Thomas Ice
"Estando de longe pelo temor do seu tormento, dizendo:
Ai! Ai daquela grande cidade de Babilônia, aquela forte cidade! Pois em uma
hora veio o teu juízo" (Ap 18.10 ACF)
Será que a Bíblia tem algo a dizer sobre o papel a ser
desempenhado pela Babilônia no futuro? A Babilônia mencionada na Bíblia tem
alguma relação com o Iraque de nossos dias?
Essas questões podem ser solucionadas respondendo à seguinte
pergunta: todas as referências bíblicas à Babilônia devem ser interpretadas
literalmente ou não? Eu creio que sim. O Dr. Charles Dyer declara:
A Bíblia menciona o termo Babilônia mais de duzentas e
oitenta vezes, e muitas dessas referências dizem respeito à futura cidade de
Babilônia que será edificada na areia fina do atual deserto.
Na verdade, depois de Jerusalém, Babilônia é a cidade mais
citada em toda a Bíblia. Mas qual será o seu destino profético? Para
entendermos esse assunto de maneira adequada, precisamos iniciar a nossa viagem
explorando o passado da Babilônia, já que os fatos relacionados ao seu
nascimento prestam auxílio no esclarecimento de seu papel futuro.
A antiga cidade de Babilônia começou imediatamente após o
Dilúvio e simboliza a expressão da rebelião direta do homem contra Deus e
contra a Sua ordem: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra” (Gn
9.1b). Portanto, o reinado humano começou na Babilônia com uma rebelião clara e
evidente contra Deus. O Senhor interveio e espalhou a humanidade rebelde
confundindo seus idiomas. O nome “Babel” foi dado à cidade de Ninrode, por
causa da sentença de Deus sobre seus habitantes (Gn 11.1-9). O Dr. Dyer explica:
Babel foi a primeira tentativa de unificação da humanidade
para causar um curto-circuito no propósito de Deus. Essa primeira cidade
pós-diluviana foi projetada expressamente para frustrar o plano de Deus
relativo à humanidade. As pessoas buscavam unidade e poder, e Babel deveria ser
a sede governamental desse poder. Babilônia, a cidade feita por homens, que
tenta se elevar até o céu, foi construída em direta oposição ao plano de Deus.
Babel foi a primeira tentativa de unificação da humanidade
para causar um curto-circuito no propósito de Deus.
A Babilônia estava novamente em primeiro plano no sexto
século antes de Cristo quando Deus enviou o Reino do Sul de Israel (Judá) para
os setenta anos de cativeiro. Foi nessa época que Daniel recebeu de Deus muitas
de suas visões proféticas. Nessas revelações, a Babilônia foi o primeiro dos
quatro grandes impérios que se levantaram durante os “tempos dos gentios” (Dn 2
e 7). A história revela que a Babilônia sofreu um declínio até o segundo século
depois de Cristo, quando ficou deserta. Essa cidade soterrada sob as areias do
tempo durante os últimos mil e setecentos anos recomeçou sua ascensão no século
passado. Espere mais um pouco e você verá a Babilônia tornando-se uma força
religiosa, comercial e politicamente dominante no mundo, pois os capítulos 17 e
18 de Apocalipse predizem sua destruição, mas, para ser a cidade que essas
profecias projetam, Babilônia precisa ser reconstruída em grande escala,
voltando a ser como nos dias de Nabucodonosor.
Como a Babilônia desempenhou um importante papel
no passado, também já está agendado por Deus – segundo foi revelado na profecia
– que ela desempenhará um papel central no futuro. Ela se tornará,
provavelmente, a capital do Anticristo durante os futuros sete anos de
tribulação, conforme retratado na série de ficção Deixados para Trás de Tim
LaHaye e Jerry Jenkins.
A Babilônia foi a cidade mais importante do mundo por quase
2000 anos, e a Bíblia nos diz que será reerguida e colocada no palco mundial do
fim dos tempos para representar um papel de destaque (Ap 14.8; Ap 16.19; Ap 17
e Ap 18). A profecia referente ao final dos tempos exige que a Babilônia seja
reconstruída e se torne uma cidade importante aos interesses mundiais durante a
Tribulação. O texto de Isaías 13.19 diz: “Babilônia, a jóia dos reinos, glória
e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou”.
O contexto de Isaías 13 é “o Dia do Senhor”, expressão mais utilizada no Antigo
Testamento para o termo largamente conhecido como “Tribulação”. Além disso, no
passado a Babilônia foi conquistada por outros povos mas nunca foi destruída
num cataclismo (ou seja, “como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou”).
Atualmente a [região de] Babilônia tem aproximadamente 250.000 habitantes. O
texto de Apocalipse 18.16,19 fala de uma súbita destruição pela mão de Deus:
“Ai! Ai! da grande cidade,... porque, em uma só hora, foi devastada!” O Dr.
Arnold Fruchtenbaum declara:
As profecias referentes à cidade de Babilônia nunca se
cumpriram no passado, o que qualquer enciclopédia pode testificar. Para que as
profecias bíblicas se cumpram, é necessário que a cidade de Babilônia seja
reconstruída na mesma área de outrora. A antiga Babilônia é o atual Iraque.
Para que as profecias bíblicas se cumpram, é necessário que a
cidade de Babilônia seja reconstruída na mesma área de outrora. A antiga
Babilônia é o atual Iraque.
A Babilônia tem um importante papel na história futura, mas
será totalmente destruída num determinado momento ainda por vir.
Em Apocalipse 17-18 Babilônia é citada como sendo a fonte da
religião, do governo, e da economia ímpios. Todos os aspectos injustos da
sociedade do fim dos tempos são, finalmente, derivados de uma fonte babilônica.
O verdadeiro caráter de Babilônia é revelado a João em Apocalipse 17.5 como um
mistério assim descrito:
“BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES
DA TERRA”.
Como a mãe de todas as religiões falsas, Babilônia é a fonte
onde nasce o falso cristianismo de nossos dias e, certamente, durante a
Tribulação. Todas as correntes do cristianismo apóstata – catolicismo romano,
as igrejas ortodoxas do Oriente e o protestantismo liberal – vão convergir na
Babilônia eclesiástica (Ap 17) durante a Tribulação. O Dr. Dyer nos informa:
...em Apocalipse 17 João descreve a visão em duas partes. A
primeira parte fala de uma mulher identificada como Babilônia. Simboliza uma cidade
de extrema riqueza que controla – “povos, multidões, nações e línguas” (Ap
17.15). Ela é literalmente a cidade de Babilônia reconstruída.
Esses povos, multidões, nações e línguas vão continuar sua
tarefa de enganar, mas sofrerão o juízo de Deus durante e no final da
Tribulação. Encontramos o mesmo parecer sobre Babilônia e a descrição de um
destino semelhante em Apocalipse 18 referindo-se à Babilônia comercial.
Ao longo da história da Igreja, grande parte dos intérpretes
da Bíblia pensava que essa Babilônia fosse um tipo de palavra-código referente
a alguma entidade como o Império Romano, o catolicismo romano, o cristianismo
apóstata ou mesmo os Estados Unidos ou a Inglaterra. Entretanto, creio que, assim
como o termo “Israel” na Bíblia sempre se refere a Israel, o termo “Babilônia”
sempre se refere à Babilônia.
Em primeiro lugar, creio que o livro de Apocalipse é uma
grande estação central para onde convergem todas as profecias bíblicas
referentes ao futuro. O Dr. Fruchtenbaum explica esse fato da seguinte maneira:
As profecias do Antigo Testamento estão espalhadas pelos
livros de Moisés, de vários profetas e pelos livros históricos. Seria
impossível desenvolver qualquer seqüência cronológica dos eventos mencionados
nessas profecias. O valor do livro de Apocalipse não está no fato de oferecer
novas informações, mas em ordenar as profecias do Antigo Testamento em
seqüência cronológica, possibilitando determinar a ordem dos eventos.
Quando se estuda o que Deus declara acerca da Babilônia no
livro de Apocalipse, obviamente vemos que essas profecias não se cumpriram em
acontecimentos passados e, portanto, terão seu cumprimento em eventos futuros.
Os capítulos 17 e 18 de Apocalipse, que falam sobre a Babilônia, fazem muitas
alusões a ela citando profecias do Antigo Testamento como Isaías 13 e 14,
Jeremias 50 e 51 e Zacarias 5.5-11.[7] A única interpretação plausível para um
literalista é que as referências são à “Babilônia às margens do Eufrates”. O
Dr. Robert Thomas prossegue, dizendo:
...no dia vindouro, predito nas páginas dessa profecia, essa
cidade se tornará o foco central de todo o sistema religioso que se opõe
decididamente à verdade da fé cristã. O sistema religioso prosperará durante
algum tempo, exercendo influência sobre as instituições comerciais e políticas
de sua época, até que a Besta e os dez reis determinem que esse sistema já não
tem qualquer utilidade para seus propósitos. Eles, então, o desmantelarão.
A Babilônia de Apocalipse é literal e, por conseguinte, as
profecias a seu respeito hão de se cumprir literalmente no futuro, talvez em um
futuro próximo.
Os preteristas, como Gary DeMar, por exemplo, zombam da
perspectiva de voltar a existir uma Babilônia reconstruída no futuro e
desempenhando um papel na profecia do fim dos tempos. “Será que deveríamos
esperar uma reconstituição de Babilônia no futuro, tendo por base os eventos
descritos no livro de Apocalipse?”, pergunta DeMar. “A Babilônia de Apocalipse
é a mesma Babilônia do Antigo Testamento?... De jeito nenhum”. DeMar acredita
que aqueles que vêem uma correlação entre os eventos atuais e a preparação
feita por Deus para o futuro período de Tribulação estão desenvolvendo uma
“exegese de jornal”. Diz ele que estamos “lendo a Bíblia pela lente dos
acontecimentos atuais”. Porém, eu argumento que ocorre exatamente o contrário.
Os intérpretes literalistas da Bíblia há muito tempo têm
ensinado que Israel deve retornar à sua terra antes da Tribulação,
fundamentados na sua compreensão do cronograma profético. Isso aconteceu com o
estabelecimento do Estado de Israel em 1948. Os judeus estão de volta à sua
terra e posicionados para cumprir o seu destino quando a Tribulação começar. No
passado, antes de 1948, os intérpretes literalistas não se baseavam naquilo que
os jornais diziam para crer no que a Bíblia profetizava. Pelo contrário, eles
criam que Israel seria restaurado porque a Bíblia assim o dizia. O que
realmente acontece é que Deus está cumprindo Suas profecias perante um mundo
observador e os jornais apenas relatam os fatos. Se a convicção de que Deus
cumpre o que diz tivesse sido uma espécie de “exegese de jornal”, antes de 1948
não teríamos começado a proclamar a nossa certeza de que Israel seria
restabelecido. Contrariando essa “exegese de jornal”, os estudiosos da Bíblia
já proclamavam o retorno de Israel à sua terra como um evento futuro centenas
de anos antes que ocorresse.
A Babilônia de Apocalipse é literal e, por conseguinte, as
profecias a seu respeito hão de se cumprir literalmente no futuro, talvez em um
futuro próximo.
Por semelhante modo, estudiosos da profecia também têm
ensinado, há muitos anos, que haverá um ressurgimento do Império Romano e que a
cidade de Babilônia será reconstruída, já que essas entidades desempenharão um
papel específico durante o futuro período da Grande Tribulação. Antes que
Saddam Hussein subisse ao poder, Charles Dyer concluiu a sua tese de mestrado
no Seminário Teológico de Dallas (em maio de 1979) falando da futura reconstrução
de Babilônia. Bem antes de seu tempo, um significativo grupo de estudiosos da
Bíblia argumentava “em alto e bom som” que a Bíblia prediz uma futura
reconstrução da cidade de Babilônia às margens do Rio Eufrates [ou seja, a
idéia de uma Babilônia reconstruída não é tão nova].
Em minha biblioteca limitada encontrei uma porção de autores
que, baseados em Apocalipse 17 e 18, ensinaram a respeito de uma futura
Babilônia. Nesse grupo estão incluídos: B. W. Newton (1853),[12] G. H. Pember
(1888),[13] J. A. Seiss (1900),[14] Clarence Larkin (1918),[15] Robert Govett
(1920),[16] E. W. Bullinger (1930),[17] William R. Newell (1935),[18] F. C.
Jenings (1937),[19] David L. Cooper (1942)[20] e G. H. Lang (1945).[21] Tenho
certeza que muitos outros poderiam ser acrescentados a essa lista.
Visto que uma Babilônia literal terá uma função na Tribulação
vindoura, é razoável que os conflitos no Iraque, embora não sejam um
cumprimento da profecia bíblica, sem dúvida posicionam a Babilônia para a sua
iminente tarefa. Será muito interessante observarmos quais serão os
desdobramentos disso e que reflexões podemos fazer quanto à sua influência ou
não na preparação do palco para a Tribulação. Maranata!
(Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives - http://www.chamada.com.br)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.