A Natureza da Verdadeira Adoração
Autor: Geoffrey Thomas
* * *
A verdadeira adoração é prestada a Deus somente por aqueles que
nasceram do Espírito de Deus. "Aquele que é nascido da carne, é
carne", disse Jesus e portanto, toda assim chamada adoração feita por
pecadores não regenerados é carnal. Somente um coração regenerado pode cantar
a nova canção (Sl.40:3).
A verdadeira adoração só pode ser realizada através do Espírito
Santo. "Os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito" disse
Jesus e, portanto, unicamente através da iluminação que o Espírito Santo
concede a nossas mentes, e os sentimentos dela produzidos em nossos corações é
que nossa adoração pode ser edificante para nós e agradável a Deus. Os dons de
liderança concedidos pelo Espírito a pastores e mestres são uma parte
essencial de adoração pública.
A verdadeira adoração é estruturada pelas Escrituras.
"Os verdadeiros adoradores adoram... em verdade", disse Jesus. A Bíblia nos
revela a Deus a Quem devemos adorar e como devemos
fazê-lo: "com reverência e santo temor". As Escrituras porduzem a atmosfera e
fornecem os temas, as orações, os louvores e a pregação. Dessa forma,
possuímos um padrão para conhecer o que é certo e o que é errado em tudo o que
é falado e cantado. Desfrutamos, também, uma maravilhosa liberdade de todas as
tradições e artefatos que são introduzidos por homens não espirituais, na
inútil tentativa de "tornar" a adoração mais "importante" e "significativa".
A verdadeira adoração é essencialmente simples.
A verdadeira adoração é centralizada em Deus. Não é
centralizada na "inspiração", tampouco nos sentimentos; nem mesmo é
centralizada em Jesus (ou no Espírito Santo) - não somos adoradores só de
Jesus (ou só do Espírito Santo). Ela se centraliza no Pai. Disse Jesus: "os
verdadeiros adoradores adoram o Pai". Naturalmente, o Pai só pode ser adorado
através do Filho e o objeto de nossa adoração é a Divindade como um
todo: Pai, Filho e Espírito Santo. Certamente nós adoramos a Jesus,
mas é errado adorarmos somente a Jesus e torná-lo o centro de nossa adoração,
negligenciando ao Pai.
A verdadeira adoração surge a partir de um contínuo andar com
Deus. Um homem que dificilmente pensa em Deus durante seis dias da
semana, não está apto a adorá-lo corretamente no sétimo dia. Se tal pessoa
fala o quanto está se "regozijando" na adoração, alguma coisa está errada com
ele! Ele está se entretendo ou está recebendo aquela vaga sensação de desafio
que o homem natural desfruta. Por outro lado, em meio à verdadeira adoração,
tal pessoa deveria sentir o quanto está afastada de Deus e sentir uma tristeza
santa por sua negligência com a glória do Senhor.
A verdadeira adoração requer preparação. Um homem não
pode simplesmente achegar-se à presença de Deus sem qualquer preparação de
coração e alma e esperar, então , por uma "adoração instantânea". Davi disse:
"Ao meu coração me ocorre: buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a
Tua presença"(Sl.27:8). A verdadeira adoração, no dia do Senhor, surge de uma
mente preparada para Deus, encorajada por uma oração ardorosa pela bênção do
Senhor sobre a noite do Sábado e a manhã do dia do Senhor.
A verdadeira adoração deveria ser acompanhada pela
meditação. Eis por que exortamos as pessoas a cuidarem da maneira
pela qual empregam o seu tempo após o término do culto. Todo o proveito
advindo da exposição e aplicação da Palavra de Deus pode ser destruído. A
graça é uma planta delicada, pode ser facilmente danificada. Se queremos
aproveitar da adoração prestada, isso deve ser feito por meio de uma tentativa
verdadeira de reter a principal lição da pregação.
A verdadeira adoração é sempre produto de uma perspectiva da
grandeza de Deus e da nossa pequenez. O profeta Isaías vê a
grandeza de Deus e clama: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de
lábios impuros, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! (Is.6:5).
João, na ilha de Patmos, vê o Senhor e diz: "Quando O vi, caí a seus pés, como
morto"(Ap.1:17). Qualquer coisa de novo que introduzimos na adoração, que não
tenha como objetivo exaltar a Deus, é simplesmente uma concessão ao desejo por
novidade que, caracteriza todos os homens naturais.
A verdadeira adoração sempre é aceita por Deus.
Devemos ser muito cuidadosos para não abrigar pensamentos que inferiorizam a
nossa adoração! Expressões depreciativas, tais como aquelas que descrevem a
adoração como um "sanduiche de hinos", somente encorajam a atitude que revela
que nossa adoração é formal, exterior e sem liberdade e que , se nós
estivéssemos realmente adorando, então deveríamos ter barulho, liderança
espontânea e excitação. Na realidade, na verdadeira adoração, as pessoas não
ficam sempre sentadas na ponta dos bancos imaginando quem será o próximo a
dizer ou fazer algo inesperado. Não, eles não devem concentrar-se muito nos
meios de adoração; seus pensamentos devem estar centralizados em Deus. A
verdadeira adoração é caracterizada pelo esquecimento de si mesmo e a ausência
de qualquer concentração no homem. O publicano permaneceu em pé, distante,
abaixou sua cabeça e orou: "'O Deus, sê misericordioso comigo, pecador". Em
nossos cultos, dirigidos pelas Escrituras e dependentes de Cristo, estamos
verdadeiramente adorando a Deus; não deixamos simplesmente que as coisas
caminham, mas unicamente queremos adorar; nós adoramos o Deus vivo em espírito
e em verdade, sabendo que o Pai está buscando ativamente tais pessoas que O
adorem! Nós não cremos que todas essas novas ênfases na espontaneidade e na
condução da adoração por homens, mulheres e jovens nos esteja levando a uma
conscientização maior sobre Deus e à verdadeira adoração. Pelo contrário,
existem abundantes evidências de que a adoração se encontra em declínio.
Consideremos, por exemplo, a mudança em nosso modo de nos endereçarmos a Deus,
o que tem ocorrido nos últimos vinte anos. Será que isso representa um
progresso e um amadurecimento no culto e oração públicos? O que será que
significa esssa nova linguagem utilizada para orarmos: "Nós só queremos Te
adorar, Te louvar", "Somente a Ti, Jesus, queremos adorar"? As frases
truncadas e curtas podem ser comparadas desfavoravelmente com os argumentos
bem construídos e confiantes, acoplados com a reverência constante observados
nas orações das gerações anteriores.
A verdadeira adoração tem o seu clímax no dia do
Senhor. A liberdade que o povo de Deus desfruta sob a nova aliança
não lhes dá o direito de se reunirem somente quando se sentirem conduzidos ou
dirigidos a fazê-lo. Na igreja apostólica, a adoração tinha períodos
pré-determinados para ocorrer. No primeiro dia da semana eles se reuniam para
partir o pão, ouvir a Palavra de Deus e recolher as ofertas (At.20:7; I
Co.16:2). Mesmo que eles não sentissem o mesmo ânimo para realizar essas
coisas naquele dia e se sentissem mais inclinados às coisas religiosas no
terceiro dia, por exemplo, era no primeiro dia que eles deviam reunir-se para
adorar. O mesmo pode ser dito hoje. Nós não somos "Adventistas do quinto dia",
daqueles que se reúnem na quinta feira, à noite e nos orgulhamos das bênçãos
maravilhosas e da fantástica comunhão quando o Senhor "realmente" se reúne com
dez de nós. Não, nós devemos reunir-nos no Espírito no dia designado, o dia do
Senhor e com todo o povo de Deus.
Tradução:Dr. Eurico Correia
Nota sobre o Autor:
Geoffrey Thomas é pastor da Alfred Place Baptist
Church em Aberystwyth, País de Gales e também trabalha como Editor Assistente da
Banner os Truth (Nº.153, Junho/76) e do Evangelical Times.
Transcrição do jornal "Os Puritanos" Ano II Nº. 5 de Setembro/Outubro -
1994.
'"Podemos muito bem dizer que adoramos a Deus, ainda
que não sejamos perfeitos. Porém, não podemos dizer que O adoramos, se nos
falta sinceridade". Stephen Charnock |
"Nós não vamos à igreja para adorar, porque a adoração
deveria ser a atividade e atitude constantes do cristão dedicado. Nós
vamos à igreja para adorar pública e corporativamente". John
Armstrong. |
"Muitos vêm ouvir a Palavra somente para satisfazer
seus ouvidos; eles apreciam a melodia da voz, a doçura suave da expressão,
a novidade do conceito (At.17:21). Isso é amar mais o enfeite do prato do
que o alimento em si; isso é o mesmo que desejar mais agradar a si mesmo
do que ser edificado. É o mesmo que uma mulher que pinta o seu rosto e se
esquece de sua saúde". Thomas Watson. |
"Deus não pode ter concorrentes! Somente Ele deve ser louvado".
John Armstrong. |
Copiado de http://www.geocities.com/Athens/Delphi/7162
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