Pastor Elmut Risso
São Paulo, Junho de 1987
Penso que o motivo real pelo qual Deus nos deixa transmitir algo sobre a “fofoca”, é que esse problema de maneira nenhuma nos é estranho. Nós não somente ouvimos fofocas como também as espalhamos. Nós mesmos fomos vítimas delas. E acreditem: Todas as três coisas desagradam ao Senhor da mesma maneira!
Quando passo adiante algo que eu deveria ter ficado para mim, normalmente o justifico com as palavras: “Precisamos de qualquer maneira orar por fulano ou sicrano, ele tem o seguinte grave problema...” Na verdade, não oramos, mas falamos bastante sobre o assunto. Geralmente, sempre é muito interessante ficar sabendo das últimas histórias sobre uma pessoa ou uma obra.
I. O que é fofoca?
Por ocasião da nossa conversão a Jesus, deixamos os “grandes pecados” como por exemplo, mentir, roubar, beber, enganar, uso de drogas, etc. Começamos a passar nosso tempo com nossos novos amigos, falando a respeito de nosso Senhor, sobre nossa vida e sobre o que acontece à nossa volta. Pensamos sobre tudo isto de um modo completamente inofensivo. Mas, observemos a coisa um pouco mais de perto! Quantas vezes essas conversas estão cheias de julgamentos, de boatos, de “ouvi dizer”... escondidos cuidadosamente atrás de um sorriso cristão?
Você sabia que a Bíblia fala muito sobre fofoca? E não se trata de um “pequeno pecado”, como muitos de nós pensamos. Na bíblia está escrito: “...a boca perversa, eu odeio” (Prov. 8:13). Deus nos ordena: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo.” (Lev. 19:16). Ele também diz: “...aprendam também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém.” (I Tim. 5:13). E no Salmo 101:5, Deus diz: “Aquele que murmura do seu próximo às escondidas, Eu o destruirei.” Deus é da opinião de que pessoas tagarelas não O reconhecem, estando entregues aos seus pensamentos corrompidos. Ele equipara pessoas difamadoras com aqueles que não merecem confiança, como assassinos e aborrecedores de Deus. Ele continua, dizendo que aqueles que fazem tais coisas, sabem que merecem a morte. Mas isso não os impede de continuar a fazê-las e até a animar outras a praticá-las (Rom. 1:28-32).
Além disso as fofocas não precisam ser obrigatoriamente mentirosas. Muitos pensam: “O assunto é verdade, por isso posso contá-lo a todos.” Mas isso não está certo! Dizer a verdade com falsos motivos pode ter efeito ainda mais funestos do que falar a inverdade. A seguinte definição de “fofoca” deixa isso claro: Falar algo de alguém é fofoca, quando o que é dito não contribui para a solução do problema da pessoa em questão.
Quando somos ofendidos por alguém ou vemos que alguém vive em pecado, temos que ir a essa pessoa e não a nenhuma outra! (Mat. 18:15-16). Se alguém vive em pecado, que valor teria, falar a respeito dele a outros? O que os outros irão fazer a respeito? Ao invés disso, é nossa tarefa reconduzir o irmão ou a irmã à comunhão com Deus. Você poderia mostrar-lhe o ponto escuro em sua vida, que o Senhor gostaria tanto de purificar. Se a pessoa não der ouvidos, deve-se dar outros passos. “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” (Gal. 6.:1)
Transmitir a outros nossas mágoas e amarguras e ouvir quando eles falam das suas, é outra área em que devemos ser bem cuidadosos. Se alguém feriu seu amigo, e este lhe falar da sua dor, provavelmente você ficará ofendido por causa do seu amigo. Então você se sentirá ofendido e, talvez, fique bravo com a pessoa que fez tal coisa ao seu amigo. Mais tarde, é possível que os dois se reconciliem, e tudo será perdoado e esquecido. Mas um problema permanece: Você continua amargurado!
Uma briga causada por um pequeno incidente, pode ter conseqüências muito amplas e estender-se por muito tempo, dependendo de quantas pessoas tomam conhecimento dela. Veja ... é completamente injustificável envolver outros em suas mágoas. Não temos o direito de ir até o outro, exceto até Deus e àquele que nos ofendeu.
Muitas vezes, fofocas e difamações são camufladas como “aconselhamento espiritual”. Nada existe de condenável no aconselhamento espiritual, se realmente falar com conselheiro espiritual. Um conselheiro espiritual é um crente maduro, que a exorta à uma vida espiritual e à reconciliação, que aponta o seu pecado na situação que está sendo analisada! Ele não exagera a importância da questão e não fica logo ofendido pessoalmente. A ele interessa principalmente a vontade de Deus, não a sua.
Na maior parte das vezes, nem procuramos seriamente uma solução quando falamos com alguém sobre um problema, mas somente um ouvinte compassivo, que também defende nosso ponto de vista. Parece-nos indiferente, quantas divisões provocamos, enquanto pudermos atrair pessoas para o “nosso lado”. “Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.” (Prov. 6:16-19)
Muitos de nós pensamos que somente ouvir não é tão grave quanto espalhá-las. Mas isso não é verdade! Deus diz: “O ímpio atenta para o lábio iníquo, o mentiroso inclina os ouvidos à língua maligna.” (Prov. 17:4).
Em I Samuel 24:9, Davi exorta a Saul: “Por que dás tu ouvidos às palavras dos homens que dizem: Eis que Davi procura o teu mal?” Sim, por que lhes damos ouvidos?! Por que estamos tão rapidamente dispostos a acreditar no pior? Na Bíblia está escrito: “[o amor] tudo espera” (I Cor. 13:7). Porque não respondemos educada mas decididamente: “Desculpe, tenho a impressão que você está contando algo, que eu nem deveria ouvir. Você deveria contá-lo ao Senhor e àquele a quem se refere, mas a mim não.”
Algumas exortações desse tipo, mataria em germe a maior parte das histórias de mexericos. Ao menos, elas impedirão as pessoas de virem até você com sua conversa fiada. Talvez, assim também as estimule uma vez a pensar sobre coisas mais importantes do que os assuntos de outras pessoas. A Bíblia nos adverte claramente sobre o envolvimento com fofocas: “O que anda tagarelando revela o segredo; não te intrometas com o que lisonjeia com os seus lábios.” (Prov. 20:19)
“Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.” (Mat. 12:36). Em cada palavra que dizemos, tomamos uma decisão. Ou nos decidimos a glorificar a Deus ou a entristecê-lo, rebelando-nos contra sua palavra; “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação...” (Ef. 4:29).
Freqüentemente, não levamos a sério a ordem de Deus para controlar nossa língua. Trata-se, entretanto, de uma das características de um crente maduro. Tiago diz: “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã.” ( Tiago 1:26). Sabemos que o coração é enganoso mais do que todas as coisas (Jer. 17:9), e assim seria fácil justificar desse modo nosso comportamento errado.
Fofoca e difamação, são instrumentos de Satanás. Ele sabe que se conseguir
dividir-nos e fazer com que lutemos entre nós, estaremos muito ocupados para
lutar entra ele. Temos que parar e pensar, antes de falar! Deveríamos decidir em
nosso coração, nunca mais dar ouvidos a fofocas ou espalhá-las! Isso é possível
pela graça de Deus e através da nossa decisão de fazer a escolha certa! Talvez
você tenha que pedir desculpas a alguma pessoa. Talvez seja preciso revelar
amarguras e curá-las. Vá primeiro a Deus e deixe Ele ordenar seu coração! Ele
também lhe dará forças para fazer o restante: (Apoc. 19:7).
Estudo tirado do site
www.palavraprudente.com.br
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.