Carta à Bispa Evônia*
[*Nota – é mais uma carta
fictícia, gênero que uso como maneira de tornar as minhas idéias mais
interessantes para o leitor. Minha esposa não tem (ainda) nenhuma amiga que
virou bispa.]
Minha cara Evônia,
Minha esposa me falou do encontro casual que vocês duas tiveram no shopping
semana passada. Ela estava muito feliz em rever você e relembrar os tempos do
ginásio e da igreja que vocês frequentavam. Aí ela me contou que você foi
consagrada pastora e depois bispa desta outra denominação que você tinha
começado a frequentar.
Ela também me mostrou os e-mails que vocês trocaram sobre este assunto, em que
você tenta justificar o fato de ser uma pastora e bispa, já que minha esposa
tinha estranhado isto na conversa que vocês tiveram. Ela me pediu para ler e
comentar seus argumentos e contra-argumentos. Não pretendo ofendê-la de maneira
nenhuma – nem mesmo conheço você pessoalmente. Mas faço estes comentários para
ver se de alguma forma posso ser útil na sua reflexão sobre o ter aceitado o
cargo de pastora e de bispa.
Acho, para começar, que você ser bispa vem de uma atitude de sua comunidade
para com as Escrituras, que equivale a considerá-la condicionada à visão
patriarcal e machista da época. Ou seja, “ela é nossa regra, mas não para todas
as coisas”. Ao rejeitar o ensinamento da Bíblia sobre liderança, adota-se outro
parâmetro, que geralmente é o pensamento e o espírito da época.
E é claro, Evônia, que na nossa cultura a mulher – especialmente as
inteligentes e dedicadas como você – ocupa todas as posições de liderança
disponíveis, desde CEO de empresas a presidência da República – se a Dilma
ganhar. Portanto, sem o ensinamento bíblico como âncora, nada mais natural que
as igrejas também coloquem em sua liderança presbíteras, pastoras, bispas e
apóstolas.
Mas, a pergunta que você tem que fazer, Evônia, é o que a Bíblia ensina sobre
mulheres assumirem a liderança da igreja e se este ensino se aplica aos nossos
dias. Não escondo a minha opinião. Para mim, a liderança da igreja foi entregue
pelo Senhor Jesus e por seus apóstolos a homens cristãos qualificados. E este
padrão, claramente encontrado na Bíblia, vale como norma para nossos dias, pois
se baseia em princípios teológicos e não culturais. Reflita no seguinte.
1. Embora mulheres tenham sido juízas e profetisas (Jz 4.4; 2Re 22.14), em
Israel nunca foram ungidas, consagradas e ordenadas como sacerdotisas, para
cuidar do serviço sagrado, das coisas de Deus, conduzir o culto no templo e
ensinar o povo de Deus, que eram as funções do sacerdote (Ml 2.7). Encontramos
profetisas no Novo Testamento, como as filhas de Felipe (At 21.9; 1Co 11.5),
mas não encontramos sacerdotisas, isto é, presbíteras, pastoras, bispas,
apóstolas. Apelar à Débora e Hulda, como você fez em seu e-mail, prova somente
que Deus pode usar mulheres para falar ao seu povo. Não prova que elas tenham
que ser ordenadas.
“E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.” (Jz 4:4 ACF)
“Então foi o sacerdote Hilquias, e Aicão, Acbor, Safã e Asaías à profetiza Hulda, mulher de Salum, filho de Ticvá, o filho de Harás, o guarda das vestiduras (e ela habitava em Jerusalém, na segunda parte), e lhe falaram.” (2Rs 22:14 ACF)
“Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos.” (Ml 2:7 ACF)
“E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam.” (At 21:9 ACF)
“Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.” (1Co 11:5 ACF)
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2. Você disse à minha esposa que Jesus não escolheu mulheres para apóstolas
porque ele não queria escandalizar a sociedade machista de sua época. Será,
Evônia? O Senhor Jesus rompeu com vários paradigmas culturais de sua época. Ele
falou com mulheres (Jo 8.10-11), inclusive com samaritanas (Jo 4.7), quebrou o
sábado (Jo 5.18), as leis da dieta religiosa dos judeus (Mc 7.2), relacionou-se
com gentios (Mt 4.15). Se ele achasse que era a coisa certa a fazer, certamente
teria escolhido mulheres para constar entre os doze apóstolos que nomeou. Mas,
não o fez, apesar de ter em sua companhia mulheres que o seguiam e serviam,
como Maria Madalena, Marta e Maria sua irmã (Lc 8.1-2).
“10 E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 11 E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” (Jo 8:10-11 ACF)
“Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.” (Jo 4:7 ACF)
“Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” (Jo 5:18 ACF)
“E, vendo que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar, os repreendiam.” (Mc 7:2 ACF)
“A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galiléia das nações;” (Mt 4:15 ACF)
“1 ¶ E ACONTECEU, depois disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele, 2 E algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios;” (Lc 8:1-2 ACF)
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3. Por falar nisto, lembre também que os apóstolos, por sua vez, quando tiveram
a chance de incluir uma mulher no círculo apostólico em lugar de Judas,
escolheram um homem, Matias (At 1.26), mesmo que houvesse mulheres proeminentes
na assembleia, como a própria Maria, mãe de Jesus (At 1.14-15) – que escolha
mais lógica do que ela? E mais tarde, quando resolveram criar um grupo que
cuidasse das viúvas da igreja, determinaram que fossem escolhidos sete homens,
quando o natural e cultural seria supor que as viúvas seriam mais bem atendidas
por outras mulheres (Atos 6.1-7).
“E, lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E por voto comum foi contado com os onze apóstolos.” (At 1:26 ACF)
“14 Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos. 15 ¶ E naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos discípulos (ora a multidão junta era de quase cento e vinte pessoas) disse:” (At 1:14-15 ACF)
“1 ¶ ORA, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. 2 E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. 3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. 4 Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. 5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; 6 E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. 7 E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.” (At 6:1-7 ACF)
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4. Tem mais. Nas instruções que deram às igrejas sobre presbíteros e diáconos,
os apóstolos determinaram que eles deveriam ser marido de uma só mulher e
deveriam governar bem a casa deles – obviamente eles tinham em mente homens
cristãos (1Tm 3.2,12; Tt 1.6) e não mulheres, ainda que capazes, piedosas e
dedicadas, como você. E mesmo que reconhecessem o importante e crucial papel da
mulher cristã no bom andamento das igrejas, não as colocaram na liderança das
comunidades, proibindo que elas ensinassem com a autoridade que era própria do
homem (1Tm 2.12), que participassem na inquirição dos profetas, o que poderia
levar à aparência de que estavam exercendo autoridade sobre o homem (1Co
14.29-35). Eles também estabeleceram que o homem é o cabeça da mulher (1Co
11.3; Ef 5.23), uma analogia que claramente atribui ao homem o papel de
liderança.
“Convém, pois, que o bispO seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;” (1Tm 3:2 ACF)
“Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas.” (1Tm 3:12 ACF)
“Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.” (Tt 1:6 ACF)
“Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.” (1Tm 2:12 ACF)
“29 E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. 30 Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. 31 Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. 32 E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. 33 Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. 34 ¶ As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. 35 E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.” (1Co 14:29-35 ACF)
“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.” (1Co 11:3 ACF)
“Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.” (Ef 5:23 ACF)
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5. Você retrucou à minha esposa na troca de e-mails que nenhuma destas
passagens se aplica hoje, pois são culturais. Mas, será, Evônia, que estas
orientações foram resultado da influência da cultura patriarcalista e machista
daquela época nos autores bíblicos? Tomemos Paulo, por exemplo. Será que ele
era mesmo um machista, que tinha problemas com as mulheres e suspeitava que
elas viviam constantemente tramando para assumir a liderança das igrejas que
ele fundou, como você argumentou? Será que um machista deste tipo diria que as
mulheres têm direito ao seu próprio marido, que elas têm direitos sexuais
iguais ao homem, bem como o direito de separar-se quando o marido resolve
abandoná-la? (1Co 7.2-4,15) Um machista determinaria que os homens deveriam
amar a própria esposa como amavam a si mesmos? (Ef 5.28,33). Um machista se
referiria a uma mulher admitindo que ela tinha sido sua protetora, como Paulo o
faz com Febe (Rm 16.1-2)?
“2 Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. 3 O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. 4 A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.” (1Co 7:2-4 ACF)
“Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz.” (1Co 7:15 ACF)
“Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.” (Ef 5:28 ACF)
“Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.” (Ef 5:33 ACF)
“1 ¶ RECOMENDO-VOS, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia, 2 Para que a recebais no Senhor, como convém aos santos, e a ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque tem hospedado a muitos, como também a mim mesmo.” (Rm 16:1-2 ACF)
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6. Agora, se Paulo foi realmente influenciado pela cultura de sua época ao
proibir as mulheres de assumir a liderança das igrejas, o que me impede de
pensar que a mesma coisa aconteceu quando ele ensinou, por exemplo, que o
homossexualismo é uma distorção da natureza acarretada pelo abandono de Deus
(Rm 1.24-28) e que os sodomitas e efeminados não herdarão o Reino de Deus (1Co
6.9-11)? Você defende também, Evônia, que estas passagens são culturais e que
se Paulo vivesse hoje teria outra opinião sobre a homossexualidade? Pergunto
isto pois em outras igrejas este argumento está sendo usado.
“24 Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; 25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. 26 Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. 28 E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;” (Rm 1:24-28 ACF)
“9 ¶ Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, 10 nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. 11 E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.” (1Co 6:9-11 ACF)
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7. Tem mais, se você ainda tiver um tempinho para me ouvir. As alegações
apostólicas não me soam culturais. Paulo argumenta que o homem é o cabeça da
mulher a partir de um encadeamento hierárquico que tem início em Deus Pai,
descendo pelo Filho, pelo homem e chegando até a mulher (1Co 11.3).[1] Este
argumento me parece bem teológico, como aquele que faz uma analogia entre
marido e mulher e Cristo e a igreja, “o marido é o cabeça da
mulher como Cristo é o cabeça da igreja” (Ef 5.23).
Não consigo imaginar uma analogia mais teológica do que esta para estabelecer a
liderança masculina. E quando Paulo restringe a participação da mulher no
ensino autoritativo –que é próprio do homem – argumenta a partir do relato da
criação e da queda (1Tm 2.12-14).[2]
“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.” (1Co 11:3 ACF)
“12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. 13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14 E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.” (1Tm 2:12-14 ACF)
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8. Você já deve ter percebido que para legitimar sua posição como bispa você
teve que dar um jeito neste padrão de liderança exclusiva masculina que é
claramente ensinado na Bíblia e na ausência de evidências de que mulheres
assumiram esta liderança. Não tem como aceitar ser bispa e ao mesmo tempo
manter que a Bíblia toda é a Palavra de Deus para nossos dias. E foi assim que
você adotou esta postura de dizer que a liderança exclusiva masculina é
resultado da cosmovisão patriarcal e machista dos autores do Antigo e Novo
Testamentos, e que portanto não pode ser mais usada em nossos dias, quando os
tempos mudaram, e as mulheres se emanciparam e passaram a assumir a liderança
em todas as áreas da vida. Em outras palavras, como você mesmo confirmou em seu
e-mail, a Bíblia é para você um livro culturalmente condicionado e só devemos
aplicar dele aquelas partes que estão em harmonia e consenso com nossa própria
cultura. Eu sei que você não disse isto com estas exatas palavras, mas a
impressão que fica é que você considera a Bíblia como retrógrada e ultrapassada
e que o modelo de liderança que ela ensina não serve de paradigma para a
liderança moderna da Igreja de Cristo.
Quando se chega a este nível, então, para mim, a porta está aberta para a
entrada de qualquer coisa que seja aceitável em nossa cultura, mesmo que seja
condenada nas Escrituras. Como você poderá, como bispa, responder biblicamente
aos jovens de sua igreja que disserem que o casamento está ultrapassado e que
sexo antes do casamento é normal e mesmo o relacionamento homossexual? Como
você vai orientar biblicamente aquele casal que acha normal terem casos fora do
casamento, desde que estejam de acordo entre eles, e que acham que adultério é
alguma coisa do passado?
Sabe Evônia, você e a sua comunidade não estão sozinhas nessa distorção. Na
realidade esse pensamento é também popularizado por seminários de denominações
tradicionais e professores de Bíblia que passaram a questionar a infalibilidade
das Escrituras, utilizando o método histórico crítico, ensinando em sala de
aula que Paulo e os demais autores do Novo Testamento foram influenciados pela
visão patriarcal e machista do mundo da época deles. Só podia dar nisso... na
hora que os pastores, presbíteros e as próprias igrejas relativizam o ensino
das Escrituras, considerando-o preso ao século I e irremediavelmente
condicionado à visão de mundo antiga, a igreja perde o referencial, o
parâmetro, o norte, o prumo – e como ninguém vive sem estas coisas, elege a
cultura como guia.
Termino reiterando meu apreço e respeito por você como mulher cristã e pedindo
desculpas se não posso me dirigir a você, em nossa correspondência pessoal,
como “bispa” Evônia. Espero que meus motivos tenham ficado claros.
Um abraço,
Augustus Nicodemus
NOTAS
[1] Esse encadeamento hierárquico se refere à economia da Trindade e trata das
diferentes funções assumidas pelas Pessoas da Trindade na salvação do homem.
Ontologicamente, Pai, Filho e Espírito Santo são iguais em honra, glória,
poder, majestade, como afirmam nossas confissões reformadas.
[2] Veja minha interpretação desta passagem e de outras no artigo da Fides
Reformata “Ordenação Feminina”.
[para facilitar para o leitor, Hélio colou os versículos referenciados]
Todas as citações
bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC
idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as
únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da
Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra
de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o
Textus Receptus).
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.