Pr. Anízio Gomes
Nos últimos 200 anos, popularizou-se no meio das igrejas batista a doutrina, estranha ao
Novo Testamento [da coexistência] das duas igrejas; ou seja a igreja local e a igreja universal. Esse pensamento teológico
oriundo do protestantismo tem causado inúmeros males às igrejas batista, porém o maior destes males
é o fato desta doutrina abrir as portas das igrejas batistas ao liberalismo teológico e
ao movimento ecumênico. A doutrina da igreja
universal invisível enfraquece a posição separatista dos batistas, afinal "se 'todos os crentes fazem parte da mesma igreja (invisível)', por que uma vai ser batista e a outra pentecostal ou metodista...? Se não há diferença entre uma igreja batista e uma igreja protestante, devemos quebrar os muros da separação e unirmo-nos, pois formamos o mesmo corpo." Esse pensamento tem matado muitas
das igrejas batistas (locais), deixando-as completamente exposta ao ecumenismo.
A idéia de universalização da igreja veio de Roma (a Igreja Católica intitula-se “igreja universal (católica) visível”) e foi importada para o protestantismo por Martinho Lutero que, rejeitando a doutrina da igreja local defendida pelos anabatistas, ou batistas históricos (batistas fiéis à Bíblia), implantou o credo da igreja universal invisível que, para os universalistas, é a igreja verdadeira, sendo a soma de todos os salvos.
Na Bíblia Anotada por Scoffield, você encontra a versão mais popular dessa doutrina: “a igreja verdadeira é composta do número inteiro das pessoas regeneradas desde pentecostes até a primeira ressurreição (I Co. 15:52), unidas a Cristo pelo batismo do Espírito Santo (I Co. 12:12-13), no corpo de Cristo, do qual Ele é a cabeça (Ef. 1:22-23)”.
Uma rápida análise dessa doutrina mostra a sua fragilidade e suas muitas falhas, pois a Bíblia, a Palavra de Deus, não sustenta tal posição. Façamos, pois, uma breve análise:
a) Não considera o fato histórico e bíblico
de que a igreja de Jesus foi estabelecida pelo próprio Senhor durante seu ministério terreno. Antes de pentecostes a igreja já batizava (Jo. 4:1-2), recebeu a ceia (Mt. 26:26-30), foi ensinada a praticar a disciplina (Mt. 18:15-20), recebeu a grande comissão (Mt. 28:16-20)
[tudo isto] antes do dia de pentecostes.
b) Ensina que a nossa união com Cristo é feita através do batismo no Espírito,
assim negligenciando que antes do pentecostes os apóstolos já criam em Cristo e em At. 1:15 temos registro de uma reunião com quase cento e vinte pessoas salvas antes de pentecostes.
c) Depois de receberem a virtude do Espírito Santo os apóstolos pregaram e três mil salvos foram acrescidos à igreja através do batismo (em águas) e não no Espírito Santo.
d) Os defensores da igreja invisível ainda erram quando pregam que todos os salvos fazem parte da igreja de Cristo (corpo de Cristo) o salvo é membrado ao corpo através do batismo, podendo um crente verdadeiro ser cortado legitimamente da igreja através da disciplina, deixando de ser membro do corpo local de crentes reunidos biblicamente. (o disciplinado deixa a membresia da igreja, não perde a salvação).
Inserimos aqui uma análise feita pelo Pr. Steve Montgomery no principal
argumento utilizado pelo ultrauniversalista Scoffield como prova definitiva para a existência de uma igreja universal e invisível. O Pr. Steve analisa I Coríntios, 12:12-13 e mostra que estes versículos não provam a existência da igreja universal invisível composta de todos os crentes da dispensação da igreja:
“SEU ARGUMENTO PRINCIPAL EXAMINADO
Vamos examinar I Co. 12:12-13, que Scoffield usa como prova da igreja invisível. Esta passagem da Bíblia não ensina a igreja invisível feita de todos os crentes.
1. Paulo estava ensinando sobre os dons espirituais, vs. 1.
2. Todos os membros da igreja cm Corinto tinham o Espírito Santo, vs. 2-3. Logo, nenhum membro era superior ao outro.
3. Há diversos dons, mas o Espírito é um só. É o mesmo Espírito, vs.
4. Há diversos ministérios, operações e manifestações, mas o Espírito Santo é o mesmo, vs. 5-11. É um só.
5. O Espírito repartia os dons "particularmente a cada um como quer," vs. 11. Por que? Paulo comparou a igreja em Corinto a um corpo físico. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo."
6. Não há dúvida, nenhum membro na igreja de Corinto era mais importante que os outros. Nenhum membro pode ser exaltado acima dos outros, vs. 14-25. Por que? “Para que não haja divisão no corpo”, vs. 25. Este é o ponto mais importante. Ela deve ser unida e não dividida. Ela deve ser um só corpo. Ela deve ter um só Espírito, uma só fé e um só batismo, Ef. 4:3-4. Mas, se perguntarmos, "Que corpo?" vamos encontrar a resposta em versículo 27, "Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular." A igreja em Corinto era o corpo de Cristo em Corinto. Cada membro da igreja era membro do corpo. O corpo de Cristo é a igreja local.
7. Em versículo 13, Paulo fala do batismo em água de cada membro da igreja em Corinto. O MESMO ESPÍRITO SANTO levou cada um deles ao batismo em água para formar um só corpo em Corinto.
8. Um outro tipo de batismo faria uma divisão no corpo! O Espírito Santo não leva a pessoa a ser aspergida no lugar de batismo. Ele não leva os pais a batizar seus infantes. Todos os membros devem ter o mesmo batismo que receberam depois da sua profissão de fé em Cristo. Este batismo é imersão total na água.
9. O que quer dizer ser "batizados em um Espírito"? A palavra "em" tem o mesmo signiFicado neste versículo que tem em I Co. 10:2. "E todos foram batizados em Moisés”.Os judeus foram batizados na nuvem e no mar em obediência a Moisés. E semelhantemente todos os membros da igreja em Corinto foram batizados em obediência ao mesmo Espírito Santo. O Espírito Santo dirigiu cada membro da igreja em Corinto para ser batizado em água. Nenhum membro tinha um outro batismo. Todos eram iguais. Paulo estava falando da igreja local e visível de Corinto, e não de todos os crentes do mundo, batizados misteriosa e misticamente numa igreja invisível no céu! Portanto, a igreja em Corinto era o corpo de Cristo em Corinto.”
Como podemos perceber, a doutrina da igreja universal invisível não corresponde aos fatos bíblicos sendo, na realidade, uma criação mitológica e de fábulas protestantes. Concordamos que um dos maiores estudiosos da Bíblia em nosso país e no meio batista foi o Dr. Aníbal Pereira do Reis, de saudosa memória, e assim se pronunciou sobre o assunto, na página 30 do seu excelente livro “A verdadeira igreja”:
“Jamais em todo o Novo Testamento a palavra ‘igreja’, no singular, serve para designar a totalidade das igrejas locais como formando uma igreja universal ou católica, por elas compostas”.
Concluímos que os defensores da mitológica igreja universal invisível torcem os textos da Bíblia querendo aplicar à palavra “igreja” um sentido universal que não corresponde com a verdade sobre esta palavra nem na cultura grega muito menos no seu uso neotestamentário. Essa atitude dos universalistas é um crime contra a filologia grega e contra as regras de interpretação da Bíblia e é também um atentado à história da igreja.
Pr.Anízio Gomes
Pr.anizio@bol.com.br
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.