Autor: Daniel A. Chamberlin, Pastor (covenantbcl@cs.com)
Tradução: Gustavo Stapait - 06/2001
Edição: Calvin Gene Gardner –
06/2001
Igreja Batista de Catanduva, SP
Fonte:
www.PalavraPrudente.com.br
A reforma
protestante do século 16 foi uma benção
mista, metade doce, e metade salgada. Os
Batistas comemoram muitas das verdades
associadas à reforma, tais como, a
soberania de Deus em todas as coisas, a
justificação somente pela fé, e das
exaltadas opiniões à respeito do louvor
à Deus. Nós, batistas, fomos
beneficiados por muitos livros feitos
pelos escritores Protestantes. Por outro
lado, alguns aspectos da Reforma tem
sido, sempre, um espinho no caminho dos
Batistas. Alguns destes temas se
destacam tanto, que não podemos
sacrificá-los no altar da unidade, com o
único objetivo de cooperar com os
Protestantes hoje.
É claro que
estes inegociáveis temas merecem um
tratamento mais extensivo do que podemos
dar aqui. Simplesmente tentaremos
considerar, brevemente, seis diferentes
áreas, as quais distinguem os Batistas
dos Protestantes. Não desejamos
menosprezar quaisquer Protestantes,
fazendo-lhes uma infeliz caricatura, em
geral. Nem nos atreveremos a implicar
que todos os Protestantes estão perdidos
– tampouco poderíamos nos atrever em
dizer, que todos os Batistas estão
salvos!
1.
Nossa opinião sobre as Escrituras.
Enquanto muitos reivindicam em crer na
Bíblia como o único manual de fé e
ordem, a ênfase Protestante em credos
tendem, acima de tudo, em fazer com que
esta posição seja enfraquecida. B.B.
Warfield chamou a Confissão da Fé de
Westminster (daqui em diante CFW)... de:
"a cristalização final dos elementos da
religião evangélica". Batistas crêem que
tal linguagem, deveria apenas ser usada
para descrever a Bíblia isoladamente.
Uma vez que os Batistas usam confissões
de fé como um sumário da verdade
bíblica, nós nunca consideramos nada
além das Escrituras para ser nosso
padrão. Quando em debate, nós
preferiríamos dizer: A palavra de Deus
diz, do que dizer: Minha confissão
diz... Nós não temos um credo senão as
Escrituras.
A
CWF contém, por si só, abastadas
palavras em seu primeiro capítulo, que
vão muito além que podemos aceitar, bem
como:
"O
pleno conselho de Deus, em relação às
coisas necessárias para Sua própria
glória, salvação do homem, fé e vida,
são tão expressamente ditas nas
Escrituras, ou até mesmo, por boa e
necessária conseqüência, deveriam ser
deduzidas à partir das Escrituras."
Esta dedução à partir das Escrituras,
abriu as portas à superposição do
sistema aliancista sobre as Escrituras.
Então são as Escrituras interpretadas
pela aliança, ao invés da aliança ser
interpretada pelas Escrituras.
2.
Nossa opinião sobre as alianças. O
Protestantismo admite uma aliança, com
várias administrações. Os Batistas vêem
alianças distintas. Como em Gálatas.
4:24-26 diz, "porque estas são as duas
alianças" Nós vemos algo de novo na nova
aliança (ou Novo Testamento). "O qual
nos fez também capazes de ser ministros
de um novo testamento; não da letra, mas
do espírito: porque a letra mata e o
espírito vivifica" (II Cor 3:6). "E, por
esta causa, Ele é o mediador do Novo
Testamento que, por meio da morte para a
redenção das transgressões que estavam
sob o Primeiro Testamento, os chamados
deveriam receber a promessa da herança
eterna" (Hebreus 9:15).
Embora acreditemos que os santos do
Velho Testamento foram salvos pela pura
graça de Deus, sem obra alguma, nós não
equacionamos a velha economia (uma
economia nacional, étnica e
sócio-política-religiosa) com a nova
(uma economia espiritual, sem distinções
sociais ou nacionalistas, e sem
propósitos políticos). Enquanto nós
vemos uma continuidade entre a velha e a
nova aliança, nós não vemos uma
identidade. Há diferenças significantes
entre o Velho e o Novo Testamento,
embora os propósitos da graça de Deus
operem em cada uma deles.
Portanto, nós vemos o Novo Testamento
como a palavra final do Velho
Testamento, e não vice versa. Ao
contrário dos dispensacionalistas e
aliancistas, nós nos sustentamos no Novo
Testamento, e interpretamos o velho na
luz do novo.
3.
Nossa opinião sobre a igreja. O
Protestantismo trouxe, através de suas
raízes no Catolicismo Romano, a
mentalidade da sacralização. Se alguém
for membro de uma sociedade, ele deve,
portanto, ser também um membro da
"igreja". À medida que uma linha de
distinção entre a igreja e o estado
perdeu a nitidez, surgiu o batismo
infantil. Estas "igrejas" chegaram a ser
intencionalmente compostas de tanto
regeneradas quanto não regeneradas.
Esforços foram feitos para justificar
este erro, com base no ritual da
circuncisão do Velho Testamento.
Os
Batistas tomam a posição Neo
Testamentária de terem somente membros
regenerados. Não há um simples caso
sequer, dentre os demais no Novo
Testamento, de batismo infantil, nem de
um batismo de alguém conhecido por ser
um ateu. Nós somos gratos por alguns
Protestantes admitirem isto. Aqueles que
reclamam o contrário, deveriam o fazer
em silêncio.
Nós vemos a missão da igreja como
primariamente espiritual, não social ou
política. Nós estamos mais interessados
em proclamar a graça da salvação, do que
em promover a graça comum. Nós somos
meramente estrangeiros passageiros,
cidadãos de um reino celestial. Nossa
mensagem nunca foi ‘Salve esta geração’,
e sim, ‘Salvai-vos desta geração
perversa’ (veja Atos 2:40).
Ademais, crendo que cada igreja seja
autônoma, rejeitamos todas as formas de
hierarquia na igreja. Nas coisas
espirituais, não há suprema corte nesta
Terra que seja maior que a assembleia
local. Os principais temas das igrejas
do Novo Testamento, foram decididos
pelos votos dos membros, não por um
concilio ou reunião de anciões,
presbiterianos, diocesanos, bispos ou
arcebispos.
Nós rejeitamos o conceito Protestante de
uma igreja universal invisível, e o
ecumenismo que naturalmente jorra de tal
conceito. Deus certamente conhece todos
que a Ele pertencem, e eternamente os vê
como um só por Cristo, mas em nossa
experiência, nós não seremos uma
assembleia ou igreja alguma, até que
todos os eleitos de Deus se ajuntem no
glorioso céu. Embora cada Cristão esteja
na família de Deus e em Seu Reino, a
igreja do Novo Testamento é uma
assembleia local, e visível.
4.
Nossa opinião sobre as ordenações.
O batismo e a Ceia do Senhor são
ordenanças cristãs e simbólicas dadas às
Suas igrejas, não à indivíduos,
famílias, nem à sociedade em geral. O
batismo é apenas para os que crêem; A
Ceia do Senhor é apenas para os Cristãos
já batizados. Uma vez que nós não
reconheçamos o batismo infantil pela
aspersão de água, como um batismo de
acordo com as Escrituras, nós obviamente
"recusamos da mesa" aqueles que não
foram imergidos como crentes. Desde que
sejamos responsáveis pelo batismo de um
membro nosso, e desde que nós não
possamos convidar à mesa aqueles, sobre
os quais, não temos a autoridade de
disciplinar, também restringimos a mesa
apenas aos membros da nossa assembleia
local.
Estas ordenanças são simbólicas e não
têm eficácia para salvar, nem para
trazer graça. Entretanto, A CFW
estabelece que, "Há em todos os
sacramentos uma relação espiritual, ou
uma união sacra, entre o sinal e a coisa
significada; pela qual vem a ser
verdadeira, que os nomes e os efeitos de
um são atribuídos aos outros". Em seu
comentário na CWF, A. A. Hodge
estabelece: "através do uso correto do
símbolo, a graça significada é realmente
demonstrada" (p. 329). Novamente, Hodge
estabelece: "os sacramentos foram
designados para ‘aplicar’, ou seja –
comunicar – aos crentes os benefícios da
nova aliança" (p. 331). Comentando sobre
o batismo, o CWF diz, "pelo correto uso
desta ordenança, a graça prometida não é
apenas oferecida, mas realmente exibida
e conferida pelo Espírito Santo" Para os
Batistas, esta linguagem soa alarmante
parecida à regeneração batismal.
5.
Nossa opinião sobre a conversão.
Na luz do que foi dito acima, nós
podemos inequivocamente estabelecer que,
nós acreditamos que a salvação é uma
operação direta do Espírito Santo de
Deus. Nenhuma graça de salvação é
conferida pelos laços da família, ou
através de privilégios nacionais. Os
filhos dos Cristãos são tão depravados e
perdidos, quanto aos filhos dos que não
crêem. A promessa em Atos 2:39 que diz,
"Por que a promessa vos diz respeito a
vós, a vossos filhos" e o versículo não
termina ai! O versículo continua e diz:
"e a todos que estão longe, a tantos
quantos Deus nosso Senhor chamar."
Deus salva pecadores individualmente, e
não famílias coletivamente. O "batismo"
infantil e a conceito da aliança com a
criança, obscurecem a verdade sobre a
regeneração e conversão.
6.
Nossa opinião sobre a história da
Igreja. Pode se tornar uma surpresa
aos Protestantes e Católicos Romanos
contemporâneos saberem que, os Batistas
não originaram na reforma. Os
historiadores mais antigos, até mesmo
aqueles opostos aos princípios Batistas,
admitem isto; os escritores modernos
tendem a ignorar, desconsiderar ou negar
isto. Há abundantes evidências para
afirmar que as igrejas evangélicas,
firmes nas essências da fé, conhecidas
por vários nomes, existiram na Europa
desde os dias dos Apóstolos até a idade
média. A Confissão de Valdenses de 1120,
é um exemplo de crença fundamental e
evangélica durante aquela época.
Estes Anabatistas, como eles foram ironicamente chamados
pelos seus inimigos, foram duramente
perseguidos pelo pseudo Cristianismo
oficial, qual apostatou com Constantino.
Estas pessoas valentes foram nossos
antecessores na fé. (É claro que não nos
identificamos com algumas seitas
realmente hereges que foram erroneamente
classificadas junto com estes
Anabatistas). Muitos se esqueceram que
parte da teologia de Calvino foi moldada
por um primo Anabatista. Calvino
reconheceu que ele [Calvino] também "em
um tempo foi um Valdense" (Leonard
Verduin, A Anatomia de um Híbrido, p.
199.)
Quando a reforma chegou, estes
Anabatistas, em primeira instancia,
deram um suspiro de alivio, mas logo
descobriram que os Protestantes podiam
perseguí-los tão severamente, recorrendo
ao mesmo modelo da igreja/estado, que
Roma brutalmente impôs durante séculos.
É um fato esquecido da história
norte-americana que a primeira emenda da
sua Constituição, garantindo a completa
liberdade religiosa, chegou a ir contra
aos desejos de muitos colonos
Protestantes. Os batistas da Virgínia,
especialmente John Leland, foram
responsáveis por esta emenda
constitucional.
C.H. Spurgeon resumiu bem nossa posição:
"Acreditamos que os Batistas são os
Cristãos originais. Nossa existência não
iniciou-se com a reforma, nós fomos
reformistas antes de Luther ou Calvin
nascerem; nós nunca viemos da Igreja de
Roma, pois nela nunca estivemos, mas nós
temos uma ligação ininterrupta aos
próprios apóstolos. Nós sempre existimos
desde os dias de Cristo, e nossos
princípios, algumas vezes são ignorados
ou esquecidos, como um rio que tem que
percorrer sob o chão por uma curto
período, têm tido sempre seguidores
honestos e piedosos" (Metropolitan
Tabernacle Pulpit, 1861, p.225.)
"[N]ós, conhecidos entre os homens, por
todas as idades, por vários nomes, como
Donatistas, Novacianos, Paulicianos,
Petrobrussianos, Cátaros, Arnoldistas,
Hussites, Valdenses, Lollardos e
Anabatistas, temos lutado para a pureza
da Igreja e sua distinção, e pela sua
separação do governo humano. Nossos pais
foram homens acostumados com as
dificuldades, e não eram preguiçosos.
Eles apresentam a nós, seus filhos, uma
linha ininterrupta proveniente
legitimamente dos apóstolos, não através
da sujeira de Roma" (ibid., p. 613.)
Vinte anos depois, Mr. Spurgeon
reiterou,
"Muito antes seus Protestantes serem
conhecidos como tal, os horríveis
Anabatistas, como foram injustamente
chamados, eles estiveram protestando
para "um só Senhor, uma só fé, e um só
batismo." Na mesma hora que a igreja
visível começou a afastar-se do
verdadeiro Evangelho, estes homens
surgiram para permanecerem fieis à
verdade dos séculos. ...Às vezes, uma
historiador mal intencionado procura nos
dar a idéia de que eles tivessem
morrido, bem como o lobo tivesse feito
seu trabalho na ovelha. Mas, eis somos
nós, abençoados e multiplicados" (Metropolitan
Tabernacle Pulpit, 1881, p. 249.)
Como conclusão, deixai que seja dito que
nós somos gratos a Deus, o qual tem nos
mostrando estas coisas. Nós retrucamos
qualquer irmão Batista que possa ser
muito orgulhoso de si, devido ao seu
conhecimento destas verdades. Se Deus
nos deu estas verdades, nós devemos
recebê-las com humildade.
Nós admitimos que não podemos falar em
nome de todos que se dizem Batistas nos
dias de hoje. Alguns não concordem
conosco. Nós podemos apenas dizer que
estes são temas aos quais nossas
consciências estão ligadas e sobre
quais, não podemos nos comprometer.
Autor: Daniel A. Chamberlin, Pastor (covenantbcl@cs.com)
Tradução: Gustavo Stapait - 06/2001
Edição: Calvin Gene Gardner –
06/2001
Igreja Batista de Catanduva, SP
Fonte:
www.PalavraPrudente.com.br
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
(retorne a http://solascriptura-tt.org/
EclesiologiaEBatistas/
retorne a http://
solascriptura-tt.org/
)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.