Prefácio à Carta deSão Paulo aos ROMANOS
por Martinho Lutero, 1483-1546 dC
(Traduzido para o Inglês pelo irmão Andrew Thornton,OSB)
( para o Português, por Márcio Santosde Souza)
"Vorrede auf dieEpistel S. Paul: an die Romer" in D.Martin Luther: Die ganze Heilige Schrifft Deutsch 1545 aus new zurericht,ed. Hans Volz and Heinz Blanke. Munich: Roger & Bernhard. 1972, vol. 2, pp. 2254-2268.
Notas detradução: O texto dentro dos quadros [ ] são apenas explicativos e não fazparte do prefácio de Lutero, assim como os textos em{ } que foram usados pelotradutor brasileiro. O termo justo, justiça e justificar são sinônimos dostermos reto, retidão e se tornar reto. Ambas as traduções são comuns do alemão"gerecht" e palavras correlatas. Uma situação similar existe napalavra fé, que é sinônimo de crença, do alemão "Glaube". Assim,"Nós somos justificados pela fé" é sinônimo de "Nós somos feitosretos pela crença".
Esta carta é sem dúvida apeça mais importante do Novo Testamento. É o evangelho mais puro. É de grandevalor para um Cristão, não somente para ser memorizada palavra por palavra, mastambém para dela se ocupar diariamente, como se fosse o pão diário da alma. Éimpossível, também ler nesta carta sem nela meditar. Quanto mais se lida comela, mais preciosa ela se torna e melhor é saboreada. Por esta razão, querocompletar minha obra e, com este prefácio, prover uma introdução para a carta,na medida em que Deus me para isso me capacita, de maneira que qualquer umpossa obter o mais profundo entendimento da mesma. Até agora ela tem sidoobscurecida {colocada em trevas} pelas interpretações [notas de explicação ecomentários que acompanham o texto] e por muitos comentários infrutíferos, masestá dentro dela própria resplandece uma luz quase tão resplandecente parailuminar toda a Escritura.
Para começar, nós temos quenos tornar familiares com o vocabulário da carta e saber o que São Paulo querdizer das palavras lei, pecado, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc. Docontrário, adianta lê-la.
Não se deve entender apalavra lei aqui em padrões humanos,i.e., como regulamento sobre que tipo de ações devem ou não devem ser feitas.Esta é a maneira em que se apoiam as leis humanas: satisfazem-se os mandamentosda lei com obras, não importa se o coração está ou não de acordo. Deus julga oque está no mais profundo do coração. Por esta razão suas leis também agem comomandamentos no mais profundo do coração e não deixam o coração descansar,satisfazendo-se com as ações; E mais, Ele considera hipocrisia e desmente todasas obras feitas fora do íntimo do coração. Todos os seres humanos são chamadosde mentirosos (Salmos 116), uma vez que nenhum deles cumpre ou pode cumprir asleis de Deus no mais profundo do seu íntimo. Todos têm dentro de si uma aversãoao bem e um desejo ardente pelo mal. Onde não há desejo espontâneo pelo bem, aío coração não está fundamentado nas leis de Deus. Lá também o pecado vaicertamente ser achado, assim como a merecida ira de Deus, mesmo que muitas boasobras e uma vida de honra apareçam exteriormente.
Por esta razão, no capítulo2, São Paulo acrescenta que os judeus são todos pecadores e diz que somente oscumpridores da lei são justificados diante de Deus. O que Ele está afirmando éque ninguém é se torna cumpridor da lei através das obras. Externamente, Elelhes diz: "Vocês ensinam que não se pode cometer adultério, e cometemadultério. Vocês julgam os outros sobre um certo assunto e se condenam a sipróprios nesse mesmo assunto, porque fazem exatamente as mesmas coisas sobre asquais julgam os outros." É como se ele estivesse dizendo:"Externamente vocês vivem propriamente nas obras da lei e julgam aquelesque não estão vivendo da mesma maneira, e sabem como ensinar a todo mundo.Olham o argueiro no olho do outro, mas não notam a trave que está em seupróprio olho."
Externamente, vocês tomam alei como obras, apenas temendo a punição bem como o amor pelo enriquecimento{ganho,lucro, acréscimo, vantagem}. Da mesma maneira, fazem tudo sem espontaneidade eamor à lei; agem por aversão e força. Vocês viveriam de outra maneira, caso alei não existisse. Segue-se, então, que, no profundo do coração, vocês sãoinimigos da lei. O que significa, então, para vocês, ensinar aos outros que não se deve roubar, quando são, noprofundo do coração, ladrões e o seriam externamente, também, se tivessemcoragem. (Com certeza, desse modo, as obras não permanecem por muito tempo comtanta hipocrisia.) Então assim, vocês ensinam aos outros mas não a si mesmos;nem sabem ao certo o que estão ensinando. Vocês nunca estudaram a leicorretamente. Mais adiante, a lei faz aumentar o pecado, como São Paulo diz nocapítulo 5. Isso porque a pessoa se torna mais e mais inimiga da lei, quantomais dela é exigido o que não pode fazer.
No capítulo 7, São Paulodiz, "A lei é espiritual." O que isso significa? Se a lei fossefísica, então ela poderia ser satisfeita com obras, mas desde que é espiritual,ninguém pode satisfaze-la, a menos quetudo que faça jorre do íntimo do coração. Mas ninguém pode dar um coração assimexceto o Espírito de Deus, o qual torna a pessoa conforme {ou como} a lei, demodo que realmente concebe um coração com o anseio pela lei e, a partir daí {dehoje em diante}, faz tudo, não através do medo e da força, mas de um coraçãoespontâneo. Tal lei é espiritual, desde que possa ser amada e cumprida por essecoração e por um espírito espontâneo como esse. Se o Espírito não está nocoração, então permanece o pecado, com aversão e inimizade contra a lei, a qualé boa, justa e santa.
Você deve ficar a par daidéia de que uma coisa é fazer as obras da lei e outra coisa é cumpri-la. Asobras da lei são todas as coisas que uma pessoa faz ou pode fazer de suaprópria disposição espontânea e pelas suas próprias forças para obedecer a lei.Mas porque ao efetuar tais obras o coração detesta a lei, mesmo forçado aobedecê-la, as obras são uma perda total e são completamente inúteis{sem uso}.Isto é o que São Paulo quer dizer no Capítulo 3 quando afirma, "Nenhum serhumano é justificado diante de Deus através das obras da lei." Atravésdisso você pode ver que os mestres [i.e., os teólogos] e sofistas sãosedutores, quando ensinam que podemos nos preparar para a graça através dasobras. Como pode qualquer pessoa preparar-se a si mesmo para o bem por meio dasobras, se não faz nenhuma boa obra, exceto com aversão e constrangimento em seucoração? Como pode tal obra agradar a Deus, se isso procede de um coraçãooposto e sem desejo ardente? {desejo ardente-unwilling=sem a força da mente emdirecionar seus pensamentos e ações e influenciar a outros neste sentido.}
Mas cumprir a lei significafazer suas obras amável e espontaneamente, sem o constrangimento da lei;significa viver bem e de maneira que agrada a Deus, como se não existisse leinem punição. É o Espírito Santo, entretanto, quem põe tal desejo ardente deamor dentro do coração, como Paulo diz no capítulo 5. Mas o Espírito é somentedado, com, e através da fé em Jesus Cristo, como Paulo diz em sua introdução.Assim, também, a fé somente vem através da palavra de Deus, do Evangelho, oqual prega Cristo: como ele é tanto Filho de Deus e do homem, como ele morreu eressuscitou para o nosso beneficio. Paulo diz tudo isso nos capítulos 3,4 e 10.
Isso é porque a fé sozinhafaz alguém justo e cumpre a lei; essa é a fé trazida o Espírito Santo atravésdo mérito de Cristo. O Espírito, em troca, oferece um coração alegre eespontâneo, como a lei demanda. Então as boas obras procedem da fé em si mesma.Isto é o que Paulo quer dizer no capítulo 3 quando, após ter jogado fora asobras da lei, ele parece querer abolir a lei pela fé. Não, ele diz, nósaprovamos a lei através da fé, i.e., nós a cumprimos através da fé.
Pecadonas Escrituras significa não somente as obras externas do corpo mas tambémtodos aqueles movimentos dentro de nós que se ocupam eles mesmos de nos mover afazer as obras externas, nominalmente, do profundo do coração, com toda suaforça. Por esta razão, a palavra realmentedeve se referir a uma queda total da pessoa no pecado. Nenhuma obra externa dopecado acontece, após tudo isso, a menos que uma pessoa se entreguecompletamente a isso em corpo e alma. Em particular, as Escrituras vêem noprofundo do coração, como o fundamento e a principal fonte de todo o pecado, aincredulidade dentro do íntimo do coração. Desta maneira, assim como a fésozinha se faz justa e traz o Espírito e o desejo de fazer boas obras externas,então somente a incredulidade é que faz pecar, exalta a carne e traz o desejode fazer obras externas do mal. É o que aconteceu a Adão e Eva no Paraíso (Gênesis 3).
Esta é a razão por quesomente a incredulidade é chamada de pecado por Cristo, como ele diz em João16, "O Espírito punirá o mundo por causa do pecado, porque não crêem emmim." Mais adiante, antes que as boas e más obras aconteçam, que são osfrutos bons e ruins do coração, devem estar presente no coração tanto a fé comoa incredulidade, a fonte, mina e poder principal de todo o pecado. Daí porque,nas Escrituras, a incredulidade é chamada de a cabeça da serpente e do antigodragão, os quais a semente da mulher, i.e. Cristo, deve esmagar, como foiprometido a Adão (Gênesis 3).A graça e odom que se distinguem nesta graça denotam realmente a bondade de Deus ou oSeu favor para conosco, pelos quais Ele está disposto a derramar Cristo e oEspírito com seus dons em nós, conforme se torna claro a partir do capítulo 5,onde Paulo diz, "A graça e o dom estão em Cristo, etc." Os dons e oEspírito crescem diariamente dentro de nós, mesmo completamente, uma vez que osdesejos do mal e do pecado permanecem em nós, guerreando contra o Espírito,como Paulo diz no capítulo 7, e em Gálatas, capítulo 5. E Gênesis, capítulo 3,proclama a inimizade entre a semente da mulher e a semente da serpente. Mas,sem dúvida, a graça faz mais que isso:e através dela somos considerados completamente justos diante de Deus. A graçade Deus não está dividida em fragmentos e pedaços, como o são os dons, mas agraça nos eleva completamente ao favor de Deus, pelo beneficio de Cristo, nossointercessor e mediador, de modo a ser permitido que os dons a iniciem suasobras em nós.
Desta maneira, você deveestudar o capítulo 7, onde São Paulo se retrata como ainda um pecador, enquantono capítulo 8 ele diz que, por causa dos dons completos e por causa doEspírito, não há nada capaz de condenar ao inferno aqueles que estão em Cristo.Porque a nossa carne ainda não foi morta, e ainda somos pecadores, mas porquenós cremos em Jesus e temos os princípios do Espírito, Deus então nos mostra oseu favor e a sua misericórdia, em que ele nem percebe nem julga tais pecados.Melhor ainda, ele lida conosco de acordo com nossa fé em Cristo, até que opecado esteja morto.
Fé não é aquela ilusão esonho humanos como julgam algumas pessoas. Quando elas ouvem e falam muitosobre a fé e ainda vêem que nenhum progresso moral e nenhuma boa obra resultamdisso, caem no erro e dizem, "Fé não é tudo. Você deve fazer obras, se quiser ser virtuoso e ir até o céu."O resultado é que, quando eles ouvem o Evangelho, tropeçam e criam para elesmesmos, com suas próprias forças, um conceito em seus corações que diz,"Eu creio". Este conceito eles imagine ser a fé verdadeira. Mas comose trata de uma fabricação do pensamento humano e não uma experiência docoração, isto resulta em nada, e então nenhum progresso é conseguido.
Fé é uma obra de Deus emnós, a qual nos transforma e nos conduz ao novo nascimento proveniente deDeus (João 1). Ela mata o velho Adão,nos faz pessoas completamente diferentes no coração, pensamento, sentido, emtodas as forças, e nele gera o Espírito Santo. Como é viva, criativa, ativa echeia de poder essa fé! É impossível que a fé em ocasião alguma impeça de se fazerbem. A fé não pergunta se boas obras estão para ser feitas, mas, antes que deser questionada, ela as faz. Está sempre ativa. Qualquer um que não fizer taisobras está sem fé; anda se apalpando e se examinando por fé e boas obras masnão sabe o que sejam a fé ou as boas. Mesmo assim, eles tagarelam com muitaspalavras sobre fé e boas obras.
A fé é uma confiança viva,inabalável na graça de Deus; ela é tão firme, que alguém poderia morrer milvezes por ela. Este tipo de confiança e conhecimento da graça de Deus torna umapessoa cheia de alegria, confiante, e alegre, com consideração por Deus e todascriaturas. Isso é o que o Espírito Santo faz através da fé, pela qual umapessoa fará o bem a todos sem uso de força, espontânea e alegremente; ela serviráa todos, sofrerá tudo pelo amor e louvor ao Deus, que lhe tem mostrado essagraça. É tão impossível separar obras da fé como separar as chamas do brilho dofogo. Por esta razão, fique de guarda contra suas próprias falsas idéias econtra os tagarelas que pensam se julgam inteligentes o suficiente para fazerjulgamentos sobre a fé e as boas obras, mas que são na realidade os maiores tolos. Peça a Deus para operar a féem você; do contrário, permanecerá eternamente sem fé, não importa o que tentefazer ou fabricar.
Então, justiçaé justamente uma fé assim. É chamada de justiçade Deus ou aquela justiça que é válida aos olhos de Deus, porque é Deusquem a dá e a considera como justiça pelo benefício de Cristo, nosso Mediador.Ela influencia uma pessoa para dar a todos o que lhes está devendo. Através dafé uma pessoa se torna sem pecado e é movido pelos mandamentos de Deus. Assimele dá a Deus a honra pertencente a Ele e paga-lhe o que está devendo. Eleserve às pessoas espontaneamente com os meios ao seu alcance. Neste caminho elepaga a todos sua dívida. Nem a natureza, nem o desejo livre, nem as nossaspróprias forças podem nos trazer tal justiça, da maneira como ninguém pode dara si próprio fé, então também ele não pode remover a incredulidade. Como ele podejogar fora mesmo o menor dos pecados? Por esta razão, tudo que toma lugar forada fé ou da incredulidade é mentira, hipocrisia e pecado (Romanos 14), nãoimporta como mansamente isto parece prosseguir.
Você não deve entender carneaqui como denotando somente lascívia ou espírito, como denotando somente aparte interior do coração. Aqui São Paulo chama a carne (como faz Cristo emJoão 3) tudo que nasceu da carne, i.e. todo ser humano com corpo e alma, razãoe sentidos, visto como tudo dentro dele se inclina para a carne. Esta é a razãopor que você deveria saber o suficiente para chamar de "carnal" apessoa que, sem a graça, fabrica, ensina e tagarela sobre assuntos altamenteespirituais. Você pode aprender a mesma coisa em Gálatas, capítulo 5, onde SãoPaulo coloca a heresia entre as obras odiadas da carne. E em Romanos, capítulo8, ele diz que, através da carne, a lei é enfraquecida. Ele diz isso, não dalascívia, mas de todos pecados, muitos deles da incredulidade, que é o maisespiritual dos defeitos.
Do outro lado, você devesaber o suficiente para chamar aquela pessoa "espiritual" que estáocupada com as mais superficiais obras como foi Cristo, quando ele lavou os pésdos discípulos, e Pedro, quando ele conduziu seu barco e pescou. Então assim,uma pessoa é "carne" quando, de maneira interna ou externa, vivesomente para fazer aquelas coisas que são próprias da carne e para a existênciatemporária. Uma pessoa é "espiritual" quando, interna ouexternamente, vive somente para fazer aquelas coisas que são próprias doespírito e para a vida futura.
A menos que você entendadeste modo estas palavras, jamais entenderá esta carta de São Paulo nem o Livrodas Escrituras. Esteja atento, por isso, contra os professores que usam estaspalavras diferentemente, não importa quem sejam, Jerônimo, Agostinho, Ambrósio,Orígenes, ou qualquer outro quão grandes sejam. Agora vamos voltar para aprópria carta.
A primeira dívida de umpregador do Evangelho é, através de sua revelação da lei e do pecado,considerar e transformar em pecado tudo na vida que não tem como base oEspírito e a fé em Cristo. [Aqui e em qualquer lugar no prefácio de Lutero,como se percebe em Romanos, não está claro tanto se o "espírito" temo significado de "Espírito Santo" ou "homem espiritual",como Lutero tem previamente definido isso.] Desta maneira, ele conduzirá aspessoas a um reconhecimento de sua miserável condição, e assim elas se tornarãohumildes, suplicando por ajuda. Isto é o que São Paulo faz. Ele começa nocapítulo 1 por censurar os mais bárbaros pecados e a incredulidade que estão àvista, como eram (e ainda são) os pecados dos pagãos, que vivem sem a graça deDeus. Ele diz que, através do Evangelho, Deus está revelando sua ira lá do céusobre toda a raça humana por causa da vida injusta e sem Deus que elas vivem.Assim, apesar de saberem e reconhecerem, dia após dia, que há um Deus, aindaassim a natureza humana nelas próprias, sem a graça, é tão má que não agradeceme muito menos honram a Deus. Esta natureza cega elas próprias fazendo-as cai,continuamente, em imoralidade, e até mesmo indo mais longe, cometendo idolatria e outros pecados eimperfeições horríveis. Elas não se envergonham delas próprias e deixam taiscoisas sem punição nas outras.
No capítulo 2, São Pauloestende sua rejeição àqueles que aparentam exteriormente ser piedosos, ou quempeca secretamente. Assim eram os judeus, e assim são todos os hipócritas ainda,que vivem vidas virtuosas, mas sem dedicação e sem amor; em seus corações o queos torna inimigos das leis de Deus; e gostam de julgar outras pessoas. Este é ocaminho da hipocrisia: eles pensam que são puros mas são realmente cheios degula, ódio, soberba e toda sorte de sujeira (Mateus 23). Estes são aqueles quedesprezam a bondade de Deus e, pela dureza de seus corações, acrescentam irasobre eles. Assim Paulo explica a lei corretamente, a qual não deixa ninguémpermanecer sem pecado, mas proclama a ira de Deus a todos que querem vivervirtuosamente pela natureza ou pela vontade própria. Ela não melhores do quepecadores públicos; ele diz que eles são duros de coração e sem arrependimento.
No capítulo 3, Paulo encarajuntos, tanto os pecados públicos, como os secretos: um, ele diz, é como ooutro, todos são pecadores à vista de Deus. Desse modo, os Judeus tiveram aPalavra de Deus, mesmo que muitos não acreditaram nela. Mas ainda a verdade deDeus e a fé nele não são, desse modo,devolvidas sem uso. São Paulo introduz, por outro lado, os dizeres do Salmo 51,em que Deus permanece a verdade em suas palavras. Então ele retorna ao seutópico e prova baseado na Escritura que eles são todos pecadores e que ninguémse torna justo através das obras da lei, visto como Deus entregou a lei somentepara o conhecimento do pecado.
Logo em seguida, São Pauloensina o caminho certo para alguém ser virtuoso e ser salvo; ele diz que todossão pecadores, incapazes {destituídos} da glória de Deus. Eles devem,entretanto, ser justificados através da fé em Cristo, que tem recebido o méritopara nós através do Seu sangue e tem se tornado para nós uma base demisericórdia [Êxodo 25:17, Levítico 16:14 em diante, e João 2:2] na presença deDeus, o qual nos perdoa todos os pecados anteriores. Fazendo assim, Deus provaque a justiça somente dele, a qual Ele concede através da fé, que nos ajuda,justiça que foi revelada no tempo propício, através do Evangelho e, antesdisso, foi testemunhada pela Lei e os Profetas. Por esta razão, a lei éestabelecida pela fé, mas as obras da lei, junto com a glória nele observada,são destruídas pela fé. [Com o termo "espírito", a palavra"lei" parece ser para Lutero, e para São Paulo, dois significados.Algumas vezes parece significar "regulamentos sobre o que deve e o que nãodeve ser feito", como no terceiro parágrafo deste prefácio; algumas vezesparece significar o "Torah", como na sentença anterior. E algumasvezes parece significar ter ambos os significados, como se segue.]
Dos capítulo 1 até o 3, SãoPaulo tem revelado o pecado pelo que é e tem ensinado o caminho da fé, queconduz à justiça. Agora, no Capítulo 4 ele lida com algumas objeções ecríticas. Ele se dedica primeiro àquelas que as pessoas levantam que, ouvindoque a fé traz justiça sem obras, diz, "O quê? Não devemos fazer nenhumaboa obra?" Aqui São Paulo levanta Abraão como exemplo, Ele diz, " Oque Abraão realizou com suas boas obras? Foram todas inúteis, sem uso?"Ele conclui que Abraão foi tornado justo independentemente de todas suas obras,através da fé sozinha (Gênesis 15). Agora se a obra de sua circuncisão não feznada para torná-lo justo, uma obra que Deus lhe havia mandado praticar, e emconseqüência uma obra de obediência, então certamente nenhuma outra boa obrapode fazer qualquer coisa para tornar uma pessoa justa. Do mesmo modo como acircuncisão de Abraão foi um sinal externo, com o qual ele provou sua justiçabaseada na fé, assim também todas as boas obras são sinais externos queprocedem da fé e são os frutos da fé; eles provam que a pessoa já éinteriormente justa aos olhos de Deus.
São Paulo verifica seus ensinamentos na fé no capítulo 3 comum exemplo poderoso da Escritura. Ele chama de testemunha Davi, que diz noSalmo 32 que uma pessoa se torna justa sem as obras, mas não permanece semobras, uma vez que se tornou justa. Então Paulo estende o seu exemplo e oaplica contra todas as obras da lei. Ele conclui que os Judeus não podem serherdeiros de Abraão somente por causa de seu parentesco de sangue com ele eainda menos por causa das obras da lei. Muito mais, de preferência, eles devem herdar a fé de Abraão se quiserem ser seus herdeirosreais, visto como foi esse o fato antecedente da Lei de Moisés e da lei dacircuncisão de que Abraão se tornou justo através da fé e foi chamado pai doscrentes. São Paulo acrescenta que a lei traz mais ira do que graça, porque ninguéma obedece com amor e obstinação. Mais desgraça do que graça vem por causa dasobras da lei. Por esta razão a fé sozinha pode obter a graça prometida aAbraão. Exemplos como esses estão escritos para o nosso benefício, de que nóstambém devemos ter fé.
No capítulo 5, São Paulo vempara os frutos e obras da fé, nominalmente, gozo, paz, amor por Deus e portodas as pessoas; em acréscimo: convicção, firmeza, confiança, coragem, eesperança através da aflição e sofrimento. Tudo isso acontece quando a fé é genuína,por causa da superabundância da boa vontade que Deus mostrou em Cristo; Elemorreu por nós antes que nós pudéssemos pedir-lhe isso, sim, mesmo que nósainda fôssemos seus inimigos. Assim nós temos estabelecido que a fé, semqualquer boa obra, nos faz justos. Não se segue, entretanto, que não devemosfazer boas obras; preferencialmente significa que obras moralmente honestas nãofazem falta. Sobre tais obras, sobre as "sagradas obras”, as pessoas nadasabem; elas inventam para si mesmas suas próprias obras nas quais não há paz,nem o regozijo, nem convicção, nem amor, nem esperança, nem firmeza, nemqualquer tipo de obras Cristãs genuínas ou fé.
Em seguida, São Paulo faz umdesvio, uma agradável pequena viagem, e relatos de onde tanto o pecado como a justiça,a morte e a vida procedem. Ele faz uma oposição destes dois: Adão e Cristo. Oque ele quer dizer é que Cristo, um segundo Adão, teve que vir para nos tornarherdeiros de sua justiça através de um novo nascimento na fé, exatamente como ovelho Adão nos fez herdeiros do pecado, através do antigo nascimento da carne.
São Paulo prova, por este raciocínio, que uma pessoanão pode conseguir por si mesma sair do pecado para a justiça, não mais do queele possa evitar o seu próprio nascimento físico. São Paulo também prova que alei divina, a qual deveria ter sido bem adaptada, como se alguma coisa fosse,para ajudar as pessoas a obter justiça, não somente não ajudou quando veio, masainda aumentou o pecado. A má natureza humana, consequentemente, se torna maisinimiga em relação a isso; quanto mais a lei lhe proíbe satisfazer o seupróprio desejo, tanto mais ela quer fazê-lo. Assim a lei torna Cristo cada vezmais necessário e demanda mais graça para ajudar a natureza humana.
No capítulo 6, São Paulolevanta a obra especial da fé, a luta em que o espírito peleja contra a carnepara matar aqueles pecados e desejos que permanecem naquelas pessoas que foramtornadas justas. Ele nos ensina que a fé não nos liberta do pecado a ponto desermos negligente, preguiçosos e auto confiantes, como se não houvesse maispecado em nós. O pecado está lá, mas,por causa da fé que luta contra ele, Deus já não considera o pecado comomerecendo condenação. Por isso nós temos em nosso próprio ser uma vida de obraspara nós; nós devemos temer nosso corpo, matar suas luxurias, forçar os seusmembros a obedecer ao espírito e não às luxurias. Nós devemos fazer isso demaneira que nos conformemos à morte e à ressurreição de Cristo e completar onosso batismo, o qual significa uma morte para o pecado e uma nova vida degraça. (?) Nosso objetivo é ficar completamente limpos do pecado e entãoressuscitar corporalmente com Cristo e viver para sempre.
São Paulo diz que nóspodemos conseguir tudo isso por estarmos na graça e não na lei. Ele explica queestar "fora da lei" não é o mesmo como não tendo lei e sendo capaz defazer o que se deseja. Não, estar "debaixo da lei" significa viversem a graça, rendido pelas obras da lei. Então certamente o pecado reina pelossignificados da lei, desde que ninguém é naturalmente bem disposto para a lei.Toda esta condição, entretanto, é o maior dos pecados. Mas a graça torna a leiamável para nós, de maneira que então não há mais pecado, e a lei não é maiscontra nós, mas é por nós.
***** Esta é a verdadeira liberdade sobre o pecado esobre a lei; São Paulo escreve sobre isso no resto do capítulo. Ele diz queesta é uma liberdade apenas para fazer o bem com esforço e para viver uma vidaboa sem a obrigação da lei. Esta liberdade é, por essa razão, uma liberdadeespiritual, a qual não suspende a lei, mas supre o que a lei requer, a saber, oardor e o amor. Essas coisas silenciam a lei de maneira que ela não tem maisnenhuma causa para dirigir as pessoas e fazer exigências delas. É como se vocêdevesse alguma coisa a um agiota e não pudesse pagar. Você pode se livrar delede uma das duas maneiras: ou ele não levaria nada de você e rasgaria o seulivro de contas, ou um homem piedoso o pagaria o débito para você, dando o quevocê precisasse para saldar a sua dívida. Isso é exatamente como Cristo noslivra da lei. Por esta razão nossa liberdade não é uma liberdade selvagem,carnal que não tem obrigação de fazer nada. Ao contrário, é uma liberdade quefaz um grande negócio, sem dúvida, detudo, e ainda está livre dos mandamentos da lei e dívidas.
No capítulo 7, São Pauloconfirma o precedente por uma analogia desenhada pela vida conjugal. Quando umhomem morre, a esposa está livre; ela está livre e desvencilhada do outro. Nãoé o caso em que uma mulher não possa ou não deva casar com outro homem; melhorainda ela está agora pela primeira vez livre para casar com qualquer outro. Elanão poderia fazer isso antes de estar livre de seu primeiro marido. No mesmocaminho, nossa consciência está ligada à lei tanto quanto nossa condição éaquela do pecado do antigo homem. Mas quando o velho homem é morto peloespírito, e então a consciência fica livre, estando livres uma da outra aconsciência e a lei. Essa consciência não deveria agora fazer coisa alguma;mais ainda, ela deveria agora, pela primeira vez, unir-se verdadeiramente aosegundo marido, Cristo, e dar à luz o fruto da vida.
Mais adiante São Pauloesquematiza de modo ainda a natureza do pecado e a lei. É a lei que faz opecado agir realmente ativa e poderosamente, porque o homem velho se torna maise mais inimigo da lei, uma vez que não pode pagar o débito por ela requerido. Opecado é a sua completa natureza; de si mesmo ele nada pode fazer. Assim como a lei é a sua morte e tortura.Agora a lei não é má por si mesma; é a nossa natureza má que não pode tolerarque a boa lei possa requerer o bem. É como o caso de uma pessoa doente, que nãopode tolerar que você exija que ele corra, pule e faça outras coisas que umapessoa saudável faz.
São Paulo conclui aqui que, senós entendemos a lei propriamente e a compreendemos da melhor maneira possível,então nós vamos ver que a sua única função é nos lembrar de nossos pecados,para nos matar por causa desses pecados, e para nos tornar merecedores da iraeterna. A Consciência aprende e experimenta tudo isso em detalhes quando ficaface a face com a lei. Segue-se, então, que nós deveríamos ter algo a mais,além e acima da lei, que pode fazer uma pessoa virtuosa consegui-lo e por issoser salvo. Aqueles, entretanto, que não entendem a lei corretamente estãocegos; eles seguem ousadamente os seus caminhos e acham que eles estãosatisfazendo a lei com as obras. Eles não sabem quanto a lei requer, nominalmente, um coração livre, perseverantee ardente. Esta é a razão pela qual não vêem Moisés corretamente diante de seusolhos. [ Em ambos os ensinamentos Judeus e Cristãos, Moisés foi comumentetomado como o autor do Pentateuco, os primeiros cinco livros da Bíblia. Cf. aimagem envolvida da face de Moisés e o véu encobrindo isso em 2 Coríntios3.7-18.] Para eles estes são cobertos e escondido pelo véu.
Então São Paulo mostra comoo espírito e a carne lutam entre si, numa pessoa. Ele se dá como exemplo, demaneira que, nós podemos aprender como matar o pecado dentro de nós. Ele dá tantoao espírito como à carne o nome de "lei", de maneira que, assim comoestá na natureza da lei divina guiar uma pessoa e fazer mandamentos para ele,assim também a carne guia e requer e se enfurece contra o espírito e querseguir o seu próprio caminho. Da mesma maneira o espírito guia e se rebelacontra a carne e quer ter seu próprio caminho. Esta guerra permanece dentro denós ao longo de nossa vida, em uma pessoa mais, em outra menos, dependendo doque seja mais forte o espírito ou a carne. Portanto, todo ser humano é tantoespírito como carne. O ser humano luta com ele mesmo, até que se tornecompletamente espiritual.
No capítulo 8, São Pauloconforta os tais lutadores dizendo-lhes que esta carne não pode trazercondenação. Ele vai ao ponto de mostrar o que é a natureza da carne e doespírito. Espírito, ele diz, vem de Cristo, o qual nos deu o seu EspíritoSanto; o Espírito Santo nos torna espirituais e reprime a carne. O EspíritoSanto nos assegura que somos filhos de Deus, não importa quão furiosamente opecado possa assolar o nosso íntimo, enquanto seguimos o Espírito e lutamoscontra o pecado para matá-lo. Porque nada é tão efetivo em mortificar a carnecomo a cruz e o sofrimento, Paulo nos conforta em nosso sofrimento. Ele diz queo Espírito, [cf. nota anterior sobre o significado do "espírito"] oamor e todas as criaturas serão levantados por nós; o Espírito dentro de nósgeme e todas as criaturas junto conosco em que nós sejamos libertados da carnee do pecado. Assim nós vemos que estes três capítulos, 6, 7 e 8, todos elestratam da obra da fé, o qual estápronta a matar o velho Adão e para reprimir a carne.
Nos capítulos 9, 10 e 11,São Paulo nos ensina sobre a eterna providência de Deus. É a fonte original quedetermina quem deveria acreditar ou não, quem poderia e quem não poderia serlivre do pecado. Tais assuntos estão longe do alcance de nossas mãos, colocadosnas mãos de Deus, de maneira que devamos nos tornar virtuosos. É absolutamentenecessário que seja assim, pois somos tão fracos e incertos de nós mesmos que,se isso dependesse de nós, nenhum ser humano seria salvo. O diabo nos venceriaa todos nós. Mas Deus está resoluto; Sua providência não falhará, e ninguémpode impedir sua realização. Por esta razão nós temos esperança contra o pecado.
Mas aqui devemos tapar aboca daqueles espíritos sacrílegos e arrogantes que, simples iniciantes comosão, trazem suas razões para apoiar este assunto e doutorar-se, de suasposições exaltadas, para provar o abismo da providência divina e inutilmente sepreocupam tanto com o fato de serem ou não predestinados. Estas pessoas devemcom certeza se precipitar para as suas ruínas, visto como tanto se desesperarãoou se abandonarão a si mesmos numa vida de probabilidades.
Vocês, entretanto, devemseguir o raciocínio desta carta na ordem em que é apresentada. Fixem suaatenção, antes de tudo, no Evangelho de Cristo, de maneira que possamreconhecer o seu pecado e a graça d’Ele. Então lutem contra o pecado, como oscapítulos 1-8 têm lhes ensinado a fazer. Finalmente, quando vocês chegarem aocapítulo 8, debaixo da sombra da cruz e da dor {sofrimento}, esta carta lhesensinará, nos capítulos 9-11, sobre a providência e qual o seu conforto. [O contexto aqui e na cartade São Paulo deixa claro que isto é a cruz e a paixão, não somente de Cristo,mas de cada cristão.] Longe do sofrimento, da cruz e das angústias da morte,você não pode lidar com a providência sem dano para você mesmo e sem irasecreta contra Deus. O velho Adão deve estar quase morto, antes que você possasuportar este assunto e beber este vinho forte. Por esta razão tenha certeza deque você não toma vinho enquanto ainda for um bebê de peito. Há uma medidaadequada, hora e idade para entendimento de toda doutrina.
No capítulo 12, São Pauloensina a verdadeira liturgia e faz a todos os cristãos sacerdotes, de maneiraque eles possam oferecer, não dinheiro ou gado, como os sacerdotes fazem naLei, mas os seus próprios corpos, mortificando seus desejos. Adiante, eledescreve a conduta externa de Cristãos cujas vidas são governadas peloEspírito; ele fala como eles ensinam, pregam, ordenam, servem, dão, sofrem,amam, vivem e atuam para os amigos, inimigos e todos. Estas são as obras que umCristão faz, pelo que, como eu tenho dito, fé não é negligência.
No capítulo 13, São Pauloensina que devemos honrar e obedecer as autoridades seculares. Ele inclui isto,não porque torne as pessoas virtuosas à vista de Deus, mas porque issorealmente garante que o virtuoso tem paz externa e proteção e que o perverso nãopode fazer o mal sem temor e numa paz sem perturbação. Por esta razão é deverde uma pessoa virtuosa honrar a autoridade secular, mesmo que, rigorosamentefalando, ela não precise disso. Finalmente, São Paulo resume tudo em amor eajunta tudo isso no exemplo de Cristo: o que ele tem feito por nós, nós devemostambém fazer e seguí-lo.
No capítulo 14, São Pauloensina que devemos cuidadosamente guiar aqueles com a consciência fraca epoupá-los. Não devemos usar a liberdade Cristã para prejudicar mas, melhorainda, para ajudar o fraco. Onde isso não é feito, seguem-se dissensão desprezo ao Evangelho, do qualtudo mais depende. É melhor conceder certa margem para os fracos na fé, até queeles se tornem mais forte, do que ver o ensinamento do Evangelho perecercompletamente. Esta é uma obra particularmente necessitada de amor,especialmente agora quando as pessoas, por comer carne e por outras liberdades,são atrevidas, ousadas e estão desnecessariamente abalando suas consciênciasfracas, que ainda não pleno conhecimento da verdade.
No capítulo 15, São Paulomenciona Cristo como um exemplo para mostrar que nós devemos também terpaciência com o fraco, mesmo com aqueles que falham por pecar publicamente oupor sua moral repugnante. Não devemos expulsá-los, porém conduzi-los, até quese tornem melhores. Esse é o modo pelo qual Cristo nos tratou e ainda nos tratatodos os dias; ele nos conduz pacientemente, com nossas imperfeições, nossamoral enfraquecida e todas as nossas imperfeições, e nos ajuda incessantemente. Finalmente Paulo ora pelos Cristãos emRoma; ele os elogia e os recomenda a Deus. Aponta o seu próprio ministério e amensagem que prega. Faz uma discreta súplica por uma contribuição para ospobres em Jerusalém. Amor puro é a base de tudo que ele diz e faz.
O último capítulo consisteem saudações. Mas Paulo também inclui uma saudável advertência contra asdoutrinas humanas, que são pregadas ao lado do Evangelho, causando uma grandedistribuição de danos. É como se ele tivesse claramente visto que, por causa deRoma e através dos romanos, viriam os livros Canônicos e Decretos distorcidos edestruidores, com todos agrupamentos e colônias de leis humanas e mandamentosque estão agora afogando o mundo inteiro, e têm rasurado esta carta e todas asEscrituras, e também o Espírito e a fé. Nada sobra exceto o deus do Ventre{idol Belly, Belly=abdômen}, e São Paulo descreve em palavras essas pessoasaqui como servos de seus próprios ventres. Deus nos resgate delas. Amem.
Encontramos nesta carta,portanto, o ensinamento mais rico possível sobre o que um Cristão deveconhecer: o significado da lei, do Evangelho, do pecado, do castigo, da graça,da fé, da justiça, de Cristo, de Deus, das boas obras, do amor, da esperança eda cruz. Nós aprendemos como devemos estar prontos para agir em favor de todos,do virtuoso e do pecador, em favor do forte e do fraco, dos amigos e dosinimigos, e a favor de nós mesmos. Paulo baseia tudo firmemente na Escritura eprova os seus pontos de vista com exemplos de sua própria experiência e dosProfetas, de maneira que nada mais possa ser desejado. Por essa razão pareceque São Paulo, ao escrever esta carta, quis compor um sumário de todo oensinamento Cristão e evangélico, o qual poderia também ser uma introdução paratodo o Velho Testamento. Sem dúvida, seja quem for, pegue esta carta para seapossar de coração da luz e do poder do Velho Testamento. Por essa razão cadaum e todos os Cristãos devem fazer desta carta o objeto habitual e constante doseu estudo. Deus nos garante sua graça para fazer assim. Amém.