Por
Dr. Roy Mason, Th.D.
II. Jesus Fundou a Igreja? Se Sim, Quando?
III. O Tipo de Igreja que Jesus Construiu
IV. A Família, o Reino e a Igreja de Deus. Diferenciados
VI. A Busca da Verdadeira Igreja
VIII. Pontos a Serem Lembrados
IX. Os Batistas Sob Outros Nomes
X. Afirmações dos Historiadores
XI. Qual é a Missão da Igreja que Jesus Construiu?
XII. A Igreja que Jesus Construiu Justifica Sua Existência
Ao escrever a introdução à sétima
edição de “A IGREJA QUE JESUS CONSTRUIU”, Dr. J.W. Jent, naquele tempo
Presidente do Colégio Batista do Sudoeste, Bolivar, Missouri, disse:
“Escrever uma introdução à sétima edição deste livro é um prazer peculiar.
Quando a primeira edição foi publicada em 1923, eu lhe dei as boas vindas não
somente porque ela atendia a uma necessidade real como um livro texto para o
meu departamento na Universidade Batista de Oklahoma, mas porque eu nunca tinha
lido algo que descrevesse tão profunda e claramente minha própria concepção da
‘ECCLESIA’ de Cristo. Na segunda edição, que usei como texto no Seminário
Teológico da Universidade Mercer, foi mais abrangente e mais bem organizada do
que a primeira edição. É uma contribuição valiosa e oportuna para a literatura
das Polêmicas Cristãs. A emissão da sétima edição reflete a persistência do
gratificante interesse nos fundamentos Cristãos – uma refutação tangível do
clamor de que esse denominacionalismo esteja morto”.
“Tive minha apresentação à Eclesiologia do Novo Testamento aos pés do meu pai,
há anos, nas igrejas campestres do sudoeste do Missouri. Ele ainda atende como
pastor rural naquela área e é amplamente conhecido como o pregador talvez mais
fortemente doutrinário nas Montanhas Ozarks. Muitas e muitas vezes, durante os
oscilantes anos de minha meninice, eu o ouvi através de suas séries de sermões
sobre A IGREJA – sua natureza, instituição, CARACTERÍSTICAS, PERPETUIDADE e sua
moderna IDENTIDADE. Quando o segui para o ministério e o pastorado campestre,
trabalhamos juntos estabelecendo os fundamentos Bíblicos sobre os quais ficou fácil
para mim, mais tarde, construir uma superestrutura doutrinária, sob a
complacente direção do Dr. B. H. Carroll”.
“Anos de estudo e experiência prática me convenceram que a interpretação do meu
pai e meu grande mestre está correta: que a IGREJA – a ‘ECCLESIA’ de Cristo – é
a ‘CONGREGAÇÃO DE CRENTES BATIZADOS associados num COMPANHEIRISMO DO
EVANGELHO’. Que ela é uma DEMOCRACIA ESPIRITUAL, visível e LOCAL ou PARTICULAR.
Que ela é UMA INSTITUIÇÃO DO NOVO TESTAMENTO, designada por Nosso Senhor,
historicamente instituida por Ele, persistindo século após século, conservando
as características do modelo do Novo Testamento, facilmente identificada pelos
detalhes da integridade doutrinária. Uma verdade funcional para o espírito de
sua Santa Missão. Justificando sua existência por suas aquisições desafiadoras
e Sua benevolente benção à humanidade amaldiçoada pelo pecado. Esta é a TESE
que Dr. Mason defende tão habilmente nas páginas seguintes. Ele é franco,
sincero, consistente e convincente. Seus argumentos são impulsionadores e
irrespondíveis. Ele declara a representativa crença Batista, com suas
implicações essenciais. Ele dá a ‘razão para a fé que está em nós’ – a
inextirpável consciência de uma missão e um destino – a total intolerância à
cortesia e transigência – o ponto de vista único em que temos o paradoxo da
inflexível exclusividade sintetizada com superlativa tolerância e boa vontade”.
Já que a doutrina da igreja é claramente determinante no campo distintivo, este
livro não só atende uma séria necessidade da denominação, mas esclarece
admiravelmente a atmosfera para o público em geral. Seu desafiador
restabelecimento da TESE BATISTA não apenas atende, com inabalável candura, a
propaganda da ‘igreja invisível’ dos Pedobatistas, mas o sentimento superficial
dos modernistas não denominacionais e contra-denominacionais. O autor soa os
clarins chamando à nova cruzada de pregação doutrinária construtiva. Ele aponta
o caminho para um programa que revitalizaria não apenas nossas igrejas, mas
nosso maquinário denominacional. A dinâmica que sempre sensibilizou e impeliu
como uma CONVICÇÃO inteligente, uma CONSCIÊNCIA DENOMINACIONAL e a consciência
de uma MISSÃO DENOMINACIONAL. Temos uma MENSAGEM que o mundo precisa e
realmente quer ouvir. É cego aquele que não percebe que o grande meio dia da
Democracia no entardecer do século vinte é um dia Batista. “A ousadia da
lealdade denominacional e a sabedoria são o gênio construtivo para produzir sua
maior parte”.
“O apelo sonoro do Dr. Mason à razão e à Divina Revelação neste livro deve
conquistar a mente aberta que lhe der ouvidos. Pastores sábios colocarão em
seus programas de ensino ‘A IGREJA QUE JESUS CONSTRUIU’. Ele merece um
lugar nos cursos de treinamento de todos os nossos departamentos auxiliares. O
autor nos colocou todos nós Batistas sob o dever de agradecer-lhe por um
serviço tão oportuno, fundamental e de alcance tão amplo. Que Deus possa
abençoar esta sétima edição e torná-la uma permanente benção a um grupo de
leitores sempre crescente e estudantes de mente aberta por todos os anos do
porvir”.
J. W. Jent.
Presidente do Colégio Batista do Sudoeste, Bolivar, Missouri.
É para nós um grande prazer ter a oportunidade de publicar novamente ‘A IGREJA QUE JESUS CONSTRUIU’, do Dr. Roy Mason. Acreditamos na necessidade ainda maior de um livro Biblicamente impactante dessa natureza do que foi há um ano. O pastor e membros da Igreja Batista de Buffalo Avenue acreditam que Deus forneceu os meios para publicarmos esta e endossamos seu uso entre nosso povo Batista tão veementemente quanto o fez Dr. Jent.
Pr. Claude King
Pastor da Igreja Batista de Buffalo Avenue.
“A Fé Batista é radical e fundamentalmente diferente de todas as demais. Somente neste fundamento, sua existência continuamente separada pode ser justificada”.
M. P. Hunt, em “A Fé Batista”.
Dr. Mason foi pastor na Igreja de Buffalo Avenue por 29 anos. Durante esse tempo ele editou o jornal da igreja que chamava “Fé e Vida”, e por muitos anos ele foi o maior pregador diário em toda a rede de rádios, entre todos os pastores do país. Dr. Mason ainda dirige programas em mais de cinco estações de rádio patrocinadas pela Igreja Batista de Buffalo Avenue, algumas delas com programas diários.
“E Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” [João 8:32].
Jesus
Há algumas coisas sobre as quais muitas noções falsas e opiniões
heréticas são defendidas, como a igreja. Muitos se casam com uma teoria
eclesiástica que variam totalmente dos ensinamentos claros das Escrituras.
Alguns defendem essas falsas teorias honestamente, nunca tendo estudado
cuidadosamente a questão da igreja por si só. Outros – deve-se temer – as
defendem porque se ajustam a seu esquema eclesiástico e porque entregar-se à
verdade significaria uma revolução em sua vida, envolvendo uma mudança na
questão de sua afiliação à igreja.
Por causa da negligência à verdade da igreja, um pensamento fraco e visões
erradas sobre o que realmente constitui uma igreja do Novo Testamento, muitos
defendem a igreja à luz da estima. Não é, para eles, uma coisa alta e santa,
como deveria ser. Não é, para eles, a divina instituição considerada como alta
torre acima de todas as organizações e instituições dos homens. É, sem dúvida,
comum encontrar pessoas que estimam locais, clubes, sociedades ou outras
organizações desse tipo em par com a igreja. E entre as multidões de seitas de
denominações que se autodenominam igrejas, as pessoas comumente fazem pequenas
distinções. A ideia popular é que “uma igreja é tão boa quanto qualquer outra”,
sem mencionar se ela tem Jesus Cristo como seu Fundador e Chefe. Mais tarde,
quando comecei a estudar a questão da igreja, minha ideia do que se constitui
uma verdadeira igreja se estreitou e se tornou mais distinta. À luz dos
ensinamentos das Escrituras, a ideia da perpetuidade da igreja, à primeira
vista tão repulsiva, se tornou cada vez mais racional. Finalmente ficou claro
para mim que, se as Escrituras são verdadeiras e podemos confiar na promessa de
Jesus, a igreja que Jesus fundou deve ter tido uma continuidade de existência
através de todas as eras e deve estar em algum lugar no mundo de hoje. Um
estudo cuidadoso das Escrituras e da história, junto com um estudo da origem e
ensinamentos das diferentes denominações serviram para formar dentro de mim uma
convicção quase tão forte quanto a própria vida. Essa convicção é que a
primeira igreja que foi organizada foi a que hoje chamamos de uma igreja
Batista e que as igrejas do mesmo formato, caracterizadas pelas mesmas
doutrinas e práticas têm existido desde o dia que a primeira foi estabelecida
até o presente momento e continuará a existir até que o Senhor volte novamente.
É meu propósito expor nas próximas páginas alguns dos fundamentos, bíblicos e
históricos, sobre os quais baseio minhas convicções e mostrar a racionalidade e
credibilidade da reivindicação Batista ao que normalmente é chamado de
“perpetuidade da igreja”.
Nesta linha de pensamento, uma das primeiras questões que surgem é com referência
à importância prática dessa doutrina. Pois eu penso podemos chamar de doutrina
a perpetuidade da igreja. Certamente, parece importante considerar que a
veracidade da Palavra de Nosso Senhor e a validade de Sua promessa estão em
pauta. Se a igreja que Jesus estabeleceu não fosse perpetuada, então Sua
promessa teria falhado. Se Sua promessa sobre a igreja tivesse falhado, então
não seria possível que Sua promessa sobre nossa salvação e destino da mesma
forma falharia?
Novamente é importante saber qual igreja pode realmente reivindicar existir em
cumprimento da promessa de Cristo de perpetuidade, porque encontrar essa igreja
significa encontrar a única verdadeira. Num mundo cheio de todos os tipos de
assim chamadas igrejas, cada uma defendendo sua doutrina e características
peculiares, muitos estão desesperadamente confusos e não sabem a que igreja se
voltar. Um conhecimento da verdade sobre a perpetuidade desfará a confusão e
tornará claro o dever dos Cristãos.
Um adequado entendimento da promessa de Cristo sobre a igreja e o
reconhecimento do cumprimento dos princípios Batistas evitariam, talvez, a
condição cismática do Cristianismo de hoje. Cristo prometeu que Sua igreja não
falharia e não cessaria. Todas as organizações das assim chamadas igrejas repousam
sobre a suposição de que Sua promessa foi quebrada e que Sua igreja fracassou.
A doutrina da perpetuidade da igreja Batista tem sido sempre uma doutrina
ofensiva àqueles de outra fé e isso é muito natural. Pois se pudermos mostrar
que as igrejas Batistas são as verdadeiras igrejas de Cristo, então as igrejas
de outra fé, imediatamente passam a ocupar a posição de rivais daquelas que
tenham origem divina. No entanto, não é apenas aqueles de outra fé que acham
essa doutrina ofensiva. Nesses dias modernos de tolerância e falta de
convicção, não é pouco frequente que alguém descubra um Batista de tipo “Unitariano”
ou “Indiferente” que faz exceção a essa doutrina bíblica. Lembro que um
Batista como esse ou de propensões Pedobatistas uma vez me fez avaliar minhas
visões sobre a perpetuidade da igreja, dizendo que poderia não ser provado
historicamente que as igrejas Batistas continuaram desde os dias de Jesus até
hoje. Com os dados históricos que chegaram até mim frescos na mente, respondi
que acreditava totalmente que já foram produzidas provas históricas suficientes
para estabelecer isso. Então continuei dizendo que a questão era mais do que
histórica, era mais bíblica que histórica. “Se”, eu disse, “eu só tivesse o meu
Mestre para perpetuar Sua igreja, isso seria o bastante para me fazer crer em
sua existência atual”. Deus fez uma vez uma promessa surpreendente a Abraão,
cuja realização parecia impossível. Sobre a fé de Abraão, Paulo diz (Romanos
4:20-22 - ACF): “E
não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé,
dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido
também era poderoso para o fazer. Assim isso lhe foi também imputado como
justiça”. Não deveríamos ter a fé de Abraão? Cristo prometeu perpetuar Sua
igreja. Não deveríamos ter fé para acreditarmos que “Aquele que prometeu tem o
poder de cumprir a promessa?”
Ao lidar com a questão da perpetuidade da igreja, estou ciente de que
encontrarei, com toda a possibilidade, alguém antagonista ao termo “perpetuidade”.
Esse antagonismo foi induzido pelo frequente mau uso na ligação com “sucessão”,
“continuidade”, e “perpetuidade”. Como um autor coloca, “há três palavras
usadas quase indiscriminadamente na discussão sobre a história da igreja, isto
é: ‘sucessão’, ‘continuidade’ e ‘perpetuidade’. Nenhuma dessas palavras
expressam toda a ideia, mas cada uma delas é quase certa e suficiente para uma
discussão honesta”. Considerando qual palavra eu deveria usar, finalmente
decidi usar a palavra perpetuidade como, talvez, a mais adequada das três para
meu propósito. Porém, por causa do mau emprego da palavra perpetuidade tão
usada, é aconselhável definir, de início, o que ela significa e o que não
significa, segundo seu uso nas páginas seguintes.
1. Quando os Batistas afirmam a crença na perpetuidade de suas igrejas,
eles não querem dizer que possam traçar uma inquebrável SUCESSÃO DE BISPOS,
desde os dias dos apóstolos ATÉ OS DIAS DE HOJE. A Igreja Católica Romana
baseia sua reivindicação da perpetuidade sobre a alegada sucessão de bispos ou
papas como os chamam. Assim, encontramos o Cardeal Gibbons dizendo (A Fé de
Nossos Pais, p. 93) que “a Igreja Católica ensina também que nosso Senhor
conferiu a Pedro o primeiro lugar de honra e jurisdição no governo de toda a
Sua igreja e que a mesma supremacia espiritual sempre residiu com os papas, ou
bispos de Roma, como os sucessores de Pedro. Consequentemente, para serem
verdadeiros seguidores de Cristo, todos os Cristãos, seja entre o clero e entre
o laicato, devem estar em comunhão com o Senhor de Roma, onde Pedro governa na
pessoa do seu sucessor”. Pode-se bem observar, nessa ligação, que o que os
Católicos reivindicam sobre perpetuidade falha por muitas razões. Fazemos uma
pausa para fazer uma menção límpida de quatro delas. Primeiro, sua falta
de bons fundamentos onde basear sua reivindicação sobre a supremacia de Roma. Segundo,
a absoluta falta de prova, bíblica ou histórica, de que Pedro tenha sido o
primeiro papa. Terceiro, o ensinamento claro do Novo Testamento que impede
a ideia de que Pedro teria ocupado o lugar de primazia, no sentido de ser o
vice-gerente de Cristo e Chefe da igreja. Quarto, a falta de cobertura
de evidência histórica para provar que Pedro tenha tido tanta importância em
Roma e muito menos o primeiro papa.
2. Os Batistas não reivindicam a perpetuidade à base de uma CADEIA
DE BATISMOS sucessiva e inquebrável. Os oponentes da perpetuidade Batista
muitas vezes buscam invalidar as afirmações Batistas dizendo que seria
necessário para eles estabelecer, além de qualquer dúvida, que não houve, em
tempo algum, uma quebra na cadeia de batismos, antes de assumirem o direito de
perpetuidade. Isso surge de uma má concepção da posição Batista e do que
adequadamente se constitui a perpetuidade.
3. Os Batistas não querem a perpetuidade à base de uma cadeia de
IGREJAS que se sucedam umas às outras, no sentido em que reis e papas se
sucedam entre si. Dr. J. B. Moody coloca essa verdade de modo muito hábil
quando diz: “no sentido em que papas e reis se sucedem uns aos outros, a
palavra (perpetuidade) não deve ser usada na história da igreja, porque uma
igreja não toma o lugar de outra. Às vezes uma igreja morre como instituição e
alguns dos membros podem constituir outra no mesmo local ou em outro e assim,
uma pode suceder à outra. Mas isso dificilmente estaria envolvido nessa
discussão, exceto onde as igrejas possam ter sido levadas de um lugar a outro,
ou de um país a outro. A igreja de Jerusalém se multiplicou em igrejas da
Judéia, Samaria, etc., mas não sucederam a igreja de Jerusalém, porque aquela
igreja não morreu, como quando reis e papas se sucedem uns aos outros por
morte. Essa ideia particular de suplantar, ou tomar o lugar da outra, deve ser
eliminada”.
4. Os Batistas não reivindicam a perpetuidade à base do NOME
BATISTA. Eles não exigem que as igrejas chamadas pelo nome Batista tenham
existido em todas as épocas. Os verdadeiros Batistas existiram sempre, mas
foram chamados muitas vezes por outros nomes. As igrejas do Novo Testamento,
como existiram através das eras normalmente receberam seus nomes de seus
inimigos e perseguidores. Os nomes foram recebidos como termos de ódio e
reprovação. Mostraremos mais tarde que os crentes do Novo Testamento se
agruparam em igrejas do Novo Testamento aqui e ali, deram-se diferentes nomes
em diferentes épocas, como Paulicianos, Bogomilos, Waldenses, Anabatistas,
Cátaros, etc., cada nome dado aos povos das igrejas do Novo Testamento aqui
mencionadas, embora espalhados por perseguição, caçados e conduzidos a covis e
cavernas da terra e se ajustaram em pontos essenciais aos ensinamentos do Novo
Testamento e foram os progenitores dos modernos Batistas.
O que, então, é entendido por perpetuidade segundo o uso dos Batistas? Não
estarei errado por citar dois ou três Batistas bem conhecidos que deram a esse
assunto mais do que atenção comum. Nos escritos de S. F. Ford, L. L. D., de
honrosa memória, encontramos essas palavras: “a sucessão entre Batistas não é
uma cadeia interligada de igrejas ou ministérios, não interrompidos e rastreáveis
desde esse dia distante. A verdadeira e defensável doutrina é que os crentes
batizados existiram em todas as épocas desde que João batizava no Jordão e se
encontraram como uma congregação batizada em pacto e companheirismo onde uma
oportunidade permitia”.
Novamente, de W. A. Jarrell, D. D., autor de um livro muito convincente sobre a
perpetuidade da igreja, cito o seguinte: “tudo que os Batistas entendem por
‘sucessão de igrejas’ ou perpetuidade da igreja é que nunca houve um dia, desde
a organização da primeira igreja do Novo Testamento em que não tenha havido uma
igreja genuína do Novo Testamento existente na terra”.
Como está indicado nessas citações, os Batistas afirmam que a primeira igreja
do Novo Testamento organizada por Jesus tinha essencialmente as mesmas
doutrinas e práticas das igrejas Batistas de hoje. Eles afirmam que nunca houve
um dia, desde que Jesus iniciou a primeira, quando essas igrejas não existiam,
para levar o verdadeiro testemunho Dele. Eles afirmam que há prova histórica suficiente
para demonstrar que as igrejas Batistas de hoje têm ligação histórica direta
com as igrejas dos tempos apostólicos. Eles acreditam que à medida que o tempo
passa e outras investigações são feitas no campo da igreja, a prova de sua
continuidade se tornará tão irresistível que nenhum respeitável historiador da
igreja poderá racionalmente negá-lo.
Eles não apenas defendem a autoridade da Palavra de Deus e a confiável história
que as igrejas do Novo Testamento seriam o que seria chamado de igrejas Batistas
de hoje. Os Batistas são os descendentes históricos das mesmas igrejas do Novo
Testamento, mas também acreditam e defendem que as igrejas Batistas continuarão
a existir até que o Mestre venha novamente a esta terra.
“O Protestantismo tem uma ideia confusa da origem da igreja. Alguns dizem que
ela começou com Abraão e outros nos contam que iniciou no dia de Pentecostes
após a ressurreição de nosso Senhor. Não há absolutamente qualquer centelha de
evidência na Bíblia ou fora dela de que a igreja tenha sido fundada ou tenha
começado em Pentecostes. Se os que querem Pentecostes como a data de
aniversário da igreja, procurarão os registros e descobrirão que qualquer
igreja nascida naquele dia ou após está atrasada para receber qualquer Comissão
do Senhor. Consequentemente, escritural e logicamente, qualquer igreja nascida
em Pentecostes ou num dia posterior não tem a Comissão do nosso Senhor para
fazer qualquer coisa e deve ser uma instituição humana e não divina”.
J. T. Moore, em “Por Que Eu Sou Batista”.
A crença Batista na perpetuidade de suas igrejas envolve várias questões. A
resposta correta a essas questões produzirão o pavimento do método para um
exame adequado de suas afirmações. Entre as questões mais importantes estão as
seguintes:
1. Jesus fundou a Igreja?
2. Se o fez, quando?
3. Que tipo de Igreja era?
4. Ele prometeu sua perpetuidade?
O fato de Jesus ter fundado a Igreja está tão bem estabelecido, que
parece quase supérfluo para nós gastar tempo considerando a primeira questão
proposta acima. Mas talvez não seja impróprio gastarmos alguns momentos nessa
pergunta, pois deveremos encontrar aqui e ali aqueles que abertamente ou por
implicação neguem que Jesus tenha fundado uma Igreja. É uma coisa comum nas
críticas destrutivas de nossos dias tentar indispor Jesus e Paulo, um contra o
outro, e tentar mostrar que Jesus nunca teve em mente a fundação de uma igreja.
Essas críticas nos levariam a crer que os discípulos, particularmente Paulo,
impingiram a igreja ao mundo sem a divina garantia. Na substância, essa é a
reclamação de que eles substituíram uma igreja de sua própria visão pelo
pensamento e propósito do Reino de Jesus.
Há algumas denominações que abraçam a teoria que praticamente nega que Jesus
tenha fundado a Igreja. Eles antecipam a afirmação que a igreja existia nos
tempos do Antigo Testamento e que a igreja ou os tempos do Novo Testamento e do
presente sejam meramente uma continuação da igreja que já existia de qualquer
modo desde os dias do início de Israel.
Os que defendem tal teoria não vêem qualquer diferença essencial entre a economia* do Antigo Testamento e do
Novo, mas defendem que o batismo surgiu para ocupar o mesmo lugar na igreja do presente
que a circuncisão ocupava na “igreja” de Israel. Essa teoria nega claramente,
por implicação, que Jesus tenha fundado uma igreja. Pois é evidente que Ele não
teria fundado a igreja se ela já existisse no tempo de Sua vinda.
Para aqueles que acreditam que o Novo Testamento é a Palavra de Deus inspirada,
a questão “Jesus fundou uma Igreja?” está, de uma vez por todas, respondida na
afirmativa de Mateus 16: 18, em que o próprio Jesus afirmou: “Eu
..edificarei [construirei] a minha Igreja”
(ACF).
Os evangelhos registram a menção de Jesus sobre a igreja pelo menos duas vezes
e isso não é assunto de um momento apenas, à vista do fato que, após Sua
Ascensão e Glorificação, segundo registrado no Apocalipse, encontramos Ele
falando da igreja várias vezes. E, de fato, se o Senhor só tivesse mencionado a
igreja uma única vez, seria suficiente pela validade de Sua promessa. Uma
afirmação feita uma única vez pode ser bastante verdadeira se a pessoa
reiterá-la mil vezes. O Ponto é: Jesus disse que Ele construiria Sua Igreja. Um
pouco mais tarde Ele fala aos discípulos sobre uma questão que deveria ser
considerada antes da igreja sobre sua disciplina. Em Suas Palavras, Ele
claramente indica que a igreja então já existe. Então temos Sua promessa da
igreja. A implicação clara em Suas próprias palavras do cumprimento daquela
promessa. O Novo Testamento relata sobre a igreja desde seu início por muitos
anos e o testemunho da história mostra, com efeito, que a igreja de Cristo é
uma instituição que existe somente desde o tempo de Cristo.
Se as palavras de Cristo em Mateus 16:18 significa alguma coisa, elas devem
significar que a instituição que Ele prometeu era separada e distinta de
qualquer instituição que antes teria existido no mundo, ou teria existido
naquele tempo. Mostraremos agora que os discípulos já estavam
profundamente familiarizados com a palavra “ecclesia” ou “igreja” e seu
significado. Mas Jesus indicou muito claramente que a instituição que Ele
propôs seria uma nova igreja, distinta e a ser distinguida de todas as outras “ecclesias”
porque seria SUA Igreja, construída sobre fundações inteiramente diferentes do
que uma ecclesia existente naquele tempo.
Tendo determinado pelo Novo Testamento que Jesus começou uma igreja, vamos
voltar a uma breve consideração sobre a questão seguinte:
QUANDO JESUS COMEÇOU SUA IGREJA?
Esta se torna uma importante questão, em vista
dos ensinamentos heréticos tão disseminados em nossos dias. Várias heresias
muito perigosas surgiram da teoria de que a igreja teria iniciado nos dias de
Pentecostes. Uma delas é a teoria da “Igreja Invisível”, que usa de modo pesado
a suposição Pentecostal. Então há a teoria tão amplamente promulgada por Dr. C.
I. Scofield, Dr. James M. Gray do Instituto Bíblico Moody e outras, que a
igreja foi formada no dia de Pentecostes pelo batismo do Espírito Santo e que
cada crente se torna um membro da Igreja universal da mesma forma, por ter sido
batizado pelo Espírito Santo. Esta é realmente uma teoria muito absurda. Ela se
baseia principalmente sobre uma perversão de I Coríntios 12:13 e um exame do
contexto da escritura é fatal para essa teoria. Dr. Scofield (em Síntese da
Verdade Bíblica, p. 42) diz claramente sobre a igreja: “o corpo não podia
começar a existir antes da exaltação de Cristo e a descida do Santo Espírito”.
Ele também vai longe dizendo que uma igreja antes da morte de Cristo seria uma
igreja sem redenção. Isso é como dizer que nenhum dos discípulos foram salvos
antes de Pentecostes!
Aqueles que não têm vontade de admitir a perpetuidade Batista lutam
desesperadamente para mostrar que a igreja não existia antes de Pentecostes.
Nada mais ajusta sua teoria de uma igreja “invisível”.
Quais são, então, os fatos? Quando a igreja começou? Não usarei espaço para
entrar em detalhes, mas colocarei a resposta em uma frase: foi do material
preparado por João o Batista que Jesus organizou e fundou Sua igreja durante os
dias de Seu ministério pessoal aqui na terra.
Nessa crença não estou só. O Dr. L. R. Scarborough, presidente de um dos
maiores seminários teológicos no mundo, num artigo recente sobre o Padrão
batista é citado dizendo: “é certamente verdade que Cristo em seu próprio
ministério pessoal estabeleceu Sua igreja”.
Um longo capítulo poderia ser escrito para provar minha afirmação, mas devo me
restringir a algumas razões. Primeiro, deixe-me perguntar eles já
não teriam todas as coisas essenciais necessárias a uma igreja antes de
Pentecostes? Vejamos:
1. Eles tinham o Evangelho (Marcos 1:1).
2. Eles eram crentes batizados. Os apóstolos foram discípulos de João,
tendo sido batizados por ele (Atos 1:22) Sobre o batismo de João, sabemos que
ele veio do céu (João 1:33).
3. Eles tinham uma organização. Tinham até um tesoureiro, embora tenha se
tornado desonesto.
4. Eles tinham o mesmo chefe que a igreja de hoje tem: Cristo.
5. Eles tinham a ordenança do batismo.
6. Eles tinham a ordenança da Ceia do Senhor.
7. Eles tinham a Grande Comissão.
8. Eles se reuniam como igreja para orar, antes de Pentecostes.
9. Além disso, eles
tiveram uma reunião de equipe e selecionaram alguém para substituir Judas. Numa
tentativa de desacreditar essa ação da igreja, Dr. Scofield (notas da Bíblia
Scofield) afirma que os discípulos erraram ao fazer isso. Ele afirma que
Deus ignorou sua escolha chamando Paulo mais tarde para esse lugar e afirma que
não encontramos menção de Matias no Novo Testamento. Nisso ele capta uma
aspersão não confirmada sobre a igreja do Novo Testamento. Além disso, sua
afirmação sobre Matias não é verdade pelas Escrituras, pois num capítulo
posterior (Atos 6:2-6), o Espírito Santo reconhece Matias como um apóstolo
mencionando-o como um dos doze. Dr. Scofield procura ajustar o incidente da
seleção de Matias com sua teoria de que a igreja começara no dia de Pentecostes
e seu esforço somente revela como os homens podem ir longe para sustentar uma
teoria.
Novamente se mostra que a igreja existia antes de Pentecostes, pois sabemos
nitidamente que Cristo cantou louvores no meio da igreja. Hebreus 2:12 diz: “Dizendo: Anunciarei
o teu nome a meus irmãos, Cantar-te-ei louvores no meio da congregação” (ACF).
Essa passagem é citada pelo inspirado autor de Hebreus, a partir do Salmo 22. A
que incidente da vida de Cristo ele se refere? Em que ocasião Ele cantou
louvores no meio da igreja? Volte a Marcos 14:26 e você encontrará a ocasião
mencionada. Ela estava seguindo a instituição da ordenança ou a Ceia do Senhor
que Jesus, no meio de Sua pequena igreja compartilhou com eles cantando um
hino. Cristo cantando um hino no meio da igreja antes de Pentecostes transmite,
sem dizer, que a igreja existia antes daquele tempo.
A ingenuidade exegética foi extraída para dar à passagem acima citada outro
significado, mas permanece o fato que a interpretação que indiquei é a mais
simples e a mais natural.
Em terceiro lugar, a igreja existia antes de Pentecostes,
claramente mostrado em Atos 2:41, onde lemos que, no dia de Pentecostes “De
sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e
naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (ACF). Já que eram crentes
acrescentados pelo batismo, é bastante evidente que aonde eles foram
acrescentados foi à igreja. Se eu dissesse a um amigo que recentemente eu
acrescentei duzentos reais à minha conta, ele entenderia a implicação de que eu
tinha uma conta anterior no banco antes do momento de depositar os duzentos
reais. Uma igreja já necessariamente existia no dia de Pentecostes, ou não
haveria como “acrescentar”. É inútil argumentar que os três mil foram meramente
acrescentados às fileiras de crentes e não à igreja, pois a mesma linguagem é
utilizada no versículo 47, onde lemos: “louvando a Deus, e caindo na
graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles
que se haviam de salvar” (ACF). Ninguém negará que “eles, no versículo
47, se refere à igreja. De fato, a Versão Autorizada traduz “igreja” ao invés
de “eles”. O versículo 47 indica a existência de uma igreja mais forte que o
versículo 41? De fato não. Só aqueles em grave desespero para manter uma teoria
negariam que os três mil batizados em Pentecostes foi acrescentados a uma
igreja que já existia, pois é isto que a linguagem leva irresistivelmente
alguém a concluir.
Novamente, leiamos as próprias palavras do Mestre, conforme registradas em
Mateus 18:17: “E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não
escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano” (ACF). O
contexto mostra que essas palavras foram dirigidas a Seus discípulos. Suas
palavras levariam alguém a crer que eles constituíam Sua igreja em seu estágio
incipiente. De fato, a crença que os próprios apóstolos tenham sido os
primeiros membros da igreja está de exato acordo com I Coríntios 12:28, onde
lemos: “E a uns pôs Deus
na igreja, PRIMEIRAMENTE apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro
doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades
de línguas” (ACF).
Pode-se especular e teorizar sobre Mateus 18:17 como
quiserem, mas ainda permanece não racional acreditar que Jesus se referia a
algo que os discípulos não entendiam ou que não existisse. Àqueles que aceitam
essa passagem com seu valor nominal, parece conclusivo que a igreja já existia
no tempo em que Jesus proferiu essas palavras.
Em quarto lugar, observemos que se a igreja não existisse antes
de Pentecostes, então a Grande Comissão só teria sido dada aos discípulos como
indivíduos, consequentemente não atingindo a igreja. Sem querer conceber uma
igreja antes de Pentecostes, Dr. C. I. Scofield assume essa posição. Em sua
obra “Síntese da Verdade Bíblica” (p. 431), ele diz: “a igreja visível
não está encarregada de qualquer missão – a comissão para evangelizar – a
palavra é pessoal e não corporativa”. Se essa teoria é verdadeira, então a
Grande Comissão estava sob a responsabilidade só dos apóstolos e, quando
morreram, a obrigação não foi passada a ninguém. Essa visão é tão absurda
quanto não escritural.
Não. Jesus deu a Comissão a Seus discípulos como competência corporativa. Ele a
entregou a eles como igreja. Ele encarregou Sua igreja da tarefa de
evangelização. Ele encarregou Sua igreja do dever de batizar e ensinar. E
sabendo todas as coisas, Ele sabia que Sua igreja teria a continuidade
essencial para realizar Suas ordens.
Da mesma forma, observemos que, a menos que a igreja existisse antes de
Pentecostes, a Ceia do Senhor não seria uma ordenança da igreja. Se Ele a deu
só a indivíduos, quando eles morreram, a ordenança morreu com eles. Não podemos
acreditar nisso, à luz do relato de Paulo da instituição da Ceia, como dada em
I Coríntios 11:26. Aqui, conforme o relato dado, Jesus claramente implicou que
essa ordenança memorial deverá ser observada “...até que venha” (ACF).
E obviamente, se Jesus deu a Ceia Memorial à
Sua igreja, essa igreja devia estar existindo no tempo em que Ele a deu. Aquele
momento precedeu Pentecostes!
Fecho este capítulo citando Dr. Scarborough, no artigo antes mencionado. Ele
resume admiravelmente os fatos sobre a fundação de Cristo de Sua igreja, nessas
palavras: “quando Ele ascendeu aos céus, Ele deixou à igreja alguns dos seus
oficiais, os apóstolos, não para serem permanentes, por certo. Deixou sua
fundação da fé, suas leis de vida, suas ordenanças, sua Comissão, sua grande
tarefa mundial, os termos e condições de admissão, o novo nascimento, baseado
no arrependimento e na fé em Cristo. Ele deixou à igreja Seu grande tema
dinâmico central e o poder de Jesus crucificado, enterrado, ressurreto e Sua
volta. Ele lhe deu a promessa do Santo Espírito. Após Sua ascensão, essa unida
e crescente organização corporativa chamou e indicou oficiais para tomarem o
lugar de Judas – Atos 1:15-26. Este foi o ato da igreja. Então, no primeiro
capítulo de Atos, encontramos Sua igreja bem organizada, já estabelecida sob o
ministério pessoal de Cristo e por Ele já encarregada da tarefa do evangelismo.
E, através do Espírito Santo, ocorreu sua primeira grande reunião. Então, em
Atos, no sexto capítulo, encontramos a organização completa pelo acréscimo dos
diáconos. Assim ela tem dois conjuntos de oficiais: pastores e diáconos, duas
ordenanças: batismo e Ceia, uma forma democrática de organização, como foi
mostrada na eleição de Matias para ocupar o lugar de Judas e a eleição de
diáconos. A própria igreja era a autoridade sobre suas reuniões. Assim podemos
ver que no passar do tempo o próprio Jesus organizou Sua igreja e, sob a
direção do divino Espírito Santo, os diáconos foram acrescentados à organização
após Pentecostes. Podemos nos mais altos sentidos afirmar que Cristo foi o
organizador de Sua igreja e autoridade e poder centrais.
“Jesse B. Thomas, em seu grande livro ‘A Igreja e o Reino’ estabeleceu
para sempre a questão que a igreja enfatizou no Novo Testamento não é a igreja
invisível universal, mas um corpo local visível”. Haverá muitos dias antes que
um homem inteligente possa até mesmo tentar responder a esse livro e ninguém
realmente conseguirá fazê-lo.
T.T Martin, em “A Igreja do Novo Testamento”.
“Não fui capaz de conseguir, após cinquenta anos de estudo da Bíblia, uma concepção da igreja como um grande eclesiasticismo nacional ou internacional, abraçando todo o Cristianismo em todas as eras e países. Em minha mente não pode haver nada assim. A igreja invisível universal é para mim um absurdo. Nada, como eu entendo, se parece com uma igreja, exceto um corpo local, auto governado de pessoas professamente regeneradas, organizadas conforme o Novo Testamento e agindo de acordo com a autoridade de Jesus Cristo, conforme ensinado e praticado por Seus inspirados apóstolos e autores”.
J. Calla Midyett, em “Registros do Oeste”.
Vimos que Jesus estabeleceu uma igreja e determinou, a partir do
registro do Novo Testamento que Ele o fez durante o período de Seu ministério
pessoal na terra. Cabe a nós agora considerarmos a terceira questão: “Que tipo
de igreja Jesus fundou? O que Ele quis dizer quando afirmou: “Eu ...edificarei
[construirei] a minha Igreja?” (ACF). Se todas as pessoas
aceitassem o Novo Testamento sem tendenciosidade, preconceito ou noções e
teorias preconcebidas, não haveria a necessidade de quaisquer diferenças de
opinião quanto a isso. Infelizmente nem todos querem que o Novo Testamento
possa significar o que diz. O significado claro de “ekklesia” que Cristo usou
para designar Sua nova instituição, não se ajusta à teoria da igreja de alguns,
então essas pessoas cunharam um novo significado para a palavra. Dessa forma,
usando a palavra ekklesia num sentido não garantido, elas inventaram
outra “Igreja” diferente daquela que Jesus estabeleceu.
Roma, para justificar sua teoria, subestimou a diferença feita pelas Escrituras
entre igreja e Reino e procura identificar a igreja que Jesus fundou, com a
organização hierárquica que hoje conhecemos como Igreja Católica Romana. No
pensamento católico, a “Igreja” é o Reino de Deus visível na terra e com ele
não há igrejas, corpos separados, locais, independentes, mas um grande corpo,
envolvendo todos, uma organização mundial, sob o domínio e controle papal. Da
mesma forma, encontramos o Cardeal Gibbons dizendo (em Fé dos Nossos Pais,
p. 6): “A Igreja é chamada de Reino”. Em seguida ele continua mostrando que os
membros da Igreja Católica, embora muitos sejam, para usar suas próprias
palavras, “todos unidos a um Chefe supremo visível, a quem devem obedecer”.
Não preciso aqui tomar tempo para discutir a diferença entre igreja e Reino.
Essa diferença é claramente expressa no Novo Testamento, como mostrarei no
próximo capítulo.
As teorias defendidas por várias denominações Protestantes (deve-se ter em
mente que os Batistas não são Protestantes) são um pouco diferentes das dos
Católicos. Algumas dessas denominações, com os Católicos, repetem o Credo dos
Apóstolos e afirmam a crença na “Santa Igreja Católica”, mas ao mesmo tempo dão
às palavras um diferente significado.
Os Protestantes concebem como desnecessário que Jesus tenha fundado e
estabelecido uma igreja. E eles reconheceram o fato de que se essa igreja fosse
um corpo local, visível, eles não poderiam ser membros da verdadeira igreja, a
fundada por Jesus, já que as organizações a que pertencem, sem exceção, foram
originadas há centenas de anos, desde que Cristo estabeleceu Sua igreja.
Nessa situação, só duas coisas restam a fazer: admitir francamente sua
organização como não escritural e rival da igreja de Cristo ou ainda idealizar
alguma teoria que justifique sua existência denominacional separada e que ainda
lhes permita ocupar um lugar na ekklesia de Cristo. A última alternativa é a
única normalmente escolhida, pois tem havido muitas teorias. Uma dessas é às
vezes chamada de teoria do “ramo da igreja”. É a teoria que todas as várias
igrejas Protestantes são somente “ramos” da verdadeira igreja. Ela envolve a
ideia de que todos são chefiados pelo mesmo local, todas são parte e parcela da
mesma coisa, a Igreja de Cristo. Porém, essa teoria de igreja “ramo” produz
imediatamente a embaraçosa questão de identificar o tronco da árvore igreja à
qual as denominações “ramos” pertencem. Eu uso a palavra “embaraçosa”, e
realmente é embaraçosa, à luz do fato histórico de que todas as grandes
denominações Protestantes (lembrem-se novamente que os Batistas não são
Protestantes) “se desligaram” direta ou indiretamente da Igreja Católica.
Da teoria acima mencionada Dr. R. L. Baker diz habilmente: “A teoria da igreja
ramo tem um grande lugar no pensamento popular. É indefensável, não escritural
e até impensável. Plante uma melancia e deixe seus ramos se desenvolverem em
várias direções; em um ramo cresce uma abóbora, em outro um melão, em outro um
limão e assim por diante até termos os vários ramos todos cobertos por uma
mistura de melões. Quem diria que isso não seria uma loucura da natureza, uma
real monstruosidade? Porém esse é o raciocínio mediano de hoje, entre o povo da
teoria dos ramos. Digam isso à igreja e ela dificilmente funcionaria nessa
maravilhosa monstruosidade”.
Mas a teoria mais comumente confiável, por aqueles que pertencem a instituições
apócrifas e não querem admitir a verdade das afirmações Batistas, é a teoria da
Igreja Universal e Invisível. Essa teoria, que usa truques exegéticos e emprega
argumentos capciosos e minimiza a importância das verdadeiras igrejas de
Cristo, é uma teoria que foi e tem sido uma maldição à causa de Cristo. É uma
das mais difundidas e nocivas heresias de nossos dias e ainda, estranho dizer,
sem fundamento e contrária ao senso comum, ao ser submetida a rígido
escrutínio. A teoria tem variações, mas na essência, seus defensores mantém que
a igreja mencionada em Mateus 16:18, aquela que Jesus disse que iria construir,
não era a assembléia local, mas consistia de todos os crentes de cada igreja
(ou de nenhuma igreja, se for o caso) de todos os lugares. Segundo essa visão,
alguém se torna um membro dessa igreja automaticamente quando se torna Cristão.
Para crer nisso, precisa-se acreditar que existe hoje duas igrejas lado a lado:
uma local e visível, consistindo de homens e mulheres organizados para realizar
as ordenanças de Cristo e a outra, invisível e não encarregada de qualquer
trabalho ou missão. Além disso, isso envolve que essas igrejas tenham uma
membrania diferente, já que alguns presumivelmente pertencem à Igreja
universal, invisível que nunca se reuniu com o corpo local e visível. Não
apenas isso, também torna Cristo o autor das duas igrejas, a menos que neguemos
totalmente que Ele seja o Fundador e Chefe da igreja local visível.
Deveria estar claro a todos que há muita coisa envolvida no significado de
Mateus 16:18 e na resposta correta à questão “Que Tipo de Igreja Jesus
Construiu?”
Se a igreja que Jesus prometeu fosse “universal e invisível”, a afirmação
Batista da perpetuidade seria absurda e o produto de uma duvidosa arrogância.
Sendo isso verdade, a afirmação Batista à perpetuidade da igreja permanece ou
cai segundo o significado de ekklesia em Mateus 16:18 e outras passagens
do Novo Testamento.
Após cuidadoso estudo de todas as passagens em que a palavra ekklesia
ocorre no Novo Testamento e na Septuaginta e, após
examinar para determinar o uso da palavra no grego clássico, eu submeti a proposta
de que a igreja que Jesus fundou era a assembléia local e que usar a palavra ekklesia
para designar uma Igreja “universal” ou “invisível” é perverter seu significado
e cometer um erro sério.
Percebo totalmente que simplesmente fazer a afirmação rasa registrada acima não
é o bastante. Claro, é necessário provar. Mas acredito que uma prova ampla
possa ser produzida para satisfazer qualquer mente aberta à verdade.
Já que a validade da crença Batista na perpetuidade de suas igrejas se articula
com o tipo de igreja que Jesus estabeleceu, parece aconselhável lidar com a
questão, e até certo ponto com detalhes. Creio que o leitor me perdoará se
pareço gastar um tempo indevido com este ponto. É porque a questão do tipo de
igreja que Jesus fundou é absolutamente fundamental à discussão sobre a
perpetuidade da igreja. Se a igreja que Jesus estabeleceu fosse uma assembléia
local, as igrejas que tiveram uma continuidade de existência desde os dias de
Jesus, seriam simplesmente inatacáveis. Tenho várias razões a oferecer sobre
por que acredito que a igreja fundada por Jesus seja uma assembléia local e
visível.
Minha primeira razão é que o significado da palavra “ekklesia” usada em Mateus
16:18 leva irresistivelmente a pessoa a crer no sentido de assembléia local. De
fato, a localidade está inserida dentro da palavra, assim sendo realmente
impróprio qualquer pessoa falar de assembléia “local” ou “visível”, já que o
único tipo de assembléia que pode existir é local e visível. Neste livro eu só
uso os termos “local” e “visível” por causa da falha da parte de muitos em
reconhecer a verdade: que não pode haver ekklesia ou assembléia em qualquer
lugar, sem um lugar para se reunir. Utilizando esses termos tão comumente
usados, espero ser mais bem compreendido, embora perceba que fazê-lo significa
usar mais tautologia.
O argumento mais forte contra a “teoria universal, invisível” é o correto
entendimento do significado da palavra ekklesia ou igreja. De fato,
fazer um estudo da palavra à luz do seu uso no tempo de Cristo e anterior é ver
quão impossível e absurdo é a crença numa “Igreja Universal e Invisível”. Usar
a palavra, conforme usada por Jesus em Mateus 16:18, se referindo a outra que
não à assembléia local, é anexar um significado à palavra totalmente estranha à
sua natureza e completamente fora de harmonia com seu uso comum.
Vamos considerar brevemente a palavra em relação a seu significado no uso
clássico e no Novo Testamento: a palavra ekklesia, tornada “igreja” nas
versões inglesas, não era uma palavra nova cunhada por Jesus, mas uma palavra
já de uso corrente naquele tempo e, além disso, uma palavra cujo significado se
tornou definitivamente fixo e estabelecido. Sendo esse o caso, pareceria
altamente improvável que Jesus, falando aos discípulos, usaria a palavra em
certo sentido geral estranho ao seu uso corrente e isso sem uma única palavra
de explicação. Como colocou certo autor, “seria ingenuidade um professor, sem
uma palavra de explicação, usar palavras a seus alunos com um sentido
completamente diferente daquele que eles possam entender”. Dr. Jesse B. Thomas
diz em seu livro “A Igreja e o Reino”: “nenhuma dificuldade como essa
responde à construção da linguagem. Ela simplesmente supõe que nosso Senhor,
consistente Consigo mesmo e com os usos comuns do discurso, supondo que Aquele
a quem ‘o
povo comum ouvia com alegria’ não usaria sempre palavras num
sentido estranho que deixaria inevitavelmente perplexo e mal conduzido o homem
comum“.
O que, então, perguntamos, a palavra significa, se entendida por uma pessoa
daquele tempo? Diz o Dr. Geo. W. McDaniel (As Igrejas do Novo Testamento):
“tanto para gregos quanto para judeus, a palavra denotava uma assembléia de
pessoas. Entre os gregos, ekklesia era a assembléia de cidadãos de uma
cidade-estado livre, ali levados por um arauto tocando um chifre pelas ruas de
uma cidade”. Dr. Thomas diz em outro lugar: “era a assembléia organizada de
votantes autorizados de uma comunidade local, reunidos para resolver questões
de interesse comum. Correspondia à reunião da cidade da Nova Inglaterra dos
últimos dias”. Liddell e Scott (Léxico Grego) definem assim a palavra ekklesia:
“uma assembléia de cidadãos convocados pelo apregoador, ou a assembleia
legislativa”. Novamente Dr. B. H. Carroll diz: “seu significado primário é: uma
assembléia organizada, cujos membros foram adequadamente chamados em seus lares
para o trabalho de atender a negócios públicos. Essa definição implica
necessariamente em condições prescritas de membresia. Esse significado se
aplica substancialmente da mesma forma que para ekklesia de um Estado grego
autogovernado (Atos 19:39) a ekklesia no Velho Testamento ou à
convocação da nação de Israel (Atos 7:38) e a ekklesia do Novo
Testamento. Quando nosso Senhor diz: ‘sobre esta pedra [Rocha] edificarei
[construirei] a minha ecclesia [igreja],’
enquanto o ‘Minha’ distinguiu de Sua ekklesia da ekklesia do
Estado grego e da ekklesia do Velho Testamento, a própria palavra
naturalmente retém seu significado comum”. (Ecclesia, a Igreja).
Portanto, já que ekklesia, em seu significado aceito traz consigo a
ideia de localidade e organização, fazer referência à assim chamada igreja
“universal, invisível”, não possuindo nem localidade nem organização, é
violentar a palavra e usá-la com um sentido puramente arbitrário.
“Mas”, alguém contradiria, “o uso real de ekklesia em certas passagens
do Novo Testamento não indicaria um uso mais amplo que designar uma assembleia
local organizada?” Como resposta, pode-se dizer que no uso Cristão do termo
havia três ideias: uma instituição, uma congregação específica e os redimidos
de todos os tempos considerados à luz de uma igreja em projeto. Em cada caso
onde a palavra for usada não há nada que argumente contra o uso geral. Para
detalhar: a palavra é usada quatorze vezes denotando uma instituição. Quando
usada dessa forma, ela é, segundo Dr. Carroll, usada em sentido abstrato ou
genérico. “Seguem”, ele diz, “as leis da linguagem que governam o uso das
palavras. Por exemplo: se um funcionário de Estado inglês, se referindo ao
direito de cada indivíduo de ser examinado por seus pares, diria: ‘sobre esta
rocha a Inglaterra construirá seu júri e todo o poder da tirania não
prevalecerá contra ela’, ele usa o termo júri no sentido abstrato, isto é, no
sentido de uma instituição. Mas quando essa instituição encontra expressão
concreta ou se torna operacional, é sempre um júri de doze homens e nunca um
ajuntamento de todos os júris em um grande júri”.
Então ele cita Mateus 16:18 como um exemplo do uso abstrato de ecclesia. Ele
cita Mateus 16:17 como um exemplo do uso genérico da palavra. Então ele
acrescenta essas palavras: “Quando o abstrato ou genérico encontra uma
expressão concreta ou assume uma forma operacional é sempre uma assembleia
particular”.
Para nós é permissível usar a palavra “igreja” de modo abstrato, como Jesus fez
ao denotar a instituição que Ele fundou. Mas, como Dr. Carroll indica, quando
começamos a particularizar, devemos, segundo as verdadeiras leis da linguagem,
nos referir a uma assembleia particular de crentes batizados em Cristo. Assim
podemos ver que o uso abstrato ou genérico da palavra não tem, no fundo,
diferença de significado do seu uso para denotar uma assembleia particular. E é
para denotar um corpo local particular de crentes que a palavra é mais usada.
De fato, em conta real, noventa e três vezes em pouco mais de cem vezes que a
palavra ocorre no uso Cristão.
E agora vamos à Terceira ideia contida no uso Cristão de ekklesia, isto
é, seu uso para denotar os redimidos de todos os tempos, considerados à luz de uma
igreja projetada. No mínimo duas passagens parecem usar ekklesia nesse
sentido e essas duas de modo algum militam contra o uso geral, já que essa é
uma assembleia que existe só na proposta. Dr. Carroll afirma todo o caso de
forma bem clara nesse livreto, assim: essa ekklesia é projeto e não
real. Para dizer, não há nada agora além do que será uma assembléia geral do
povo de Deus. Essa assembleia geral será composta de todos os redimidos de
todos os tempos. Aqui há três fatos indisputáveis e muito significativos sobre
a assembléia geral de Cristo: “primeiro, muitos dos seus membros adequadamente
chamados agora estão no Céu. Segundo, muitos outros entre eles, também
chamados, estão aqui na terra. Terceiro: milhões indefinidos dentre eles,
provavelmente a grande maioria, ainda a serem chamados, não estão nem na terra
nem no céu, porque ainda não nasceram e, portanto não existem. Então, se uma
parte da membresia está agora no Céu, outra parte ainda não nascida, aqui estão
como não reunida em assembleia, exceto em projeto. Podemos, porém, falar
corretamente agora sobre a assembleia, porque, embora parte dela ainda não
exista e, embora não tenha havido uma reunião das outras duas partes, a mente
ainda pode conceber esse ajuntamento como um fato realizado. Nos planos e
propósitos de Deus, a assembleia geral existe agora e também em nossas
concepções e antecipações, mas certamente não como um fato”.
Citei Dr. Carroll até certo ponto na íntegra porque esse livreto é um dos
exames mais saudáveis, mais cuidadosos e didáticos da igreja do Novo Testamento
que já foi escrito. Muitos homens estudiosos concordam plenamente com sua
posição aqui delineada. Por exemplo, Dr. J. G. Bow, em sua obra “Em Que os
Batistas Acreditam” escreve: “A assembleia geral e a igreja dos primeiros
nascidos – essa última será evidentemente local quando eles tiverem se
reunido”.
Uma segunda razão segundo Mateus 16:18 se referindo à assembleia local e não à
“Igreja Universal”, é que o uso do próprio Cristo da palavra nos proíbe de
acreditar que Ele tenha significado algo mais. Suponha que alguém ouça um
palestrante usar certo termo, cujo significado pareça duvidoso. Mais tarde, em
sua fala, o palestrante usa a mesma palavra, no mínimo certo tempo depois e de
modo perfeitamente claro em relação ao significado. Seria inteligente julgar
que ele quis dizer algo totalmente diferente no seu primeiro uso da palavra das
vinte vezes que ele usou depois? Ou seria parte do senso comum interpretar o
significado ligado ao primeiro uso do termo, à luz do seu uso subsequente? Essa
ilustração expõe a exata situação em relação à interpretação de Mateus 16:18.
Por razões de argumentação, vamos dizer que estejamos em dúvida sobre o que
Cristo quis dizer por “igreja” na passagem acima mencionada, a primeira em que
o termo ocorreu. Vejamos em outros lugares em que Ele usa a palavra e vejamos o
que Ele queria dizer lá. Encontramos em seguida, após cuidadosa pesquisa, que
Ele usou a palavra ekklesia ou igreja vinte e uma vezes. Seguindo o
primeiro lugar em que Igreja é mencionada, encontramos que o próximo e último
lugar em que igreja é mencionada nos Evangelhos, é Mateus 18:17, onde Jesus
diz: “Dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja...” (ACF). Afirmar que Jesus está falando aqui de uma “Igreja
Universal Invisível” seria mergulhar no absurdo, já que seria impossível para
um membro da igreja levar um assunto diante de uma “Igreja Universal
Invisível”, desorganizada, não possuindo localidade. Jesus claramente mencionou
uma assembleia local. Nada mais se ajustaria a esse caso.
Os outros exemplos em que Cristo usou a palavra ekklesia estão em
Apocalipse. Exemplos estão a seguir: “Escreve ao anjo da igreja de
Éfeso.” “Ouça o que o Espírito
diz às igrejas:” “As sete igrejas” (ACF),
etc. Com referência ao último exemplo, Sir William Ramsey, um estudioso de
renome mundial, afirma que as sete igrejas mencionadas eram igrejas reais,
locais, que existiam naquele tempo. Em cada uma das vinte e uma vezes que Jesus
usou ekklesia, subsequente à sua menção registrada em Mateus 16:18, Ele
se referiu clara e indubitavelmente à assembleia local. Como observa Dr. T. T.
Eaton, comentando essa questão: “A probabilidade é de vinte uma contra nenhuma
que Ele tenha desejado mencionar a assembleia local em Mateus 16:18. A
probabilidade de vinte e uma a nenhuma é uma certeza. Portanto é certo que
Cristo tenha se referido à assembleia local quando disse: ‘Sobre
esta pedra edificarei a minha igreja’” (ACF).
Novamente, uma terceira razão para acreditar
que Mateus 16:18 se refira à assembleia local é que Cristo prometeu construir
somente um tipo de igreja. Ele nunca expressou de qualquer forma que Ele
fundaria a assembleia local e também uma “Igreja Universal e Invisível”,
composta dos remidos de todas as assim chamadas igrejas. Consequentemente
quando vamos ao livro de Atos e às Epístolas e encontramos assembleias locais
de crentes se espargindo aqui e ali, imediatamente identificamos essas com a
igreja da qual Cristo falou. Fazer de outro modo seria supor que algo mais veio
a existir diferente da instituição que Jesus prometeu.
Uma quarta razão para acreditar que a igreja mencionada por Jesus seria a
assembleia local é que a teoria da “Igreja Universal Invisível” não apenas não
é escritural, mas segundo a história é pós apostólica em sua origem. Harnak, o
historiador da igreja, em sua obra “História do Dogma”, esclarece isso.
Ele diz: “a expressão Igreja Invisível é encontrada pela primeira vez em
Hegessips, Eusébio, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Hiero, Cornélio e
Cipriano, todos usaram o termo santas igrejas e nunca Igreja Católica ou
Universal”. Novamente, no Vol.2, p. 83, ele diz: “ninguém pensou na desesperada
ideia de uma ‘Igreja Invisível’. Essa noção provavelmente surgiu após um lapso
de tempo mais rapidamente que a ideia da Santa Igreja Católica”.
Uma quinta razão para acreditar que Jesus fundou a assembleia local é que a
assembleia local não só é o único tipo de assembleia que pode existir. É o
único tipo a que Jesus confiou a Comissão e as Ordenanças. O principal
propósito de Cristo ao formar Sua igreja foi para que ela pudesse alcançar os
perdidos com o evangelho e então pudesse reunir os salvos, ensinando-lhes e
treinando-os em todas as coisas que Ele ordenou. As funções de uma igreja,
conforme projetada por Jesus só pode ser realizada por uma assembleia local.
Uma “Igreja Universal Invisível” composta por um ajuntamento desorganizado de
“membros de todas as igrejas”, é, do ponto de vista funcional, simplesmente
inconcebível.
Novamente, quando Cristo prometeu a igreja, Ele prometeu que “As
portas do inferno não prevalecerão contra ela”
(ACF). Uma leve diferença de opinião para o significado exato de “portas do
inferno” não obscurece o fato que Jesus quis dizer que Sua igreja teria
inimigos e encontraria oposição. A história dos Batistas que foram
aprisionados, martirizados, levados para covis e cavernas da terra, mostra que
Sua igreja teve que lutar com as forças organizadas do mal. As igrejas Batistas
podem ser e têm sido perseguidas, mas uma “Igreja Universal Invisível” não pode
ser. Os homens não podem perseguir algo invisível. A promessa de Cristo seria
sem sentido se aplicada dessa forma.
Uma sexta razão que a si mesma sugere é: a concepção de uma “Igreja Universal
Invisível” usurpa o lugar reservado no Novo Testamento ao Reino de Deus. Os que
defendem essa teoria praticamente identificam igreja e reino. Isto está
totalmente fora de equivalência com as Escrituras, pois elas fazem uma
distinção clara entre as duas, como se mostrará no próximo capítulo.
Quando penso ao longo dessas linhas que tentei conduzir o pensamento do leitor
e sou levado a ver a falta de qualquer tipo de fundamento para a teoria de uma
“Igreja Universal Invisível”, posso sinceramente me unir ao Dr. J. Lewis Smith
ao dizer: “Eis aí, então a inevitável e irreversível conclusão: essa ideia de
Igreja Católica ou Universal, assim como da Igreja Invisível são coisas criadas
pelos homens e, quando digo: acredito na santa Igreja Católica, estou colocando
um filamento de imaginação – uma quimera – um termo impróprio acima da ideia
real de igreja local que o próprio Cristo usou e cujas igrejas Ele construiu e
às quais Ele confiou Sua Grande Comissão e Suas Ordenanças, Batismo e Ceia do
Senhor”.
“O ensino popular de que todos os salvos compõem a igreja de Cristo é uma
teoria feita pelo homem, sem prova Bíblica”.
“Reconhecemos cada pessoa salva como irmão ou irmã, mas nem todos os salvos
como membros de uma igreja evangélica”.
J. T. Moore, em “Por Que eu Sou um Batista”.
Quando alguém estabelece a afirmação Batista da perpetuidade e
tenta demonstrar que só as igrejas Batistas podem ter Jesus como Fundador e
Chefe, há sempre aqueles que imediatamente saltam para uma
conclusão de
uma suposta afirmação Batista de que ninguém é salvo além dos Batistas. Eles
usam a ideia de que os Batistas lhes negam um lugar no reino e na família de
Deus. Isso essa
errônea suposição é inevitavelmente verdadeira entre eles. Longe
esteja de que algum verdadeiro Batista afirme que alguém deva ser um Batista
para ser salvo. De fato, eles acreditam justamente o contrário, pois,
segundo sua visão, a pessoa deve ser salva antes de se tornar Batista. E em
relação ao reino e à família de Deus, os verdadeiros Batistas são membros de
ambos antes mesmo de se tornarem membros de uma igreja Batista. Se não, não se
ajustariam de
modo a pertencerem à igreja local, pois ainda não são salvos. As
coisas que eu disse em capítulos anteriores concernentes à igreja nada têm a
ver com a membresia de alguém na família de Deus ou em Seu Reino, pois a
igreja, a família e o reino são três coisas separadas e distintas. Por causa da
confusão que reina em tantas mentes sobre esse ponto, pensei valer a pena
dedicar um capítulo inteiro à discussão das diferenças entre os três.
Enquanto considerava em como apresentar melhor minhas ideias para este capítulo
e lia o que outros escreveram sobre o assunto, tive contato com um antigo tratando o assunto e
publicado há alguns anos por H. Boyce Taylor, editor de Notícias
e Verdades. O tratado é uma declaração muito clara e concisa
sobre as diferenças entre o reino de Deus, a família de Deus e a igreja de
Deus, tanto que não podia fazer melhor do que apresentá-lo. Fiz apenas algumas
mudanças para adaptá-lo ao uso atual. Convido o leitor a ponderar muito
cautelosamente sobre as distinções feitas e verificá-las a partir das
Escrituras.
AS DIFERENÇAS ENTRE: A Família de DEUS, O Reino de DEUS e a Igreja
de DEUS. – por H. Boyce Taylor.
1. A FAMÍLIA DE DEUS.
“Do
qual toda a Família nos céus e na terra toma o nome” (ACF).
Em Efésios 3:15, Paulo fala de ‘toda a família nos céus e na terra.’ Essa
família inclui todos os crentes. ‘Porque todos sois filhos de Deus fé em
Cristo Jesus’. Gálatas 3:26 (ACF). Todos os crentes são filhos de Deus. Desde o
Velho Testamento, os santos eram salvos pela fé em Cristo (Atos 10:43, Romanos
4:16, etc.) e são todos membros da família de Deus.
A família de Deus é maior que o reino de Deus ou a igreja de Deus, pois ela
agora contém todos os salvos desde Abel até o último homem que acreditar, no
céu ou na terra. Deus tem apenas uma família. “Todos os crentes são filhos e
herdeiros de Deus”.
2. O REINO DE DEUS.
O Reino de Deus inclui todos os salvos na terra em qualquer tempo. Em
Mateus 13, o reino é usado para incluir todos os professos. Mas o Reino, usado
em João 3:3-5, Mateus 16:19, 11:11, Lucas 16:16, Romanos 14:17, Colossenses
1:13, João 18:36, etc. é composto de todos os nascidos novamente na terra.
Este não é o reino de Daniel 2:44, Lucas 19:11-27, Atos 1:6, etc. Essas
passagens se referem ao milênio. Esse reino ainda é futuro. O que às vezes é
chamado de reino espiritual é composto apenas dos que voltaram a ser de novo,
que foram transferidos das trevas para o reino de Seu Filho amado’. Em João
3:3-5, o Mestre disse: “Aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de
Deus” (ACF). Em Mateus 18:16 e Marcos 10:13-15, o Mestre mostra muito
claramente que o reino é composto somente dos que O receberam, crianças ou
adultos”.
“A família de Deus inclui todos os salvos de todas as eras, seja no céu como na
terra. O reino de Deus inclui a parte da família de Deus que está na
terra AGORA”.
3. A IGREJA DE DEUS.
“A Igreja de Deus nunca é usada como instituição, exceto como uma assembleia
ou congregação de crentes batizados em alguma dada localidade”. Exemplo: “À igreja de Deus que
está em Corinto”. – I Cor. 1:2 (ACF).
A igreja individual e local é o único tipo de igreja que Deus tem nessa
terra hoje. Só há uma família de Deus, composta de todos os
remidos de todas as épocas no céu e na terra. Só há um reino de Deus,
composto de todos os nascidos novamente na terra agora. Há milhares de
igrejas de Deus na terra. Cada igreja Batista individual é uma igreja de Deus.
Não existem outras. Quando um homem nasce de novo ele nasce na família de Deus.
Ele passa a ser da família de Deus para sempre. O relacionamento não muda. Seja
no céu ou na terra ele está na família de Deus. Quando ele nasce de novo ele
também entra para o reino de Deus. Esse relacionamento é para toda a vida.
Quando ele morre, passa do reino de Deus sobre a terra e entra em ‘Seu reino
celestial’ (II Timóteo 4:18). Depois de nascer de novo ele ainda não está numa
igreja de Deus, mas agora é um sujeito em conformidade com as escrituras para
admissão
numa igreja de Deus. ‘E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de o salvar’ (Atos 2:47 - ACF). A membresia da igreja não era algo que
um homem conseguisse com sua salvação, mas uma benção subsequente que ele
consegue, após sua salvação, por ser acrescentado a uma igreja. O batismo não é
essencial à admissão à família de Deus nem ao reino de Deus. Mas o batismo é
essencial à admissão a uma igreja de Deus. Os homens são nascidos de novo
dentro da família de Deus e dentro do reino de Deus, mas são batizados numa
igreja de Deus (I Cor 12:13). O ‘um corpo’ mencionado por Paulo em I Cor 12:13
era a igreja de Deus em Corinto. Observe em I Cor 12:27 (ACF) onde ele diz: “Ora,
vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”. Essa igreja local em Corinto era o corpo de Cristo em
Corinto. Os membros da igreja em Corinto pertenciam ao único ‘um corpo’ de
Cristo. Aquele corpo de Cristo provavelmente não contivesse todos os salvos de
Corinto (I Cor 1:2) e nenhum dos salvos de qualquer outro lugar, exceto de
Corinto. Já que pertenciam somente a ‘um corpo’ e aquela era a igreja local de
Corinto, Cristo não tinha outro tipo de igreja ou corpo exceto uma igreja
local. Se eles pertenciam a uma igreja local em Corinto, que Paulo dizia ser o
corpo de Cristo, e então ao tipo de igreja em que alguns acreditavam, composta
por todos os salvos de qualquer lugar, eles pertenceriam a duas igrejas ou
corpos de Cristo: um local e visível e o outro, universal e invisível. O
Novo Testamento jamais mostrou algo tão confuso quanto isso. Deus não é o
autor de tamanha confusão. Jesus Cristo somente tem um tipo de igreja ou corpo
nesta terra e ela é a assembleia local, o corpo organizado de crentes batizados
numa dada comunidade. A igreja que Paulo chamou de ‘casa de Deus’ era uma igreja local. A igreja que Paulo disse ser ‘a
coluna e firmeza da verdade’ (I Timóteo 3:15
- ACF) era uma igreja local. A igreja a que Jesus prometeu perpetuidade (Mateus
16:18) era uma igreja local, pois Ele nunca falou de qualquer outro tipo. O
significado da palavra ekklesia não permite outro tipo. Aqui deixamos
outras pessoas mais competentes do que este autor falarem.
O Prof. Royal, do Colégio Wake Forest, da Carolina do Norte, que ensinou grego ao
Prof. A. T. Robertson do Seminário de Louisville e ao Prof. C. B. Williams,
quando indagado sobre o que sabia de um exemplo em grego clássico onde ekklesia
nunca fora usado sobre uma classe de ‘pessoas não reunidas’, ele disse: “não
conheço qualquer passagem assim em grego clássico”. Concordam com essa
afirmação os Professores Burton, da Universidade de Chicago, Stifler, da
Crozer, Strong de Rochester e muitos outros estudiosos. Joseph Cross
(Episcopalista), num livro de sermões intitulado “Carvões do Altar”, diz:
“ouvimos muito sobre a igreja invisível contradizendo a igreja visível. Sobre
uma igreja invisível neste mundo não sei nada, a Palavra de Deus não diz
nada nem pode haver nada desse tipo, exceto no cérebro de um herético. A
igreja é um corpo; mas que tipo de corpo não pode ser visto nem identificado?
Um corpo é um organismo que ocupa espaço com localidade definida. Um mero
agrupamento não é um corpo. Deve haver uma organização. Um monte de cabeças,
mãos, pés e outros membros não compõem um corpo. Eles devem estar unidos num
sistema, cada um em seu local adequado e todos impregnados por uma vida comum.
Assim uma coleção de pedras, tijolos e tábuas não seriam uma casa. O material
deve ser construído junto numa ordem artística, adaptada à unidade. Assim uma
massa de raízes, troncos e ramos não formariam uma vinha ou uma árvore. As
várias partes devem se desenvolver conforme as leis da natureza a partir da
mesma semente e nutridas pela mesma seiva”. Exatamente assim – AMÉM e AMÉM.
Os membros de um corpo despedaçado num campo de batalha não são um corpo. O
material de uma casa, nos bosques ou em nas pedreiras, não é uma casa. Os
membros, e esse material, devem ser colocados no lugar antes de se ter um corpo
ou uma casa. Da mesma forma os salvos não são uma igreja, a menos que sejam
reunidos e organizados ou construídos num corpo ou casa de Deus. Não há nem
pode haver essa instituição de igreja universal, invisível nesta terra,
composta por todos os salvos, porque o material nunca foi reunido e construído
como uma casa ou corpo.
Quando o Senhor Jesus e Paulo falaram sobre os crentes batizados de um grande
território, ao invés de uma igreja local, eles sempre mencionaram a palavra
“igrejas” (plural). Não havia confusão em sua fala, embora haja muita confusão
no pensamento moderno sobre essa questão.
Mais uma vez tentamos esclarecer a distinção. A família de Deus é composta por
todos os salvos no céu e na terra. Os santos do Velho Testamento e bebês que
morreram na infância estão na família de Deus. Eles não estão agora nem estavam
no Reino ou em qualquer igreja de Deus.
Todos os crentes na terra em qualquer momento desde os dias de João o Batista
(Lucas 16:16) compõem o reino de Deus. Não há crianças ali. Todos os
verdadeiros crentes, ...Batistas ou não, membros de igrejas na terra estão no
reino. Pois, se forem verdadeiros crentes, eles nasceram novamente.
Somente crentes batizados ou Batistas são membros das igrejas de Cristo.
“Não apenas Cristo prometeu estar com Sua ekklesia até o fim do mundo,
quando Ele deu a Comissão, mas quando Ele estabeleceu a Ceia Memorial e a
entregou à Sua igreja, Ele disse: ‘...fazei isto em memória de Mim’ [Lucas 22:19b –
ACF]. Agora, se fazer alguma coisa é ser perpetuado,
quem fez deve ser perpetuado. Essa é uma proposição auto evidente”.
W. D. Nowlin, em “Registros do Oeste”.
Nos capítulos anteriores eu
mostrei que Jesus, durante o período de Seu ministério pessoal, organizou e
iniciou Sua igreja. Também mostrei que a igreja que Ele iniciou não era algo
eterno, invisível, universal, desorganizada sem função ou missão, mas era uma
assembleia local e a ela foi confiada a maior tarefa jamais concedida a
qualquer instituição nesta terra.
Assim, a igreja tendo existência e tendo em mente uma ideia clara sobre o tipo
de igreja que existia, estamos prontos para a próxima questão proposta no
início, isto é: Jesus prometeu sua perpetuidade?
Inquestionavelmente Ele o fez.
Na mesma passagem, onde pela primeira vez o Senhor mencionou a igreja,
encontramos a promessa que “E as portas do inferno não prevalecerão
contra ela”
(ACF).
Ninguém poderá negar que essas palavras
constituem uma promessa da perpetuidade da igreja. Dr. J. W. Porter diz (O
Débito do Mundo aos Batistas): “se essas palavras ensinam alguma coisa,
ensinam que as igrejas, instituídas por Cristo e os apóstolos nunca morreriam,
mas se reproduziriam e se multiplicariam e se perpetuariam até o fim dos
tempos”. Sobre a passagem “E as portas do inferno não prevalecerão
contra ela” (ACF). “Dr. Nowlin diz (Fundamentos
da Fé) que se referem sem dúvida à sua indestrutibilidade”.
Mas, se formos levados a depender muito do aqui referido, perguntemos: há algo
nas Escrituras que nos garantiria crer o que Cristo quis dizer com perpetuar
Sua igreja? A resposta é: encontramos abundantes evidências disso. Vejamos
algumas das provas:
Primeira, o Reino de Deus, como todos concordaremos, deve ser perpetuado “...Os
reinos do mundo vierem a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo... (Apocalipse 11:15 - ACF). Em Lucas temos essa afirmação: “...Seu
reino não terá fim”. (Lucas 1:33 - ACF).
Como, perguntemos, deve o reino de Deus ser estendido e avançado no mundo? A
resposta é: pela igreja que Jesus fundou. Os homens chegam ao reino de Deus
tendo nascido para ele. Esse nascimento espiritual ocorre pela fé pessoal no
Filho de Deus como Salvador. É a igreja que prega as Boas Novas do Filho de
Deus. Através da mensagem da igreja os homens ouvem, acreditam e renascem para
o reino de Deus. Assim a igreja permanece na posição de uma agência de
recrutamento para o reino de Deus, já que ninguém entra no reino, exceto se
ouvirem e acreditarem no evangelho, que foi preservado e é proclamado pela
igreja.
Assim, em resumo afirmamos isso dessa forma: a Bíblia ensina que o reino de
Deus deve ser perpetuado. Mostra que a igreja é a instrumentalidade divinamente
proposta por Cristo para o avanço e perpetuação do reino. Sendo isso verdade, o
ensino da Bíblia da perpetuidade do reino envolve como assunto de fé, a
perpetuidade da agência através da qual o reino deve ser perpetuado, isto é, a
igreja.
Novamente, quando Cristo concedeu a Grande Comissão a Seus discípulos, como foi
mostrado, Ele não se dirigiu a eles simplesmente como discípulos, mas como
indivíduos que constituiriam Sua igreja.
À Comissão ele acrescentou a promessa: “E eis que eu estou
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” [Mateus 28:20b – ACF]. Expressamente, se a igreja de
qualquer tempo deixasse de existir, a promessa de Cristo se tornaria de efeito
nulo. Estar sempre com a igreja, ou mais adequadamente, “...todos os
dias”, necessariamente significa que deve haver sempre, a cada dia, até
o fim dos tempos, a existência da igreja a quem a promessa foi outorgada!
Então, novamente, todas as grandes denominações, até onde conheço, concordam
que a Ceia do Senhor é uma ordenança da igreja. Agora, quando Jesus instituiu e
concedeu essa ordenança para Sua igreja observar, Ele disse: “Fazei
isto em memória de Mim, tão frequentemente quanto possível, comei desse pão e
bebei desse cálice, que lembram a morte do Senhor ATÉ QUE ELE VOLTE” [Obs: I Coríntios 11: 26].
Certamente, se o cumprimento disso deve ser perpetuado, os executores devem
também ser perpetuados. Se a observância da Ceia do Senhor deve ser perpetuada
até a volta de Cristo, então obviamente a igreja a quem Ele deu a ordenança
deve, na verdadeira natureza do caso, ser também perpetuada. Não há escapatória
para essa conclusão!
“Qualquer igreja cuja origem ocorreu nos tempos medievais ou modernos não é a
igreja que Cristo estabeleceu, pela simples razão de que não existia quando
Cristo estabeleceu Sua igreja e não veio a existir por longo tempo depois”.
W. M. Nevins, em “Por Que um Batista e não um Católico Romano”.
“Em muitos exemplos, o destino parece ter fixado o nome de seus fundadores humanos sobre a igreja que instituíram“.
J. W. Porter, “Notas ao Acaso”.
“É fato que ninguém, além dos Batistas afirma que nosso Senhor, durante Seu ministério pessoal fundou Sua igreja ou denominação. Quem chegou mais perto de fazer tal afirmação foi a Igreja Católica. Porém, quando os Católicos afirmam sua investigação, se descobre que eles afirmam que Pedro foi o primeiro papa. Mas sabemos que sua afirmação é falsa, que a Igreja Católica não é de Cristo, mas uma combinação de fraternidade e Judaísmo, carregando o nome de Cristãos para encobrir suas doutrinas e práticas anticristãs”.
J. L . Smith, em “Por Que Sou um Batista”.
Vimos que Jesus fundou ou estabeleceu
a igreja, que Ele a fundou durante os dias do Seu ministério pessoal na terra,
que a igreja que Ele estabeleceu era a assembleia local e que Ele prometeu
perpetuá-la até “que Ele volte”. Tendo esclarecido essas verdades, somos
levados à conclusão que em algum lugar no mundo hoje se deve encontrar a
verdadeira igreja de Cristo, a igreja que foi perpetuada desde os dias de
Cristo e os apóstolos e que defende veementemente as doutrinas que prevalecem
na igreja do Novo Testamento. Como foi dito, “devemos supor que deve ter”
havido um povo Cristão existindo em cada época desde os apóstolos até o
presente, caracterizada pelas mesmas doutrinas e práticas, ou que houve
períodos na história interveniente quando a fé e a prática dos apóstolos não
tinham absolutamente qualquer representante na face da terra. Estaríamos
preparados para assumir a última alternativa? O que se torna, então, a promessa
do Salvador?
Forçados, portanto, à conclusão que, de acordo com a promessa de Cristo, Sua
igreja tem sido perpetuada e que deve ser encontrada no mundo de hoje,
perguntemos: “Como continuaremos a encontrá-la?” Como encontraremos a verdade,
a igreja do Novo Testamento, entre as multidões das assim chamadas igrejas e
denominações?
Proponho conduzir nossa pesquisa da verdadeira igreja através de três linhas
corroborativas, como segue:
1. A LINHA DA ELIMINAÇÃO HISTÓRICA.
2. A LINHA DA COMPARAÇÃO DE DOUTRINAS.
3. A LINHA DAS AFIRMAÇÕES HISTÓRICAS POR HISTORIADORES
CONFIÁVEIS.
Comecemos nossa pesquisa pela primeira linha proposta, a da eliminação
histórica. Uma ilustração possivelmente servirá para esclarecer o que quero
dizer aqui. Suponhamos que você passe a possuir um valioso documento. Você
coloca o documento sobre a mesa de sua biblioteca e logo você é chamado para atender
a outro problema e, esquecendo o papel, sai deixando-o misturado a outros
papeis e livros sobre a mesa. Ao voltar à biblioteca, você percebe, procurando
o papel, que sua mesa foi arrumada durante sua ausência e o documento foi
removido. Você chama e pergunta à sua governanta. Ela lhe diz que o colocou no
meio das páginas de um dos livros sobre a mesa. Ela tem certeza disso, mas não
se lembra em qual dos livros ela o guardou. Você começa a pesquisa examinando
livro por livro sem resultado. Finalmente, você examinou cada livro menos um e
está certo de que os livros examinados não contêm o documento. A que conclusão
você chega? Só há uma conclusão possível: o papel estará, se ela lhe disse a
verdade, no único livro restante não examinado.
Então, em nossa pesquisa devemos eliminar cada assim chamada igreja cuja origem
possa ser datada após o tempo de Cristo. Se no processo eliminarmos cada igreja
menos uma, seremos forçados à conclusão de que essa é a verdadeira igreja.
Voltando ao tão discutido Mateus 16:18, encontramos dois testes históricos
definidos por Jesus, testes que ajudariam e nos conduziriam em nossa
investigação.
O primeiro é que só a verdadeira igreja foi fundada pelo PRÓPRIO JESUS — “Eu ..edificarei
[construirei] a minha Igreja?” (ACF).
O segundo é que a instituição a que Jesus chamou de “Minha
igreja” nunca deixará de existir através das eras – “E as portas do
inferno não prevalecerão contra ela” (ACF).
Se, ao aplicarmos esses dois testes históricos escriturais, descobrirmos que
nenhuma das organizações autodenominadas igrejas, menos uma, podem ser
aprovadas nesses testes, eu reitero que devemos concluir que aquela é a
verdadeira igreja de Cristo. Perguntemos então sobre a origem das várias
denominações hoje existentes. Nesse questionamento nos interessará só a origem
das principais denominações. As que são bem conhecidas e típicas de todas as
outras. As denominações que consideraremos das quais as muitas pequenas seitas
brotaram em anos mais recentes. Como brotos das denominações mais antigas e
tendo surgido em tempos mais recentes, claro que não obtendo sucesso no teste
histórico de Cristo, seria inteiramente supérfluo lidar com elas.
Nessa investigação, é claro que a Igreja de Roma, a que hoje chamamos de Igreja
Católica Romana, tem prioridade. Comecemos perguntando:
“QUANDO A IGREJA DE ROMA SE ORIGINOU?”
Tomamos essa pergunta do Dr. J. B. Moody (Minha Igreja, p. 95): “ela não
nasceu num dia ou ano, mas gradualmente subverteu os ensinamentos dos apóstolos
e ao longo dos séculos inaugurou um papado de pleno crescimento. Mas não há
traço de um Papa ou Pai Universal nos três primeiros séculos da era Cristã”.
A Igreja Católica é o resultado de gradual perversão e corrupção. Desde os dias
de Constantino, quando soldados sem regeneração foram batizados na igreja aos
milhares e foram feitas concessões ao paganismo, as condições foram se tornando
cada vez piores, finalmente levando a um estado que tornou possível a Igreja
Católica. O estabelecimento real do papado romano foi, segundo Dr. S. E. Tull (Denominacionalismo
em Teste), realizado por Gregório o Grande no ano A.D., 590. Dr. Tull
corrobora sua afirmação pela seguinte citação de Ridpath (vol. 4, p. 41):
“Essa época da história não deve passar sem referenciar o rápido crescimento da
igreja papal, no fechamento do século seis e começo do sétimo. Principalmente
por Gregório o Grande, cujo pontificado se estendeu de 590 a 604 e representou
a supremacia da Visão apostólica atestada e mantida. Sob o triplo título de
Bispo de Roma, Prelado da Itália e Apóstolo do Ocidente, ele gradualmente, por
insinuações ou fortes asserções como melhor se ajustasse às circunstâncias,
elevou o Episcopado de Roma a um genuíno papado da igreja. Ele teve sucesso em
levar os Arianos da Itália e Espanha às fileiras Católicas e assim garantir a
solidariedade da Ecclesia Ocidental”.
Scaff (História da Igreja Cristã, vol. 1, p. 15) nos diz que Gregório o
Grande (A.D., 590-604) foi o primeiro dos “papas adequados” e que com
ele começa “o desenvolvimento do papado absoluto”. Diz Dr. Christian,
comentando sobre esse ponto: “o crescimento do papado foi um processo
histórico. Muito antes, esse Bispo de Roma fez declarações arrogantes sobre
outras igrejas”. E acrescenta: “A linhagem dos papas medievais absolutos
começou com Gregório”.
Vimos que a afirmação Católica de sua origem apostólica se quebra em vários
pontos (Ver Capítulo Introdutório): primeiro, ao falhar em estabelecer a
primazia de Pedro. Segundo, ao falhar em estabelecer que Pedro foi um papa ou
de fato que algum papa tenha existido por vários séculos depois de Cristo.
Terceiro, ao falhar em provar que Pedro sempre esteve em Roma. Quarto, pelo
fato da fé e prática Católicas serem totalmente diferentes da igreja
apostólica. Ligado a esses pontos mencionados, podemos estar sob risco de
multiplicar citações, conforme as palavras do Dr. J. W. Porter (Débito do
Mundo aos Batistas, págs. 165-166):
“Como é bem conhecido, os Católicos Romanos atribuem sua afirmação da sua origem
escritural, à suposição de que Pedro fora o primeiro papa de Roma. A menos que
provem que Pedro estava em Roma e que ele também era um Papa, sua declaração de
origem apostólica é totalmente falsa. Porém não há controvérsia quanto a esse
ponto, pois todas as declarações sobre a hierarquia romana estão condicionadas
à primazia de Pedro. As duas são inseparáveis e podem subir ou cair juntas.
Portanto, para o propósito dessa discussão, só será necessário provar que Pedro
nunca foi um papa em Roma ou em qualquer outro lugar. A mais clara suposição é
de que Pedro nunca esteve em Roma em qualquer tempo. Não há nada no Novo
Testamento que sugira que Pedro tenha pensado ser um papa ou que ninguém mais
tenha pensado tal coisa. Mas, mesmo que houvesse a certeza de que Pedro tenha
estado em Roma e que tenha sido um papa, a hierarquia Católica Romana falhou,
por sua fé e prática, no seu direito a ser chamada de igreja escritural”.
Se, como Dr. Tull afirma, com Ridpath, um historiador de renome mundial e
outros que com ele corroboram, o papado Romano tivesse sido cumprido por
Gregório o Grande, cujo pontificado se estendeu de 590 a 604 A.D., então
Gregório o Grande pode portar o nome de fundador da Igreja Católica. Na
verdade, se admite que a apostasia Romana começou muito antes disso, mas
podemos com certeza atribuir a real formação do papado – a real cristalização
numa hierarquia fixa – a Gregório o Grande, sob cujo pontificado a “Supremacia
da Visão Apostólica foi confirmada e mantida”.
Para ilustrar: é fato bem conhecido que Davi, durante seu reinado sobre Israel,
coletou vasta quantidade de materiais para a construção de um templo. Foi seu
trabalho que, em certo sentido, tornou possível o templo. Mas não podemos
atribuir o templo a Davi, mas a Salomão, seu sucessor, sob cujo reinado a
estrutura do templo foi realmente erigida. Da mesma forma as heresias,
tradições, práticas espúrias e, de fato, todos os elementos necessários, foram
reunidos um por um e passaram a existir no tempo de Gregório o Grande. Só
restou a ele elevar, como Ridpath o diz, “o episcopado de Roma a um genuíno
papado”.
Vamos agora aplicar o teste histórico deixado por Jesus em Mateus 16:18. É
bastante evidente que a Igreja Católica, construída por Gregório o Grande a
partir do papado existente, com material apóstata, quinhentos e noventa
anos depois de Cristo, não pode passar no teste histórico de Cristo, de origem
e perpetuidade e, portanto, não é a igreja verdadeira, a igreja que Ele fundou
e prometeu que nunca deixaria de existir.
ORIGEM DA IGREJA LUTERANA
A história do mundo não se refere à existência de uma Igreja Luterana antes dos
dias de Lutero. Que ele foi o fundador da Igreja Luterana, ninguém pode negar
com sucesso. Lutero, revoltado contra a degeneração da Igreja Católica,
organizou um movimento para a Reforma. Não há evidência histórica de que ele
até mesmo tenha pensado em romper com a Igreja Católica e formar uma nova
igreja. Mas suas atividades trouxeram sobre ele o anátema da excomunhão e
Lutero e seus seguidores foram quase forçados a formar uma nova organização. O
ano de 1520 foi o mais cedo que se pode afirmar ter sido a formação da Igreja
Luterana. Foi nesse ano, segundo McGlothin (Guia ao Estudo da História da
Igreja) que Lutero queimou a bula da excomunhão papal e abertamente
desafiou o papa. Não foi, porém, até 1530 que o sistema de doutrina e
moralidade que ele e seus seguidores tinham adotado foi apresentado na Dieta de
Augsburg.
Só pode ser evidente que a Igreja Luterana fundada por Martinho Lutero, 1533
anos ou em torno disso após Cristo, falha em atender ao teste histórico de
Cristo quanto à origem e perpetuidade, assim não pode ser a igreja que Ele
fundou.
A IGREJA DA INGLATERRA OU IGREJA EPISCOPAL
A origem dessa igreja está muito clara e sucintamente resumida por Dr. S. E.
Tull, em seu livro antes mencionado, nas seguintes palavras: “em 1509, Henrique
Oitavo foi coroado Rei da Inglaterra. Henrique só tinha doze anos de idade
naquele tempo. Ele se casou nesse mesmo ano com Catarina de Aragão, filha de
Ferdinando e viúva de seu irmão, Artur. Vinte anos mais tarde, quando Henrique
passou a exercer sua própria prerrogativa em assuntos pessoais, ele decidiu se
divorciar de Catarina e casar-se com Ana Bolena, uma garota inglesa que serviu
na corte de Charles Quinto, Rei de França.
Essa questão do divórcio de Henrique levantou uma grande discussão que
finalmente foi levada ao Papa de Roma para ser resolvida. O Papa decidiu contra
Henrique. Percebendo a impotência política do Papa para interferir nas questões
políticas da Inglaterra, Henrique tomou providências com suas próprias mãos e
expulsou Catarina e casou-se com Ana, apesar da interdição pronunciada pelo
Papa. Esse desafio ao Papa causou a excomunhão de Henrique da igreja pelo Papa
Clemente Sétimo, em 1534. Aceitando a situação como uma oportunidade de se
livrar completamente de todas as alianças políticas com o Papa, Henrique
imediatamente fez ligações com seu Parlamento e, em 13 de novembro de 1534, fez
seu Parlamento aprovar um ato conhecido como “O Ato de Supremacia”, que
declarava Henrique Oitavo como “O Protetor e Chefe Supremo da Igreja e Clero da
Inglaterra”. Assim foi que nesse dia 23 de novembro de 1534, a “Igreja da
Inglaterra” foi instalada, com o prófugo, adúltero e assassino Henrique como
seu fundador e chefe. Levada à existência pelo poder de um fiasco político, a
Igreja Episcopal iniciou sua carreira como uma denominação “Cristã”.
Sobre a igreja acima mencionada, Macauley escreve (História da Inglaterra,
vol. I p. 32): “Henrique Oitavo tentou constituir uma Igreja Anglicana
diferindo da Igreja Católica Romana sobre a questão da supremacia e só nesse
ponto. Seu sucesso nessa tentativa foi extraordinário”. Pode ser mais claro que
a Igreja da Inglaterra ou Igreja Episcopal, não ter sido fundada por Cristo, falhando
no teste de origem e perpetuidade, não podendo assim ser a verdadeira igreja?
A ORIGEM DA IGREJA PRESBITERIANA
O sucesso do Protestantismo de Lutero no Continente deu liberdade a outros
movimentos semelhantes. João Calvino, nascido em 1509, no mesmo ano que
Henrique Oitavo foi coroado Rei da Inglaterra, que foi educado como monge
Católico, uniu suas mãos às de Lutero e ajudou na Reforma. Em alguns pontos, as
ideias de Calvino sobre doutrina e política eram diferentes das de Lutero. Por
essa razão, a Reforma de Calvino caiu em distintos canais e cristalizou como
uma organização independente e por sua forma de governar, os Calvinistas se
tornaram conhecidos como Presbiterianos.
Podemos datar o início da Igreja Presbiteriana, como denominação separada, no
ano de 1536, pois foi nesse ano que as “Institutas de Calvino” foram dadas ao
mundo.
Segue-se muito naturalmente que a Igreja Presbiteriana, fundada por João
Calvino, 1536 anos depois de Cristo, não pode passar no teste histórico de
Cristo e não pode ser a verdadeira igreja, aquela que Jesus fundou e prometeu
perpetuar.
O CONGREGACIONALISMO
Os Luteranos, Episcopalianos e Presbiterianos constituem as três grandes
denominações Católicas-Protestante. Existem duas grandes denominações que
protestaram contra os Episcopalianos e, consequentemente são frutos da Igreja
Episcopal. Vamos considerar brevemente os fatos relativos à sua origem. Cito,
do excelente traço de Tull: “vivia na Inglaterra, em 1580 um pastor Episcopal
por nome de Robert Brown”. Ele começou um movimento de oposição à Igreja do
Governo, em que ele defendia uma forma congregacional de governo da igreja e um
sacerdotalismo em forte oposição. Ele conseguiu seguidores que se
autodenominavam “Independentes”. Robert Brown organizou a primeira igreja
Independente em 1580. Depois Brown se arrependeu, confessou seu erro, voltou
para a Igreja da Inglaterra e morreu em sua fé. Seus seguidores, porém,
continuaram o movimento e se tornaram conhecidos como “Congregacionalistas”.
Tendo sido fundada por Robert Brown 1580 anos depois de Cristo, a Igreja
Congregacionalista não passou no teste histórico imposto por Cristo e não pode,
com sucesso, reivindicar ser a verdadeira igreja de Cristo.
A ORIGEM DO METODISMO
Em seguida, consideremos o outro movimento Protestante que surgiu na Igreja
Episcopal, aquele que, no curso do tempo se tornou conhecido como a “Igreja
Episcopal Metodista”. Esse movimento foi liderado por John Wesley e seu irmão
Charles. Enquanto estavam na Universidade de Oxford, eles, por seus hábitos
regulares de estudo e trabalho religioso, obtiveram para si a designação de
“metodistas”, título que mais tarde anexaram ao movimento originado por eles.
Wesley nunca tencionou organizar uma igreja e, de fato, nunca nem mesmo
dignificou sua organização com o nome de igreja, mas a chamava de “Sociedade”.
Nenhum dos Wesleys nunca clamou pelo direito de começar uma igreja e, de fato,
ambos morreram como membros da Igreja Episcopal.
Com referência à origem do Metodismo, encontramos a seguinte afirmação na obra
“Disciplina da Igreja Episcopal Metodista” (edição de 1912): “em 1729,
dois jovens na Inglaterra, lendo a Bíblia, viram que não poderiam ser salvos
sem santidade. Seguindo o que leram e incitando outros a fazê-lo, Deus então os
chamou para levantar um povo santo. Esse foi o surgimento do Metodismo,
conforme dado pelas palavras dos seus FUNDADORES, John e Charles Wesley. Em
toda a Inglaterra, na Escócia e Irlanda, surgiram SOCIEDADES unidas de homens
tendo a forma e buscando o poder da devoção a Deus. Elas se tornaram
subsequentemente as igrejas de Wesley da Grã-Bretanha”. Novamente,
referindo-nos ao Metodismo nos primeiros dias da história dos Estados Unidos,
encontramos essas palavras na pág. 16 da mesma obra “Disciplina...”: O
clero da paróquia tinha retornado à Inglaterra e as SOCIEDADES Metodistas não
tinham pastores ordenados reunidos, num raio de centenas de milhas”.
Pode-se ver, por essas citações, que o Metodismo primeiro não assumiu sua
própria expressão na forma de uma igreja, mas era uma sociedade dentro da
Igreja Episcopal. Não começou numa existência denominacional separada até o ano
de 1739, segundo Dr. McGlothin em seu “Guia”. Foi nesse ano que a
primeira reunião da classe ocorreu. Porém, a primeira conferência só ocorreu
cinco anos mais tarde.
Surge aqui uma questão: se a Sociedade Metodista teria o direito de evoluir
para uma Igreja, por que qualquer sociedade de igreja dos dias atuais não
poderia fazer o mesmo? Elas certamente têm os mesmos direitos. Novamente vem a
questão: Se Lutero, Calvino, os Wesleys e outros tiveram o direito de fundar
uma igreja, não o teriam você e eu o mesmo direito de fazer o mesmo? Novamente,
essa questão: quão antiga uma sociedade ou movimento deve se tornar antes de
evoluir adequadamente para uma “Igreja”?
Mas, para voltar à origem do Metodismo, não deve ser difícil ver que a Igreja
Metodista ou “Sociedade” como era chamada anteriormente, fundada por John
Wesley quase 1740 anos depois de Cristo, de forma alguma passa no teste de
Cristo sobre origem e perpetuidade e não pode ser a verdadeira igreja de
Cristo.
A ORIGEM DA DENOMINAÇÃO CAMPBELITA
Dificilmente parece ser necessário tomar espaço para detalhar a origem dessa
seita, já que é de origem tão recente que seria absurdo para qualquer um
reivindicar sua origem apostólica. De fato, conheço indivíduos que conheceram
Alexander Campbell e se lembram de muitos incidentes ligados aos primeiros dias
dessa igreja, que é mais comumente conhecida hoje pelo nome de “Igreja Cristã”.
A data do início dos Campbelitas ou “Cristãos” como denominação separada não
pode ser fixada antes de 1827, embora, ignorando os fatos históricos, eles
datem sua origem em alguns anos antes da data que acabo de dar. No entanto,
alguns anos não fazem diferença em relação ao que discutimos aqui. Lembro-me
bem que há alguns anos, essa denominação celebrou com grande entusiasmo em todo
o país o centenário da denominação! Para aceitar sua própria data, eles têm
pouco mais de cem anos de existência. E ainda me lembro de ter sido esculpida no
canto de um de seus maiores prédios de um dos seus templos uma afirmação de que
eles traçam sua origem até o tempo de Jesus e dos apóstolos. Afirmação estranha
de fato, à luz de sua própria admissão!
Já que eles tinham um fundador humano e são de origem moderna, é evidente que
não podem passar no teste histórico e não são a verdadeira igreja.
Eu poderia continuar e fazer menção aos Mórmons, Cientistas Cristãos,
Adventistas do Sétimo Dia, Russelitas, Nazarenos, “Santos Skatistas” e outros e
detalhar suas origens, mas seria inteiramente supérfluo. Basta dizer que cada
uma dessas já mencionadas, junto com todas as outras numerosas seitas, tiveram
fundadores humanos e nunca foram ouvidas por mais de mil anos depois de Cristo.
E SOBRE OS BATISTAS?
Nós mostramos que cada seita, denominação e assim chamadas igrejas, com exceção
dos Batistas, podem ser traçadas por um fundador humano e originadas muito
tempo depois de Cristo ter começado Sua Igreja. Claramente, sendo todas elas de
origem pósapostólicas, são eliminadas. Da mesma forma quando você procurou em
todos os livros, menos em um, e não conseguiu achar o documento, soube que ele
estaria no único que faltava, então, quando todas as igrejas, menos uma, não
consegue se qualificar historicamente como a verdadeira igreja de Cristo, é
correto e lógico concluir que a igreja remanescente é a instituição que Cristo
fundou. As Igrejas Batistas são as únicas e claramente distintas de todas as
outras, por ser a única que não aponta qualquer fundador humano. Nem a data de
fundação pode ser fixada depois de Cristo. Alguns tentaram e seus desacordos e
contradições constituem evidência lógica de sua imprecisão histórica. Os que
negariam que os Batistas possam ser datados no tempo de Cristo e lhes
designaria uma origem moderna, deveriam se reunir e fixar alguma data! Pois de
outra forma, suas afirmações contraditórias prejudicariam as pessoas em favor
da própria coisa que eles negam!
Nos capítulos seguintes, eu ofereço prova histórica para substanciar minha
afirmação de que só os Batistas existem desde os tempos de Cristo. Como Dr.
Tull afirma: “a primeira Igreja Batista foi organizada por Jesus Cristo, o
Filho de Deus, durante Seu ministério pessoal na terra. A Igreja Batista tem
Jesus como seu Fundador, o Espírito Santo como Administrador de suas
atividades, o Novo Testamento como seus artigos de fé e leis de existência. Em
todas as eras Cristãs, o puro ensinamento Batista sobreviveu. Os ‘portões do
inferno não prevaleceram nem prevalecerão contra ela”.
“Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina” (ACF).
Tito 2:1
“Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas...” (ACF).
Hebreus 13:9
No capítulo anterior procurei mostrar por um processo de
eliminação que só as igrejas Batistas foram aprovadas no teste histórico de
Cristo sobre origem e perpetuidade. Deixando de lado por certo tempo meus
achados, continuemos a pesquisa da verdadeira ecclesia ou igreja, junto com a
segunda linha proposta, ou seja, a da DOUTRINA. Esse teste doutrinário é tão
importante quanto o teste histórico. Se eu puder demonstrar que as igrejas
Batistas são apostólicas em relação às doutrinas que defendem e que elas são as
únicas igrejas numa forma pura, veremos ser duplamente aparente que as igrejas
Batistas são as verdadeiras igrejas de Cristo.
É, sem dúvida, uma tarefa difícil definir as doutrinas e práticas fundamentais
das igrejas que existiram nos dias dos apóstolos, porque a igreja que Jesus
fundou tem certas características doutrinárias bem definidas expressas no Novo
Testamento pelas quais podem ser para sempre reconhecidas e distinguidas de
todas as instituições apócrifas que, através dos tempos têm se chamado de
igrejas Cristãs.
Ao procurar identificar a igreja que Jesus construiu por meio de comparação
doutrinária, pode ser importante indicar o método que usarei. Vamos primeiro ao
Novo Testamento e observar as características das igrejas dos tempos
apostólicos. Em seguida examinaremos as características Batistas para ver se
coincidem com as do período do Novo Testamento. Então, finalmente daremos uma
rápida olhadela nos ensinamentos e práticas de outras denominações para ver
como eles se posicionam em relação às doutrinas e práticas das igrejas do Novo
Testamento. Seguindo esse procedimento teremos necessariamente que ser breves.
Uma das coisas que bem forçosamente nos confronta quando lemos sobre as igrejas
do Novo Testamento é que elas eram compostas por AQUELES QUE FORAM REGENERADOS
E NASCERAM NOVAMENTE. A doutrina da membrania da igreja regenerada está nas
páginas do Novo Testamento tão claramente, que ninguém pode se enganar a
respeito. De fato, a própria palavra ecclesia, usada no sentido Cristão, deve
significar para nós uma assembleia de pessoas “chamadas” do mundo, para formar
uma companhia separada, uma companhia de pessoas regeneradas. Como Dr. Bow
coloca: “a palavra igreja traduzida significava originalmente chamadas, então,
no sentido mais alto e mais santo, todos os redimidos foram chamados e ela se
aplica justamente a elas”. Em Atos 2:47 encontramos as seguintes palavras: “...E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (ACF). (Sco. Bíblia, Margem). Em todo o Novo Testamento
não encontramos a mais leve discordância de que ninguém, fora os que afirmavam
sua regeneração fossem admitidos às igrejas. De fato, sem regeneração a
membrania à igreja perde todo o significado. Os deveres e obrigações que o Novo
Testamento ensina como pertencentes aos membros da igreja pressupõem uma
mudança interna radical da parte de cada pessoa unida a uma igreja de forma a
designá-la para sua tarefa. As Escrituras certamente não toleram a ideia de que
uma igreja existe como um tipo de reformatório a que os não regenerados devam
ser levados, tratados e tornados filhos de Deus. Ao contrário, cada igreja,
segundo a ideia do Novo Testamento deve ser uma assembleia do povo de Deus,
regenerado, chamado e separado do mundo, “um povo peculiar, zeloso e de boas
obras”.
E, inseparável da doutrina de membrania da igreja de regenerados, podemos mencionar
incidentalmente que as igrejas do Novo Testamento praticavam somente o BATISMO
DOS CRENTES. Uma profissão de fé em Cristo era necessária antes de o batismo
ser ministrado. Em Atos 2:41 lemos: “De sorte que foram batizados
os que de bom grado receberam a sua palavra” (ACF). Observe que “receberam a Sua palavra” precedia o batismo. “Sua palavra” se refere ao evangelho
pregado por Pedro. Ninguém é elegível para o batismo, segundo as Escrituras,
até terem ouvido o evangelho, acreditado e recebê-lo. Como um autor escreveu:
“A única diferença entre uma pessoa que não ‘recebeu a Palavra’, antes e depois
da imersão é que antes da imersão elas vestiam roupas secas e após sua imersão
suas roupas ficaram molhadas”. Muitos casos podem ser citados para provar que
só os crentes foram batizados e foram acrescentados à igreja do tempo do Novo
Testamento, se o espaço permitisse. Prontamente chamo à mente o caso de Lydia,
do soldado de Felipe, Cornélio e Felipe e o eunuco etíope. Em nenhum versículo
do Novo Testamento se pode encontrar algo que indique que as pessoas foram
batizadas antes de chegar a uma idade que lhes permitisse ter fé em Cristo. A
ordem dada na Grande Comissão é primeiro fazer discípulos e depois batizá-los.
Agora perguntemos: as igrejas Batistas de hoje coincidem com as igrejas
apostólicas nas duas questões acima mencionadas? Como outras denominações se
posicionam a respeito dessas questões? Note bem essa afirmação tão verdadeira
do Dr. T. T. Martin (A Igreja do Novo Testamento): ”AS IGREJAS BATISTAS
SÃO AS ÚNICAS IGREJAS NA TERRA QUE REQUEREM QUE UMA PESSOA PROFESSE SER SALVA
ANTES DA PESSOA SE UNIR À IGREJA OU SER BATIZADA”. Essa afirmação foi espantosa
para mim quando a li pela primeira vez há vários anos. Mas a investigação não
confirmou a crença de que ela é verdadeira. Outras grandes denominações ou
misturam batismo infantil com batismo dos crentes ou ainda defendem a teoria da
regeneração batismal. Por exemplo, os Metodistas e Presbiterianos defendem as
reuniões evangelísticas e em seguida a essas reuniões muitas vezes batizam (?)
os que professam fé em Cristo durante a reunião. No mesmo culto talvez batizem
(?) crianças que não estão em idade para crer em qualquer coisa. Claro que se o
batismo infantil fosse praticado universalmente, o batismo dos crentes acabaria
na terra. Por outro lado, os Campbelitas batizam somente quem tem idade para
ser batizado, mas defendem a teoria da regeneração batismal e batizam para
ajudar a salvar. Só os Batistas requerem uma profissão de fé salvadora em
Cristo antes de batizar ou aceitar a pessoa na membrania.
Outra coisa que se destaca no Novo Testamento em relação às igrejas daquele
tempo é o MODO DE SALVAÇÃO, conforme ensinado por elas. As igrejas apostólicas
defendem a salvação pela Graça, somente através da fé em Cristo. Como prova
disso apresento as bem conhecidas palavras de Paulo em Efésios 2:8-9: “Porque
pela Graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem de obras, para que ninguém se glorie” (ACF). A morte vicária de Jesus foi estabelecida como o único
meio de redenção para qualquer ser humano e o ensinamento foi que só pela fé
Nele como Divino Redentor e Salvador que alguém pode ser salvo e se tornar um
filho de Deus. Gal 3:26 fala sobre isso: “Porque todos sois filhos
de Deus pela fé em Cristo Jesus” (ACF). Atos
16:31: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”
(ACF).
Os Batistas estão de acordo com a doutrina da
salvação pela Graça através da fé em Cristo? De fato estão. “Esta é uma
doutrina fundamental no pensamento Batista. Permeia todo o sistema das ideias
Batistas e ajuda a determinar tudo o mais no pensamento Batista”. Nenhum outro
modo de salvação é defendido ou ensinado nas verdadeiras igrejas Batistas.
Outras denominações pensam como as igrejas do Novo Testamento e as Batistas
sobre isso? Nesse ponto dou outra citação do Dr. S. E. Tull: os Católicos
acreditam que a salvação não vem puramente da Graça, que a morte de Jesus
Cristo não é o único meio de salvação, mas que a ordenança do batismo é eficaz,
contém a graça sacramental e é essencial à salvação”. O Concílio de Trento
declarou que “no batismo não é dado somente a remissão do pecado original, mas
também tudo que tiver a natureza do pecado é curado”. Ele torna alguém Cristão,
um filho de Deus e herdeiro do céu.
Na doutrina da salvação puramente pela Graça através da fé, os Batistas estão
sozinhos e todas as outras denominações defendem a posição dos Católicos.
Luteranos, Episcopalianos, Presbiterianos, Congregacionalistas e Metodistas se
encaixam na posição Católica que o batismo infantil contém a graça sacramental,
enquanto os Campbelitas defendem que o batismo por imersão é essencial à
salvação.
Por medo que alguns possam encontrar erros em mim por classificá-los com os
Católicos sobre essa doutrina da regeneração batismal, citarei pela lei de
algumas outras igrejas sobre o assunto. A menos que os legisladores da igreja
tenham mudado a lei muito recentemente, o que segue permeia as igrejas citadas
e é uma amostra justa da posição de todas as igrejas conveniadas nessa
doutrina.
O Catecismo Episcopal diz: “batismo é o ato onde eu me tornei um membro de
Cristo, um filho de Deus e um herdeiro do Reino dos céus”.
Se a citação acima não ensina a regeneração batismal, por favor, diga quais
palavras seriam usadas para ensiná-lo?
A Confissão Presbiteriana diz: “o batismo é um sacramento do Novo Testamento
ordenado por Jesus Cristo, não apenas para a solene admissão dos batizados à
igreja visível, mas também para ser para o batizado um sinal e selo da aliança
da graça, de seu pertencimento a Cristo, da regeneração, da remissão dos
pecados e da entrega a Deus através de Jesus Cristo para andar em novidade de
vida”.
O ritual Metodista diz: “santifico esta água para este santo sacramento e
garanto que esta criança, agora a ser batizada, possa receber a plenitude da
Tua Graça e sempre permanecer no número de Teus filhos fieis e eleitos”.
Veja bem o que você acaba de ler: “garanto que esta criança possa sempre
permanecer no número de teus filhos fieis e eleitos”. Esse ritual coloca a
criança no reino e na família de Deus e isso sem fé pessoal. Pode crescer até a
maturidade com a ideia que é um filho batizado de Deus e isso sem nunca ter
sido regenerado, ou talvez até sem perceber a necessidade disso. Isso
certamente não está de acordo com as palavras de Jesus: “...Aquele
que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” (João 3:3 - ACF).
Os artigos Metodistas se basearam nos da Igreja
Inglesa e a referência aos escritos do fundador do Metodismo mostra que ele
acreditava na regeneração batismal em relação às crianças. Sobre os artigos da
Igreja Inglesa, a que ele pertencia, encontramos John Wesley escrevendo o
seguinte: (Sermões, Londres, 1872, vol.2, sermão 45, p. 74): “é certo que
nossa igreja supõe que todos os que são batizados em sua infância são ao mesmo
tempo nascidos novamente e se permite que toda a ministração do batismo
infantil prossiga nessa suposição”.
Conheci Metodistas que negam veementemente que o fundador do Metodismo defendia
a regeneração batismal de crianças, mas na citação acima, a partir de seus
próprios sermões impressos, temos isso em preto e branco.
Novamente, vamos examinar a visão Luterana, expressa pelo fundador da Confissão
de Augsburg, como segue: ”sobre o batismo, eles ensinam o que é necessário à
salvação. E condenam os Anabatistas que defendem que as crianças podem ser
salvas sem ele”. (Neander, História dos Dogmas Cristãos Vol.2, p. 693).
“Numa cidade onde o autor estava trabalhando no evangelho, os pastores de todas
as igrejas na cidade se reuniram uma manhã para considerar a adequação de
convidar Dr. R. A. Torrey para conduzir uma reunião evangelística para toda a
cidade. Para a conferência desses pastores veio o reitor Episcopaliano da cidade.
O reitor pediu para fazer uma declaração. Ele procedeu assim: ‘quero me colocar
diante de todos vós pastores da cidade, em minha relação com a reunião
evangelística proposta. Quero que vocês entendam minhas convicções sobre o
assunto. Não acredito no que é conhecido entre vocês como evangelismo. Não
acredito no que vocês chamam de conversão debaixo da espontânea operação do
Espírito Santo no coração humano. Acredito na Graça convencional e que as
pessoas se tornam Cristãs pelo batismo e pela confirmação na Igreja.
Acreditando como creio, não posso consistentemente me engajar com vocês na sua
campanha evangelística proposta’. Tudo isso o reitor disse franca e
enfaticamente. Então, parecendo justificativa para sua posição, após a
hesitação de um momento, ele continuou: ‘quaro dizer a vocês, pastores
Presbiterianos aqui, que se vocês vivem para o ensino conveniente de sua
igreja, vocês não podem empreender campanhas evangelísticas. Vocês deveriam
inclusive abandonar seus ensinos convencionais ou deixar de empreender
campanhas evangelísticas. Engajando-se em ambos, vocês fazem dois planos pelos
quais os homens se tornam Cristãos. Como eu vejo, esses pregadores Batistas são
os únicos pregadores em nossa cidade que podem consistentemente levar adiante
uma campanha evangelística. Eles não acreditam em graça convencional, mas
consistentemente defendem cada homem com sua experiência pessoal em religião,
que eles chamam de conversão e regeneração’”. (Denominacionismo Em Teste).
Outro estudo sobre as igrejas apostólicas descritas no Novo Testamento revela
vários fatos ligados às ORDENANÇAS QUE ERAM MINISTRADAS POR ELES. Esses fatos
podem ser descritos assim:
1. As ordenanças eram duas e somente duas em número: batismo e
Ceia do Senhor – Mateus 18:19 e I Coríntios 11:23-30.
Todas as tentativas de deduzir o lava pés como uma ordenança, a partir das
Escrituras falharam. Claramente, os apóstolos não tinham tal ordenança. Nem as
duas ordenanças mencionadas acima estavam à luz dos sacramentos. Falar da Ceia
do Senhor como “Sacramento” não somente não é escritural. É antiescritural.
2. As ordenanças eram ordenanças da igreja. Isso é admitido
com a unanimidade prática por todas as grandes denominações. À luz dessa
admissão, a “comunhão aberta” se torna não somente uma prática não escritural,
mas da mesma forma uma flagrante inconsistência. E se as ordenanças foram dadas
aos Batistas, como eu procurei mostrar, então receber uma “imersão estranha” é,
de todas as coisas, a mais inconsistente para as igrejas Batistas.
3. Elas eram ordenanças simbólicas, designadas a
caracterizar grandes verdades e sem possuir qualquer poder de salvação. Não
tenho necessidade de discutir isso, já que os ensinos do Novo Testamento da
salvação pela Graça lidavam com o dito acima, proibindo-nos de atribuir
eficácia salvadora às ordenanças. Pois, claro, se a salvação é pela Graça
através da fé em Cristo, não pode ser pelo batismo, pela Ceia do Senhor ou por
nossas obras.
4. O batismo era ministrado imergindo o candidato em água.
Nem a mais leve menção de aspersão pode ser encontrada no Novo Testamento.
Muitos casos claros de imersão são registrados. Essa era evidentemente a única
forma de batismo, pois Paulo em Efésios 4:5 escreve: “Um só
Senhor, uma só fé, um só batismo” (ACF). E,
de fato o sentido do termo “batismo”, se estudado no original, é bastante para
esclarecer perfeitamente a mente não tendenciosa que a imersão foi o modo
primitivo. Ao lado disso, todos os estudiosos confiáveis de diferentes
denominações admitem francamente que a imersão era o “modo” de batismo
praticado nos tempos apostólicos.
5. A Ceia do Senhor, sendo uma ordenança da igreja, era
restrita a membros da igreja. Sendo esse o caso, era, claro, precedida por
imersão.
Como as crenças das igrejas Batistas de hoje se enquadram com o ensino do Novo
Testamento a respeito das ordenanças? A resposta é: estão em perfeito acordo.
Outras denominações estão tristemente em discordância. Os Católicos admitem que
mudaram a ordenança do batismo no século doze pois a aspersão é mais
conveniente. Citei aqui sobre o Cardeal Gibbons (A Fé dos Nossos Pais,
págs. 316-317): “por vários séculos após o estabelecimento do Cristianismo, o
batismo era normalmente ministrado por imersão. O batismo é o meio essencial
estabelecido para lavar o estanho do pecado original e a porta pela qual
encontramos a admissão à Igreja. Então o batismo é tão essencial para a criança
como para o adulto. Crianças não batizadas são excluídas do Reino dos Céus. O
batismo nos torna herdeiros do céu e co-herdeiros de Jesus Cristo”.
As igrejas Protestantes (lembremos novamente que Batistas não são
Protestantes), descendentes diretos da igreja Católica, tiraram seu batismo
infantil e seus modos pervertidos de batismo de sua parenta, a Igreja Católica.
Os Campbelitas e outros que defendem o batismo como essenciais à salvação
tiraram sua regeneração batismal da mesma fonte.
Em relação à Ceia do Senhor, descobrimos que o mundo Católico e Protestante
abandonou a simplicidade da ideia do Novo Testamento, de que o pão e o vinho
são meramente símbolos ou momento que devem ser tomados como memória do
Salvador. Os Católicos defendem a transubstanciação, a doutrina de que o pão e
o vinho se tornam o corpo real de Cristo. Os Luteranos defendiam a
consubstanciação, que é uma modificação da visão Católica. Outros, como os
Presbiterianos e Metodistas defendem a ideia de benção sacramental ou
espiritual que faz da ordenança algo mais do que um mero memorial. Além disso,
muitas denominações na prática real não fazem da imersão um prérequisito para o
compartilhamento da Ceia do Senhor, como fazem as igrejas do Novo Testamento,
pois praticam a “comunhão aberta” que admite a todos que queiram participar,
sejam imersos, aspergidos, não aspergidos.
Mais, encontramos que as igrejas apostólicas eram DEMOCRÁTICAS EM SUA FORMA DE
GOVERNO ECLESIÁSTICO. Isto significa, claro, que eles reconheciam, o absoluto
senhorio de Cristo e não tinham nenhum, chefe ou mestre humano. “...Porque
um só é vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos”. (Mateus 23:8 - ACF), é o ensino do Novo Testamento. Não
havia ordem mais alta ou mais baixa de clero. Nem papas nem bispos no sentido
moderno, para chefiar sobre todos. Pedro não pensava em ser papa, pois ele se
chamava um companheiro mais velho de outros pregadores (I Pedro 5:1). Quando um
sucessor foi necessário para preencher o lugar de Judas Escariotes, Pedro não
se auto indicou, mas aos cento e vinte membros da igreja de Jerusalém (Atos
1:15-26). Quando os primeiros diáconos foram indicados, foram indicados por
Pedro, não pelos apóstolos como anciãos governantes, ou como um colégio de
bispos constituintes. Eles eram escolhidos pela multidão de discípulos ou a
igreja. Descobrimos que as igrejas resolviam seus assuntos sem interferência ou
imposição externa. Eles elegiam seus próprios oficiantes e por votação da
congregação recebiam e excluíam membros. Por exemplo, Paulo escreve à igreja de
Roma (Romanos 14:1 - ACF): “Ora, quanto ao que está enfermo na
fé”. Isto indicava que eles tinham o hábito
de receber membros. Em I Coríntios 5, Paulo diz à igreja de Corinto para
excluir um membro não válido. Em II Tessalonicenses 3, Paulo dá um conselho
semelhante à igreja de Tessalônica. Novamente, em Atos 9 temos a informação que
o próprio Paulo foi recusado na igreja de Jerusalém, porque naquele tempo a
igreja tinha dúvidas quanto à sua conversão e tinha medo dele.
Tendo uma forma democrática de governo da igreja, sendo composta por indivíduos
que estavam em igualdade e não tendo chefia visível, terrena, as igrejas eram
separadas e distintas e eram ligadas entre si de forma não orgânica. Isto é
confirmado por todos os mais antigos e mais confiáveis historiadores como tendo
sido a ordem geral por vários séculos: “todas as congregações eram
independentes umas das outras” (vol. 1, cap. 3). Mosheim, o historiador
Luterano, diz (vol. 1, p. 142): “durante grande parte desse (segundo) século
todas as igrejas continuaram a ser, como de início, independentes; cada igreja
era um tipo de república independente”.
As igrejas Batistas concordavam com o modo apostólico em relação ao governo e
política de sua igreja? Qualquer pessoa conhecedora das igrejas Batistas sabe
que a democracia em sua forma mais pura era encontrada neles. Cada igreja é
separada e distinta como nos tempos apostólicos e quando as igrejas se reúnem
em associações e convenções eles se juntam em uma única forma cooperativa,
voluntária. Não há união orgânica em uma grande “Igreja”. E ainda mais, nenhuma
associação ou convenção tem o direito de ditar regras à igreja local. As igrejas
Batistas de hoje, como nos tempos apostólicos, não tem dignitários ou
eclesiásticos para impor sua vontade sobre elas. É verdade que hoje em dia às
vezes temos um indivíduo ocasional que deseja para si mesmo poderes
eclesiásticos com os quais poderia forçar cooperação entre os Batistas. Esse
indivíduo está, em cada caso, predestinado à queda prematura[1].
Mas daremos uma olhadela, por comparação, no governo das outras igrejas.
Os Católicos não dão aos membros da igreja privilégios, mas eles obedecem à
“Igreja” e a nenhuma outra voz no governo da igreja.
A igreja Luterana é uma episcopacia com poderes legislativos governando a
doutrina e a política de congregações e indivíduos particulares.
A igreja Episcopal têm cortes legislativas e faz o mesmo.
A igreja Presbiteriana é o que se pode chamar de uma “aristocracia
centralizada”, composta de cortes legislativas com uma graduação de autoridade,
desde sessões numa igreja particular até a Assembléia Geral de toda a denominação.
A partir das decisões da Assembleia Geral não há apelação, para as igrejas ou
indivíduos.
A igreja Congregacional chega mais perto da posição Batista nessa questão do
que as demais, mas permanece longe em alguns outros pontos.
A igreja Metodista é uma episcopacia com um sistema de maquinário eclesiástico
que deixa pouco espaço para a autonomia da igreja local ou à expressão da
individualidade da parte dos seus membros.
Essa forma de governo da igreja não é só antibíblica, mas também prova não ser
sábia em muitos exemplos, desde o ponto de vista sobre o que seria útil. A
questão de onde os sacerdotes vão trabalhar, a escolha dos seus respectivos
campos é tomada de suas próprias mãos e precisam ir onde são enviados. Nesse
sistema, um pregador pode ser enviado onde não queira ir onde sente que nem o
Senhor nem o povo o quer. Num caso que observei, um homem foi enviado a um
pequeno pastorado ao qual foi anexado um salário menor do que ele se acostumara
a receber. A mudança foi tão arbitrária e insatisfatória que o pregador se
rebelou e só ficou ali tempo suficiente para vender suas coisas de casa. Se fui
informado corretamente, ele abandonou a igreja com a firme intenção de se unir
a outra denominação. Esses acontecimentos são muito embaraçosos para a igreja e
para o pastor. São o fruto natural de um sistema eclesiástico não escritural.
Os Campbelitas ou Igreja “Cristã” recebeu sua forma de governo do seu
fundador, Alexander Campbell que, por sua breve associação com os Batistas, se
imbuiu de algumas ideias. Os Campbelitas professam uma forma congregacional de
governo, mas na realidade, o pastor é investido de poderes Episcopais para
receber membros sem o voto da congregação.
Outra coisa que deve ser claramente coletada a partir do Novo Testamento a
respeito das igrejas daqueles dias é que eles ERAM TOTALMENTE LIVRES DE
QUALQUER COERÇÃO. Em outras palavras eles acreditavam na liberdade religiosa.
Religião era um assunto puramente voluntário. Eles eram profundamente
impactados com seu dever de pregar, ensinar e persuadir, mas sua palavra
terminava ali. Se o indivíduo aceitava ou não o evangelho e se afiliava à
igreja ou não era um assunto a ser decidido pelo próprio indivíduo fora de
qualquer tipo de medida coercitiva. Havia total separação entre igreja e Estado.
“Daí a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” era a admoestação de
Jesus. Com tal concepção como as igrejas do Novo Testamento tenham de liberdade
de consciência, a precaução religiosa era impossível para eles.
Novamente perguntamos: como as igrejas Batistas de hoje concordam com os
princípios de liberdade defendidos pelas igrejas apostólicas? A resposta é que
ainda mantém esses princípios, tais como os tinham no primeiro século. Eles
sustentam ser seu dever e obrigação pregar o evangelho a todo o mundo, mas
procuram não forçar ninguém a aceitá-lo. Eles acreditam que todo homem tem o
direito individual de fazer a si mesmo uma pergunta sobre seu relacionamento
com Deus. Consequentemente, acreditam que o batismo infantil é um pecado contra
Deus e contra as criancinhas, pois força um rito religioso sobre uma criança
indefesa e a partir disso, o privilégio de obedecer a Cristo por si mesmas. Os
Batistas não colocam sacerdote, ordenança nem qualquer coisa entre o indivíduo
e Deus. Eles defendem que cada pessoa pode, através de Jesus Cristo, contatar
Deus e estar com Ele por si mesma. Nas relações o mesmo princípio voluntário se
mantém. Nenhum alto poder eclesiástico força as igrejas a tomar medidas. Nenhum
conjunto de eclesiásticos dirige os negócios das igrejas por si mesmos e para
aceitação dos líderes eles escolhem pelo povo. O povo Batista governa a si
mesmo e cada igreja determina a medida e o tipo de cooperação que se engajará
com outros corpos e organizações.
Para os Batistas, a união entre igreja e Estado é um mal indescritível a que
nunca deram apoio. Eles sofreram através do tempo cruéis prisões, punições e
até mesmo o martírio nas mãos de outras pessoas porque, na verdade, as pessoas
de outra fé, através dos poderes civis, possuíam a espada da coerção e
perseguição.
Vamos agora examinar outras denominações e observar suas atitudes sobre esse
ponto. Os católicos não dão aos indivíduos qualquer prerrogativa pessoal. A
Igreja possui a alma do indivíduo e pode, pela excomunhão, destruir toda a
esperança de eternidade. A história da Igreja Católica tem cheiro de sangue.
Por longos períodos, o Catolicismo era a religião-Estado e perseguiu tão
cruelmente os dissidentes que foram forçados a se esconder nos “covis e
cavernas da terra”. Posso somente mencionar o massacre do Huguenotes em que
centenas de pessoas foram desmembradas, dos horrores da Inquisição, em que
invenções diabólicas criaram cada tortura com que afligiram os Batistas e
outros que mantinham visões religiosas dissidentes. Escrevo essas linhas no
Brasil, onde em cada local se pode ver a evidência da intolerância Católica. Na
semana passada vieram notícias de como os Católicos interromperam cultos
conduzidos por Batistas na cidade de Bom Jardim, a algumas milhas daqui.
Episcopalianos, Luteranos, Prebiterianos, Metodistas e Congregacionalistas se
juntam aos Católicos em diminuir a liberdade da consciência individual por
causa de sua prática do batismo infantil. “Os Campbelitas estabelecem uma
ordenança entre o pecador e o Salvador e, portanto, proíbem sua ilimitada
proximidade de Deus”. Os Episcopalianos da Inglaterra derivam seu sustento do
governo e os Batistas são forçados a pagar para dar suporte a uma igreja em
quem não acreditam. Dr. John Clifford, um notável pregador Batista, foi para a
cadeia vezes seguidas por sua recusa em pagar para ajudar a sustentar a Igreja
Episcopal. Os Luteranos se uniram ao Estado e usaram seu poder para perseguir.
Por exemplo, Henry Crant, Justice Muller e John Peisker, Batistas, foram
decapitados em Jena, em 1536 pelos Luteranos. Entre suas visões anunciadas
estava a doutrina de que todas as crianças são salvas sem batismo. (Ver a obra
de McArthur, Por Que Sou um Batista?). Os Presbiterianos consentiram com
a união não santa da igreja com o Estado e também perseguiram. O partido
assumido por João Calvino, o fundador do Presbiterianismo ao queimar Seventus,
o Anabatista na estaca é muito conhecida para mencionar em detalhes. Os
Congregacionalistas perseguiram, pelo poder civil nos primeiros tempos coloniais
da América. Clark, Holmes e Candrall, líderes Batistas, foram multados, presos
e publicamente surrados em Boston. Ao perguntar qual lei de Deus ou dos homens
ele (Clark) tinha quebrado, Endicott lhe respondeu: “você negou o batismo
infantil e merece morrer”.
E posso acrescentar que nem toda a perseguição aos Batistas pertence ao
passado. Em quase todo lugar hoje, onde os Batistas defendem toda a Bíblia e
pregam suas doutrinas, encontram perseguição. Eles são chamados de “estreitos”,
“fanáticos” e são apontados com desprezo. Muitas vezes, por causa de suas
crenças não lhes é permitido engajarem-se em todos os tipos de movimentos e
programas sindicalistas e são amargamente criticados. Em meu próprio
ministério, minha própria igreja foi boicotada por membros de outras
denominações porque preguei os ensinamentos do Novo Testamento a respeito das
ordenanças. As formas de perseguição não são as mesmas dos dias idos, mas a
perseguição, que não é menos real, muitas vezes ressurge por aqueles que não
desposam o princípio puramente voluntário do Novo Testamento e dos Batistas.
Outra característica das igrejas de Cristo nos tempos apostólicos foi sua
REVERÊNCIA PELAS ESCRITURAS E OS COMANDOS DO SENHOR DADOS A ELES ATRAVÉS DE
HOMENS INSPIRADOS. A eles, a Palavra de Deus, contida no Velho Testamento ou
saída dos lábios ou caneta de homens inspirados, era suficiente.
Os Cristãos daqueles dias não destruíram o Velho Testamento como os Modernistas
de nossos dias, que o partem em pequenos pedaços e chamam um pedaço de documento
“J” e outra parte de documento “E” e assim por diante. Para eles o Velho
Testamento não continha meramente uma revelação de Deus. Era A revelação. Eles
receberam os ensinos dos apóstolos como autoridade.
Aqui, novamente, distinguimos a semelhança entre as igrejas Batistas de hoje e
as igrejas dos tempos antigos. Para os Batistas, as Escrituras do Velho e Novo
Testamento constituem a autoridade final em todos os assuntos de crença e
prática. A grande doutrina que constituia o alicerce onde todas as suas
doutrinas é: “a Bíblia, só a Bíblia é nossa única e suficiente regra de fé e
prática”. Como alguém colocou habilmente: “se você não pode encontrar na
Bíblia, não é uma doutrina Batista. Se for uma doutrina Batista você pode
encontrá-la na Bíblia”. Os Batistas acreditam que cada indivíduo tem o direito
de ler e interpretar as Escrituras por si mesmo. Eles não acreditam em estudar
e interpretar à luz dos comentários de alguém, como fazem os Cientistas
Cristãos, que a estudam à luz da obra “Ciência e Saúde” do Sr. Eddy, ou
os Russolitas que a interpretam com a ajuda dos Estudos Bíblicos do
Pastor Russell ou os Católicos que, quando lêem a Bíblia, lêem a tradução
imperfeita da versão Douay, à luz das interpretações Cristãs, anexadas a cada
página, na forma de “notas”. Os Batistas acreditam que a Bíblia diz o que quer
dizer e significa o que diz e está escrita de modo a ser entendida pelas
pessoas comuns. Eles não acreditam ser correto procurar justificar uma prática
por um conjunto de regulamentos delineados por homens falíveis.
Consequentemente, uma coisa ser encontrada numa “Disciplina” ou “Catecismo” lhe
acrescenta muito pouco peso. Mas, enquanto essas coisas são verdadeiras, também
é verdade que os Batistas sempre quiseram estabelecer suas crenças. Eles o fizeram
repetidamente na forma de “Confissões de Fé”. Essas confissões simplesmente
colocam diante do mundo sua interpretação do que a Bíblia ensina sobre assuntos
fundamentais. Eles não amarram credos forçados sobre corpos Batistas, pois cada
igreja tem o privilégio de produzir sua própria declaração de fé.
Quais são as atitudes de outras denominações a respeito da Bíblia? Não é a
atitude Batista, se não, não haveria a divisão que existe hoje. Muito é dito
hoje sobre a união da igreja e os Batistas são muitas vezes acusados pela
condição cismática do Cristianismo. Mas pode-se dizer verdadeiramente que os
Batistas estão prontos a se unirem sob o princípio da absoluta adesão ao Novo
Testamento.
A visão Católica, por exemplo, é o oposto exato aos Batistas. Os Católicos
acreditam no Papa como a fonte da doutrina e defendem sua infalibilidade em
suas decisões. Sobre esse ponto, temos a seguinte afirmação do Cardeal Gibbons:
“quando surge uma disputa na igreja sobre o sentido das Escrituras, o assunto é
mencionado ao Papa para julgamento final. Ele pronuncia seu julgamento e sua
sentença é final, irrevogável e infalível”. Novamente, no mesmo livro (A Fé
de Nossos Pais), ele diz: “as Escrituras nunca podem servir como uma
completa regra de fé ou um guia completo ao céu, independente de um intérprete
vivo autorizado”.
Outras denominações ocupam posições entre os Batistas e os Católicos. As
igrejas Luteranas, Episcopais e Metodistas são investidas com poderes
legislativos amplos para lhes permitir fixar doutrina e conduta legislativa
para congregações particulares e para indivíduos. Como já vimos, a Assembleia
Geral da Igreja Presbiteriana é investida com poder supremo em assuntos que
afetam a doutrina e a política.
Há outra coisa considerada fundamental entre as igrejas do Novo Testamento e
que foi o que deu o nome: “A COMPETÊNCIA DA ALMA DEBAIXO DE DEUS, NA RELIGIÃO”.
“Todos nós prestamos contas de nós mesmos a Deus”. Esse é o ensino de Paulo.
Cada alma é considerada competente para lidar com Deus sem a interferência de
sacerdotes humanos ou mediadores. A liberdade absoluta de consciência foi
permitida e a coerção nunca deu bom resultado em assuntos pertinentes à
religião, como já foi indicado.
Nisso percebemos os Batistas como estritamente apostólicos. Os Batistas acreditam
que o homem, como homem, tem a capacidade de conhecer Deus e, sob o poder do
Espírito Santo, fazer a vontade de Deus. “Essa competência da alma debaixo de
Deus”, como um autor colocou é, “ao mesmo tempo exclusiva e inclusiva. Exclui
toda a interferência humana, toda a representatividade em religião, todas as
ideias de intervenção sacerdotal ou episcopal. Religião é um assunto entre a
alma individual e Deus. Inclui todos os direitos de uma democracia absoluta e
constitui, em cada crente, seu próprio sacerdote e rei”. Pode não estar fora de
lugar aqui citar o Dr. E. Y. Mullins sobre este ponto. Ele diz: “o significado
Bíblico dos Batistas é o direito à interpretação privada e obediência às
Escrituras. O significado dos Batistas em relação ao indivíduo é a liberdade da
alma. O significado eclesiástico dos Batistas é a membrania regenerada à igreja
e a igualdade entre o sacerdócio e os crentes. O significado político dos
Batistas é a separação da igreja e Estado. Todos eles crescem naturalmente e da
necessidade a partir da doutrina da competência da alma na religião”.
E agora, vamos examinar brevemente outras denominações e não sua atitude nesse
assunto. Todos os que conhecem a posição Católica admitirão prontamente que ela
está em direta antítese com a doutrina Batista da competência da alma.
Enfatizando todo o esquema do Catolicismo Romano está a ideia de incompetência
da alma. Isto é visto na confissão auricular, a negação do direito à
interpretação privada da Bíblia, o batismo infantil, o monopólio sacerdotal aos
elementos necessários à ”comunhão” e várias outras coisas.
O Protestantismo é uma mistura das posições Batistas e Católicas. Uma citação
do Dr. M. P. Hunt (A Fé Batista) tornará isto claro. Ele escreve: “em
muitas coisas o mundo Protestante está agora com os Batistas, mas em algumas
coisas ainda se apega aos andrajos do Catolicismo. Como, por exemplo, o
episcopado, o batismo infantil e a regeneração batismal. Essas coisas são todas
não escriturais e primeiro viram a luz na Igreja Católica e foram nutridas por
sua concepção não escritural da incompetência da alma na religião. Defendendo a
doutrina da justificação pela fé, o mundo Protestante está junto com o Batista,
enquanto, ao batizar suas crianças na igreja, durante a inconsciente infância,
eles estão junto com os Católicos. Na questão da liberdade civil e religiosa, o
mundo Protestante na América agora está em total simpatia com a posição
Batista, enquanto as igrejas que mantém forma de governo Episcopal tem a mesma
posição dos Católicos. Tome-se as ‘Disciplinas’, que tem menos de cem
anos e elas estão junto com os Batistas na questão do batismo dos crentes, mas
ao mesmo tempo, estão junto com os Católicos na defesa do batismo como
essencial à salvação”.
Outras características das igrejas apostólicas poderiam ser citadas e sua
identidade com as características Batistas serem estabelecidas. Mas já se disse
o suficiente, com bastante certeza, para demonstrar que os Batistas são
apostólicos em relação à sua fé e prática. Quem lê o Novo Testamento só poderá
ver a identidade doutrinária dos Batistas de hoje com as igrejas do Novo
Testamento. Dr. A. T. Robertson dissera: “dê a um homem um Novo Testamento e
uma boa consciência operante e um Batista será o resultado certo”. Exemplos são
registrados em que várias denominações têm buscado atrair à sua igreja um novo
convertido e, como regra, quando se anuncia que o indivíduo está fazendo um
estudo do Novo Testamento e deixará que este o guie, normalmente se percebe que
os Batistas venceram.
Se eu quisesse usar bastante espaço, poderia citar na íntegra um relato de I.
N. Yohannan, um persa convertido pela pregação de um missionário Presbiteriano,
mas que, ao ler o Novo Testamento, veio da Pérsia a New York para ter um
batismo Batista. Eu poderia contar a história de John G. Oncken e sua família
em Hamberg, Alemanha. Eles, tornando-se crentes e por não terem guias
eclesiásticos, se puseram a estudar o Novo Testamento com esse resultado: UMA
IGREJA BATISTA! Eu poderia falar de Judson e Rice, que foram enviados a um
campo estrangeiro por outra denominação e durante sua viagem estudaram o Novo
Testamento e chegaram ao seu campo com convicções que os levaram a se unir a
uma igreja Batista, mesmo que isso tenha significado para eles renunciar ao
sustento daqueles que os enviaram. Eu poderia contar como no Estado da Paraíba,
Brasil, homens foram convertidos sob a pregação de um missionário Presbiteriano
e se tornaram Batistas na crença pela leitura do Novo Testamento. Eles foram
para a cidade onde agora eu resido (Estado de Pernambuco) a um pregador Batista
para vir batizá-los.
É certamente verdade que, julgados pelo teste doutrinário, os Batistas
validaram sua reivindicação da perpetuidade da igreja!
“Alguns dizem que os Batistas não podem rastrear sua história através dos
séculos por causa das irregularidades das crenças entre as seitas dissidentes.
Bem, quando lembramos que as verdadeiras igrejas de Cristo têm sido perseguidas
em todas as épocas e levados às escuras cavernas e à solidez das montanhas, com
o que seus inimigos afirmam sobre eles, podemos esperar que algumas diferenças
apareçam entre eles. Mas estarão os Batistas de hoje livres dessas pequenas
diferenças? O fato é que temos muitos Batistas Unitários entre nós no momento
presente que estão tentando sair de nossa comunhão”.
J. L. Smith, em “A Lei Batista da Continuidade”.
Vimos, no capítulo anterior que todas as igrejas e denominações,
com a única exceção das igrejas Batistas, se originaram em tempos pós
apostólicos e, além disso, que sua origem pode ser rastreada a um chefe e
fundador humano. Aplicando o teste histórico de Jesus, que requer que a
verdadeira igreja deve ter tido a Ele, como Fundador, e deve ter sido
perpetuada através de todos os tempos, eliminamos todas as igrejas, salvo as
Batistas. No capítulo anterior aplicamos o teste doutrinário, com os resultados
de que somente as igrejas Batistas sejam apostólicas em doutrina, forma e
prática. Outras denominações, já vimos, falharam neste teste. Cada uma delas mostrando
amplo afastamento da doutrina e prática apostólicas. Já se tornou aparente que
as igrejas Batistas são idênticas às igrejas da época do Novo Testamento e,
consequentemente podem corretamente requerer serem as verdadeiras igrejas de
Cristo. Porém, não nos deteremos aqui. Propusemos no início dedicar algum tempo
a provar a perpetuidade da igreja Batista por afirmações de confiáveis
historiadores.
Antes de lermos o testemunho dessas testemunhas históricas, pode ser
importante, por clareza, falar brevemente de vários assuntos mais ou menos a
respeito dessa questão. Esses pontos, indicados numericamente são:
1. Que se possa ter em mente, conforme indicado no início,
que os Batistas não tentam estabelecer sua posse do nome Batista. Alguns dizem
que as igrejas Batistas não são as verdadeiras igrejas porque não são chamadas
pelo nome Batista no Novo Testamento. O fato claro é que eles não eram chamados
por qualquer nome que os distinguisse naquele tempo, mas simplesmente
conhecidos como “igrejas”. E por quê? Claramente porque todas as igrejas eram
então de uma só fé e consequentemente não precisavam de nome, exceto pelo local
da igreja, por exemplo, a “igreja de Antioquia”, “de Corinto”, etc. Mas logo se
pode ver que à medida do passar do tempo, organizações espúrias chamando a si
mesmas de igrejas brotaram e nomes distintos vieram a ser usados por
necessidade. Como para os Batistas, eles foram chamados por diferentes nomes ao
longo dos séculos. Esses nomes eram jogados sobre eles por seus inimigos e perseguidores,
como antes tentei mostrar. Às vezes, em um país certo nome lhes era aplicado,
enquanto, ao mesmo tempo recebiam outro nome em outra terra. Os mesmos tipos de
igrejas existiram, caracterizadas pela mesma doutrina e vida evangélica, mas os
nomes que portavam eram diferentes. É muito fácil entender porque isso teria
acontecido quando as igrejas eram amplamente separadas e quando havia pouca
intercomunicação. Nos dias coloniais da América, os batistas eram muitas vezes
chamados de “Anabatistas” e “Catabatistas”. De fato, ao ler alguns documentos
históricos relativos à história do Kentucky, descobri que os Batistas eram
chamados de Anabatistas. Bem certo que a queda do “Ana” de forma alguma mudou
as características das igrejas. Nem os Waldenses mudaram quando, ao longo do
tempo vieram a ser chamados de Anabatistas. Então o importante não era a
identidade do nome, mas a continuidade da doutrina e da vida, mantidas por
pessoas que se reuniam como corpo de crentes batizados em Cristo.
2. Lembremo-nos que os que negam a perpetuidade Batista
diferem muito de quanto os Batistas tiveram sua origem. Sua grande incerteza e
sua completa divergência de opinião sobre a questão é em si um bom argumento
para a coisa a que se opõem. Dr. W. A. Jarrell, ao preparar seu manuscrito para
seu livro Perpetuidade há alguns anos, escreveu algumas cartas a alguns
oficiais e estudiosos de igrejas Católicas e Protestantes, perguntando:
“quando, onde e por quem a primeira igreja Batista se originou?” As respostas
recebidas mostraram desesperança, confusão e incerteza. Esses homens, sem
querer aceitar que a primeira igreja que sempre existiu foi uma igreja Batista,
foram muito pressionados a encontrar uma resposta e suas respostas falharam na
concordância umas com as outras.
Permita-me ilustrar mais este ponto: tenho aqui em minha mesa dois livros
escritos por homens que violentamente se opuseram à ideia da perpetuidade
Batista. Datando a origem dos Batistas, um diz que os Batistas começaram na
Alemanha em 1521 por Nicholas Stork. O outro diz que a primeira igreja Batista
foi fundada em Amsterdã por John Smith, um inglês, em 1607. O fato é que os que
negam que Jesus iniciou a primeira igreja Batista em Jerusalém simplesmente não
conseguem apontar a data do início da primeira igreja Batista e o homem que a
iniciou. Não conseguem nomear corretamente da data porque ela não existe! Não
conseguem nomear o homem desse lado de Cristo, porque ele nunca viveu!
3. Note a confusão que prevalece entre os que afirmam que
Jesus não encontrou a assembleia local, mas uma “Igreja invisível universal”.
Por exemplo, Dr. C. I. Scofield em sua “Síntese da Verdade Bíblica”, diz
que ecclesia é usada no Novo Testamento em quatro sentidos diferentes: “Para
designar todo o corpo de redimidos durante a atual dispensação, designar uma
igreja local, designar grupos de igrejas locais e designar a igreja visível ou
corpo de crentes professos sem referência a localidade ou números”. A confusão
aqui fica pior! Quem pode ler o Novo Testamento com mente não tendenciosa e ter
a impressão que Jesus fundou vários tipos diferentes de igrejas? Esse
ensinamento só surgiu como uma necessidade teórica. Mais, descobrimos que a Confissão
de Westminster contém ainda outra concepção de igreja em que os que nunca
se tornaram crentes são membros. Essa confissão diz que a igreja consiste “de
todos aqueles em todo o mundo que professam a verdadeira religião, juntos com
seus filhos”.
4. Há aqueles que prontamente admitem uma perpetuidade dos
princípios Batistas, mas não querem admitir a perpetuidade das igrejas
Batistas. Por exemplo, H. C. Vedder, em sua Breve História dos Batistas,
dedica a maior parte da sua introdução em um argumento contra a perpetuidade
dos Batistas, então, estranho dizer, começa sua história dos Batistas nos
tempos do Novo Testamento. Ele não admite a continuidade das igrejas Batistas,
mas dedica mais de duzentas páginas ao que chama de “História dos princípios
Batistas”. Surge imediatamente essa questão: se os princípios Batistas tiveram
existência contínua desde os tempos apostólicos, então certamente devem ter
existido pessoas que defenderam tais princípios. Pois a perpetuidade dos
princípios Batistas necessariamente envolve o fato que viviam indivíduos que os
defendiam. Os indivíduos que defendiam princípios Batistas não eram Batistas? E
as igrejas compostas de tais indivíduos não eram Igrejas Batistas individuais?
Se não, estou bastante interessado em saber que tipo de igrejas elas eram. A
posição de ter havido uma perpetuidade dos princípios Batistas, mas não de Batistas
é ilógica e uma pessoa de mente reflexiva ficaria doente mantendo tal posição.
5. Ninguém pode negar que deve ter havido desde os dias dos
apóstolos, empresas, congregações e seitas de Cristãos dissidentes das formas
estabelecidas e comumente aceitas. Quando as igrejas que prevaleceram caíram em
erros e abandonaram o ensino evangélico, os que continuaram piedosos se
separaram da multidão e adoravam e serviam a Deus conforme seu entendimento das
Escrituras. Essas pessoas, verdadeiras no ensino apostólico, constituindo no
mais estrito sentido o que restava da verdadeira igreja de Cristo, foram
amargamente perseguidas, chamadas de “heréticas”, e recebendo toda sorte de
nomes odiosos. E porque usavam normalmente os nomes que lhes eram aplicados
pelo ódio dos seus inimigos, os nomes variavam. Consequentemente seria tolo,
pelo fato do nome Batista não poder ser rastreado sucessivamente até os tempos
apostólicos, negar que as pessoas que defendem os princípios Batistas e, no
sentido real, que os Batistas tenham existido.
6. “Muitas vezes são feitas objeções a rastrear os descendentes
Batistas através das assim chamadas seitas” dissidentes que existiram desde os
tempos do Novo Testamento, com base de que havia irregularidades entre eles
quanto à doutrina e prática. Algumas das igrejas incluíam sob o mesmo nome as
pessoas através das quais os Batistas acompanham sua perpetuidade, praticavam
coisas fora de harmonia com as coisas que os Batistas praticam hoje. Portanto,
é questionável que os Batistas errem ao afirmar parentesco com eles. Vamos
pensar sobre essa objeção por alguns momentos. Deveria ser evidente para quem
pensar sobre essas igrejas, absolutamente independente, reunidos de nenhuma
forma orgânica fechada, conduzidas ao isolamento, divididas e separadas por
perseguição, em qualquer probabilidade virem a diferir de certa forma em
assuntos menores de doutrina e política. Mais, alguns poderiam até se afastar
tanto do ensino das Escrituras que seriam indignas do nome nascido delas. Não
há dúvida que isso aconteceu em muitos exemplos entre as pessoas por quem os
Batistas delineiam descendência. Historiadores tendenciosos usam exemplos mais
ou menos isolados e os magnificaram numa tentativa de mostrar que toda a
“seita” não era Batista em suas doutrinas e práticas. Sob o mesmo princípio se
questionaria que certas igrejas da era apostólica não seriam verdadeiras
igrejas. Por exemplo, a igreja em Corinto era muito imperfeita. Existiam
irregularidades e ninguém afirma que ela não era uma verdadeira igreja de Cristo.
Poder-se-ia magnificar as irregularidades e variações que existem entre as
igrejas Batistas do Norte e do Sul ou entre os Batistas do Sul e os do Canadá
ou da Inglaterra e erroneamente concluir que eles não devam ser classificados
como o mesmo povo. E de fato, há igrejas que se autodenominam Batistas que sem
dúvida se afastaram das Escrituras e não são mais verdadeiras igrejas Batistas.
É muito injusto, porém, julgar um povo como um todo pelas ações de algumas
igrejas que passam longe da verdade. Avaliando-as adequadamente, devemos
descobrir o que eles pensam na essência. Devemos nos certificar, quais eram os
princípios que em geral os caracterizava.
Devemos nos lembrar que muito do que está registrado sobre aqueles que
defenderam a visão Batista em épocas passadas veio das canetas de seus
adversários. Os que escreveram sobre eles em geral odiavam esses “dissidentes”
com ódio mortal e maligno e não tinham escrúpulo em persegui-los até a morte. O
testemunho de tais testemunhas pode ser considerado como confiável? Muitas
vezes encontramos historiadores, até alguns que se dizem Batistas querendo
caracterizar os Batistas dos tempos passados conforme os registros de seus
perseguidores, que se deliciavam com nada menos do que exagerar suas faltas.
Estranho dizer, alguns historiadores parecem dar mais credenciais às afirmações
de seus inimigos do que as contidas nos escritos existentes desses próprios
Cristãos. Parece-me que as histórias de Newman e Veddre chegam a esse extremo
mencionado. Comparei seus escritos sobre os vários corpos de Cristãos que
estiveram em Roma nos primeiros tempos, com os escritos de outros historiadores
Batistas. Não fui capaz de me manter neutro em sentimentos e senti que eles
fizeram a esse povo uma profunda injustiça. Aqueles nobres homens e mulheres
que mantiveram vivas as grandes doutrinas da fé do Novo Testamento através dos
tempos sangrentos de perseguições, que mantiveram a religião evangélica em face
à apostasia Romana, muitas vezes ao custo da própria vida, certamente
aguentaram bastante durante suas vidas sem ter perpetuado contra sua memória,
por historiadores tendenciosos, as calunias de seus inimigos.
7. Deve-se bem perguntar neste momento: quanto uma igreja
pode se afastar da verdade e ainda ser uma igreja do Novo Testamento? Os que
afirmam que Montanistas, Novatistas, Paulicianos, Waldenses, etc. eram muito
heréticos para se parecerem com os Batistas, deveriam ponderar essa questão.
Mesmo o Dr. A. H. Newman reconhece que as igrejas podem ter irregularidades e
ainda serem igrejas do Novo Testamento, pois em sua história do
“Antipedobatismo”, pág. 28, ele diz: “pode-se admitir que uma igreja possa
cometer graves afastamentos em doutrina e prática do padrão apostólico, sem
deixar de ser uma igreja de Cristo”. Se podemos determinar até onde uma igreja
pode se afastar da verdade e ainda permanecer uma igreja do Novo Testamento,
deveremos então estar preparados para examinar as crenças dos vários partidos e
“seitas” dos tempos antigos para determinar se podemos rastrear com justiça os
Batistas através deles.
Na questão sobre o que se constituia uma igreja do Novo Testamento, quero citar
com aprovação as palavras do Dr. T. T. Martin, encontradas em seu esplêndido
livro sobre a igreja do Novo Testamento. Ele diz: “Somente duas doutrinas são
essenciais para uma igreja do Novo Testamento. Outras doutrinas são
importantes, preciosas, mas só duas são essenciais a uma igreja do Novo
Testamento. Elas são: o MODO DE SALVAÇÃO e o MODO DE BATISMO. A Comissão deixa
isso claro. Mateus 28: 19-20: ‘Portanto ide, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os...’ (ACF). Um corpo de pessoas defendendo essas
duas doutrinas e nessa ordem do Novo Testamento podem estar em erro em outras
doutrinas e ainda ser uma igreja do Novo Testamento. Por exemplo: se houver no
Ocidente uma igreja chamada de ‘Batista’ que defende a imersão para o batismo,
mas não aceita o modo de salvação do Novo Testamento, então não é uma Igreja do
Novo Testamento. Se houver uma igreja em New York ou na Inglaterra chamada de
‘Batista’ que defende o modo de salvação do Novo Testamento, mas não defende a
imersão no batismo, então não é uma igreja do Novo Testamento. Se há uma igreja
chamada ‘Batista’ que defende o modo de batismo do Novo Testamento, mas a
pessoa pode ser batizada antes de ser salva, então não é igreja do Novo
Testamento”.
Tem havido igrejas Batistas em tempos recentes que praticavam o lava pés.
Outras tiveram visões erradas em relação ao Sabat. Em nossos dias conheci
igrejas Batistas no Norte com uma mulher como pastora e conheci igrejas que
adotam vários planos não escriturais para realizar seu trabalho. Mas nenhuma
dessas coisas lhes permitiu deixar de ser igreja do Novo Testamento. Assim como
um Cristão pode ser desobediente e ainda permanecer Cristão, assim uma igreja
pode ser desobediente e ainda permanecer igreja do Novo Testamento, embora
conscientemente e indignamente. Pois, repitamos, segundo os termos da Comissão,
duas doutrinas e somente duas são essenciais a uma igreja do Novo Testamento: O
MODO DE SALVAÇÃO E O MODO DE BATISMO.
“Esta igreja não foi engolida pela Igreja Católica e não deixou de existir nas
Eras Negras como professos Protestantes, mas de fato têm uma linha contínua de
igrejas em todos esses séculos, sob vários nomes, mas mantendo os mesmos princípios
que a igreja fundada por Cristo e que as verdadeiras igrejas Batistas mantém
hoje. Não houve igrejas Protestantes reais até o século dezesseis. Quem
forneceu os milhões de mártires, quem foi cruelmente posto à morte pela Igreja
Católica? Só há uma resposta: eles eram Batistas”.
J. T. Moore, em “Por Que Sou um Batista”.
Tocamos no fato que desde o tempo
em que a corrupção começou a ganhar ascendência e a ordem de Deus começou a ser
pervertida e mudada, tem havido dissidentes, os que protestaram contra o mal e
a corrupção e se uniram para viver e agir conforme os ensinamentos das
Escrituras. Os que mantiveram a forma, doutrina e ensinamentos do Novo
Testamento eram tidos pelas igrejas corruptas como “seitas” e eram denunciados
como “heréticos”. Todos os historiadores admitem que essas “seitas” ou
“heréticos” existiram em todas as épocas.
Nessas igrejas, que se mantiveram no ensino do Novo Testamento contra a
corrupção, houve líderes e homens ilustres que se tornaram extremamente bem
conhecidos e bem odiados porque ousaram enfrentar a causa da verdade contra a
apostasia. Em muitos exemplos, um grande número daqueles que mantiveram a
verdadeira fé se aplicou a eles o nome do seu líder. Quando um novo nome
passava a ser aplicado aos que defendiam as crenças Batistas, os historiadores
escrevem como se uma nova seita fosse inaugurada. Na verdade era apenas um nome
que inaugurava um grito dos inimigos. Um novo nome se aplicava ao mesmo povo,
mantendo as mesmas crenças peculiares e de forma alguma mudando-as.
Agora, antes de eu começar a sugerir alguns dos povos dos tempos antigos
através de quem os Batistas podem adequadamente afirmar sua continuidade
histórica, permita-me enfatizar dois pontos que peço ao leitor manter em mente
em toda a leitura de todo o capítulo. Primeiro, o que estou procurando
estabelecer é que sempre houve, desde os tempos de Cristo, grupos de indivíduos
que mantiveram os pontos essenciais da fé do Novo Testamento e que se mantinham
reunidos em igrejas essencialmente Batistas em fé e prática. Segundo, só duas
doutrinas são essenciais a uma igreja do Novo Testamento: o modo de salvação e
o modo do batismo. Se um grupo de igrejas são impactantes nesses dois pontos
cardeais elas podem ser corretamente chamadas de igrejas Batistas. Não há
dúvida que, devido às circunstâncias que prevaleciam e onde poderíamos
lucrativamente nos demorar se o espaço permitisse, algumas das “seitas” tinham
irregularidades entre eles. Algumas das pessoas que mencionarei tinham ideias
erradas e faziam concessões em algumas extravagâncias. Porém, se eu puder
mostrar que eles mantinham puras as duas doutrinas cardinais mencionadas como
essenciais a uma igreja Batista, eu terei provado minha afirmação que eles eram
Batistas. É defendido contras alguns dos “dissidentes”, por exemplo, que eles
tinham ideias extravagantes sobre a Segunda Vinda de Cristo. Isso não os
desqualifica de serem Batistas. Assim foram os Tessalonicenses que tinham essas
visões erradas e Paulo teve que escrever II Tessalonicenses, para corrigi-los.
Assim alguns Batistas de hoje que vão ao extremo de realizar programas e
eventos ligados ao retorno de Cristo.
Mas prossigamos com notas bem breves sobre algumas “seitas” que mantinham
separação do movimento que veio a ser conhecido como Catolicismo. Podemos
começar bem com os Montanistas.
1. MONTANISTAS. Sei bem que alguns historiadores Batistas
levantam suas mãos com horror ao pensamento de que os Batistas afirmam
semelhança com os Montanistas (cf. Newman e Vedder). Com antipatia preconcebida
sobre a ideia da continuidade Batista, eles procuram desenhar um quadro obscuro
das antigas “seitas”, como as chamam, quando possível. De muitos historiadores
recebi informações sobre os Montanistas. Minha conclusão é que suas irregularidades
foram muito exageradas. Em algumas das igrejas houve irregularidades, sem
dúvida, mas estou convencido que no todo, eles foram um povo grande e bom,
defendendo as doutrinas essenciais a uma igreja Batista. Vamos rever as
afirmações dos historiadores sobre eles:
Vedder diz (Breve História dos Batistas, págs. 58, 62): “eles claramente
apreenderam a verdade que uma igreja de Cristo deve consistir só de
regenerados, claro, os Montanistas imersos, e nenhum outro batismo até onde
sabemos, era praticado por ninguém no século dois. Não há evidência que
batizavam crianças e seu princípio de uma membrania de igreja regenerada
naturalmente requeria somente o batismo de crentes”.
Deveríamos nos envergonhar por afirmar semelhanças com essas igrejas, compostas
de pessoa regeneradas, devidamente imersas sob profissão de fé em Cristo?
Mas leiamos mais sobre os testemunhos de historiadores.
O “Montanismo” era um protesto contra a corrupção, um viver de pecado e uma
disciplina frouxa. A substância da luta dessas igrejas era por uma vida no
espírito. Não era uma nova forma de Cristianismo. Era uma recuperação da antiga
e primitiva igreja estabelecida contra a corrupção óbvia do Cristianismo de
então. A antiga igreja demandava pureza. A nova igreja tinha lutado por uma
barganha com o mundo e se acomodou confortavelmente com ele e eles, portanto os
quebraram”. (Moeler, Montanismo, na Enciclopédia Schaff-Herzog).
“Como não havia naquele tempo qualquer afastamento da fé em ação, o sujeito do
batismo, governo da igreja ou doutrina, os Montanistas, nesses pontos, eram
batistas” (Jarrel, Perpetuidade, p. 69).
O “Montanismo” continuou por séculos e finalmente se tornou conhecido por
outros nomes (Eusebius, História da Igreja, p. 229, nota de Dr.
McGiffert).
“A seriedade de sua doutrina ganhou neles a estima e confiança de muitos que
estavam longe de aceitar uma ordem inferior”. (Mosheim, História
Eclesiástica, vol. 1-p. 233).
“O Montanismo é mais bem conhecido como uma reação contra uma condição da
igreja e da vida Cristã, que parecia aos Montanistas ter sido jogada muito
baixo e também ter decaído com a autoridade do Estado”. (História, de
Armitage, p. 175).
“Os Montanistas afirmavam que nas igrejas deveriam estar confinadas pessoas
puramente regeneradas e que a vida espiritual e a disciplina deveriam ser
mantidas sem qualquer afiliação com a autoridade do Estado”. (História, de
Armitage, p. 175).
“Montanus foi acusado de supor ser o próprio Espírito Santo, o que seria
simplesmente uma calunia” (História, de Armitage, p. 175).
“A história ainda não livrou os Montanistas da distorção e tendenciosidade que
por muito tempo os considerou inimigos de Cristo, enquanto, de fato, eles
honestamente, mas em alguns casos erroneamente, trabalharam para restaurar a
semelhança com Cristo das igrejas que tanto se afastaram Dele”. (História, de
Armitage, p. 176).
2. OS NOVATIANOS. Eles foram chamados assim por causa do
líder do movimento puritano, que se chamava Novatio. Ele era um membro da
igreja de Roma plantada por Paulo, mas que se tornou tão corrupta que a
separação foi necessária para preservar a fé. Dos Novatianos, Dr. J. B. Moody
diz: “eles nem começaram nem propagaram uma seita. Outros seguiram seu exemplo
ao se separarem das igrejas corruptas e assim seguiram o comando divino e assim
seu caminhar foi ordenado. Os desordeiros constituíam a apostasia”.
Robinson diz (Pesquisas Eclesiásticas, p. 126): “uma maré de imoralidade
permeou a igreja, os Novatianos desistiram e muitos com eles. Grande número
seguiu seu exemplo e em todo o Império igrejas puritanas foram constituídas e
floresceram nos duzentos anos seguintes. Após, quando as leis penais os
obrigaram a se esconder pelas esquinas e adorar a Deus em segredo, eles
passaram a ser chamados por vários nomes, e uma sucessão deles continuaram até
a reforma”. Vedder diz: (Breve História, p. 64): “os Novatianos foram os
primeiros Anabatistas. Recusando-se a reconhecer como válido o ministério e o
sacramento dos seus oponentes e afirmando serem a verdadeira igreja, eles foram
logicamente compelidos a rebatizar todos que vieram a eles. O grupo ganhou
grande força na Ásia Menor, onde muitos Montanistas se juntaram a eles”.
O Dr. J. T. Christian, em sua recente História Batista, mostra que os
Novatianos mantiveram a independência das igrejas e reconheceram a igualdade de
todos os pastores em relação à dignidade e autoridade.
O Dr. J. B. Moody, após estudar os Novatianos à luz de uma dúzia ou mais de
historiadores, diz sobre Novatio: “Ele lutou para que a salvação fosse do Senhor,
pela Graça através da fé”.
Sem multiplicar as citações, descobrimos que os Novatianos eram Anabatistas,
defendendo a visão escritural do modo da salvação, pureza na vida e pureza
escritural em relação à sua concepção do ministério e governo da igreja. Não
vejo razão por que os Batistas não devem rastrear a continuidade de sua
existência através deles.
3. OS DONATISTAS. O Dr. J. B. Moody, que leu
amplamente sobre os assuntos pertinentes à história da igreja, diz, em relação
aos Donatistas: “aqueles que lutaram bravamente pelo padrão original eram
chamados em alguns países Novatianos e em outros, Donatistas. Esses homens não
originaram seitas, mas se separaram da crescente apostasia e perpetuaram as
verdadeiras igrejas”.
No caso dos Donatistas, a separação da corrupção ocorreu no ano 311 A.D.
O historiador francês Crespin nos dá sua visão: “Primeiro pela pureza dos
membros da igreja, afirmando que ninguém deveria ser admitido na igreja se não
como verdadeiros crentes e verdadeiros santos. Segundo, pela pureza da
disciplina da igreja. Terceiro, pela independência de cada igreja. Quarto, eles
batizaram novamente aqueles cujo primeiro batismo tinha razão para duvidar.
Eles foram consequentemente rebatizadores ou Anabatistas”.
Dai parecer que eles mantinham as doutrinas essenciais a uma igreja Batista.
Curtis diz (Progresso dos Princípios Batistas, p. 21): “os Donatistas
parecem ter formado o germe dos Waldenses”.
Benedict diz (História da Igreja, p. 4): “Após os Donatistas surgirem,
eles (os Montanistas) eram com frequência chamados por esse nome”.
Jones diz (História da Igreja Cristã): Dificilmente havia uma cidade ou
povoado na África onde não houvesse uma igreja Donatista.
4. OS PAULICIANOS. O Dr. J. T. Christian diz, em sua História
Batista, págs. 76 e 77: “as igrejas Paulicianas eram de origem apostólica e
foram plantadas na Armênia no século um”.
Um livro antigo sobre os Paulicianos chamado A Chave da Verdade foi
descoberto há alguns anos pelo Dr. Coneybeare de Oxford. Nesse livro, os
Paulicianos afirmam sua própria origem apostólica. O Dr. Coneybeare, que
traduziu A Chave da Verdade e que provavelmente é a maior autoridade
sobre os Paulicianos, nos diz que os Paulicianos e Bogomilos foram perseguidos,
mas persistiram aqui e ali em muitos lugares escondidos até a Reforma, quando
reapareceram sob a forma de Anabatismo”.
Mosheim diz: “eles batizaram e rebatizaram por imersão. Eles foram tomados como
Anabatistas inferiores”.
Dr. Christian diz: “as visões Batistas prevaleceram entre os Paulicianos. Eles
afirmavam que os homens devem se arrepender e acreditar e então na idade madura
solicitar o batismo, que somente ele os admitiria na igreja”.
Abney diz (Igrejas Gregas e Orientais, p. 217): “é bastante argumentável
que eles (Paulicianos) deveriam ser vistos como representantes da sobrevivência
de um tipo mais primitivo do Cristianismo”.
Das referências acima se pode ver que os Paulicianos reivindicaram a origem
apostólica, mantiveram as doutrinas batistas e persistiram até ser absorvidos
pelo movimento Anabatista.
5. OS ALBIGENSES. Muitos historiadores como Mosheim, Gibbon,
Muratori, Coneybeare e outros vêem os Paulicianos como os antecessores dos
Albigenses e de fato as mesmas pessoas se salvam só pelo nome. Dr. Christian afirma
em sua história, antes mencionada, que autores recentes afirmam que os
Albigenses estiveram nos vales da França desde os primeiros tempos do
Cristianismo. Por causa da perseguição raramente deixaram traços de seus
escritos, de modo que nosso conhecimento sobre eles não é completo como
desejaríamos. Jones, na História já mencionada diz que eles mantinham as duas
doutrinas necessárias às igrejas do Novo Testamento. Também nos diz que eles
rejeitavam o batismo infantil.
Outras “seitas” que mantinham em comum as doutrinas do Novo Testamento, mas
eram chamados por nomes como Petrobrussianos, Henricanos, Arnoldistas
existiram, mas o espaço não me permite um relato detalhado sobre eles. Deles, o
Dr. A. H. Newman diz (Pesquisas Recentes Sobre Seitas Medievais, p.
187): “há muita evidência sobre a persistência no norte da Itália e sul da
França, desde tempos antigos, de tipos evangélicos de Cristianismo”.
6. OS WALDENSES. A ligação próxima dos Waldenses com os
povos aqui mencionados reconhecida pelos historiadores. Jones diz (História,
vol. 2, p. 4): “quando os papas emitiam suas fulminações contra eles (os
Albigenses) expressamente condenaram-nos como Waldenses”.
Alguns tentaram atribuir o início dos Waldenses a Pedro Waldo e fazê-lo
fundador, mas sem sucesso. Pedro Waldo não começou os Waldenses, nem foram
chamados depois dele, pois ele e os Waldenses têm seus nomes na mesma origem.
Sobre esse ponto Jones diz (História, vol. 2): “as palavras simplesmente
significam vales’, habitantes e não mais”. Pedro Waldo era assim chamado porque
era um ‘homem do vale’. E era apenas um líder de um povo que existia há muito
tempo. Os Waldenses defendiam a opinião que eram de origem antiga e
verdadeiramente apostólica. Em relação a algum modo histórico de lidar com
eles, Jones observa: “o caráter muito genérico dos Waldenses é negligenciado
por muitos escritores respeitando a comunidade tão espalhada a que se aplicava.
Eles se espalharam por toda a Europa por vários séculos. Qualquer que fosse o
nome local que portassem, os Católicos os chamavam todos eles de Vudois ou
Waldenses”.
Sobre sua origem, Vedder diz (História Breve, p. 122): “os Waldenses, em
sua história antiga, parecem ter sido pouco mais que Petrobrussianos sob um
nome diferente. As doutrinas dos Waldenses antigos são substancialmente
idênticas às dos Petrobrussianos, com os perseguidores de ambos como
testemunhas”.
Alguns tentaram fazer parecer que os Waldenses praticavam o batismo infantil.
Claro, como indiquei de modo precioso, um povo tão espalhado, com igrejas em
tantos locais, pode ser que em algumas delas houvesse práticas heréticas. Mas
meu estudo sobre os Waldenses, a partir de muitas fontes levaram-me a concluir
que acusar os Waldenses genericamente como tendo praticado batismo infantil, é
um erro básico. Concordo com Dr. Christian quando diz: “não há relato de que os
próprios Waldenses nunca teriam praticado batismo infantil”.
Das doutrinas defendidas pelos Waldenses, Vedder tem isso a dizer (História
Breve, págs. 123, 124): “os escritores romanos antes de 1350 atribuiram os
seguintes erros aos Waldenses: 1) eles afirmaram que as doutrinas
de Cristo e dos apóstolos, sem os decretos da igreja, eram suficientes para a
salvação. 2) eles diziam que o batismo não salvava criancinhas
porque elas nunca estarão aptas realmente a crer. 3) eles afirmam
que somente eles são a igreja de Cristo e os discípulos de Cristo. Eles são os
sucessores dos apóstolos”.
Vedder também continua dando uma lista de outras crenças mantidas por eles e
parecidas com as defendidas pelos Batistas de hoje. Então acrescenta: “também
encontramos atribuídos a eles certos dogmas que depois foram característicos
dos Anabatistas. Mantendo essa visão, eles eram os ancestrais espirituais das
igrejas Anabatistas”.
O historiador Keller tem isso a dizer: “muitos Waldenses consideravam, como
sabemos com precisão, por batismo na fé (profissão de fé) ser em conformidade
com as palavras e exemplo de Cristo”.
Ninguém pode fazer um estudo dos Waldenses e deixar de ver rapidamente que eles
mantêm as duas doutrinas essenciais a uma igreja Batista. Eram um grande e
nobre povo que mantinha a verdadeira fé em face de uma perseguição amarga e
quase contínua. Os Batistas não precisam sentir vergonha de parecer com eles.
7. OS ANABATISTAS. Há muita evidência que os Walsenses
vieram a ser conhecidos mais tarde como Anabatistas. A Reforma deu oportunidade
para as várias “seitas” de esconder o que hoje em dia identificamos como
Batistas para vir e se declararem. Essas odiadas assim chamadas “seitas” vieram
a ser conhecidas pelo nome geral de “Anabatistas”. Dr. Vedder diz: “é curioso e
instrutivo o fato que as igrejas Anabatistas do período da Reforma eram muito
numerosas precisamente onde os Waldenses de um século ou dois antes
floresceram. Houve uma íntima relação entre os dois movimentos, de pouca dúvida
para quem estudou esse período e sua literatura. A tocha da verdade foi
carregada de geração a geração”.
Da mesma forma, Dr. Christian diz: “nesses locais onde os Waldenses
floresceram, ali os Batistas plantaram profundas raízes. Muitos pregadores
capazes dos Waldenses se tornaram amplamente conhecidos como ministros
Batistas. Muitos detalhes marcaram os Waldenses e os Batistas como da mesma
origem”. Novamente, ele diz, com referência aos Waldenses e Paulicianos: “em
meu julgamento ambos os grupos eram Batistas”.
Se perguntarmos a opinião dos hostis, encontramos Baronius, o ilustre
historiador Católico, dizendo (Batismo de Danver, p. 253): “os Waldenses
eram Anabatistas”.
Novamente, Vedder, que, lembremos, é hostil à ideia da perpetuidade Batista,
tem isso a dizer (Breve História, p. 130): “essas igrejas Anabatistas
não foram gradualmente desenvolvidas, mas parecem totalmente formadas a partir
da primeira. Completa em política, impactante em doutrina, estrita em disciplina.
Será impossível relatar esses fenômenos sem supor uma causa de longa
existência. Embora os Anabatistas apareçam de repente nos registros de tempo
como contemporâneos à Reforma Zwingliana, suas raízes devem ser buscadas em
história bem anterior”. Depois, ele diz nas págs. 136 e 143: “os Anabatistas,
como os Batistas de hoje, questionavam que não há comando ou exemplo de batismo
infantil no Novo Testamento e que a instrução e crença são reunidas antes do
batismo. Os ensinos dos Anabatistas suíços são perfeitamente conhecidos para
nós a partir de três fontes independentes e mutuamente confirmatórias: o
testemunho de seus oponentes, os fragmentos de seus escritos que permanecem e
sua Confissão de Fé. Essa última é o primeiro documento desse tipo conhecido
como existindo. Foi emitido em 1527. Ensina o batismo somente de crentes, o
partir do pão só pelos que foram batizados e inculca uma disciplina pura. A
Confissão corresponde às crenças defendidas pelas igrejas batistas de
hoje. É significativo que o que é apropriadamente chamado de ‘comunhão fechada’
é encontrado como os ensinamentos dos documentos Batistas existentes mais
antigos”.
Fecho minha discussão sobre os Anabatistas com uma citação do Dr. W. D. Nowlin
(Fundamentos da Fé):
Sobre a origem dos Anabatistas, os historiadores da igreja diferem, mas é
provável que em muitos exemplos, eles foram o reavivamento dos remanescentes de
seitas antigas ou no mínimo de seus sentimentos, que ainda permeavam muitas
localidades. Sem dúvida foi a vida acelerada e o pensamento da Reforma que os
levou de volta aos noticiários e resultou em vasto aumento de seu número. Os
Anabatistas defendiam a completa separação da igreja e o Estado, a liberdade da
consciência individual e a Bíblia como a única regra de fé e prática. Eles se
opunham ao batismo infantil. Só admitiam pessoas regeneradas ao batismo e à
membrania da igreja. E praticavam a imersão só para o batismo. Como resultado,
foram amargamente perseguidos e considerados fora da lei. No entanto eles
aumentaram grandemente em número e se estenderam por grande parte da Europa. Os
Batistas dos últimos três séculos são os descendentes diretos dos verdadeiros
Anabatistas do período da Reforma. Talvez possamos dizer mais corretamente que
os Batistas de então eram chamados de Anabatistas. Assim encontramos Mosheim,
cuja autoridade é grande como historiador da igreja, dizendo: “a verdadeira
origem dessa seita que adquiriu o nome de Anabatista está escondida nas
profundidades remotas da antiguidade e é consequentemente muito difícil se ter
certeza”.
Tenho lidado com as assim chamadas “seitas mais comumente estudadas por
historiadores da igreja e mostrei que eles defendiam visões de modo
essencialmente Batista”. Também indiquei por citação histórica a ligação que as
pessoas tinham umas com as outras. Porém, há vários corpos do Cristianismo
através de quem poderíamos traçar a continuidade da vida Batista organizada se
o espaço fosse disponível. Tomarei tempo para indicar rapidamente esses corpos
Cristãos através de quem os Batistas se ligam aos tempos apostólicos.
Há, por exemplo, os BATISTAS WELCH (gaulês), que fazem afirmações bem
autênticas de origem apostólica. Não posso fazer melhor do que estabelecer os
fatos a respeito deles, nas palavras de um artigo no “Religious Herald” de
alguns anos atrás: “Os Batistas Welch afirmam sua origem diretamente dos
apóstolos e sua afirmação nunca foi controvertida com sucesso. Eles mantêm que
a luz do puro Cristianismo tem sido preservada entre seu povo durante as ‘Eras
Obscuras’. Eles eram um povo pastoral, habitando em seus lares nas montanhas.
Estavam sujeitos a quase constantes perseguições e, portanto procuravam se
esconder em seus recessos montanhosos que foram tão adequadamente chamados de
‘Piemonte da Bretanha’. E o fato de sua antiga existência é colocado além de
imaginação ou dúvida. Eles atraíram a atenção da Igreja Romana e logo no ano
597, um monge os visitou, chamado Austin e procurou conduzi-los à sua visão”.
O Dr. J. T. Christian, em sua recente História Batista, apresenta uma
abundância de evidência histórica que prova que os Batistas Welch têm origem
apostólica. Vale a pena ler sobre isso.
Benedict, em sua História dos Batistas (p. 343 e seg.) mostra mais
convincentemente que os Batistas Welch são de origem antiga. Segundo ele, eram
anciãos em Gales em 597. Ele mostra que naquela data eles tinham um colégio e
no mínimo uma associação de igrejas.
Além disso, a história dos BATISTAS DA IRLANDA é uma leitura muito interessante
em relação com o pensamento da perpetuidade Batista. Os Batistas tinham igrejas
na Irlanda num tempo não muito remoto desde os dias de Paulo. Patrick, o grande
pregador irlandês nasceu por volta de 360, mas segundo historiadores, o
Cristianismo na Irlanda era anterior à chegada de Patrick por longo período.
Sobre Patrick, Dr. Vedder escreve assim: “o roubo mais audacioso de Roma foi
quando ela prendeu corporalmente Pedro e o tornou o chefe e fundador substituto
do seu sistema. Mas em seguida a esse ato impactante está sua afronta quando
ela ‘anexou’ o grande missionário pregador da Irlanda e o listou entre seus
‘santos’. A partir dos escritos de Patrick aprendemos que seus ensinamentos e
práticas eram, em muitos detalhes, no mínimo evangélicos. O testemunho é amplo
que ele batizava crentes. Não há menção de crianças. O batismo de Patrick era o
dos tempos apostólicos: imersão”.
Das igrejas da Irlanda, Vedder também diz: “a teologia dessas igrejas até o
século nove continuou a ser notavelmente impactante e escritural”.
Eu poderia continuar a citar referências históricas para mostrar que esses
Batistas da Irlanda enviaram missionários ao norte da França e ao sul da
Alemanha e dessa forma estão relacionados com os “Batistas sob outros nomes”
que já mencionei.
Certamente apresentei ampla evidência para provar minha afirmação que desde os
dias de Cristo sempre tem havido igrejas existentes mantendo as duas doutrinas
essenciais a uma igreja do Novo Testamento. Fui capaz de dar somente um retalho
da evidência histórica sob meu comando. Quanto mais se estuda sobre essa
questão, mas dogmáticos somos forçados a nos voltar à crença que a história
justifica na afirmação Batista da continuidade da vida da igreja Batista em
todas as épocas. A história de fato justifica a promessa do Mestre de que os
portões do inferno não prevalecerão contra Sua igreja!
“Nenhuma igreja ou denominação que começou desse lado do ministério pessoal de
Cristo tem qualquer direito Bíblico para afirmar ser uma igreja de Cristo.
Portanto, a promessa de Cristo para a igreja que Ele construiu não foi se
voltar ao Catolicismo, nem às várias seitas do Protestantismo que se originou
dali e desde os dias da Reforma de Lutero, mas foi para aquela igreja que
nenhum historiador, amigo ou inimigo, nunca foi capaz de encontrar sua origem
desse lado do ministério pessoal de Cristo, isto é, a igreja Batista. Agora não
há teoria, mas o fato que é crido e ensinado por todos os leais e informados
Batistas de todo o mundo”.
J. T. Moore, em “Por Que Sou um Batista”.
Vimos, no ultimo capítulo que desde os dias de Cristo e dos
apóstolos existiram igrejas que defenderam o modo de salvação e do batismo do
Novo Testamento. Essas igrejas eu mostrei serem, nos pontos essenciais, igrejas
Batistas. Eu desejo para nós, agora, passar alguns momentos considerando as
afirmações de historiadores de diferentes denominações sobre a origem e
perpetuidade dos Batistas. Algumas dessas afirmações foram muito usadas e
muitas vezes citadas. Isso, no entanto, de forma alguma afetou sua verdade. De
fato, elas portariam peso ainda maior se passarem no teste do tempo e da
crítica.
Às vezes é feita uma acusação de que até historiadores Batistas não acreditam
na continuidade Batista. Como resposta, pode-se dizer que alguns historiadores
Batistas não acreditam. Algumas afirmações são muito “amplas” para arriscarem a
acusação de estreiteza que poderia se voltar contra eles se eles afirmarem
perpetuidade. Alguns têm tendências Pedobatistas e até modernistas e defendem a
teoria da Igreja “invisível”. Mas pode-se dizer verdadeiramente que a maioria
dos historiadores Batistas são crentes firmes na continuidade Batista. E é
interessante notar que os que procuram desacreditar têm o cuidado de não
afirmar que a continuidade Batista não pode ser rastreada. Por exemplo: o Dr.
Vedder diz: “não se pode afirmar que não houve uma continuidade na vida visível
e externa da igreja fundada pelos apóstolos antes da Reforma. Afirmar essa
negativa seria tolo e isso não poderia ser provado” (Breve História, p.
9). No entanto, Vedder assume a posição de que foi para a Igreja “invisível”
que Cristo prometeu perpetuidade. Ele evidentemente espera que o leitor aceite
isso meramente pela autoridade de sua palavra, sem prova bíblica ou outra
qualquer. Ele não oferece prova porque nenhuma prova pode ser oferecida. Como
já mostrei, não há essa Igreja “invisível”. Tem havido uma continuidade de
igrejas visíveis ou então a promessa de Cristo teria falhado.
O historiador Batista A. H. Newman não afirma a crença na continuidade Batista,
mas também é bastante cuidadoso para não afirmar que tal continuidade não possa
ser rastreada. De fato, ele vai além admitindo que nem tudo cai na apostasia,
pois diz (História do Antipedobatismo, p. 28): “houve multidões de
verdadeiros crentes que de forma alguma podem ser duvidados”. Eu mostrei que
essas “multidões” eram Batistas, reunidos nas igrejas do Novo Testamento!
O historiador Batista McGlothin, como Vedder e Newman, não se aventuram em
afirmar que não tenha havido uma continuidade de igrejas Batistas. Sua
afirmação (Guia, p. 20) diz: “os Anabatistas podem ter tido alguma
ligação com seitas mais antigas”.
Entre os historiadores Batistas mais conhecidos do passado que acreditavam na
perpetuidade Batista podem ser mencionados Robinson, Crospor, Irving, Orchard,
Jones, Backus, Benedict e Cramp. Desses historiadores, Dr. Armitage diz: “na
essência, seus fatos e achados principais não provados como inválidos e ninguém
tentou mostrar que suas conclusões não seriam sustentáveis. Suas posições
históricas são bastante iguais às dos historiadores das outras igrejas (História,
de Armitage, p.11)”.
Quero que consideremos algumas afirmações dos próprios Batistas notáveis a
respeito de sua origem e continuidade, após o que consideraremos o que os
historiadores de outra fé têm a dizer sobre eles.
O historiador Batista, visto por muitos líderes Batistas como um de seus
maiores historiadores, é John T. Christian. A Nova História Batista de
Dr. Christian (Diretoria do Seminário Batista do Sul, 1922) apresenta prova
inquestionável da continuidade dos batistas. Eu cito, do prefácio da sua grande
obra essa afirmação de impacto: “não posso questionar, de minha mente que tem
havido uma histórica sucessão de Batistas desde os dias de Cristo até o momento
presente”.
Dr. Geo. Lorimer (Os Batistas na História, p. 49): “Normalmente se
concebe que os Batistas sejam provavelmente os mais antigos e isso fica cada
vez mais certo com o progresso da investigação dos estudiosos”.
Dr. J. B. Moody (Minha Igreja): “a perpetuidade da igreja é escritural,
racional, crível, histórica e conclusiva”.
Dr. J. L. Smith (Lei Batista da Continuidade): “apresentamos o
testemunho de mais de quarenta dos melhores historiadores do mundo, nenhum
deles Batista, que expressam e claramente indicam o movimento desses povos
Batistas ao longo dos séculos até os dias apostólicos”.
Dr. J. W. Porter, notável autor e editor diz: “se os Batistas não têm
perpetuidade, então a profecia e a promessa de Cristo falharam. Isso é
impensável”.
H. B. Taylor (Resumos Bíblicos): “as igrejas Batistas são as únicas
instituições divinas nessa terra. Sem elas, Mateus 16:18 teria falhado em seu
cumprimento”.
Dr. T. T. Eaton: “os que se opõem à sucessão Batista não têm base lógica para
se manter organizando uma igreja fora do material fornecido por outras igrejas
e com os batizados por ministros regularmente ordenados”.
Dr. R. B. Cook (História dos Batistas): “os Batistas são capazes de
traçar seus princípios distintivos até a era apostólica. Quando, a partir da
união da igreja e do Estado o Cristianismo se tornou em geral corrupto, eles
ainda permaneceram em locais obscuros, igrejas e seitas que mantiveram as puras
doutrinas e ordenanças de Cristo e então é certo que essas igrejas e seitas
defenderam substancialmente os mesmos princípios que agora são mantidos como
visões distintivas dos Batistas”.
Dr. D. B. Ray (Sucessão Batista, p. 10): “os Batistas negaram em uma só
voz qualquer ligação com a apostasia romana e afirmaram sua origem como uma
igreja de Jesus Cristo e os apóstolos”.
Dr. D. C. Haynes (A Denominação Batista, p. 21): “a igreja Batista é a
igreja primitiva. Nunca houve um tempo em que não existiu”.
Dr. Geo. W. McDaniel (Igrejas do Novo Testamento): “não há personalidade
deste lado de Jesus Cristo que seja uma explicação satisfatória de sua origem”.
Eu poderia continuar quase indefinidamente com citações de Batistas notáveis,
mostrando grandes representantes dessa fé que, após investigação e pensamento,
se mantiveram crentes firmes na perpetuidade das igrejas Batistas. Alguns deles
escreveram livros que oferecem prova conclusiva desse ponto. Menciono a Sucessão
Batista do Dr. D. B. Ray. A Perpetuidade da Igreja Batista, do Dr.
W. A. Jarrell. O Débito do Mundo aos Batistas, pelo Dr. J. B. Porter. Os
Fundamentos da Fé, pelo Dr. W. D. Nowlin. A Igreja do Novo Testamento,
por T. T. Martin. Minha Igreja, de J. B. Moody, como exemplos. Aos
livros citados devem ser acrescentadas muitas obras históricas de homens cujos
nomes eu ainda não mencionei.
Muito se deve às crenças dos Batistas em relação à continuidade de suas
próprias igrejas. Vejamos agora o que os historiadores e grandes homens de
outra fé têm a dizer sobre a origem e perpetuidade Batista. Começo com aqueles
que foram os inimigos e perseguidores mais amargos, como o Cardeal Hosius,
presidente do Concílio de Trento. Ele diz: “se a verdade da religião deve ser
julgada pela prontidão e firmeza mostrada por um homem de qualquer seita no
sofrimento, então a opinião e persuasão de nenhuma seita pode ser mais verdadeira
e certeira do que a dos Anabatistas, já que não houve ninguém, nesses doze
séculos passados que foram mais punidos ou que tenham sido mais cuidadosos e
firmemente empreendedores e até tenham oferecido a si mesmos à mais cruel
punição do que esse povo”. (Citado em História dos Cristãos).
O Cardeal Hosius escreveu, em 1554 A.D.. Ele data a história dos Batistas até
doze séculos antes. Essa é uma importante concessão. Datando-os até 354 A.D.,
no passado temos pouco problema seguindo-os no resto do caminho.
Zwingli, o reformador suíço, cooperador com Lutero e Calvino na Reforma de 1525
e feroz inimigo dos batistas diz: “a instituição dos Anabatistas não oferece
novidade, mas por treze séculos causou grande problema à Igreja”.
Isso admite a existência dos Batistas desde o ano 225 A.D.
Mosheim, historiador Luterano de grande notabilidade, diz: “antes do
aparecimento de Lutero e Calvino, havia em segredo, em quase todos os países da
Europa, pessoas que aderiram tenazmente aos princípios da moderna igreja Batista
Holandesa”. (Instituto de História Eclesiástica).
Robert Barclay, Quaker diz: “há também razões para crer que no continente
Europeu pequenas sociedades secretas Cristãs, que mantiveram muitas das
opiniões dos Anabatistas, existiram desde os tempos dos apóstolos”. (Vida
interior das Sociedades da Commonwealth, págs. 11-12).
John Clark Ridpath, Metodista, autor da obra monumental História do Mundo de
Ridpath, numa carta ao Dr. W. A. Jarrell (Perpetuidade da Igreja
Batista, p. 59) diz: “Eu não poderia prontamente admitir que houve uma
igreja Batista já no ano 100 A.D., embora sem dúvida houve então Batistas, como
todos os Cristãos eram, então Batistas”.
Alexander Campbell, fundador dos Campbelitas ou igreja “Cristã” diz: “desde a
era apostólica até o tempo presente, os sentimentos dos Batistas tiveram uma
contínua rede de advogados e monumentos públicos de sua existência em cada
século podem ser produzidos”. (McCalla-Campbell, Debate sobre o Batismo,
págs. 378, 379).
Sir Isaac Newton, ilustre filósofo inglês, estudante das Escrituras e da
história, diz: “os modernos batistas, antes chamados de Anabatistas, são o
único povo que nunca cedeu ao papado”. (Citado em Lei Batista da
Continuidade, p. 39).
Enciclopédia de Edinburg: “já deve ter ocorrido aos nossos leitores que os
Batistas são a mesma seita de Cristãos que foram formalmente descrita sob a
denominação de Anabatistas. De fato, isso parece ter sido seu principal
princípio desde o tempo de Tertuliano até o momento atual”. (Da obra Igreja
do Novo Testamento, p. 22).
Tertuliano foi um Montanista. Ele nasceu cinquenta anos após a morte de João, o
apóstolo.
Cito, em seguida, da obra “Atravessando os Séculos, de W. C. King, tendo como
associados doadores, alguns dos grandes homens da América, como o antigo
Presidente Roosevelt, Presidente Wilson, David Starr Jordan, Lyman Abbott e
vários presidentes e professores de universidades líderes. Sobre os Batistas
ele tem isso a dizer: “Sobre os Batistas pode ser dito que eles não são
reformadores. Esse povo, compreendendo corpos de crentes Cristãos, conhecidos
sob vários nomes em diferentes países, são inteiramente diferentes e
independentes das igrejas romana e grega, tendo uma continuidade jamais
quebrada desde os dias apostólicos ao longo dos séculos. Em todo esse longo
período eles foram amargamente perseguidos por heresia, levados de um país a
outro, desmembrados, privados de suas propriedades, aprisionados, torturados e
escravizados aos milhares e assim mesmo não se desligaram de sua fé, doutrina e
adesão ao Novo Testamento”. (Da obra Igreja do Novo Testamento, p. 25).
Todos os historiadores Batistas Holandeses afirmam origem apostólica para os
Batistas, segundo o Dr. J. T. Christian, que dedicou muito estudo e pensamento
a essa questão. Essa é a afirmação de Herman Schynn (História dos Cristãos),
enquanto Blaupont Ten Cate diz (História Cristã, p. 95): “estou
totalmente satisfeito que os princípios Batistas estejam em todas as eras,
desde o tempo dos apóstolos até hoje e tenham prevalecido sobre uma porção
maior ou menor do Cristianismo”.
A afirmação dos Batistas Holandeses sobre a origem apostólica foi profundamente
investigada no ano de 1819. O Rei da Holanda indicou J. J. Dermont, seu
capelão, um homem estudioso e o Dr. Ypeij, professor de teologia em Groningen,
ambos membros da Igreja Reformada Holandesa, para escreverem uma história da
Igreja Reformada Holandesa e também investigar as afirmações dos Batistas
Holandeses. Eles prepararam a história e nela dedicaram um capítulo aos Batistas.
Segue uma parte do que eles têm a dizer sobre os Batistas: “os Menonitas são
descendentes dos Waldenses, toleravelmente puros evangélicos, que foram
conduzidos por perseguição a vários países e quem, durante a última parte do
século doze chegaram a Flandres e à província da Holanda e Zelândia, onde
viveram de modo simples e levando vidas exemplares, nas vilas como fazendeiros
(em cidades comerciais), livres das acusações e de qualquer imoralidade grave e
professando os mais puros e simples princípios, que eles exemplificaram numa
santa conversação. Eles existiram, portanto muito antes da Igreja Reformada de
Netherland”.
Vimos agora que os Batistas, antes chamados de Anabatistas e em tempos
posteriores, Menonitas, eram os Waldenses originais e que, há longo tempo na
história receberam a honra dessa origem. Nesse relato, os Batistas podem ser
considerados a única comunidade Cristã que se manteve desde os dias dos
apóstolos e, como sociedade Cristã, que tem preservado puras as doutrinas do
evangelho ao longo de todas as eras. A economia interna e externa perfeitamente
correta da denominação Batista tende a confirmar a verdade, disputada pela
Igreja Romana, de que a Reforma produzida no século dezesseis fora o grau mais
alto necessário e, ao mesmo tempo, refuta a noção errada dos Católicos, de que
sua denominação tenha sido a mais antiga”. (História das Igrejas Reformadas
Holandesas, por A Ypeij e J. J. Dermont, Vol. 1, p 148).
Outras autoridades poderiam ser citadas e as citações se multiplicariam, mas é
desnecessário continuar indefinidamente com elas. Oferecerei somente mais duas
e fecharei este capítulo. Já se escreveu o bastante e provas suficientes já
foram produzidas para convencer a mente aberta, não tendenciosa e ensinável que
Jesus fundou a Igreja, que a igreja era a assembleia local. Que Ele prometeu
sua perpetuidade e que Sua promessa é vista como cumprida nas igrejas hoje
conhecidas como igrejas batistas.
Apresento o seguinte livro do Dr. J. W. Porter, “Notas ao Acaso”, a
respeito do Dr. John Clark, que foi o pastor da primeira igreja Batista da
América, situada em Newport, R. I. Dr. Porter diz: “o Dr. John Clark recebeu
seu batismo da igreja do Rev. Stillwell em Londres e sua igreja recebeu os
deles na Holanda e os Batistas da Holanda, dos Waldenses e os Waldenses, dos
Novatianos e os Novatianos, dos Donatistas e os Donatistas receberam seu
batismo da igreja apostólica e a igreja apostólica, de João o Batista e João o
Batista o recebeu do céu”.
Em 1921 ou 1922, eu resumi um artigo que apareceu em “O Mensageiro Batista
de Oklahoma” e simultaneamente em vários jornais denominacionais do sul.
Esse artigo fala da ancestralidade da igreja Batista em Dyer, Tennessee. Mostra
uma continuidade da vida da igreja Batista desde hoje até os dias de Jesus. Não
estou informado se quem fez a pesquisa, nem eu tivemos à disposição, todos os
livros necessários a me capacitar a verificar cada referência histórica dada.
Eu apresento abaixo o artigo na íntegra para a consideração do leitor:
A SUCESSÃO BATISTA DE VOLTA A CRISTO
Conexão Um: a igreja Batista em Dyer, Tennessee, foi organizada por
J. W. Jetter, que veio da Associação da Filadélfia.
Conexão Dois: a igreja de Hillcliff, Gales, Inglaterra. H. Roller veio
para a Associação da Filadélfia da igreja de Hillcliff. Veja relatórtios da
Associação da Filadélfia, livro 3, item 1.
Conexão Três: a igreja de Hillcliff foi organizada por Aaron Arlington,
em 987 A.D.. Ver Israel dos Alpes, por Alex Munston, p. 39.
Conexão Quatro: a igreja de Lima Piedmont ordenou Aaron Arlington em 940
A.D.. Ver História da Igreja de Jones, p. 324.
Conexão Cinco: a igreja de Lima Piedmont foi organizada por Balcolo em
812 A.D.. Ver História da Igreja de Neander, vol. 2 p. 320.
Conexão Seis: Balcolo veio da igreja em Timto, Asia Menor.
Conexão Sete: a igreja de Timto foi organizada por Archer Flavin, em 738
A.D.. Ver História, de Mosheim, vol. 1, p. 394.
Conexão Oito: Archer Flavin veio da igreja de Darethea, organizada por
Adromicus, em 671 A.D., na Asia Menor. Ver de Lambert, História da Igreja,
p. 47.
Conexão Nove: Andromicus veio de Pontifossi. Aos pés dos Alpes
franceses. Ver de Lambert, História da Igreja, p. 47.
Conexão Dez: a igreja de Pontifossi foi organizada por Tellestman, de
Turan, Itália, em 398 A.D.. Ver História da Igreja, de Nowlin, vol. 2,
p. 182.
Conexão Onze: a igreja de Turan foi organizada por Tertulio, de Bing
Joy, África, em 237 A.D.. Ver História da Igreja, de Armitage, p. 182.
Conexão Doze: Tertulio era membro da igreja de Partus, aos pés de
Tibério, que foi organizada por Policarpo, em 150 A.D.. Ver Comentário sobre
Antiguidade, de Ciro, p. 924.
Conexão Treze: Policarpo foi batizado por João, o Amado ou Revelador em
25 de dezembro de 95 A.D.. Ver História da Igreja, de Neander, p. 285.
Conexão Quatorze: João
estava com Jesus no Monte: Marcos 3:13-14; Lucas
6:12-13.
“A igreja está aqui para salvar os homens do mundo. Ela existe, então, para
salvá-los do sistema que é chamado o mundo”.
“A igreja tem a mesma relação com o mundo que um bote salva-vidas e sua
guarnição, quando se leva o navio a se estourar nas rochas”.
“A igreja está aqui para imprimir sobre os homens dois fatos imensos: o fato da
ALMA e o fato da ETERNIDADE”.
I. M. Halderman em “A Missão da Igreja”.
“Suas ordens de marcha são Seu programa para aquela igreja (A Igreja em Jerusalém) e para cada outra igreja Batista até que Ele volte”.
H. B. Taylor, em “Por Que Sou um Batista”.
XI
Nos capítulos anteriores procurei
mostrar ao leitor o ensinamento Bíblico sobre o que é uma genuína igreja do
Novo Testamento. Com isso apresentei evidência histórica para provar para uma
demonstração que as igrejas batistas têm existência contínua desde o tempo de
Cristo até agora. Confio que as visões de você que nos leu se estreitaram e se
tornaram mais distintas, na questão da concepção da igreja.
Agora que esclarecemos que as igrejas Batistas são as verdadeiras igrejas do Novo Testamento,
divinamente perpetuadas em todas as eras, vamos à frente e questionar sobre a
missão da igreja no mundo. O mundo tem muitas visões erradas a respeito de para
que serve uma igreja.
Os que pertencem a diferentes assim chamadas igrejas compartilham muitas dessas
noções errôneas e, em alguns casos, os Batistas vieram a ter uma ideia
pervertida da função própria da igreja. Não é uma coisa incomum alguém dizer
nas revistas e jornais de hoje a enfática acusação de que as igrejas
“falharam”, Isso significa que algumas igrejas falharam, conforme a avaliação feita
pelo padrão estabelecido por algum indivíduo ou grupo. Vamos considerar por
alguns momentos algumas das visões erradas comumente defendidas a respeito de
para que serve uma igreja.
Como alguns concebem, UMA IGREJA DEVE ESTAR PRINCIPALMENTE ENGAJADA NA OBRA DA
CIVILIZAÇÃO. Na proporção em que as igrejas ajudam uma nação a
desenvolver as artes e ciências da civilização, elas são consideradas como
tendo tido sucesso. Essa ideia é obtida especialmente em relação aos esforços
Cristãos nos campos missionários estrangeiros. Se apenas os povos primitivos
podem ser levados a se vestir adequadamente, observar as regras de higiene e
sanitarização e adotar os modos e maneiras de uma nação civilizada,
considera-se que o missionário teve pleno sucesso.
Mas, como procurarei agora provar, o objetivo primário da igreja não é
civilizar. Quando, no campo missionário, o motivo dominante vem a ser
civilizar, então o trabalho dos obreiros no campo é um fracasso do ponto de
vista da verdadeira missão da igreja.
Então há também a IDEIA DE CLUBE DA IGREJA mantida por alguns. Deve-se temer
que alguém veja a membresia na igreja como a associação em algum clube ou
organização fraternal. O trabalho da igreja passa a ser um tipo de diversão
prazerosa e fica parecendo uma coisa agradável e respeitosa ser um membro da
igreja, especialmente se a igreja é da moda, incluindo, na sua membrania,
algumas pessoas da comunidade socialmente proeminentes.
Mas, dessa ideia pode ser dito que se uma igreja se parece com clubes, salões,
sociedades e outras organizações do tipo, ela tem pouco para justificar sua
existência.
Novamente, há aqueles que defendem o IDEAL SOCIAL E HUMANITÁRIO DA IGREJA. Para
eles, a principal preocupação da igreja não deveria ser a preparação das almas
para a vida numa eternidade além, mas a transformação da sociedade como um todo
até que esse mundo se torne um lugar melhor para os homens habitarem durante a
vida atual. Sua ênfase principal não está no depois, mas apenas no agora. Com o
fim de alcançarem o ideal que têm em vista, eles insistem que a igreja se
engaje em todo tipo de projetos humanitários: lidar com política e legislação e
desenvolver um ambicioso programa de serviço e reforma social. Aos que concebem
uma igreja desse tipo, à medida que suas ideias vão se realizando, as igrejas
vão lidando cada vez menos com o espiritual e cada vez mais com o físico. Eles
são os advogados da igreja “institucional” onde, como disse um autor, podemos
obter qualquer coisa, de um sermão a um sanduíche. Nessa igreja, construções de
características recreacionais são proeminentes. Elas têm piscinas, salas de
leitura, banheiros com chuveiros, equipamentos de ginástica, salões sociais,
etc. Muitas vezes são servidas refeições na cozinha da igreja, algumas vezes
por semana por certo valor. Todos os tipos de atividades sociais são
constantemente planejados. Todo o prédio da igreja é usado como maneira das
pessoas a verem como um local para passar um tempo agradável.
Se Cristo entrar num desses prédios de igreja hoje, estou certo de que Ele
jogaria fora várias coisas encontradas ali. Ele viraria e jogaria fora
equipamentos de ginástica, máquinas de cinema e outras parafernálias de
diversão, assim como chutou e derrubou as bancadas de comerciantes há tanto
tempo e expulsou aqueles que dessacralizavam e secularizavam o templo. Suas
palavras para que dessacralizam e secularizam os lugares de adoração hoje
seriam as mesmas para os mesmos tipos de roubadores daquele tempo, quando Ele
disse: “...A
minha casa será chamada casa de oração...” (Mateus 21:13b –
ACF). Há alguma razão no mundo para acreditar que
Jesus olha de modo mais condescendente hoje para a secularização da casa de
adoração do que fez há dois mil anos atrás? Aqueles que levam todos os tipos de
coisas seculares para dentro do teto da igreja seguem exatamente os passos dos
judeus que Jesus expulsou do templo.
Sobre a visão que torna uma igreja uma organização cuja preocupação primária
seja a melhoria das condições sociais e a melhoria física da humanidade,
pode-se dizer que está completamente diferente da verdade a respeito da missão
real de uma igreja. Na verdade, as condições sociais melhoram quando o
evangelho é pregado e as igrejas frequentadas, Muitas grandes reformas morais
têm tido sua gênese entre o povo Cristão, mas essas coisas devem ser
consideradas meramente como subprodutos da atividade e influência da igreja e
não como coisas de preocupação prioritária.
Em relação à questão da missão da igreja, quando há tantas opiniões
divergentes, onde iremos buscar a verdade sobre a questão? Só há um lugar para
ir: o NOVO TESTAMENTO. Não é uma questão da pessoa ou do seu pensamento sobre o
que a igreja deve ser ou onde se engajar. É uma questão de para que Jesus
Cristo fundou Sua igreja e quais ordens Ele deixou para serem seguidas. É estranho,
de fato que os homens devam se afastar tanto em relação à missão da igreja,
quando ela foi deixada tão claramente em Suas próprias palavras.
Os Batistas errarem em sua missão é indesculpável. Outras denominações, seitas
e assim chamadas igrejas podem se engajar nas coisas mencionadas e podem fazer
projetos humanitários, se forem seu interesse principal, se lhes agrada, sem
estarem devedores dessa estrita censura, por não terem Comissão ou ordens de
Cristo. Ele não é responsável por sua existência e eles não são responsáveis
por realizar a Comissão que Ele deu séculos antes deles existirem. Mas os
Batistas são responsáveis, porque foi a uma igreja Batista que o Senhor Jesus
Cristo deu Sua Comissão. Essa Comissão estabelece para sempre a questão de para
que uma igreja existe, definindo claramente sua missão e propósito. Alguns sem
dúvida me considerarão muito “estreito” por dizer que a Grande Comissão seja
uma Comissão Batista, mas “estreito” ou não, essa é a verdade. Todo o meu livro
é prova deste fato. Um editor bem conhecido recentemente expressou a verdade
que estou tentando transmitir, nessas palavras: “a Comissão não foi dada a
ninguém além dos Batistas. Todos os presentes eram Batistas, porque foram
batizados por João ou pelos doze e todos esses foram batizados por João o
Batista. Isso lhes foi dado, não como pregadores ou indivíduos, mas como
igreja, pois isso era para ser obedecido até o fim das eras e nenhum deles iria
viver tanto tempo. Mas o Mestre tinha prometido que a igreja que Ele fundou não
seria destruída pelos portões do inferno (Mateus 16:18). E àquela igreja e às
outras igrejas fundadas por seus trabalhos missionários, o Mestre deu essa
Comissão para todo o mundo e em todas as eras. Nenhuma criança, buscadores,
pessoas em provação, nenhum pecador, nenhum prosélito, ninguém além dos
discípulos ou Cristãos estão incluidos pelo Mestre em Suas ordens para serem
batizados. Essa Comissão foi dada aos Batistas, pois todos os presentes eram
Batistas. É um comando bem definido por fazer-me Cristão por pregar o evangelho
a eles e então torná-los Batistas dando-lhes o batismo Batista, pois aquele é o
único tipo que havia no tempo que a Comissão foi dada. Somente os batistas
podem obedecer a essa Comissão, pois ninguém mais tem o tipo de batismo que
Jesus comandou os Cristãos a se submeterem. E ninguém mais pode fazer o que
essa Comissão envolve, isto é, tornar os discípulos Batistas dando-lhes o
batismo Batista”.
E agora, vamos examinar a Comissão que Jesus deu à Sua igreja e vamos
analisá-la por alguns momentos. Essas são as palavras: “Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado...” (Mateus 28:19-20a - ACF).
Eis aí a missão da igreja. Nada menos que isso, nada mais deve ser incluído
nesse programa. Como alguém escreveu, “esse deve ser o horizonte de nossas
visões e os limites de nossas tarefas”. Note bem o que a Comissão inclui:
TORNAR OS HOMENS CRISTÃOS
Essa é a primeira coisa, a principal, a mais importante: fazer discípulos de
Cristãos. Um estudo da Comissão no Original mostrará que a ênfase ou tônica é
sobre fazer discípulos. Quando na igreja em nas atividades denominacionais,
priorizamos a educação, hospitais, orfanatos e alguma outra coisa, independente
de sua dignidade, estamos indo contrários à Grande Comissão. A Comissão coloca
em primeiro lugar fazer discípulos. Discípulos ou Cristãos devem ser feitos
pregando o evangelho aos perdidos. É o evangelho que torna Cristo conhecido aos
homens. Quando eles ouvem o evangelho e O recebem como seu Salvador pessoal
eles se tornam filhos de Deus. João 1:12 (ACF): “Mas, a todos
quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que
creem no Seu nome.” A principal preocupação
de toda verdadeira igreja deveria ser a salvação das almas. Seguir a Comissão
demanda que cada igreja deverá ser intensamente missionária, em relação aos
perdidos da comunidade imediata em que a igreja existe e aos perdidos nas
partes mais longínquas da terra. Muitas vezes a construção do “prédio” do
templo vem a ser entendida como a coisa principal, a garantia de reconhecimento
social ou algo diferente do que o Mestre enfatizou. Repito: a primeira tarefa
dada pelo Senhor ressurreto é fazer Cristãos. Isso deve preceder sempre o
batismo e da doutrinação. Em João 4:1 recebemos o exemplo de Jesus nesse ponto,
onde somos ensinados distintamente que Jesus fez discípulos antes de
batizá-los. Os que batizam crianças e os que batizam para ajudar a fazer
discípulos estão claramente fora do preceito e exemplo do Mestre, como os que
recebem “noviços” e procuram doutriná-los antes de discipliná-los. Como
indicado antes no capítulo, a Comissão é uma Comissão Batista. Coloca salvação
antes do batismo e antes da membrania da igreja. Não é dada somente a Batistas.
Só é obedecida por eles. Para lembrar a afirmação feita antes no livro, “as
igrejas Batistas são as únicas na terra que requerem que a pessoa professe a fé
para ser salvo antes da pessoa se unir à igreja ou de ser batizada”.
Mas examinemos a Comissão um pouco mais e veremos que a segunda parte dessa
Comissão tripla é o comando para:
TORNAR OS CRISTÃOS BATISTAS
Devemos fazer Cristãos pregando a salvação pela fé em Cristo a eles, então
devemos tornar esses Cristãos Batistas, batizando-os conforme Suas ordens.
“...Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo...”
(ACF). Enquanto o comando para fazer discípulos
assume o lugar de precedência na Comissão, o comando para fazer Batistas é tão
obrigatório quanto e cai sobre nós. Alguns censuram os Batistas, afirmando que
eles colocam ênfase demais sobre o batismo. Essa crítica é totalmente injusta,
pois os Batistas colocam o batismo exatamente onde o Mestre o colocou na Comissão.
Eles defendem que ele nunca deve preceder a salvação, mas em todos os casos
devem segui-lo. Eles não acreditam que estão garantidos se pararem no ponto de
fazerem discípulos, pois suas ordens leem: “batizai-os”, e como eles vêem, eles
não têm direito de mudar suas ordens. A terceira parte da Comissão está tão
explícita quanto o resto. Ele comanda o:
DISCIPULADO DOS BATISTAS
Nela se lê: “ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado...” (ACF). “Todas as coisas”
significam tudo que Jesus inclui no Novo Testamento, como, por exemplo, os
ensinos a respeito da ordenança da Ceia do Senhor, a garantia dos crentes e a
intendência. Separar alguns dos Seus ensinamentos num grupo e chamá-los de “não
essenciais” e deixar de ensiná-los é violar Seu comando. É um fato triste que a
maioria das denominações omite dois terços da Comissão e só observam a parte
que se refere a fazer discípulos. Eles assumem, embora incorretamente que a
Comissão lhes foi dada assim como para os Batistas, então eles mostram sua
inadequação como guardiães da sagrada verdade de Cristo cortando esses dois
terços da Comissão, a parte que comanda imergir e ensinar todas as coisas que
Ele comandou. Os Batistas são absolutamente o único povo que está disposto a
realizar as três partes da Comissão.
Hoje em dia muitas vezes acontece que o que normalmente é chamado de “Educação
Cristã” é justificado e ensinado como a última cláusula da Comissão. Esse é o
resultado de uma defeituosa exegese ou ainda é uma má interpretação das
Escrituras. Essa passagem não pode ser corretamente interpretada para se
referir ao ensino da história, matemática, biologia, psicologia e outras que
são ensinadas em escolas denominacionais e colégios. Jesus disse: “todas
as coisas que eu vos tenho mandado...” (ACF).
A educação Cristã no sentido mais verdadeiro é a educação das coisas da Palavra
de Deus. Essa é a única educação autorizada pela Comissão. Muitos bons
argumentos podem ser descritos a favor das escolas Cristãs, mas o ponto a que
me refiro é que eles não são autorizados pela Grande Comissão.
A última cláusula da Comissão coloca sobre as igrejas batistas a
responsabilidade de ensinar uma discipulação para todos os que foram salvos e
acrescentados à igreja. Nenhum ensinamento de Cristo deve ser ignorado ou
omitido, mas toda doutrina deve ser ensinada, independente de quantas acusações
de “estreitos” forem chamados ou se serão desagradáveis possam ser entendidos
aos que minimizam certos ensinamentos de Cristo à base de ser “não essencial”.
Levo esse capítulo a seu fechamento recapitulando as coisas ditas antes.
QUAL É A MISSÃO DA IGREJA QUE JESUS CONSTRUIU?
Não é a missão designada pelo mundo, estabelecida por pressão e concebida por
algumas igrejas. Não é a civilização da humanidade, não é reforma social ou
moral, não é a evolução física, intelectual e social da raça, salvo as coisas
que ocorrem incidentalmente como subprodutos do Cristianismo. Mas a missão da
igreja é a que foi dada por Seu Fundador, Jesus Cristo, na Grande Comissão,
isto é, fazer Cristãos, imergir, doutriná-los. Ou, para dizer de modo
mais completo, o programa divino para a igreja é esse: pregar o evangelho a
todo ser humano que vive nesse mundo, batizar aqueles que aceitam uma salvação
livre através de Cristo. Então ensinar aos salvos e batizá-los até que eles
conheçam os comandos de Cristo e até que Sua vontade seja expressa através das
vidas redimidas no mundo.
“Os Batistas deram missões modernas ao mundo e cada missionário de cada
denominação está seguindo a liderança dos Batista”.
“O fato das outras denominações terem permissão para acreditar e adorar como
lhes agrada é devido ao sangue e lágrimas Batistas”.
“Ninguém por citar um exemplo na história quando os Batistas nunca tenham
perseguido alguém por questões de consciência”.
J. W. Porter, em “Registros ao Acaso”.
Nos capítulos anteriores
encontramos, por estudos doutrinários e históricos e comparação que as igrejas
Batistas são as únicas igrejas que podem por direito afirmar Jesus Cristo como
Seu Fundador, ou que coincide com os ensinos doutrinários do Novo Testamento.
No capítulo anterior, procurei mostrar qual foi o propósito do Mestre ao fundar
Sua igreja, indicado nas palavras da Grande Comissão. Provou-se que essa
Comissão foi dada a uma igreja Batista e consequentemente é corretamente
chamada de Comissão batista. Vamos examinar para ver como os batistas
responderam às ordens dadas pelo Mestre. Os Batistas tentaram fazer as coisas
que o Mestre deixou para serem feitas por eles? Suas obras através das eras
foram indicativas de sua origem divina? Qual foi seu trabalho e influência? Um
volume deveria ser dedicado a responder a essas perguntas, mas serei capaz de
mencionar apenas algumas conquistas Batistas e essas somente de modo breve.
Estou persuadido que muitos não têm conhecimento do tremendo débito do mundo
aos batistas. Muitas das coisas mais preciosas que a humanidade hoje possui têm
sido legadas pelas igrejas batistas. Ainda, pela profundidade de sua convicção
e a tenacidade com que eles se afirmam em sua fé, muitos vêem com forte
desaprovação os Batistas de hoje. Eles estão bem menos expostos na imprensa que
muitas denominações bem menores. A quantidade de notícias dadas a eles por
jornais e revistas nunca levaria alguém a acreditar que eles são o maior corpo
evangélico individual de Cristãos no mundo, hoje, apesar de sua verdade.
Vamos considerar o que os Batistas fizeram em relação às coisas que Jesus
colocou “ênfase” em Sua Comissão, isto é TORNANDO-OS CRISTÃOS. Eles foram um
povo missionário? Sim, eles foram. Na era apostólica os Batistas “foram a todo
lugar pregando a Palavra”. Com o apóstolo Paulo, os Batistas tiveram o maior
missionário de todos os tempos. Em sua curta vida, Paulo espalhou o evangelho
por todo o mundo conhecido. Os Batistas eram tão zelosos naqueles tempos
antigos que, dentro de algumas décadas, já havia literalmente milhões de
Batistas em todo o Império Romano. Eles começaram o desenvolvimento gradual da
apostasia romana e com isso a redução do empreendimento missionário. Veio o
tempo quando o Catolicismo dominou os governos e com a espada e tortura
conseguiram exterminar todos os que se recusaram a dobrar os joelhos à
autoridade do Papa. Não mais era possível aos Batistas realizar seus trabalhos
missionários da mesma forma. Eles persistiram em número tão grande por
aqueles tempos de perseguição e muitos foram martirizados por causa da pregação
do evangelho e isso prova, porém, que eles nunca deixaram de ser um povo
missionário. Quando a Reforma trouxe algum alívio na opressão romana,
descobrimos que os Anabatistas literalmente enxameavam. Eles aumentaram tanto
que os Reformadores ficavam constantemente irritados pelas evidências de seu
crescimento. Se não fosse pela opressão e feroz perseguição, creio estar a
salvo ao dizer que os Batistas teriam tomado este mundo para Cristo.
Hoje há tremendos esforços missionários sendo distribuidas por todas as maiores
denominações. O movimento missionário moderno é um dos maiores movimentos de
nossos tempos. Quem começou o movimento missionário moderno? FOI WILLIAM CAREY,
UM BATISTA. As igrejas Batistas foram as primeiras nos tempos modernos a
sustentar obreiros num país estrangeiro. Antes de outras denominações na
América fazer alguma coisa na linha de missões estrangeiras, as igrejas
Batistas estavam enviando fundos para o sustento de Carey e sua obra. Late
Judson, inspirado pelo exemplo de Carey, foi para o grupo dos
Congregacionistas, mas durante sua longa viagem de navio, ele se tornou Batista
com a leitura do Novo Testamento. Ele foi batizado logo após sua chegada,
garantindo uma ligação com o povo que o enviou e foi adotado pelos Batistas
americanos como seu missionário.
Não apenas os Batistas foram pioneiros no início do moderno movimento missionário,
mas também pregaram o evangelho pela primeira vez em muitas terras. Por
exemplo, nas Bermudas, Cuba e Índia eles foram os primeiros das assim chamadas
igrejas evangélicas a pregar o evangelho. Na América, os Batistas foram os
primeiros a pregarem o evangelho no vasto território a Oeste do Rio Mississipi.
Hoje as estações missionárias Batistas ocupam o globo. Em todo clima se
encontram Batistas na busca o último comando do Mestre de “ir a todo mundo e
pregar o evangelho a toda criatura”.
Em relação à segunda parte da Comissão, que comanda o batismo de Cristãos, só
os Batistas obedeceram. Outros ignoraram e minimizaram e perverteram essa parte
da Comissão.
Agora, como a Terceira parte da Comissão, o ensinamento de “observar todas as
coisas que Jesus comandou”, como ficam os Batistas? Para responder pode-se
dizer verdadeiramente que os Batistas são o único povo que quis ensinar
absolutamente “todas” as coisas comandadas. Eles sempre acreditaram na Educação
e na doutrinação. Então não surpreende que os Batistas tenham começado o
moderno movimento da Escola Dominical. A visão mais comumente defendida é que
Robert Rakes iniciou esse movimento, mas não é verdade. A honra pertence a
William Fox, um diácono Batista, como Dr. J. W. Porter prova abundantemente em
seu livro O Débito do Mundo aos Batistas. O Diácono Fox começou sua Escola
Bíblica em 1783 e dois anos mais tarde ajudou a organizar a “Sociedade para o
Sustento e Encorajamento das Escolas Dominicais”. Essa sociedade organizada por
Batistas foi a primeira organização para a promoção das escolas dominicais no
mundo, pelo que temos registro. Porém, em relação às escolas dominicais
individuais, a primazia pertence à Welch Batista. Em Gales, algumas igrejas
Batistas mantinham escolas dominicais pelo menos 132 anos antes do movimento
Raikes. E nessa ligação é bom indicar que a escola de Raikes não é uma escola
dominical no sentido moderno. Na verdade se encontravam nos domingos, mas não
para o estudo bíblico. A Bíblia não tinha lugar no curso do estudo.
Não apenas é verdade que os Batistas começaram o moderno movimento da Escola
Dominical, mas lideraram o trabalho das escolhas dominicais. Uma pequena
investigação nos provará isso. Por exemplo, foi um Batista, B. F. Jacobs que
deu ao mundo o sistema internacional uniforme de lições. Foi um Batista, Dr.
Warren Randolph que foi o primeiro secretário do Comitê Internacional de
Lições. Foi um Batista Dr. J. R. Sampey que desenvolveu o primeiro curso de
lições avançadas para a Associação Internacional de Escolas Dominicais da
América. Foi um Batista Dr. B. H. DeMent que ocupou a primeira cadeira de
Pedagogia de Escolas Dominicais estabelecida numa escola teológica no mundo, o
Seminário Teológico Batista do Sul. A Primeira Clínica de Escola Dominical foi
sustentada sob os auspícios da Diretoria do Seminário Batista do Sul da
Convenção Batista Sulista.
Os Batistas não apenas ocuparam o lugar de primazia ao ensinar “todas as coisas
comandadas por palavra oral. Eles também foram os primeiros a ensinar por
páginas impressas. Sendo proeminentemente um “povo da Bíblia”, eles procuraram
disseminar toda a palavra com Bíblias. A sociedade Bíblica mais antiga
existente, a Sociedade Bíblica Britânica, que distribuiu milhões de cópias das
Escrituras, foi fundada por um pregador Batista, Rev. William Hughes. A missão
de William Carey antes de sua morte tinha publicado Bíblias em quarenta
idiomas, envolvendo um terço da população mundial. Grande parte das traduções
foi feita pelo próprio Carey.
Foi o trabalho de Judson que produziu a primeira Bíblia em Burmês. Essa é a
única tradução usada em Burma hoje. Joshua Marshman, um Batista, deu aos
chineses sua Bíblia. Farances Mason, um Batista deu a Bíblia aos Dareanos.
Lyman Jewett, um Batista, deu a Bíblia aos Telugos. Nathan Brown deu a Bíblia
aos Assameses e aos Japoneses em seus próprios idiomas. Outros Batistas tiveram
grande papel na tradução da Bíblia. Por exemplo, o mundo de fala inglesa deve
aos Batistas pela versão mais precisa da Bíblia impressa em sua língua.
Refiro-me à Versão da União Bíblica Americana, totalmente traduzida por
Batistas.
Além do trabalho de tradução e circulação das Escrituras, é relevante mencionar
que a primeira referência marginal em nossa Bíblia inglesa foi preparada por
John Cranne, um Batista, em 1637.
Mas, seguindo ao trabalho específico de realizar a Grande Comissão, estou certo
de não estar equivocado em fazer breve menção das conquistas Batistas junto com
outras linhas mais ou menos relacionadas.
Alguns acusam os batistas de ser um povo ignorante. É bem verdade que grande
parte do seu trabalho está entre os mais pobres e que eles enumeram entre seus
membros milhões de pessoas comuns, mas a acusação de disseminar a ignorância
não pode ser sustentada. Como prova disso preciso mencionar alguns fatos: os
Batistas têm mais dinheiro investido em instituições educacionais na América
que qualquer das denominações evangélicas hoje. E os Batistas têm mais alunos
em instituição educacional na América que qualquer outra denominação de
Cristãos evangélicos. O maior doador à causa da educação na América é um
Batista professo. A maior Universidade do ponto de vista do tamanho e
envolvimento na América é administrada sob os auspícios Batistas e professada
como instituição Batista. O maior seminário teológico no mundo é uma escola
Batista. Nos campos missionários estrangeiros, os Batistas estão na linha de
frente junto com o front educacional. De fato, às vezes se diz que eles estão
colocando muita ênfase sobre a educação em terras estrangeiras. E não se pode
dizer que os Batistas só enumeraram homens da educação entre suas fileiras
durante os últimos anos, pois se formos retornando até o começo do trabalho
educacional na América encontramos a mesma verdade. Por exemplo, o primeiro
presidente da Universidade de Harvard foi um Batista, como o segundo, enquanto
uma das maiores somas de dinheiro doado para o sustento de Harvard durante seus
primeiros dias foi uma doação de um Batista.
Os Batistas tiveram muito grandes estudiosos e escritores. Foi John Bunyan, um
Batista que escreveu “O Progresso do Peregrino”, um livro que teve a
maior venda que qualquer livro já teve, com uma única exceção: a Bíblia. Foi
John Milton, o Batista que deu ao mundo uma das suas maiores produções
literárias: O Paraíso Perdido. É um Batista, Dr. A. T. Robertson, o
autor do padrão mundial de Gramática Grega do Novo Testamento e reconhecido
como o maior estudioso de grego. Esses nomes são só alguns dos muitos que eu
poderia mencionar.
Os Batistas tiveram um enorme papel no desenvolvimento da América e na formação
dos seus ideais e instituições. O povo americano deve, em parte, sua forma de
governo democrático, assim como seus ideais de liberdade religiosa e política
aos Batistas. A própria constituição dos Estados Unidos veio a existir como resultado
dos ensinamentos Batistas, pois Thomas Jefferson, o estruturador da
Constituição, obteve suas ideias de democracia dos Batistas. O Dr. J. W. Porter
mostra isso além de qualquer disputa em seu livro: O Débito do Mundo aos
Batistas. Na pág. 76 ele escreve: “a concepção, a fé que faz as coisas
existirem, a confiança da praticabilidade de um governo livre, cujo poder
terreno último é investido nas massas da comunidade. Essa ideia foi claramente
obtida pelo próprio Jefferson, em uma reunião em uma pequena igreja Batista,
mês a mês governando-se a si mesma pelas leis do Novo Testamento, em sua
própria vizinhança. Foi certamente as igrejas batistas desse país que foram as
primeiras a sugerir e manter essas ideias de liberdade religiosa.
Além da influência Batista em relação à Constituição, a primeira emenda à
Constituição, garantindo completa liberdade religiosa e proteção aos direitos
religiosos foi obtida pelos esforços dos Batistas.
Dr. Porter diz verdadeiramente: ”o governo de Rhode Island foi o primeiro no
mundo a completa e claramente absorver os princípios da liberdade religiosa.
Isso foi devido a Roger Williams, um pregador Batista”. E a isso, Bancroft, o
historiador acrescenta: “a liberdade de consciência, a liberdade ilimitada de
mente, foi, desde o início, um troféu Batista”.
Foram as igrejas Batistas que trouxeram diante do mundo as preciosas verdades
de igualdade, liberdade e liberdade religiosa e só pode ser justo ter sido uma
mulher Batista, Betsy Ross, que desenhou e confeccionou a bandeira americana,
as estrelas e listras, que simbolizam ao mundo a liberdade religiosa e
política.
Junto com outras linhas ainda não mencionadas, os Batistas foram e são uma
benção para o mundo. Como subprodutos de sua vida religiosa e cooperação,
muitas empresas beneficentes têm sido desenvolvidas.
Só nos Estados do sul, eles mantêm vinte e seis hospitais e muitos orfanatos,
onde milhares de pessoas são ministradas todos os anos.
Tendo observado que a Grande Comissão foi dada aos Batistas e sabendo, pela
história, que eles sempre foram dedicados a realizar as ordens de Cristo, não
deveríamos nos surpreender de perceber que em nossa própria América eles estão
crescendo mais rapidamente em proporção do que qualquer outra denominação não
Católica. Eu digo não Católica, porque os Católicos estão em constante
crescimento devido à imigração. O crescimento Batista por batismo em 1925
estava perto de 350.000! Desde o início da República, os Batistas cresceram de
10.000 em 1776 a mais de oito milhões nos dias de hoje. De um Batista a cada
264 da população total no tempo do início de nossa nação, agora temos um
Batista a cada 13 pessoas da população total.
Em terras estrangeiras, seu crescimento é maravilhoso. Estima-se que só na
Rússia, desde a Guerra Mundial, os Batistas tiveram um aumento de mais de dois
milhões!
Que os batistas possam se manter firmes na tarefa designada na Comissão e que
as bênçãos de Deus continuem sobre eles. Pois nos últimos dois mil anos,
“tortura, fogo e espada”, seguiram os ensinos do Fundador e seus registros
provam que eles abundantemente justificaram sua existência!
“Pois, se a igreja que Jesus construiu foi uma igreja Batista, então nenhuma
igreja além das igrejas Batistas são igrejas de Cristo e todo homem terá que
enfrentar o Senhor Jesus no julgamento e dizer a Ele por que se uniu a alguma
igreja fundada por um homem não inspirado, ao invés daquela fundada pelo
Próprio Senhor Jesus”.
H. B. Taylor, em “Por Que Sou um Batista”.
Quando os Batistas adentram um esquema de união por um processo de concessão e cancelamento, eles estão negociando por um jazigo e um lote no cemitério.
J. W. Porter, em “Registros ao Acaso”.
Com os fatos apresentados nos capítulos anteriores todos diante de
nós, somos levados a uma inevitável conclusão de que as igrejas Batistas são as
únicas igrejas de Cristo, as únicas igrejas autorizadas por Ele a realizar a
Comissão e a ministrar Suas ordenanças. Muitos em nossos dias farão quase
qualquer concessão para ser ensinado de modo “amplo”. Quantas e quantas vezes
ouvi alguns indivíduos que aspiravam à posição de uma das grandes “amplitudes”
observarem: “oh, não importa a que igreja ele pertença. Uma igreja é tão boa
quanto outra”. Isso parece muito simpático, mas pode ser verdade, à luz dos
fatos que estudamos? Que direito um homem tem de estabelecer uma organização
rival àquela fundada pelo Filho de Deus e chamá-la de “tão boa quanto?” A
igreja que Jesus fundou é muito querida ao Seu coração. Sua importância é
indicada pelo fato só a ela Ele deu a tarefa de realizar Seu trabalho no mundo.
Pois Sua igreja é o objeto de Sua terna solicitude e cuidado. Isso é indicado
pelo fato de que, apesar da perseguição, guerras, tumultos, surgimento e queda
de nações, a queda e morte de idiomas humanos, Ele preservou e perpetuou Sua
igreja. Muito certo, deve-se dar importância a um Cristão sincero que deseja
ser obediente a Seu Senhor, como à igreja a que ele pertence. Ele deveria
querer pertencer a uma igreja que pode afirmar que Jesus foi Seu Fundador e
Chefe, ao invés de uma instituição fundada por homens. Ele deveria querer ser
identificado com a igreja a quem Jesus entregou Suas ordenanças, a igreja que
Ele perpetuou através dos séculos e que tem a garantia do Novo Testamento para
suas doutrinas e práticas.
Nas reuniões de reavivamento, particularmente as de tipo “união” tenho muitas
vezes ouvido evangelistas dizer às pessoas para “se juntarem à igreja de sua
escolha”, independente de qual possa ser. Alguns podem me chamar de estreito
por dizer isso. Mas eu não poderia conscientemente dizer a ninguém para
fazê-lo. Como eu vejo, uma mera “escolha” talvez ditada por moda, capricho ou
mero sentimento, não é suficiente quando se trata de estabelecer a questão da
igreja. A pergunta que cada Cristão deveria fazer é: Qual é a verdadeira
igreja, a que Jesus fundou? Qual delas é inteiramente escritural em suas
doutrinas e práticas? É uma grande coisa levar uma pessoa perdida para Cristo.
É também uma grande coisa levar uma pessoa salva ao caminho da total
obediência. Para uma alma nascida de novo, fazer uma escolha errada em relação
à igreja e uni-la a uma igreja cujas doutrinas e práticas não são escriturais
significa iniciar uma carreira de desobediência a Cristo por toda a vida.
“União, reuniões, nas quais os sentimentos são mais exaltados do que a verdade,
e nas quais, os comandos de Cristo são levemente intercambiados por questão de
popularidade e a causa de muitas pessoas normalmente formarem suas afiliações a
igrejas à base de qual igreja seus parentes e amigos frequentam, a qual igreja
o evangelista pertence ou alguma coisa igualmente trivial. De fato, quase tudo
ajuda a decidir, exceto a única coisa importante: o ensino da Palavra de Deus.
OS BATISTAS NÃO PODEM SER CONSISTENTES E MISTURADOS EM FESTIVAIS PARA
REAVIVAMENTOS DE UNIÃO. Para uma reunião de união agradar a todos os
envolvidos, o pregador deve manter sua boca fechada em certas verdades. Pois um
pregador pregar o que diz a Palavra de Deus a respeito da segurança dos
crentes, batismo, Ceia do Senhor, verdade da igreja, etc. seria naufragar a
reunião de união. Nessa reunião um Batista não pode aconselhar adequadamente
novos convertidos a respeito “de todas as coisas”. Jesus comandou sem suscitar
indignação e crítica. É correto engajar-se em reuniões onde uma parte do ensino
claro da Palavra de Deus não é bem vinda? A verdade, toda a verdade, conforme
ensinada em toda a Palavra de Deus, sem acréscimo ou subtração, é o que os
Batistas sempre defenderam. Quando se engajam em esforços de união eles se
afastam de seus princípios honrados ao longo todo tempo.
Não desejo passar a impressão de que os Batistas são egoístas, enfiados na
igreja, insociáveis, não corteses ou algo do tipo. Eles deveriam se rejubilar
quando Cristo é pregado por qualquer seita ou denominação. Eles deveriam se
rejubilar por cada alma salva. Seu espírito nunca deveria ser de hostilidade ou
controvérsia descortês. Mas certamente sua primeira lealdade e fidelidade
deveria ser a Cristo e Sua Palavra. Sob Seu comando nunca deve haver
transigência e concessão. “Eles devem lutar arduamente (não raivosamente) pela
fé uma vez por todas entregue aos santos”.
Leitor, você que me seguiu através das páginas deste livro, se for um Cristão,
você é também um membro de uma genuína igreja do Novo Testamento? Peço
desculpas por ser estrito sobre a questão de sua afiliação a alguma igreja.
Essa não é uma questão que afete sua salvação, mas afeta sua recompensa com
Deus. Jesus ensinou que “aquele que quebrar qualquer desses mandamentos e assim
ensina será chamado de o menor no Reino dos Céus”.
A pessoa que pertence a uma igreja que minimize e quebre alguns dos mandamentos
de Cristo, necessariamente influencia outros para “ensinarem da mesma forma”.
Por fazerem isso, se colocam na classe daqueles de quem Cristo disse que serão
“chamados os últimos” no Reino. A questão de sua afiliação a uma igreja é algo
de que você prestará contas diante do Trono de Julgamento de Cristo. Você
receberá o que fizer corretamente sobre o assunto, independente do que qualquer
pessoa do mundo pensar de você.
Tentei estabelecer a verdade da questão da igreja neste livro, clara e
simplesmente. Meu objetivo foi capacitá-lo a ler o que você precisa saber
quanto à sua tarefa em relação a que igreja você deve pertencer. Se você fará
ou não o que sabe ser correto, isso é o que fará você responder, não a mim, mas
ao Senhor.
“Aquele,
pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecando” (Tiago
4:17 – ACF).
Abaixo é dada uma relação parcial de livros lidos na íntegra ou em parte, para
a preparação deste livro.
Uma História dos Batistas por John T. Christian.
Uma Breve História dos Batistas, por H. V. Bedder.
História dos Batistas, por Benedict.
História dos Batistas, por Thos Armitage.
Manual de História da Igreja, por A. H. Newman.
História do Anti Pedobatismo, por A. H. Newman.
Um Século de Conquistas Batistas, por A. H. Newman.
A Denominação Batista, por Haynes.
História da Igreja Cristã, por Jones.
A História dos Batistas, por Cook.
Progresso dos Princípios Batistas, por Curtis.
Os Batistas na História, por Geo. C. Lorimer.
A História Batista Justificada, por John T. Christian.
A História da Igreja Cristã, por Schaff.
A História da Igreja Cristã, por Fisher.
História dos Papas, por Ranke.
A Igreja Antiga, por Kellen.
A Antiga Igreja Britânica e Irlandesa, por Cathcart.
História da Igreja, por Kurtz.
Livro Fonte da História da Igreja Antiga, por Ayer.
Leitura sobre História Batista, por W. R. Williams.
Princípios Batistas Distintos, por Pendleton.
Doutrinas de Nossa Fé, por Wallace.
Sucessão Batista, por Ray.
Perpetuidade da Igreja, por Jarrell.
A Igreja, por Harvey.
Diretório das Igrejas Batistas, por Hiscox.
A Antiga Igreja Católica, por Rainey.
História da Inglaterra, por Macaulay.
Dez Épocas da História da Igreja, por Walker.
História Batista, por Isaac Backus.
Guia para o Estudo da História da Igreja, por McGlothlin.
História Eclesiástica, por Mosheim.
As Igrejas do Novo Testamento, por McDaniel.
Fundamentos da Fé, por Nowlin.
Débitos do Mundo aos Batistas, por Porter
Minha Igreja, por J. B. Moody.
A Igreja do Novo Testamento, por T. T. Martin.
A Igreja e o Reino, por Thomas.
Axiomas da Religião, por Mullins.
Síntese da Verdade Bíblica, por Schofield.
A Fusão da Doutrina, por Thomas.
Disciplina da Igreja Episcopal Metodista.
Crenças Batistas, por Mullins.
Crenças Bíblicas, por H. B. Taylor.
Ecclesia—a Igreja, por B. H. Carroll.
Denominacionalismo em Teste, por Tull.
Igrejas Batistas Apostólicas, por Newman.
Sete Fundamentos Batistas, por Connor.
A Fé Batista, por M. P. Hunt.
A Posição Batista, por J. F. Love.
A Lei Batista da Continuidade, por Smith.
A Igreja, uma Vida Composta, por Prestridge.
Compêndio de História Batista, por Shackelford.
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Tradução
e Revisão: Jeanne
Borgerth Duarte Rangel
Congregação Batista da Graça
Rua Porto Colômbia Nº 23
Vila Permanente – Tucuruí – Pará
Reuniões: Sábados e Domingos às 19: 30 hs
Fones: (94) 3778-3031 e (94) 91462114
“A
Salvação vem do SENHOR...”
Salmo
3: 8
[1] Aqui Roy Mason faz referencia a associações e convenções, pois o mesmo ainda fazia parte da Convenção Batista do Sul EUA no inicio. Não estamos de acordo com o Dr. Mason neste ponto, pois sabemos o que sempre ocorre com igrejas que fazem parte de convenções e associações, elas perdem sua autoridade e autonomia como igrejas de Cristo. Muitas igrejas perderam sua identidade pratica por causa deste tipo de envolvimento. Jesus fundou igrejas e não convenções e associações. Portanto elas que tem a autoridade dada por Seu Cabeça, Cristo Jesus.
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.