«Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da
salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo» (1Ts 5.9 – ACF)
[Adaptação, por Helio MS, de comentário por John MacArthur Jr. na sua Bíblia de Estudo: "Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite" (1Ts 5.2 ACF) Essa expressão ["virá como o ladrão de noite"] nunca é usada para se referir ao arrebatamento dos salvos de entre as igrejas locais. É usada para a vinda de Cristo para o julgamento no Dia do Senhor no fim dos sete anos de tribulação, que é distinto do arrebatamento dos salvos de entre as igrejas locais cf. (1Ts 4.15) e é usada para o juízo que encerrará o reinado de mil anos cf. (2Pe 3.10). Como o ladrão vem inesperadamente e sem aviso, assim virá o Dia do Senhor em ambas as fases finais [Arrebatamento e Juízo Final] ].
A ideia do “ladrão” em relação à vinda de
Cristo é usada sete vezes, apenas no Novo Testamento (Mt 24.43; Lc
12.39; 1Ts 5.2,4; 2 Pe 3.10; Ap 3.3; Ap 16.15). Cristo usa “um
ladrão vindo no meio da noite” na ilustração do pai de família sensato
apresentada em Mateus e Lucas (Mt 24.43; Lc 12.39). Nenhum desses
textos se refere ao Arrebatamento da Igreja; em vez disso, ambos os contextos
apoiam a noção de que Jesus se referiu à Sua Segunda Vinda. Nessas
passagens Jesus fala da nação de Israel durante o tempo da Tribulação de sete
anos, quando os crentes judeus fiéis daquela época estarão aguardando o retorno
do Senhor, diferentemente daqueles que não estavam esperando pela chegada do
Messias em Sua primeira vinda.
À medida que nos movemos cronologicamente através do cânon do Novo Testamento,
chegamos a uma importante passagem dos escritos de Paulo que se refere duas
vezes a um ladrão vindo de noite (1Ts 5.2,4). 1
Tessalonicenses 5.1-11 é uma seção que segue o parágrafo
anterior (1Ts 4.13-18), no qual Paulo fala sobre o
Arrebatamento (1Ts 4.17). Paulo usa a frase transitiva
do grego peri de (“relativamente”) em 1 Tessalonicenses 5.1, à
medida que muda do assunto profético do Arrebatamento para “o Dia do
Senhor”.
John MacArthur explica o significado:
Paulo empregou palavras gregas conhecidas para indicar a mudança referente
aos tópicos dentro do mesmo tema geral da profecia cf. (4.9,13; 1Co
7.1,15; 8.1; 12.1; 16.1). A expressão aqui aponta para a ideia de que,
num contexto mais amplo sobre o tempo final da vinda do Senhor Jesus, o tema
está mudando de uma discussão a respeito do arrebatamento dos cristãos para o
julgamento dos incrédulos.
Deve-se observar que Paulo identifica claramente seu tópico como “o dia
do Senhor”,que “virá como ladrão de noite” (1Ts 5.2b). O
Arrebatamento não é mencionado como algo que vem como um ladrão à noite.
O versículo 3 nos fala daqueles que estarão dizendo: “Paz e
segurança, então, de repente, a destruição virá sobre eles, como dores à mulher
grávida; e de modo nenhum escaparão”. Os incrédulos, descritos
como “das trevas” (v. 5), são aqueles que serão pegos
desprevenidos e despreparados para a ira de Deus durante a Tribulação.
Na verdade, o versículo 9 lembra aos crentes que eles não experimentarão a
ira de Deus durante a Tribulação, pois diz:
«Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo» (1Ts 5.9 – ACF)
O meio de livramento da ira de Deus será o Arrebatamento da
Igreja mencionado por Paulo no final do capítulo 4.
A figura do ladrão também é usada em 2 Pedro 3.10, onde o Dia do Senhor é o
assunto abordado por Pedro. Fica bem claro que essa passagem não é uma
referência ao Arrebatamento, uma vez que diz: « .....
no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se
desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão» (2Pe 3.10 – ACF).
«..... E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que
hora sobre ti virei» (Ap 3.3 – ACF)
As duas últimas referências ao tema do ladrão ocorrem em
Apocalipse 3.2 e 16.15. Jesus está falando diretamente à igreja carnal de
Sardes, a quem Ele diz para acordar da inércia espiritual e se
arrepender: «virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti
virei» (Ap 3.3 – ACF)
Esta passagem certamente não está relacionada ao Arrebatamento,
mas a uma promessa de juízo para aqueles dentro da Igreja que não se
arrependerem.
Apocalipse 16.15 é um enunciado intercalado que ocorre entre a sexta e a sétima
taça de juízo. Desta forma, dezoito dos dezenove juízos da Tribulação já
aconteceram. Como a última taça de juízo está associada à preparação para a
Segunda Vinda de Cristo, ela é uma admoestação para os santos da Tribulação
observarem os sinais que apontam para o retorno de Cristo, o que está descrito
na segunda metade de Apocalipse 19. Esta certamente não é uma referência ao
Arrebatamento.
CONCLUSÃO
Embora haja outras questões de maior importância do que analisar
se o Arrebatamento pode ser comparado com a chegada de um ladrão na noite,
creio que é importante manejarmos adequadamente a Palavra de Deus (2Tm
2.15), relacionando frases e descrições bíblicas da mesma forma que a
Bíblia o faz. Pode acontecer que, quando aplicamos mal o imaginário bíblico,
não apenas criamos associações falsas, mas também deixamos escapar a aplicação
do tema que a Bíblia está realmente ensinando. Este poderia ser o caso da
linguagem do ladrão na noite.
A figura do ladrão na noite nunca se aplica ao Arrebatamento. Tal linguagem é
geralmente descritiva dos incrédulos e da ira de Deus ou do juízo relacionado
com a Tribulação ou com a Segunda Vinda. A figura de um ladrão na noite mostra
que ela se aplica aos incrédulos que são pegos desapercebidos, uma vez que eles
nunca realmente crêem que Deus vai julgar a história. O incrédulo pensa que vai
sair impune, mesmo ignorando Deus por toda a sua vida; portanto, Deus não é um
fator decisivo, pensa ele.
O que a Bíblia quer enfatizar é: “Algum dia ele vai ter uma grande surpresa”,
exatamente como o indivíduo que é roubado por um ladrão. Ser roubado é um
acontecimento que interrompe o estado normal de voltarmos para casa todos os
dias, encontrando-a da maneira como deveria estar. Como o aluno indolente, que
nunca está pronto para o exame e, portanto, é pego desprevenido quando chega
realmente a hora da prova, assim o incrédulo nunca estará preparado, já que ele
não acredita em Deus de jeito nenhum, ou não acredita que Deus um dia o
responsabilizará por seus erros.
A [errônea] canção de Larry Norman diz: “Jesus virá como um ladrão na
noite, e levará todos os que O amam”. Mas Cristo não levará nada como um ladrão
no Arrebatamento. Ele virá para Sua Noiva – a Igreja, o Corpo de Cristo. Os
crentes são chamados “filhos da luz” em 1 Tessalonicenses 5.5 e instruídos por
Paulo a ficarem despertos durante o tempo presente, que antecede o
Arrebatamento, ao qual ele dá o nome de noite. “Mas vocês, irmãos, não estão
nas trevas, para que esse dia os surpreenda como ladrão. Vocês todos são filhos
da luz, filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas” (1Ts 5.4-5). No
contexto de 1 Tessalonicenses 5, o dia se refere ao Dia do Senhor, que é o
tempo da ira de Deus, que geralmente chamamos de Tribulação.
Os acontecimentos dos últimos dias pegarão o mundo desapercebido, já que, mesmo
em seus sonhos mais desvairados, as pessoas não creem que aqueles cristãos
malucos e sua Bíblia poderiam estar certos. Todavia, nós, crentes, conhecemos a
verdade e não nos surpreenderemos quando os acontecimentos da profecia bíblica
começarem a se desenrolar. Maranata!
(Thomas Ice)
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente
por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão
das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras
das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal
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