentada no capítulo 1 de Gênesis e, se esta Escritura está errada,
então Deus também pode errar.
Capítulo 1-3 do livro “A Proof Set in Stone”, pelo
Dr.
Peter Bluer (Discípulo de Sir Robert Anderson)
Traduzido por
Mary Schultze, abril 2005.
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
(retorne a http://solascriptura-tt.org/
Cristologia/
retorne a http://
solascriptura-tt.org/
)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.