Inquestionável Lealdade à Liderança Pastoral





         Líderes de igreja exigindo inquestionável lealdade é uma perversão da verdade bíblica, a marca de uma seita. A Bíblia dá autoridade aos pastores e anciãos (Hebreus 13:7,17), mas não uma autoridade ilimitada nem inquestionável. Os que exigem cega obediência do seu povo são os líderes das seitas.

         Considerem a seguinte descrição da autoridade que era exercida por James e Ellen White, nos primeiros dias da seita Adventismo do Sétimo Dia:

         “O ancião e a Sra. White  dirigem e governam tudo com mão de ferro. Nenhuma nomeação para ofício, nenhuma resolução, nem mesmo um item nas reuniões oficiais era realizado, antes de terem sido submetidos à aprovação do ancião White. Até alguns anos atrás, jamais vimos um voto de oposição a qualquer questão, pois ninguém ousava fazê-lo. Daí que todo voto oficial era apenas uma farsa.  A vontade do ancião White tudo determinava. Se alguém ousasse se opor a qualquer coisa, embora humildemente, o ancião White ou sua esposa logo o suprimia. LONGOS ANOS DE TREINAMENTO ENSINAVAM AS PESSOAS A PERMITIR QUE OS LÍDERES PENSASSEM POR ELAS, DAÍ QUE ELAS FICAVAM SOB TÃO COMPLETA SUJEIÇÃO COMO FICAM OS CATÓLICOS”. (D. M. Conright, Seven Day Adventism, Renounced, 1989).

         Esta descrição foi feita por um homem que havia sido membro fiel da Igreja Adventista do Sétimo Dia  durante 28 anos, o qual se tornara um dos seus líderes eminentes. Ele abandonou a IASD em 1884, tendo se tornado um pastor batista em Michigan, até o dia de sua morte, em 1919.

       O FATO ASSUSTADOR É QUE A DESCRIÇÃO ACIMA, DA PERVERTIDA AUTORIDADE QUE ERA EXERCIDA POR JAMES E ELLEN WHITE EM SUA SEITA ADVENTISTA, DESCREVE PERFEITAMENTE A AUTORIDADE EXERCIDA POR ALGUNS PASTORES BATISTAS FUNDAMENTALISTAS. Se eu quisesse publicar a descrição de Conright da pervertida autoridade da igreja, sem incluir os nomes de James e Ellen White, sem explicar quem a escreveu e quando foi escrita, alguns membros de igrejas batistas  independentes seriam tentados a me escrever e rotular os seus próprios pastores.


CARACTERÍSTICAS ESPIRITUAIS DA AUTORIDADE DO PASTOR


Existem dois problemas vistos por mim com relação à autoridade pastoral, nas igrejas batistas fundamentalistas de hoje.

Um - Existe uma rebelião contra a autoridade pastoral da parte de alguns membros da igreja.

Dois
- Existe um mau uso da autoridade pastoral da parte de alguns pastores.

Aos pastores, Deus concedeu autoridade. A Palavra de Deus diz:
“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”. (Hebreus 13:17).  Os membros de igreja não têm todos a mesma autoridade nas congregações. Os pastores têm autoridade para governar e os que não são pastores devem se submeter à sua autoridade. Muitas pessoas que abandonam as BOAS igrejas batistas independentes fazem isso por não entenderem ou por se recusarem a submeter-se à bíblica autoridade pastoral. Elas acham que têm os mesmos direitos do pastor para tomar decisões na igreja. Mas, isto não é verdade. Temos tratado disso em artigos tais como “Seven Keys to a Fuitful Membership” (Ver a Seção Igreja sobre a Apostasia dos Tempos Finais, Database, no site da Way of Life Literature).



- A AUTORIDADE DOS PASTORES É UMA AUTORIDADE MINISTERIAL [e ministro é servo, ministrar é autoridade para servir, ser servo, escravo, prestador de serviço] - A AUTORIDADE DE UM PASTOR:

“Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal; e qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. (Marcos 10:42-45).

“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. (Atos 20:28).

“Não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé... Portanto, escrevo estas coisas estando ausente, para que, estando presente, não usei de rigor, segundo o poder que o Senhor me deu para edificação, e não para destruição (2 Coríntios 1:24; 13:10).

“Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância”  (Tito 1:7).

“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto” (1 Pedro 5:2).

- A AUTORIDADE DE UM PASTOR É UMA AUTORIDADE SUBMISSA E HUMILDE - A AUTORIDADE DE UM MORDOMO:

“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. (Atos 20:28).

“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. (1 Coríntios 3:9).

“Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.” (1 Coríntios 4:1)

“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (1 Coríntios 12:7).

“Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância” (Tito 1:7).

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. (1 Pedro 4:10).

“Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória. Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (1 Pedro 5:3-5).

           O pastor deve governar sob a direção do Senhor Jesus Cristo, não pela sua própria mente ou vontade. A igreja é propriedade de Deus; seu povo é o povo de Deus; sua obra é a obra de Deus. O pastor é apenas um mordomo ou cuidador.

         O oposto disto foi o ministério do orgulhoso e voluntarioso Diótrefes (3 João 9-10), o qual exigia “o primado” sobre o rebanho, suprimindo o ministério espiritual de homens que ele não aprovava, embora esses ministérios fossem bíblicos.



ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS DE UM DIÓTREFES SÃO AS SEGUINTES


Primeira,
ele exige inquestionável lealdade, não ensinando às pessoas que sua autoridade é restrita e nem as encorajando a testá-lo conforme a Palavra de Deus. Ele enfatiza certas passagens que se referem a um aspecto da autoridade pastoral (tais como Hebreus 13:7,17). Mas as amplia ou, então,  ignora completamente as que limitam sua autoridade (tais como Marcos 10:42-45, 2 Coríntios 1:24 e 1 Pedro 5:2, supracitadas). Esta é a maneira como os falsos mestres usam inadequadamente a Bíblia. Eles desenvolvem suas doutrinas a partir de versos prediletos, os quais pareçam apoiar suas visões, conquanto ignorando ou explicando defectivamente os versos que desaprovam suas visões.

Segunda,  ele deseja que as pessoas se tornem suas dependentes, em vez de dependerem do próprio Senhor. Eles fazem com que as pessoas se sintam impotentes para tomarem qualquer decisão importante, e que pensem não conhecer a vontade de Deus a não ser através deles. O oposto disto se encontra em Atos 13:3-4, no qual vemos que era o Espírito Santo quem guiou a Igreja de Antioquia, quando convocou Paulo e Barnabé para o seu trabalho missionário.

Terceira, ele se exalta acima de todos.

Quarta, Ele ridiculariza os seus associados, fazendo-os parecer pequenos aos olhos dos membros da igreja, aumentando, assim, o seu próprio privilégio e autoridade, ou diminuindo os dos outros.

Quinta, Ele usa um modelo militar ou do Velho Testamento para governar a igreja, com o fito de fortalecer suas exigências e impor uma inquestionável lealdade. Ele se compara a Moisés, Josué e Davi, falhando em observar que o modelo de governo da igreja do Novo Testamento é dramaticamente diferente do Israel do Velho Testamento. Israel era um reino, uma teocracia, enquanto a igreja do Novo Testamento é um corpo e rebanho de Cristo. Os líderes humanos nas igrejas não são senhores, ou potentados, ou generais, ou presidentes, mas simplesmente humildes pastores. O Senhor Jesus não deixou dúvida alguma sobre isto, conforme [a passagem supra de] Marcos 10:42-45.



A AUTORIDADE DO PASTOR É UMA AUTORIDADE GENTIL E AMOROSA


É a autoridade de um pai (1 Tessalonicenses 2:7-11). O pastor deve ter uma consideração piedosa, amorosa, gentil e sacrifical pelo bem estar das pessoas. Seu governo não deve ser de sobrecarga e de servir a si mesmo, ao governar.

“Antes fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias almas; porquanto nos éreis muito queridos. Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus. Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, e justa, e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes. Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos (1 Tessalonicenses 2:7-11).

         Entre as marcas de uma seita está a maneira como as pessoas são tratadas, quando se recusam a obedecer inquestionavelmente à liderança, ou quando deixam a igreja. Quando D. M. Conright abandonou o Adventismo,  após 28 anos, ele foi tratado como um homem tolo e mau. Toda amizade e gentileza foram retirados pelos líderes adventistas. Eles até mesmo mentiram, impiedosamente,  contra ele, durante os anos seguintes. Isto é típico de uma seita. Se questionam a autoridade ou abandonam a seita, as pessoas se transformam em joguetes, para serem tratadas sem misericórdia. É exatamente o que encontramos em algumas grandes igrejas batistas independentes (ou pequenas querendo ser grandes) parecidas com uma seita. Enquanto as pessoas se submetem inquestionavelmente ao pastor, elas são tratadas gentilmente. Mas logo que discordam de sua liderança ou abandonam a igreja, toda a gentileza é removida e elas passam a ser tratadas indignamente
.



LIMITES À AUTORIDADE DO PASTOR


         Um pastor só possui a autoridade que lhe foi delegada por Deus. Aos cristãos, nunca é dito que se submetam cegamente a um líder eclesiástico, mas aos homens verdadeiramente vocacionados por Deus, os quais estejam governando conforme a Palavra de Deus. Segundo diz o Apóstolo Paulo na 1 Coríntios 11:1: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo”. Paulo exige que os outros o sigam porque ele estava seguindo a Cristo e pregando  a mensagem que lhe fora entregue por Cristo. Fora isto, Paulo não tinha autoridade alguma. Ele assim admoestou as igrejas da Galácia:

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gálatas 1:8). Mesmo em assuntos referentes aos seus associados, a autoridade de Paulo não era absolutamente inquestionável. Quando ele “desejou ardentemente” que Apolo ministrasse em Corinto, este se recusou a obedecer. (1 Coríntios 16:12).

A autoridade do pastor é limitada das seguintes maneiras:

(1) A AUTORIDADE DO PASTOR É LIMITADA PELA BÍBLIA. Hebreus 13:7 instrui os cristãos a se submeterem aos que têm falado a Palavra de Deus. Nenhum pregador tem autoridade própria. Sua autoridade é a Palavra de Deus.  Se um pastor ou mestre se afasta da Bíblia, seus ouvintes não têm a responsabilidade de segui-lo; ele ultrapassou a sua autoridade. Os bereanos são louvados porque examinavam cuidadosamente nas Escrituras a pregação de Paulo, em vez de seguirem cegamente um homem. (Atos 17:11). O povo de Deus é instruído a “provar todas as coisas e reter o que é bom” (1 Tessalonicenses 5:21).

Cada sermão deve ser julgado pelos ouvintes (1 Coríntios 14:29). O pastor não tem autoridade para governar sobre a vida particular das pessoas. Elas são o povo de Deus, não do pastor. Ele é apenas um apascentador [mordomo do Pastor Jesus Cristo], o qual está cuidando, temporariamente, do rebanho do Senhor. O povo de Deus é habitado pelo Espírito Santo, que é o seu mestre [através da Palavra que Ele mesmo inspirou] (1 João 2:27).



(2) A AUTORIDADE DO PASTOR REPOUSA NA SUA CHAMADA POR DEUS  (Atos 20:28).  

Os anciãos de Éfeso haviam sido nomeados pelo Espírito Santo. Esta é a base fundamental da autoridade espiritual. Os cristãos devem se submeter apenas aos homens que dêem plena evidência de sua chamada pelo Senhor. As qualificações de um pastor são claramente declaradas na 1 Timóteo 3 e Tito 1. Muitos homens são inadequados a exercer a autoridade pastoral porque suas esposas não são espirituais ou porque seus filhos são desgovernados, ou porque têm um mau testemunho na comunidade, ou por outras razões claramente  expostas na Bíblia.

Irmãos, devemos nos submeter aos pastores realmente  vocacionados por Deus, os quais estejam liderando a igreja conforme a Palavra de Deus. Devemos apoiá-los sempre, dando-lhes o benefício da dúvida. Não fazê-lo significa rebelião e confusão. Precisamos nos acautelar contra os homens que exercem um tipo não bíblico e sectário de autoridade, independente do rótulo denominacional que eles usem. Está é a mentalidade de Diótrefes, a qual resultou na formação da ICAR, com os seus arcebispos, cardeais e papas.



David Cloud - “Unquestioning Loyalty to Pastoral Leadership the Mark of a Cult

Traduzido por Mary Schultze, em 18/06/2010 - www.maryschultze.com





Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).



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