A Interpretação Preterista Da Profecia Das 70 Semanas De Daniel Tem Pelo Menos 7 Erros



1°) COMEÇA A CONTAGEM A PARTIR DO DECRETO ERRADO

"Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá  sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos" (Daniel 9.25 LTT)

A profecia é bem clara ao afirmar em Dn. 9.25 que a contagem se iniciaria a partir de um decreto que ordenasse a reconstrução DE JERUSALÉM (não somente do templo, mas de toda a cidade) Nas Escrituras, encontramos 4 menções a decretos que são:

● O decreto de Ciro, em 537 a.C. (2Cr 36.22-23; Ed 1.1-4) relativo à reforma do Templo.

● O decreto de Dario, em 521 a.C. (Ed. 6.6-12), que reafirma o decreto de Ciro.

● O decreto de Artaxerxes, em 458 a.C. (Ed. 7.11-26) liberando a adoração do Templo.

● O decreto de Artaxerxes, em 444 a.C. (Ne. 2.1-8), autorizando a reforma de Jerusalém.

Porém, o único dos decretos que é específico para a reconstrução DE JERUSALÉM, é o decreto de Artaxerxes realizado em Abril de 444 a.C e descrito em Neemias 2.1-8. Mas ignorando tudo isso, os preteristas deliberadamente utilizam outro decreto que nada fala sobre a cidade de Jerusalém, para tentar montar artificialmente uma contagem que se encaixe com suas pressuposições.

"Sucedeu, pois, no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele (o rei), e eu levei o vinho e o dei ao rei; porém eu nunca antes estivera triste diante dele.  E o rei me disse: Por que está  triste o teu semblante, pois não estás  doente? Não é isto senão tristeza de coração! Então temi muito grandemente.  E disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria  triste o meu semblante, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?  E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus do céU,  E disse ao rei: Se é  do agrado do rei, e se o teu servo é  aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a edifique novamente.  Então o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu um certo tempo.  Disse mais eu ao rei: Se ao rei parece bem, sejam-me dadas cartas para os governadores dalém do rio, para que me permitam passar até que chegue a Judá.  Como também uma carta para Asafe, guardião da floresta do rei, para que me dê madeira para fazer as vigas para as portas do palácio- fortaleza que pertence  à Casa (o templo),  para o muro da cidade, e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim" (Nemias 2.1-8 LTT)

2°) UTILIZAM O CALENDÁRIO ERRADO PARA CONTAR O TEMPO

Sendo que a profecia foi entregue para um profeta judeu e é específica a respeito do povo judeu e da capital dos judeus, é óbvio que o calendário que deve ser utilizado para contar o período, é o calendário judaico com anos de 360 dias, e não o romano (que nem era conhecido no oriente médio na época). Porém, os preteristas também ignoram esse fato e forçosamente utilizam o calendário romano para novamente, tentar montar artificialmente uma contagem que se encaixe com suas pressuposições.  

3°) IGNORAM O ESCOPO DA PROFECIA DESCRITO NO VERSO 24, DE QUE TODO ESTE TEMPO É CONTATO SOBRE O POVO DE ISRAEL E SOBRE A CIDADE DE JERUSALÉM

"Setenta semanas  estão  determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar  a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir O Mais Santo de  todos" (Daniel 9.24 LTT)

[Literalmente , "setenta períodos de sete" (anos).  ou "e para cobrir por cima". A KJB tem "fazer reconciliação por causa de".  ou "profeta"]      

Os preteristas, através de uma contagem forçosa e artificial, afirmam que a “vinda do Messias” que se dá ao término das primeiras 69 semanas, seria o momento do Batismo de Jesus. Porém ao fazerem isso, ignoram totalmente o escopo da profecia, que diz que toda essa profecia gira em torno do povo judeu e da cidade de Jerusalém (vv 24: teu povo e tua santa cidade). Sendo assim, só faria algum sentido afirmar que se trata do batismo, se Jesus tivesse sido batizado em Jerusalém, o que não é o caso. Essa chegada do Messias, tem que ser uma chegada EM JERUSALÉM, o único evento que se encaixa nessa descrição é a entrada Triunfal descrita em Mateus 21, também conhecida como “domingo de ramos” que ocorreu em 6 de Abril de 33d.C. ou seja, 5 dias antes da morte de Cristo.

"Tudo isto, porém, aconteceu a fim de que fosse cumprido aquilo havendo sido dito através do profeta (Zacarias),  dizendo: "Dizei à filha de Sião: 'Eis que o teu Rei aí está vindo a ti, manso, e tendo montado sobre uma jumenta e sobre um potro de jumenta (filho de animal de carga)'. " Is 62:11; Zc 9:9.
E, havendo os Seus  discípulos ido e havendo feito como lhes ordenou Jesus,  Trouxeram a jumenta e o potro- de- jumenta; e puseram sobre eles (a jumenta e o potro)  as vestes deles ( os discípulos), e O fizeram montar sobre as vestes deles. Beza 1589, 1598 têm "e O fizeram montar sobre as (vestes) DELES". E muitíssimos homens- em- multidão estenderam as vestes deles próprios  no caminho, e outros homens  cortavam- fora ramos para longe das árvores, e os espalhavam no caminho. E os homens- em- multidões (aqueles indo adiante e aqueles seguindo atrás) clamavam, dizendo: "Diga-se  'Oh salva-nos, agora' , a o Filho de Davi; tendo sido bendito é  Aquele que  está vindo  em o nome de o Senhor. Diga-se  'Oh salva-nos, agora',  nas maiores alturas!" (Mt 21.4-9 LTT).

4°) AFIRMAM FORÇOSAMENTE QUE O MINISTÉRIO DE CRISTO DO BATISMO A CRUZ TERIA DURADO EXATAMENTE 3 ANOS E MEIO

Não há nenhuma base bíblica para afirmar que o ministério de Cristo teria durado exatamente 3 anos e meio. Na verdade, isso é apenas uma tradição católica, baseada nas 4 páscoas que são mencionados no evangelho de João, sendo na última delas a morte de Cristo. Porém relatos dos evangelhos sinópticos mostram outras páscoas mencionadas não se encaixam com nenhuma das 4 descritas por João. Sendo assim, o ministério de Cristo pode ter durado até 5 ou 6 anos. Mas novamente os preteristas forçam um período de EXATAMENTE 3 anos e meio (NEM UM DIA A MAIS OU A MENOS) para que a profecia se encaixe em suas convicções pessoais.

5°) AFIRMAM QUE A PRIMEIRA PARTE DO VERSO 26 SE CUMPRE DENTRO DA ÚLTIMA SEMANA, MAS IGNORAM A SEGUNDA PARTE DO MESMO VERSO

Os preteristas afirmam que a chegada do Messias e sua morte ocorrem dentro da última semana de Daniel, porém a continuação do mesmo versículo 26 diz que a destruição de Jerusalém também ocorre nesse mesmo período. Sendo assim, essa “última semana” dos preteristas, ao invés de ter 7 anos (como todas as outras 69 semanas tem) teria que ter MAIS DE 40 ANOS para abarcar todos eventos desde o batismo de Cristo até a destruição de Jerusalém. Sabendo dessa contradição, os preteristas ignoram a segunda parte do versículo e colocam a destruição de Jerusalém fora da última semana.

"E depois das sessenta e duas semanas será cortado fora o Messias, mas não por causa de  Ele mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será  com uma inundação; e, até ao fim da guerra, estão   determinadas as assolações" (Daniel 9.26 LTT)

6°) AFIRMAM QUE O “ELE’ NO VERSO 27 É O PRÓPRIO CRISTO

Os preteristas novamente, numa exegese forçada, afirmam que o “ele” descrito no início do verso 27 seria o próprio Cristo. Porém isso vai contra todas as regras gramaticais, pois a última menção ao Messias é feita no início do verso 26, mas depois disso, a profecia prossegue dizendo que o “povo DE UM PRÍNCIPE QUE VIRÁ, destruirá Jerusalém e o Templo” e conectada a esta frase segue-se o verso 27 que começa dizendo: “Ele fará aliança com muitos”. Sendo assim, a leitura natural do texto afirma que este “ele” é o príncipe que virá dos romanos e não o Messias. Mas outra vez os preteristas ignoram a gramática e a leitura natural do texto para força-la a se encaixar em seus pressupostos.

"E ele  firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana ele fará cessar o sacrifício e a oblação; e, por causa do espalhamento das abominações, ele a  fará assolada, e isso até à consumação; e (finalmente) o que esta   determinado será derramado sobre o assolador" (Daniel 9.27 LTT)

7°) AFIRMAM QUE A DATA DA MORTE DE CRISTO OCORREU NO ANO 30 ou 31, O QUE CONTRADIZ A PATRÍSTICA

Sendo que os preteristas colocam a data do batismo como 27 d.C. e são obrigados a afirmar que o ministério foi de exatamente 3 anos e meio. Isso os obriga também a declararem que Cristo morreu em 30 ou 31 d.C. Porém os documentos antigos utilizados por Gregório para elaborar nosso atual calendário afirmam que o Messias foi morto no ano 786 da fundação de romana, que em nosso calendário atual equivale a 33 d.C. É um grande absurdo dizer que Cristo morreu em 30 ou 31 d.C. sendo que a data da morte de Cristo foi usada por Gregório para montar nosso calendário atual e foi a partir dessa data que se retroagiram 33 anos para chegar ao ano que hoje chamados de ano um. Mais uma vez o preterista ignora toda a história, a patrística e até mesmo a lógica, para desesperadamente tentar forçar a profecia das 70 semanas a se encaixar em sua interpretação incorreta. Além disso,Lucas 3.1 nos afirma que João Batista iniciou seu ministério no décimo quinto ano de Tibério Cesar. Tibério se tornou César em 14 d.C: ("No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia...") O décimo quinto ano de seu reinado começou em algum momento do ano 28 d.C. Sendo que João Batista era 6 meses mais velho que Jesus, é coerente afirmar que Jesus foi batizado por João, cerca de 6 meses depois que João Batista iniciou seu ministério, ou seja, por volta do ano 29 d.C.Porém sendo que pelo menos 4 páscoas são mencionadas nos evangelhos, o ministério de Cristo obrigatoriamente tem que ter durado mais de 3 anos, sendo assim, esta é mais uma prova que Cristo foi morto em 33 d.C. e não antes disso.

(Pr. Gabriel de Oliveira Porto)




(Todas citações bíblica são da tradução LTT, adicionadas por Israel Zaca, que enviou este artigo)



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