Dr. Arnold G. Fruchtenbaum
(judeu convertido, tornou-se missionário para os judeus)
Ariel Ministries, www.ariel.org/
Título original: The Three Messianic Miracles, livreto. Copiado de http://www.arunrajesh.com/BibleStudy/mbs035m.pdf
Um tempo antes da vinda de Yeshua (Jesus), os antigos rabis
dividiam os milagres em duas categorias: a) aqueles que qualquer homem podia
realizar se fosse por Deus autorizado a realizá-los; b) e aqueles reservados
apenas ao Messias. Como Yeshua realizou ambos os tipos de milagres durante a
Sua Primeira Vinda, as reacções e resultados de tais feitos assumiram tremendo
significado. Ainda hoje continuam evidências cruciais da nossa fé – como vemos
neste estudo de Arnold Fruchtenbaum.
Sumário
Os Três Milagres Exclusivos [e Identificatórios] do Messias
I - O Primeiro Milagre Exclusivo [e Identificatório] do Messias: A Cura de um LEPROSO
II- O Segundo Milagre Exclusivo [e Identificatório] do Messias: A Expulsão de um DEMÔNIO MUDO
B. A expulsão de um demônio mudo
E. A Mudança no Ministério do Messias
B. A Cura Física de um Homem que Nasceu Cego
C. O Primeiro Interrogatório do Homem
D. O Interrogatório dos Pais [do cego]
E. O Segundo Interrogatório do Homem [nascido cego]
IV. O Testemunho Final Exclusivo e Identificatório do Messias
"Qual
é mais fácil? dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados; ou
dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?" (Mc 2:9 ACF)
O primeiro milagre
exclusivo e identificatório do Messias foi a cura de um leproso. Sob a Lei
Mosaica, uma pessoa só podia ser contaminada por um corpo humano vivo ao
tocar um leproso. Geralmente, sob a Lei Mosaica, uma pessoa podia tornar-se
cerimonialmente imunda ou contaminada, ao tocar um cadáver (corpo morto)
humano, um cadáver (corpo morto) animal, ou um corpo de animal imundo vivo,
como o porco. Porém o único tipo de humano vivo capaz de causar contaminação
era o leproso.
Desde o tempo intermédio entre a completação da lei Mosaica e a Primeira Vinda
de Yeshua, não houve qualquer registo de algum Judeu que tivesse sido curado da
lepra. A cura da lepra de Miriam ocorreu antes da completação da Lei. Naamã foi
curado da lepra, mas era um Gentio Sírio e não Judeu.
A lepra era uma doença que tinha sido deixada fora das curas rabínicas; não
havia qualquer cura para a lepra. Apesar disso as Escrituras – Levítico 13-14 –
davam ao sacerdócio Levítico instruções detalhadas quanto ao que deveriam fazer
se um leproso fosse curado. No dia em que o leproso se aproximasse do
sacerdócio e dissesse, "Eu era leproso mas fui curado", o sacerdócio
deveria apresentar uma oferta inicial de duas aves. Durante os sete dias
seguintes, deveriam investigar intensivamente a situação para se determinar
três coisas. Primeiro, se a pessoa seria realmente leprosa. Segundo, se, de
facto, tendo sido um verdadeiro leproso, fora realmente curada da sua lepra.
Terceiro, se tendo sido verdadeiramente curada da sua lepra, quais tinham sido
as circunstâncias da cura. Se após sete dias de investigação, eles ficassem
firmemente convencidos de que a pessoa tinha sido leprosa, tinha sido curada da
lepra, e as circunstâncias eram adequadas, então, ao oitavo dia, seguir-se-ia
uma longa série de ofertas. Primeiro, havia uma oferta pela transgressão;
segundo, uma oferta pelo pecado; terceiro, um holocausto; e quarto, uma oferta
de manjares. Depois, havia também a aplicação do sangue da oferta pela
transgressão sobre o leproso curado, seguida da aplicação do sangue da oferta
pelo pecado sobre o leproso curado. A cerimônia chegava então ao fim com a
unção de azeite sobre o leproso curado. Embora o sacerdócio tivesse todas estas
instruções detalhadas quanto a como eles deviam responder ao caso de um leproso
curado, nunca [durante mais de 1440 anos!] tiveram oportunidade de
colocar em prática estas instruções: desde o tempo da dádiva da Lei de Moisés,
nunca nenhum Judeu foi curado da lepra. Como resultado, era ensinado pelos
rabis que apenas o Messias poderia curar um Judeu leproso. A cura do leproso
foi, de facto, classificada como o primeiro dos três milagres exclusivos e
identificatórios do Messias.
Os registos dos três Evangelhos que nos relatam a cura de um leproso são: Mateus 8:2-4, Marcos 1:40-45 e Lucas 5:12-16. Mateus e Marcos declaram meramente que o homem era leproso; mas Lucas, que era profissionalmente médico, apresentou mais detalhes. Segundo Lucas 5:12, o paciente estava cheio de lepra. Isso significa que a lepra estava no auge, e que não demoraria muito tempo para ela tirar a vida a este homem. Este homem muito doente, cheio de lepra, veio a Yeshua e disse, Senhor, se quiseres, bem podes limpar-me. O leproso reconheceu claramente a autoridade de Yeshua como o Messias que tinha o poder para curar um leproso. A única questão da parte do leproso era a voluntariedade de Yeshua para o fazer. Nesta situação, lemos que Yeshua tocou o leproso e logo a lepra desapareceu dele (Lucas 5:13). Mas devemos notar cuidadosamente o que Yeshua disse ao leproso para fazer, segundo Lucas 5:14:
E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas vai, disse, mostra-te
ao sacerdote, e oferece, pela tua purificação, o que Moisés determinou, para
que lhes sirva de testemunho.
O "lhes"
refere-se especificamente à liderança de Israel. Yeshua enviou este homem
directamente ao sacerdócio em Jerusalém a fim de forçá-los a prosseguirem com
os mandamentos de Moisés em Levítico 13-14. Quando este homem apareceu diante
do sacerdócio de Israel e se declarou um leproso purificado, nesse mesmo dia o
sacerdócio ofereceu duas aves como sacrifício. Nos sete dias seguintes, eles
investigaram intensivamente a situação e descobriram três coisas: Em primeiro
lugar, descobriram que este homem tinha sido realmente leproso. Em segundo
lugar descobriram que o homem fora perfeitamente curado da lepra. Em terceiro
lugar, também descobriram que fora Yeshua de Nazaré que curara o homem da
lepra. Uma vez que estes mesmos sacerdotes ensinavam que a cura de um leproso
era um milagre exclusivo e identificatório do Messias, seguir-se-ia daí que, se
alguém curasse um leproso, poderia, por esse próprio ato, reclamar [declarar,
reinvindicar] ser o Messias. Yeshua enviou deliberadamente este leproso
purificado ao sacerdócio para levar os líderes a começarem a investigar as Suas
alegações de ser o Messias, a fim de chegarem a uma decisão a respeito de tais
alegações. Ele queria forçar os líderes Judaicos a tomarem uma decisão a
respeito: da Sua Pessoa – que Ele era o Messias; e da Sua mensagem – que Ele
estava a oferecer a Israel o Reino predito pelos profetas Judaicos. Ao ter
enviado o leproso curado à liderança de Israel, Yeshua retirou-se
para os desertos, e ali orava (Lucas 5:16). Yeshua foi
para o deserto onde, numa ocasião anterior, tinha jejuado e sido tentado por
Satanás. Desta vez foi para o deserto com o propósito de orar. Sobre que
assunto estaria Ele a orar? Estaria a orar sobre o que aconteceria a seguir e
como a liderança de Israel reagiria ao milagre exclusivo e identificatório do
Messias.
O que ocorreu a
seguir vê-se em três dos Evangelhos: Mateus 9:1-8, Marcos 2:1-12 e Lucas
5:17-26. Marcos salienta que este incidente ocorreu em Cafarnaum, na Galileia,
a muitos quilometros de Jerusalém. E Lucas 5:17 declara:
E aconteceu que, num daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali
assentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da
Galileia, e da Judéia, e de Jerusalém. E a virtude do Senhor estava com ele
para curar.
O que nós temos aqui, escutando o ensino de Yeshua, não
são meramente alguns líderes Judaicos da cidade de Cafarnaum. O registo de
Lucas declara muito claramente que estavam ali reunidos todos os líderes
Judaicos oriundos de todo o país (cercanias da Galileia, Judeia, e Jerusalém).
Porque é que todos estes líderes Judaicos de repente têm uma convenção em
Cafarnaum? Esta foi a reacção deles ao primeiro milagre exclusivo e
identificatório do Messias. Eles sabiam que Yeshua tinha curado um
leproso. De acordo com os seus próprios ensinos, apenas o Messias podia curar
um leproso. Se Yeshua tinha curado o leproso, isso podia significar muito bem
que Ele era o Messias. É nestas circunstâncias que todos se juntaram para
investigar Yeshua.
Segundo a lei do Sinédrio, se houvesse qualquer espécie
de movimento messiânico [alguém clamando e dando evidências de ser o
Messias prometido por Deus], o Sinédrio deveria investigar a situação em
duas fases. A primeira fase era
chamada a "fase da observação". Era formada uma delegação para
investigar apenas por via da observação. Esta delegação deveria observar o que
estava a ser dito, o que estava a ser feito, e o que estava a ser ensinado. Não
lhes era permitido colocar qualquer questão ou levantar qualquer objecção. Após
um período de observação, deviam voltar então para Jerusalém, reportar ao
Sinédrio e dar um veredicto: o movimento era significativo ou não? Se fosse
decretado que o movimento era insignificante, a questão terminaria ali. Mas se
o movimento fosse determinado significativo, então haveria uma segunda fase de
investigação chamada a "fase da inquirição". Nesta fase, eles
interrogariam o indivíduo ou membros do movimento. Desta vez, colocariam
questões e levantariam objecções para descobrirem se alegações deveriam ser
aceitas ou rejeitadas. O incidente em Lucas regista a primeira fase, a fase da
observação, em que eles observavam o que Yeshua dizia e fazia. Neste ponto não
lhes era permitido levantar objecções ou colocar questões. Porque um milagre
exclusivo e identificatório do Messias tinha sido realizado, todos os líderes
do país inteiro tinham vindo a Cafarnaum para participarem na fase da
observação – observarem o que Yeshua dizia, fazia e ensinava. Quando o Messias
estava a ensinar, um paralítico foi trazido por quatro amigos a Yeshua a fim de
ser curado. Mas, uma vez que os muitos líderes Judaicos bloqueavam a entrada,
os cinco não conseguiam entrar. Eles subiram, então, ao telhado, fizeram nele
um buraco e fizeram descer o paralítico aos pés de Yeshua. Quando isto sucedeu,
Yeshua desviou-se do Seu procedimento normal. Não fez como fizera
noutras ocasiões anteriores, avançando simplesmente com a cura do homem que Lhe
fora trazido. Em vez disso, ficamos a saber por Marcos 2:5 –
E, vendo Ele a fé deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te são
perdoados.
Em vez de curar o homem, Yeshua fez um anúncio dramático - os teus
pecados te são perdoados. Ele sabia muito bem que uma tal
declaração diante de toda a liderança teria, com toda a certeza, uma reacção
negativa. De fato, foi exatamente isso que aconteceu. Em Marcos 2:6, lemos:
E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em
seus corações.
Lembremo-nos que esta era a fase da observação. Os que estavam ali a julgar só
podiam observar; não lhes era permitido levantar questões ou objecções. Eles
arrazoavam nos seus corações:
Por que diz este assim blasfémias? Quem pode perdoar pecados, senão
Deus? (Marcos 2:7)
A teologia deles estava absolutamente correta. Ninguém
podia perdoar pecados a não ser Deus. Uma vez que Yeshua declarou ter a
prerrogativa de perdoar pecados, isso significava uma de duas coisas:
Primeiro, isso poderia significar que Ele era um blasfemo. Segundo, Ele podia
ser quem reclamava ser – a Pessoa Messiânica, o Messias. Foi neste ponto que
Yeshua dirigiu à liderança de Israel a seguinte questão:
Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus
pecados; ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda? (Marcos 2:9)
A questão era, o que é mais fácil de se dizer? Será mais fácil dizer a alguém, "estão
perdoados os teus pecados", ou dizer a um paralítico,
"Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?" O que é mais fácil e difícil de dizer? Decerto que o mais fácil seria,
"estão perdoados os teus pecados",
porque isso não requeria evidência tangível, externa, eterna e observável.
Porém a declaração de que um paralítico seria curado era de longe bem mais
difícil de dizer, pois uma tal proclamação requeria evidência externa e
observável.
Yeshua prosseguiu dizendo que iria provar que podia proferir a declaração mais
fácil - "estão perdoados os teus pecados" -, ao
realizar o mais difícil das duas coisas, isto é, curando o paralítico. E
avançou com a cura do paralítico. Houve evidência instantânea,
observável, porque o homem podia erguer-se e andar, a ponto de até mesmo poder
transportar o seu leito. Isto provava que Yeshua também podia dizer (fazer) o
mais fácil, ou seja, que os pecados deste homem eram perdoados. Se Yeshua podia
perdoar pecados, então isso significava que Ele era exatamente Quem clamava ser
– a Pessoa Messiânica, o Messias.
Como resposta ao primeiro milagre exclusivo e identificatório do Messias com a
cura de um leproso, começou a investigação exaustiva das Suas alegações de ser
o Messias. Os líderes observaram Yeshua clamar o direito a perdoar pecados. Por
conseguinte, ou Ele era um blasfemo, ou o Messias. Uma coisa é evidente: A
liderança de Israel regressaria a Jerusalém e decretaria o movimento de Yeshua
como significativo. Após este evento, Yeshua ficou sujeito à segunda fase da
investigação do Sinédrio, a fase da inquirição. Entre a realização do primeiro
e o segundo milagre exclusivo e identificatório do Messiass, por onde quer que
Yeshua fosse, um Fariseu decerto que O seguiria e eles não ficariam mais em
silêncio. Por toda a parte que Jesus fosse, os Fariseus estariam sempre
presentes e colocando questões e fazendo objecções, numa tentativa de verificar
ou rejeitar as Suas alegações de ser o Messias.
Autor: Arnold Fruchtenbaum
Tradutor: Carlos Oliveira, Portugal, 2004.
(parte de The Three Messianic Miracles)
Dr. Arnold G. Fruchtenbaum
Entre o primeiro milagre exclusivo e identificatório do Messias de Jesus (a cura de um leproso) e o segundo milagre exclusivo e identificatório do Messias, Jesus foi investigado pela liderança de Israel. Ele era interrogado e questionado em toda parte onde ia. A liderança aprendeu várias coisas. A coisa crucial que eles observaram foi que Jesus simplesmente não estava agindo conforme o judaísmo farisaico. Ele não estava aceitando a autoridade farisaica. Ele estava ensinando coisas que contradiziam a interpretação farisaica da Lei de Moisés. No Sermão do Monte, Ele havia repudiado o farisaísmo em dois pontos: Primeiro, como uma interpretação apropriada da justiça que a Lei de Moisés exigia; e segundo, como o tipo de justiça necessário para a entrada no Reino.
As circunstâncias do segundo
milagre exclusivo e identificatório do Messias estão registradas em dois
Evangelhos: Mateus 12:22-37 e Marcos 3:19-30. Marcos 3:21 declara: "E,
quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de
si".
Nesta altura, nas narrativas do Evangelho
da vida e ministério de Jesus, parece haver um reconhecimento de que um alto
ponto estava preste a ser alcançado. Até os Seus amigos consideravam o fato de
que Jesus precisava se proteger dEle mesmo, por sentirem que o Seu zelo estava
beirando a insanidade.
Então, Marcos 3:22 lê: "E
os escribas, que tinham descido de Jerusalém, diziam: Tem Belzebu, e pelo
príncipe dos demônios expulsa os demônios".
Embora este incidente aconteça na
Galileia, ele foi investigado por uma delegação oficial de Jerusalém. A decisão
foi alcançada, finalmente, pelo Sinédrio, a respeito das Suas afirmações
messiânicas.
O evento que deslanchou a afirmação do
Sinédrio está registrado em Mateus 12:22: "Trouxeram-lhe,
então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo
falava e via".
No verso 22, Jesus expulsa um demônio
que fez a pessoa controlada ficar cega e sem fala (ou muda), significando que
ela não podia falar.
O ato de expulsar demônios não era completamente fora do comum no mundo
judaico daquele tempo. Até os rabinos fariseus e os seus seguidores tinham a
capacidade de expulsar demônios. Mas expulsar demônios dentro do modelo do
farisaísmo judaico exigia que se usasse um ritual específico, o qual incluía
três estágios:
Primeiro, o exorcista precisava estabelecer comunicação com o demônio,
pois, quando o demônio fala, ele usa as cordas vocais da pessoa em que ele
habita. Segundo, após estabelecer comunicação com o demônio, o exorcista
teria de descobrir o seu nome. Terceiro, após descobrir o nome do
demônio, ele podia, pelo uso daquele nome, expulsar o demônio.
Há três ocasiões em que Jesus usou a metodologia judaica, como em Marcos 5,
quando Ele, ao ser confrontado com um demônio, fez a pergunta: "Qual
é o teu nome?" A resposta naquela
ocasião foi: "Legião é o meu nome porque somos muitos".
Contudo, havia uma espécie de demônio contra a qual a metodologia judaica era
impotente, e este era o tipo de demônio que fazia a pessoa ficar sem fala e
muda. E, por não poder falar, não havia meio de estabelecer comunicação com
esse tipo de demônio; nem, de maneira nenhuma, descobrir o seu nome. Então,
dentro do modelo do Judaísmo, era impossível expulsar um demônio mudo. Contudo,
os rabinos haviam ensinado que, quando viesse o Messias, Ele seria capaz de
expulsar este tipo de demônio. Este foi o segundo dos três milagres exclusivos
e identificatórios do Messias: a expulsão de um demônio sem fala (ou mudo).
No verso 22, esse era exatamente o tipo de demônio que Jesus expulsou. No verso
12:23, de Mateus, isso levantou a exata pergunta entre as massas judaicas, que
o milagre pretendia levantar: "E toda a multidão se admirava e
dizia: Não é este o Filho de Davi?"
Não seria este o Messias judeu?
Afinal, Ele estava realizando exatamente as coisas que lhes foram ensinadas, desde a
infância, as quais somente o Messias poderia fazer. Eles nunca fizeram esta
pergunta, quando Jesus expulsou outros tipos de demônios. Mas, quando Ele
expulsou um demônio mudo, os judeus levantaram a questão porque reconheceram, a
partir dos ensinos dos rabinos, que este era um milagre exclusivo e
identificatório do Messias.
Contudo, as massas judaicas tinham
sempre a tendência de agir conforme o chamado "complexo de siga_ e_ imite
seu_ líder". Qualquer que fosse o caminho que os líderes seguissem, com
certeza as massas os seguiriam. Consequentemente, através do Antigo Testamento,
quando o rei fazia aquilo que era correto aos olhos do Senhor, o povo
concordava. Mas quando o rei fazia o que era mau à vista do Senhor, o povo
também o seguia. Mesmo neste tempo, quando os crentes judeus testemunham aos
seus contatos judeus, eles sempre escutam a mesma objeção: "Se
Jesus é realmente o Messias, então por que os nossos rabinos não acreditam
nEle?" Nos tempos do Novo Testamento, por causa do controle
que o Judaísmo farisaico exercia sobre as massas, este complexo de "siga_
e_ imite seu_ líder" era extremamente forte. Desse modo, conquanto as massas
judaicas estivessem levantando a questão: "Não é este
o Messias judeu?" elas não estavam
desejando assumir sozinhas a decisão.
À luz do segundo milagre exclusivo e identificatório
do Messias e do questionamento das massas, os líderes judeus viram que era
preciso fazer uma declaração pública sobre a sua decisão final a respeito das
afirmações messiânicas de Jesus. Eles tinham duas opções: A primeira, declarar
que Ele era o Messias, à luz de toda evidência. Ou, a segunda, que era rejeitar
Suas afirmações messiânicas. Se eles assumissem a segunda opção e rejeitassem
as Suas afirmações de ser o Messias prometido por Deus, também teriam de
explicar às massas judaicas o motivo Dele ser capaz de operar os exatos
milagres que eles haviam dito que somente o Messias poderia operar.
Em Mateus 12:24, os fariseus escolheram a
segunda opção: "Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os
demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios".
Os fariseus escolheram a segunda
opção e rejeitaram as afirmações feitas por Jesus de que Ele era o Messias.
Para explicar a Sua capacidade de operar aqueles milagres tão exclusivos, eles
afirmaram que o próprio Jesus estava possesso (ou demonizado) não por algum
demônio comum, mas por "Belzebu, o príncipe dos demônios". O nome
Belzebu é uma combinação de duas palavras hebraicas, que se juntam para
significar "O senhor das moscas". Esta se tornou a base da rejeição
ao fato de Jesus ser o Messias de Deus: Ele não era o Messias, mas apenas
alguém possesso do demônio.
Conquanto resposta dos Fariseus ao primeiro milagre exclusivo e identificatório
do Messias fosse o início da investigação, sua resposta ao segundo milagre
exclusivo e identificatório do Messias foi a rejeição às afirmações feitas por
Jesus de que Ele era o Messias. Eles disserem que Ele não era o Messias, mas um
possesso do demônio. Esta ação da liderança de Israel montou o palco para a
história judaica dos 2.000 anos seguintes.
Jesus respondeu de duas maneiras.
- A primeira resposta foi a de defender-Se quando citou quatro coisas em Mateus
12:25-29. Ele disse que a acusação deles não poderia ser verdade, pois
significaria a divisão do reino de Satanás. A segunda, que eles mesmos
reconheciam que o exorcismo era um dom do Espírito, e até mesmo os seguidores
deles podiam expulsar demônios, embora não demônios mudos. A terceira, que este
milagre autenticava Suas afirmações e Sua mensagem. A quarta, que isso mostrava
que Jesus era mais forte do que Satanás, ao invés de sujeito a Satanás.
- A segunda resposta foi uma condenação, Mateus 12:30-37. Nesta condenação,
Jesus disse que esta geração era culpada de um "pecado imperdoável",
a blasfêmia contra o Espírito Santo. Uma vez que este pecado era exatamente
imperdoável, o julgamento seria agora estabelecido sobre aquela geração, um
julgamento que não seria aliviado sob circunstância alguma. Tal julgamento veio
[melhor dizendo, começou], quarenta aos depois, no ano 70 d.C., com
a destruição do templo de Jerusalém. [Tal julgamento continuou com a feroz
e mortífera perseguição aos judeus em todas as nações por onde eles têm vagado
em dispersão (particularmente com o Holocausto sob Hitler), e será completada
na Grande Tribulação dentro da 70ª Semana de Daniel.]
O que é, exatamente, o pecado
imperdoável, dentro do contexto em que ele se encontra? Ele não é um pecado
individual, mas um pecado nacional; ele foi cometido pela geração dos judeus do
tempo de Jesus e não pode ser aplicado às gerações seguintes dos judeus. O
conteúdo do pecado imperdoável foi: a rejeição nacional de Israel ao Messias
Jesus, enquanto Ele estava presente, com a afirmação de que Ele estava possesso
do demônio.
As pessoas daquele tempo poderiam e conseguiram escapar desse julgamento, como
aconteceu com o Apóstolo Paulo. Também não é um pecado que possa ser cometido
hoje. Neste ponto, a Bíblia é muito clara. Independentemente do tipo de pecado
que alguém cometa hoje, todo pecado é perdoável a todos o indivíduo que for a
Deus através de Jesus. [Nota da Tradutora - Se alguém
não crê em Jesus, comete o pecado imperdoável, admitindo que o Espírito Santo é
mentiroso, por testificar a divindade de Cristo]. A natureza do pecado é
irrelevante. Todo pecado é perdoável para o indivíduo que vai a Deus através de
Jesus, o Messias. Mas, para a nação como um todo, naquela geração particular,
este único pecado tornou-se imperdoável.
Ao prosseguir este estudo, duas palavras
chaves vão continuar aparecendo: "esta geração", porque esta geração
foi culpada de um pecado exclusivo. Isto significava duas coisas. Primeira,
que aquela geração do tempo de Jesus estava sob um julgamento, que não poderia ser
aliviado e que resultaria na destruição do templo de Jerusalém, no Ano 70 d.C. Segunda,
a oferta do Reino do prometido Messias fora rescindida; e não seria
estabelecida naquele tempo, mas seria novamente oferecida a uma posterior
geração judaica - a geração do Milênio.
Em Mateus 12:38-45, são encontradas a resposta dos fariseus e a subsequente
resposta de Jesus. No verso 38, os fariseus precisaram retomar a ofensiva: "Então
alguns dos escribas e dos fariseus tomaram a palavra, dizendo: Mestre, quiséramos
ver da tua parte algum sinal".
Eles foram a Jesus e Lhe pediram
outro sinal, como se Jesus precisasse fazer [mais] alguma coisa para
autenticar o fato dEle ser o Messias. Ele havia operado toda
sorte de milagres, desde o início do Seu ministério, incluindo os vários
milagres que eles mesmos haviam rotulado como milagres exclusivos e
identificatórios do Messias. Mesmo assim, eles rejeitavam Suas afirmações.
Então, Ele disse que, por causa da sua rejeição, eles haviam cometido o pecado
imperdoável e não mais receberiam sinais, exceto "o sinal do profeta
Jonas", o sinal da ressurreição.
É pura verdade que Jesus continuou a
operar milagres, mesmo após este evento, mas o propósito dos Seus milagres
mudou. Já não era o mesmo propósito que houvera, até aquele tempo: servir de
sinais para levar Israel a uma decisão referente às afirmações do Messias. Em
vez disso, o propósito dos Seus milagres, a partir de então, foi o de treinar
os doze apóstolos para o tipo da obra que eles precisariam realizar, por causa
desta rejeição. Quanto à nação, não haveria mais sinais, exceto um: o sinal de
Jonas, o sinal da ressurreição.
Tendo anunciado esta nova política
referente aos sinais, Jesus prosseguiu com as palavras do julgamento, em Mateus
12:41-42, com ênfase sobre aquela geração: "Os
ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se
arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que
Jonas. A rainha do meio-dia se levantará no dia do juízo com esta geração, e a
condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão.
E eis que está aqui quem é maior do que Salomão".
Jesus deu o exemplo de dois elementos
gentios do Antigo Testamento: os homens de Nínive e a Rainha de Sabá. Estes
foram gentios que tiveram somente uma porção da revelação; mas, corresponderam,
com a luz que tinham. No julgamento do Grande Trono Branco, estes gentios
poderão estar a postos, para condenar aquela especial geração judaica, como
culpada do pecado imperdoável.
As palavras do julgamento terminam
com uma estória sobre demônios, nos versos 43 - 45. Não foi um demônio expulso,
mas um demônio que, de sua livre vontade, saiu em busca de um lugar melhor para
viver. Ele o buscou, por algum tempo; mas, quando conseguiu encontrar algumas
vagas, decidiu voltar à pessoa da qual antes tomara a iniciativa de sair. Em
seu regresso, ele o encontrou "desocupado, vazio e adornado". Ele
novamente entrou no homem, mas já não querendo viver sozinho. Então, convidou
sete dos seus colegas [demônios] para a ele se juntarem e [,quanto
ao homem, ] "o seu estado ficou pior do que o
primeiro." No princípio, ele tinha apenas um demônio nele, mas
porque ficou desocupado [não creu e recebeu Cristo e passou a ser habitado
pelo Espírito Santo], agora havia oito demônios habitando nele. No
intervalo entre a primeira e a segunda habitação do demônio, o homem não foi
habitado por nenhum outro espírito [além daquele constituinte dele
próprio, claro], quer fosse o Espírito Santo ou um espírito demoníaco.
O que fora verdade para aquele indivíduo,
seria verdade para aquela geração. Aquela geração começou com a pregação de
João Batista, o qual anunciou a próxima vinda do Rei. Embora estivessem sob o
domínio romano, eles mantinham uma identidade nacional com Jerusalém e o Templo
continuava de pé. Mas, 40 anos depois que estas palavras foram ditas, as
legiões de Roma invadiram a Judeia, Jerusalém foi destruída e o templo
derrubado, até que não restasse "pedra sobre pedra". O último
estado desta geração tornou-se pior do que o primeiro.
O ponto chave da estória, no final do
verso 45 é: "Assim acontecerá também a esta geração má".
Neste ponto, o ministério de Jesus
mudou, radicalmente, em quatro áreas principais. Estas quatro mudanças podem
ser compreendidas apenas sob a luz do cometimento do pecado imperdoável, em
resposta à rejeição do segundo milagre exclusivo e identificatório do Messias.
1. Com respeito ao propósito dos Seus
milagres
A primeira mudança foi em relação ao propósito
dos Seus milagres. Conforme antes declarado, o propósito dos Seus milagres já
não era o de servir como sinais a Israel, a fim de levar Israel a tomar uma
decisão concernente às Suas afirmações de ser o Messias por Deus prometido. A
decisão fora tomada. Em vez disso, o propósito dos Seus milagres passou a ser o
de treinar os doze discípulos para o tipo da obra que eles deveriam realizar,
por causa dessa rejeição. Essas obras foram realizadas, conforme o Livro de
Atos. Mas, para a nação, não haveria mais sinais, exceto um: o sinal de Jonas,
o sinal da ressurreição.
2. Concernente à Base dos Seus Milagres
A segunda mudança foi concernente às
pessoas para quem Ele realizou os milagres. Contudo, até o tempo deste evento,
quando Ele realizava milagres o fazia em benefício das massas, sem delas exigir
que antes tivessem fé. Mas, a partir deste ponto, Ele só realizava milagres em
benefício de indivíduos, em resposta às necessidades individuais. E exigia que,
primeiro, eles tivessem fé. Até o tempo deste evento, sempre que curava uma
pessoa Ele mandava que ela fosse e proclamasse as grandes coisas que Deus havia
feito por ela. Mas, a partir deste ponto, Ele dizia ao indivíduo curado a não
contar sobre o que Deus havia feito por ele.
3. Concernente à Mensagem dEle ser o
Messias
A terceira mudança dizia respeito à
mensagem que Ele e os Seus discípulos pregavam. Até este evento, Ele e os Seus
discípulos percorriam toda Terra de Israel, proclamando o fato dEle ser o
Messias, e Ele até enviou os Seus discípulos de dois em dois, para fazerem
exatamente isso. Mas, a partir deste ponto, Ele iria proibir os Seus discípulos
de proclamar que Ele era o Messias. Quando Pedro fez a grande confissão, em
Mateus 16:16, "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", Jesus o
instruiu a não dizer a pessoa alguma que ele era o Messias.
4. Concernente ao Método
do Seu Ensino
A quarta mudança referiu-se ao Seu método
de ensino. Até este evento, quando ensinava às massas, Ele o fazia clara e
distintamente, em termos que ela pudesse entender. Um exemplo disto foi o
Sermão do Monte, em Mateus 5-7. Mateus mostra que o povo entendia o que Ele
estava dizendo; mostra porém, mais significativamente, quando Ele discordava
dos escribas e fariseus. Contudo, a partir deste ponto, sempre que ensinava às
massas, Ele só o fazia em parábolas. Em Mateus 13:10-14, quando ele iniciou o
Seu método de ensino através de parábolas, os discípulos Lhe perguntaram: "Por
que lhes falas por parábolas?" Jesus respondeu que o método
parabólico de ensino foi usado com o propósito de esconder a verdade das
massas.
Observem a declaração muito gráfica em
Mateus 13:34: "Tudo isto disse Jesus, por parábolas à
multidão, e nada lhes falava sem parábolas".
Às massas, Ele falava somente por
parábolas. Isto não aconteceu, antes da rejeição, em Mateus 12. A verdade é que
tal aconteceu somente após a rejeição. É literalmente impossível entender por
que o ministério de Jesus mudou nestas quatro áreas principais, a não ser que
entendamos quão crucial foi o pecado imperdoável da rejeição do fato dEle ser o
Messias, sob a acusação de possessão demoníaca, a qual foi uma resposta direta
ao segundo milagre exclusivo e identificatório do Messias. Já lhes fora dada
luz suficiente. Eles rejeitaram a luz que tinham, portanto mais nenhuma luz
lhes seria dada.
Mateus 17:14-20, Marcos 9:14-29 e
Lucas 9:37-43 registram um incidente relativo ao tempo em que Jesus e três
discípulos desceram do monte, onde Ele foi transfigurado. Quando eles voltaram
para os outros nove discípulos, que haviam sido deixados para trás, encontraram
um problema; um homem trouxe aos Seus discípulos um seu filho possesso de um
demônio, e os discípulos foram incapazes de expulsar aquele demônio. Também é
interessante notar que o incidente fora instigado [e inflamado, e estava
sendo explorado] pelos escribas e fariseus.
Conforme Marcos 9:14: "E, quando se aproximou dos
discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e alguns escribas que
disputavam com eles".
Os escribas ali estavam para instigar [e
inflamar] esta situação em particular. Um
jovem possuído por um demônio específico fora trazido àqueles discípulos, os
quais tentaram, porém não conseguiram expulsar o demônio. Isto de algum modo
veio a refletir [a todos] que Jesus era o
Messias. Quando confrontado com o endemoninhado, Ele pôde expulsar o demônio. O
que era especial neste problema? Os discípulos haviam conseguido expulsar [outros]
demônios, antes. Por que, então, não conseguiram expulsar este demônio [de
agora]?
Marcos 9:17 revela qual era o tipo
daquele demônio: "E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu
filho, que tem um espírito mudo"... Este era um demônio mudo e
a expulsão de um demônio mudo foi o segundo milagre exclusivo e identificatório
do Messias. Quando os discípulos não puderam expulsar aquele demônio mudo, eles
refletiram sobre a afirmação de que Jesus era o Messias. Mas, em seguida, Ele
veio e expulsou o demônio, tendo, assim, operado o segundo [tipo de] milagre
exclusivo e identificatório do Messias.
Em seguida, Marcos 9:28-29
registra por que os discípulos não puderam fazê-lo: "E, quando
entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que o não
pudemos nós expulsar? E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma,
a não ser com oração e jejum."
Observem o que Jesus disse aqui: "Esta
casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum." Significando
um demônio mudo, nesta declaração, Ele autenticou a observação
farisaica de que demônios mudos eram diferentes e não podiam ser expulsos da
maneira comum.
Ele disse aos discípulos que a razão pela qual eles não haviam conseguido
expulsar o demônio mudo foi porque estavam usando o método errado. Conquanto
outros demônios pudessem ser expulsos em o nome de Jesus, no caso do demônio
mudo ele só poderia ser forçado a sair, por meio da oração. O que os discípulos
deveriam ter feito, além de usar a metodologia normal, que funcionava com
outros tipos de demônios, era simplesmente confiar em Deus Pai para que Ele o
fizesse por eles. Assim Jesus autenticou a observação farisaica de que os
demônios mudos eram diferentes.
Autor: Arnold Fruchtenbaum
Tradutora: Mary Schultze, 06/12/2013.
(parte de The Three
Messianic Miracles)
Dr. Arnold G. Fruchtenbaum
O terceiro milagre exclusivo e identificatório do Messias foi curar alguém que
nasceu cego. Ele não simplesmente curou alguém que ficou cego [depois de
um tempo enxeregando tudo], porém curou alguém que nasceu cego, e este
foi um milagre exclusivo e identificatório do Messias. Vários detalhes desse
terceiro milagre exclusivo e identificatório do Messias são dados em João 9:
1-41. Este longo capítulo pode ser dividido em cinco segmentos específicos.
A primeira parte dos versos de 1-12, registram a cura física. Em João 9:1-5 nós
lemos: E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus
discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para
que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim
para que se manifestem nele as obras de Deus. Convém que eu faça as obras
daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode
trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
Este incidente ocorreu em um dia de Sábado, com eles andando nas ruas de
Jerusalém e vendo um homem que havia nascido cego. Não era somente um Sábado,
mas era também um período da Festa dos Tabernáculos, fazendo com que aquele
Sábado fosse ainda muito mais sagrado ou "um Sábado especial".
O questionamento dos apóstolos parece ser muito estranho, "quem pecou,
este ou seus pais, para que nascesse cego?". Quem cometeu tão
terrível pecado para que este homem nascesse cego? A estranheza nessa questão
não era [a pergunta] se os pais haviam pecado causando o seu
nascimento cego. Este era um princípio da Lei Mosaica em Êxodo 34:6-7 onde Deus
visita os pecados dos pais "nos filhos e nos filhos dos filhos, até a
terceira e quarta gerações". É concebível que os pais tenham
cometido algum pecado específico e Deus tenha visitado esse pecado em seus
filhos, causando a cegueira nos filhos. O defeito da cegueira ao nascimento
pode ter sido um resultado de um pecado específico cometido por seus pais.
Portanto, não é estranha essa parte do questionamento. Porém a questão não é
meramente, "Os pais dele pecaram e ele nasceu cego?" porém
eles também perguntaram "Ou foi esse homem que pecou e nasceu cego?". Esta
é a parte estranha do questionamento. Como pode ele ter pecado primeiro antes
de nascer cego? O Judaísmo nunca ensinou a doutrina da reencarnação. Na luz dos
fatos, como ele poderia pecar antes de ter nascido?
O questionamento feito pelos discípulos refletia a [má] condição do
Judaísmo Farisaico nos dias em que eles cresceram. De acordo com o Judaísmo
Farisaico, um nascimento defeituoso, tal como nascer cego, era devido a um
específico pecado, tanto cometido pelos pais ou cometido pelo indivíduo [antes
de nascer]. Porém, de novo, como poderia um indivíduo ter pecado antes e
então ter nascido cego? De acordo com o Judaísmo Farisaico, na concepção, o
feto tinha duas inclinações. Em Hebreu, ele era chamado yetzer hara,
que significa "a
inclinação para o mal", e yetzer hatov, "a inclinação para o bem".
Essas duas inclinações estavam sempre presentes dentro de um novo ser humano
que foi concebido em um útero. Durante os nove meses de desenvolvimento dentro
do útero da mãe, existe um esforço pelo controle entre as duas inclinações. Era
possível que a inclinação para o mal levou a melhor sobre feto; e, em um estado
de animosidade ou raiva para com sua mãe, ele a chutou enquanto ele ainda
estava dentro do útero dela. Por causa deste ato de pecado, por causa deste ato
de animosidade, ele nasceu cego. O questionamento dos discípulos reflete a [má]
condição do Judaísmo Farisaico no qual eles nasceram. Eles poderiam perguntar
também "Este
homem pecou enquanto estava ainda no útero, ou o pecado de seus pais causou o
seu nascimento cego?".
Os discípulos foram culpados de duas crenças erradas. A primeira foi aceitar o
ensinamento farisaico de que a criança poderia pecar dentro do útero de sua mãe
[chutando-a] e, portanto nascer cega. A segunda era que um defeito
de nascimento, tal como nascer cego, tem sempre que ser devido a algum
específico e terrível pecado [da própria pessoa ou dos seus pais].
No verso três, Jesus dissipa o Farisaísmo rapidamente: … Nem ele pecou nem
seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.
Em outras palavras, ele não nasceu cego por causa de algum específico pecado
cometido por seus pais ou por ele.
Sem dúvida, todos os problemas físicos são devido à queda de Adão e são
resultados de um problema geral do pecado e da queda da humanidade. O homem
morre devido ao pecado em geral da humanidade, devido a ser descendente de
Adão. Contudo, dizer que um defeito específico de nascimento, enfermidade,
doença ou injúria é sempre devido a um pecado em particular ou um demônio em
particular é ensinamento falacioso. Yeshua claramente dissipa estes
ensinamentos dizendo que este homem não pecou, nem seus pais pecaram. Pelo
contrário, Deus providenciou para que este homem nascesse cego para que Deus
pudesse demonstrar Sua glória realizando uma grande obra.
Tendo dispersado e corrigido a falsa teologia de Seus discípulos, Ele então
procedeu a cura. Ele escolheu curar o homem de uma forma nunca vista antes, até
aquele momento homem nenhum nunca havia chegado a ver tal forma de cura. Jesus
cuspiu no solo, misturou o cuspe com a terra; Ele formou uma pasta de barro e
então a esfregou nos olhos do homem. Ele mandou o homem ir ao Tanque de Siloé e
lavar a pasta de barro de seus olhos, e então ele poderia ver.
É muito significante que, de todos os locais que Yeshua poderia enviar o homem
para lavar seus olhos, Ele enviou-o para um tanque dentre os muitos de
Jerusalém – o tanque de Siloé. Este tanque não era fácil de ir do centro de
Jerusalém devido a um monte com uma íngreme descida. Esta era a semana da Festa
dos Tabernáculos e, durante esta festa, existia um ritual especial chamado
"o
derramamento de água". Neste ritual, o sacerdote marchavam
descendo do Templo do Monte para o Tanque de Siloé, enchiam jarros com água do
Tanque de Siloé, marchavam de volta para o Templo do Monte, e a água era
colocada dentro do Lavador [a pia também chamada de o mar] dentro do
Complexo do Templo. Isto era seguido por um grande regozijo. Durante a Festa
dos Tabernáculos, o tanque principal, que era o centro de atenção Judia, era o
Tanque de Siloé, era o único tanque que tinha um grande número de Judeus
presentes que poderiam observar esse terceiro milagre exclusivo e
identificatório do Messias.
O homem voltou para o Tanque de Siloé, lavou seus olhos, e quando ele os abriu,
pela primeira vez em toda sua vida ele estava apto a ver! Todos os presentes,
que conheciam aquele homem e sabiam que ele havia nascido cego, criaram uma
tremenda agitação. João 9:8-9 registra: Então os vizinhos, e aqueles que dantes
tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e
mendigava? Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.
Ocorreu muita confusão devido a muitas pessoas reconhecerem-no, porém outros
demoraram um pouco de tempo para acreditar que o homem que havia nascido cego
estava curado. Eles responderam dizendo, "Não é ele, somente parece com ele".
Finalmente o homem disse, "Sou eu". Quando eles finalmente
fizeram a pergunta crucial, "Como se te abriram os olhos?"
Afinal das contas, isto é um milagre exclusivo e identificatório do Messias.
Sua resposta, no verso onze, foi: Ele respondeu, e disse: O homem chamado
Jesus fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao Tanque de Siloé,
lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi.
Quando perguntaram a ele, "Onde Ele está?" Ele
respondeu: "Eu
não sei". Lembrem-se, quando Yeshua enviou-o ao Tanque de Siloé, o
homem estava ainda em estado de cegueira; ele nunca havia visto Jesus. Agora
que podia ver, o homem ainda não conhecia quem Yeshua era ou como Ele era.
Na segunda parte, João 9:13-17, o homem é interrogado a primeira vez. Devido ao
fato de que este foi um milagre exclusivo e identificatório do Messias, o homem
foi levado aos Fariseus para investigação e explanações. Uma vez que Jesus
tinha escolhido curar o homem no Sábado, um alvoroço foi criado por parte das
massas. Os Fariseus sabiam muito bem que, de alguma maneira, eles deveriam
intervir nisto. Como os Fariseus iniciaram o interrogatório para descobrir as
circunstâncias da cura desta cegueira de nascença, uma divisão surgiu entre
eles.
De acordo com o verso 16a: Então alguns Fariseus diziam: Este homem não é de
Deus, pois não guarda o Sábado.
Devido ao pensamento de que uma cura em um Sábado era uma violação do
Sábado, eles não acreditavam que Jesus poderia ser um homem de Deus, muito menos
O Homem de Deus, o próprio Messias.
Até mesmo entre os Fariseus, faziam a pergunta do verso 16b: Diziam
outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais?
Note
a ênfase, não somente "fazer sinais", pois falsos
profetas podem também realizar sinais, porém "fazer tais
sinais" , estes
particulares sinais, estes especiais milagres exclusivos e identificatórios do
Messias.
Quando
eles perguntaram ao homem que nasceu cego e que agora estava curado de sua
cegueira qual sua opinião sobre Yeshua, o homem simplesmente concluiu que
aquele homem pelo menos deveria ser um profeta (v. 17). Contudo, de acordo com
o ensinamento Farisaico, embora um profeta estivesse apto a realizar milagres,
fizeram, fazer um milagre exclusivo e identificatório do Messias não era
prerrogativa de um profeta, porém era prerrogativa somente do Messias.
De qualquer forma o primeiro interrogatório do homem não levou a
nenhuma conclusão específica.
Na terceira parte da passagem, João 9:18-22, os pais [do cego] foram
interrogados. Entre os Fariseus, surgiu uma [revoltosa] sugestão,
"Suponha que
isto tudo que aconteceu é uma mentira. Somente suponha que o homem nunca nasceu
cego e todas estas coisas são um truque." [Mas]
os pais confirmaram duas coisas. Primeiro, que este homem é definitivamente o
filho deles e que disto não haja a menor dúvida. Segundo, que eles afirmam que
ele nasceu cego. Assim, não havia nenhuma possibilidade, nem mesmo de longe, de
que alguém estivesse fingindo, tentando aplicar um truque nos Fariseus. Quando
os Fariseus perguntaram aos pais durante o interrogatório se seu filho havia
nascido realmente cego, inapto a ver, os pais decidiram não dizer mais nada e
mandaram que eles perguntassem diretamente ao filho deles.
A razão de sua relutância está no verso 22: Seus pais disseram isto, porque
temiam os Judeus. Porquanto já os Judeus tinham resolvido que, se alguém
confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
Isto já havia sido decretado para qualquer que reconhecesse Jesus como o
próprio Messias: eles seriam excomungados da sinagoga. Era óbvio que os pais
procuravam crer nEle [no Cristo], e talvez neste ponto até mesmo cressem, mesmo
que secretamente, que Ele era o Messias, pois eles viram que Ele não só
realizou um milagre exclusivo e identificatório do Messias, mas também realizou
esse milagre em seu próprio filho.
No Judaísmo Farisaico, havia três níveis de excomunhão. O primeiro nível era
chamado de hezipah,
que é simplesmente uma "repreensão" que varia de sete a
trinta dias e era meramente disciplinar. E não poderia ser realizada a menos
que pronunciada por três rabinos. Este era o menor nível de excomunhão. Um
exemplo de hezipah
é encontrado em 1 Timóteo 5:1. O segundo nível era chamado de niddui,
que significava, "expulsão".
Ela poderia ser de no mínimo trinta dias e era disciplinar. Uma niddui
deveria ser pronunciada por dez rabinos. Exemplo desse segundo tipo é
encontrado em 2 Tessalonicenses 3:14-15 e Tito 3:10. O terceiro era o pior tipo
de excomunhão e era chamado de cherem, que significava ser "expulso da sinagoga",
ser "colocado
para fora da sinagoga e ser separado da comunidade Judaica".
O restante dos Judeus consideravam sob o cherem uma ofensa de morte, e nenhum
tipo de comunhão ou nenhum tipo de relacionamento poderia ser feito com essa
pessoa. Este terceiro tipo é encontrado em 1 Coríntios 5:1-7 e Mateus 18:15-20.
O fato da expressão "fosse expulso da sinagoga" ser usado, fala-nos do
nível de excomunhão que os Fariseus escolheram para quem reconhecia Yeshua como
seu Messias. Esse era o terceiro e mais severo nível, o cherem –
ser expulso da sinagoga, ser colocado para fora, ser considerado como morto.
Portanto, os Fariseus estavam agora tratando um Judeu crente – não somente como
repreensível ou como expulso temporariamente – porém passível de expulsão
permanentemente. Devido a seus pais saberem deste decreto Farisaico em relação
à Jesus, o terceiro nível de excomunhão, eles escolheram não tecer mais
comentários, exceto afirmar estas duas coisas: que ele era seu filho, e que ele
havia nascido cego.
Portanto, a interrogação dos pais, como na primeira interrogação do homem,
também finalizou-se inconclusiva.
O quarto segmento deste capítulo, João 9:23-34, registra o segundo
interrogatório do homem que nasceu cego. Durante este interrogatório os
Fariseus iniciam a perda de seu senso de lógica.
Eles chamam o ex-cego uma segunda vez no verso 24 e dizem: ... Dá glória a Deus;
nós sabemos que esse homem é pecador.
Notem quão ilógico é essa afirmação. "Louve ao Senhor!" eles dizem,
"porque nós
sabemos que este homem, Yeshua, é um pecador." Porém nunca
ninguém sai por ai dizendo, "Louve ao Senhor! Nós sabemos que pessoas deste tipo
são pecadores." Isto não é algo para louvar a Deus. É algo
triste quando pessoas cometem atos específicos de pecado. Porém os Fariseus
estavam tão fora de si por conta de Jesus que eles não eram capazes de pensar
claramente ou pensar de uma maneira lógica.
Neste ponto, o homem que tinha sido curado era capaz de ter calma e de ainda
exercer algum grau de controle. Ele disse no verso 25: … Se é pecador, não
sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.
A declaração feita pelo homem não foi uma simples declaração de um fato;
foi um desafio para os Fariseus, algo que eles tinham que responder. O que ele
estava dizendo para eles nas entrelinhas era, "Eu era um homem que
nasci cego, e não simplesmente um homem que me tornei cego [depois de anos
enxergando normalmente]. Vocês são pessoas que disseram-me que somente o
Messias poderia realizar a cura de alguém que nasceu cego. Eu nasci cego. Um
homem chamado Yeshua realizou essa tal cura em mim. De acordo com a teologia
que vocês me ensinaram, Eu deveria pensar que vocês iriam proclamar- Lo o
Messias de Israel. Em vez disso, vocês O chamam de pecador. Se Ele é ou não um
pecador, eu não sei. Uma coisa eu sei: Eu era cego, agora eu vejo. Por favor
expliquem-me isso."
Nos versos 26-27, os Fariseus aceitaram o desafio e questionaram, "Que
te fez Ele? Como te abriu os olhos?" (v. 26).
O homem já havia explicado isso aos Fariseus mais de uma vez, porém, no verso
27, ele respondeu aos Fariseus, Já vo-lo disse, (isto
é, "que pergunta estranha! eu já disse isso a vocês!")
e
não ouviste; (isto é, "vocês não escutaram? Não querem entender?")
para
que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos também
discípulos dEle?
Sem dúvida, isto não era uma coisa muito esperta para se dizer aos
Fariseus, "Quereis vós porventura fazer-vos também discípulos
dEle?" Isto era a última coisa na qual eles estavam interessados.
Neste ponto, o homem estava sendo estratégico.
Eles replicaram desta maneira em João 9:28-29: Então o injuriaram, e disseram:
Discípulo dele sejas tu; nós, porém somos discípulos de Moisés. Nós também
sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos de onde é.
Os Fariseus começaram a verbalmente ofender o homem. Eles o cutucaram
ironicamente. Eles obviamente viram que o homem não estava muito persuadido a
aceitar a alegação deles de que Jesus era um pecador. Eles desistiram do homem
deixando-o para Yeshua e disseram, "Bem, você pode ir e ser seu discípulo, porém nós somos
discípulos de Moisés. Quanto a Moisés, sabemos que Deus falou com ele. Quanto a
Jesus, porém nós não sabemos quem é este homem e nem de onde veio."
A implicação era de que Deus não tinha falado com Jesus, então ser discípulo de
Moisés era superior a ser discípulo de Jesus.
Porém o homem não ficou em silêncio. No verso 30, ele deu sua resposta então: …
Nisto,
pois, está a maravilha, que vós não saibais de onde ele é, e contudo me abrisse
os olhos.
"Vocês são os
líderes religiosos de Israel. Vocês ensinaram-me que somente o Messias poderia
fazer-me ver. Agora eu vejo, e vocês não podem explicar isso para mim, vocês
que são os líderes religiosos do povo de Israel."
Ele prosseguiu, relembrando-os de sua própria teologia nos versos 31-32: Ora, nós
sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a
sua vontade, a esse ouve. Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém
abrisse os olhos a um cego de nascença.
Existiam registros de cura de pessoas que tinham ficado cegas após seus
nascimentos, porém nenhum registro de pessoas que eram cegas de nascença e
depois foram curadas. Este era um milagre exclusivo e identificatório do
Messias, e pela primeira vez em toda a história humana, este milagre exclusivo
e identificatório do Messias foi feito. O homem (ex-cego) simplesmente disse
para os Fariseus que eles não tinham base ou fundamento para rejeitar Jesus
como o Messias.
A resposta dos Fariseus está no verso 34: Tu és nascido todo em pecados, e nos
ensinas a nós?
"Tu
és nascido todo em pecados." Por que eles disseram isto?
Porque na teologia Farisaica quando alguém nascia cego, nascia desta maneira
por conta de alguns pecados específicos, quer cometidos pelo indivíduo enquanto
no útero de sua mãe, quer pelos seus pais. Então eles disseram, "Você nasceu em pecado.
Nós não, por que nós não nascemos cegos."
Então no verso 34 lê-se: E expulsaram-no.
O "expulsaram-no"
neste verso é o mesmo "expulsaram-no" no verso 22, que
significa, "ser
colocado para fora da sinagoga." O homem foi excomungado.
O quinto e último segmento deste capítulo, João 9:35-41, registra sua cura
espiritual. Yeshua ouviu o que aconteceu, que o homem tinha sido expulso da
sinagoga. No verso 35, Yeshua aproximou-se do homem e falou-lhe: … Crês tu
no Filho de Deus?
No verso 36, o homem responde:
…
Quem é ele, Senhor, para que nele creia?
Lembre-se que o homem não tinha anteriormente visto Jesus [portanto, não
podia reconhecer Seu rosto].
Sua resposta está nos versos 37-38: E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e
é aquele que fala contigo. Ele disse. Creio Senhor. E o adorou.
O homem viu Jesus e o adorou. Adorar um homem era reconhecer que ele era Deus
também. O homem que anteriormente fora cego teve sua cura espiritual.
Resumindo: O resultado do primeiro milagre exclusivo e identificatório do
Messias fez começar uma intensiva investigação da Ministério de Jesus, se era o
de o prometido Messias. O resultado do segundo milagre exclusivo e
identificatório do Messias foi o decreto de que Jesus não era o Messias, e a
base do decreto foi alegação de que era uma possessão demoníaca. A resposta da
liderança para o terceiro milagre exclusivo e identificatório do Messias foi
que se alguém creditasse à Jesus como seu Messias seria colocado para fora da
sinagoga.
Yeshua realizou tantos milagres exclusivos e identificatórios do Messias de uma
só vez que mandou uma mensagem clara aos líderes de Israel. Como resultado da
rejeição de Sua alegação de ser o Messias, após seu segundo milagre exclusivo e
identificatório do Messias, Jesus pronunciou um julgamento sobre aquela geração
de Israel por ser culpada do seu pecado imperdoável, a blasfêmia contra o
Espírito Santo. Então Ele disse algo mais. Ele também disse que, por causa de
Sua rejeição, não haveria mais sinais para aquela nação exceto um, o sinal do
profeta Jonas, que é o sinal da ressurreição. Em João 11:1-44, aquele sinal foi
dado com a ressurreição de Lázaro. Yeshua levantou Lázaro da morte depois de
ele ter ficado morto por quatro dias.
O fato de Lázaro ter ficado morto por quatro dias é muito significante. De
acordo com os ensinamentos do Judaísmo Farisaico, quando um homem morria o
espírito do homem ficava ao derredor do corpo durante os primeiro três dias.
Durante esses três dias, ainda existia uma possibilidade de que ocorresse a
ressuscitação [evento natural, embora extremamente raro, onde a morte
tinha sido apenas aparente; ou milagre por profeta autorizado por Deus].
A partir do quarto dia o espírito do homem desceria para o Sheol ou Hades
e então tal ressuscitação era impossível, somente um milagre de ressurreição
[milagre exclusivo e identificatório do Messias] poderia realizar isso. O fato
de Jesus esperar até Lázaro estar morto por quatro dias mostrou que eles nunca
poderiam explicar a ressurreição de Lázaro alegando que foi uma mera
ressuscitação. Então, quando Yeshua levantou Lázaro da morte após quatro dias,
isto de novo criou um alvoroço.
Em João 11:45-54, o Sinédrio encontrou-se e deliberou. Durante a deliberação,
eles meramente levaram adiante a rejeição sobre o que ocorrera. Como resultado
do segundo milagre exclusivo e identificatório do Messias, eles rejeitaram Sua
alegação de ser o Messias de Deus. Agora, sua resposta para o milagre da
ressurreição de Lázaro foi a sentença de morte para Jesus. Foi Caifás, o sumo
sacerdote, que levou o Sinédrio à rejeição de Jesus sentenciando-O à morte.
O que aconteceu em seguida está registrado em Lucas 17:11-19. Naquele tempo,
não um mas dez leprosos vieram a Jesus pedindo a Ele para curá-los. O que Ele
respondeu está registrado nos verso 14: E Ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e
mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.
Yeshua enviou estes dez leprosos diretamente para o conjunto de todos os
sacerdotes que, sob a liderança de Caifás, tinha decretado a Sua sentença de
morte. Isto significava que, em vez de um milagre exclusivo e identificatório
do Messias, agora tinham dez milagres exclusivos e identificatórios do Messias
realizados: o primeiro milagre exclusivo e identificatório do Messias foi
realizado dez vezes mais. Dez vezes mais Caifás e os demais sacerdotes gastaram
sete dias investigando a situação. Dez vezes mais, eles tiveram que decretar
que todas aqueles dez leprosos foram limpos e ficaram curados de sua lepra. Dez
vezes mais, eles tiveram que decretar que Jesus realizou o milagre. Isto
realmente mostrou algum humor Judeu, ao menos, da parte de Yeshua, que escolheu
enviar para os líderes de Israel dez leprosos curados logo após eles terem
decretado Sua rejeição sentenciando-O à morte.
O fato dele ser o Messias foi proclamado, não meramente pela boca de duas ou
três testemunhas, porém pela boca de dez testemunhas. De novo, Ele provou para
os líderes que eles não tinham base, não tinham razão, para rejeitar Sua
alegação de ser o Messias.
Autor: Arnold Fruchtenbaum
Tradutor: Cristiano Quaresma da Silva, dez.2013.
[NOTA DE HÉLIO: Evitei o termo "Messianismo", do autor, porque
adquiriu um sentido pejorativo de movimento de políticos latino-americanos
(como Zapata, Antônio Conselheiro, Padre Cícero, Fidel Castro, Peron, Getúlio
Vargas, Hugo Chaves, etc.) que dizem ter sido "chamados para o cumprimento
de uma tarefa sagrada de salvação da Pátria, da Religião, da Moral, e dos Bons
Costumes", tudo isso somente com objetivos de domínio político explorando
a ingenuidade do povo. Ao invés de "messianismo", mudei para
"Sua qualidade de ser o Messias prometido por Deus" ou para "o fato
dEle ser o Messias." Pelo mesmo motivo, também mudei "milagres
messiânicos" para "milagres exclusivos e identificatórios do
Messias", e mudei ]
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
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