O que há de Errado com a Maioria dos Cursos de Ganhar Almas?


David Cloud


Desde o tempo em que frequentei a Escola Bíblica, nos anos 1970, tenho feito vários cursos evangelísticos, os quais contêm muitas coisas proveitosas. Porém, algo está errado com a técnica padrão que é ensinada em [na maioria de] estes cursos, visto como todos resultam na produção de uma hoste de profissões [de fé] vazias e, felizmente, sabemos que uma profissão de fé vazia, sem mudança de vida, não é salvação bíblica:

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.  (2 Coríntios 5:17).

         “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade”.  (1 João 2:4).

Li a respeito de um pastor, que registrou 4.000 profissões de fé em cinco anos de ministério, mas sua igreja cresceu [apenas] de 98 para 100 membros.

Li a respeito de um missionário, que registrou mais de 700 profissões de fé, mas apenas 25 batismos.

Um evangelista comenta: “Como é possível sequer escrever estas palavras, sem indagar a si mesmo se não existe algo errado com este quadro? Faz-me lembrar dos 3.000 salvos, no dia de Pentecoste, com 3.000 batizados. O mais vigoroso missionário que escutei, há muito tempo, deu seu relatório à nossa igreja. Ele esteve na Polônia durante quatorze anos e até hoje sabe de apenas cinco pessoas que foram salvas sob o seu ministério. Exatamente como no Pentecoste, ele considera salvos apenas os que foram batizados e estão [permanecem firmes] na igreja. Muitíssimos dos nossos companheiros que vivem enumerando os que fazem a “oração do pecador” teriam retirado o sustento dele, há muito tempo. Quanto a mim, eu retiraria o do cara que reportou 738 salvos, com [apenas] 25 batismos [talvez com 0 permanências na igreja], e iria transferir o seu  sustento ao [meu] companheiro da Polônia!”.

Depois que me formei na Escola Bíblica e voltei à minha cidade natal, antes de iniciar o trabalho missionário, meu pastor pediu (a minha esposa e a mim) que fizéssemos “visitas- de- acompanhamento” às pessoas mais promissoras no programa da igreja [programa de evangelismo], chamado de Foster Club [Clube de Incentivo e Nutrição [Espiritual] ]. Cada semana, as senhoras relatavam um bom número de salvações, mas ninguém estava fazendo “visitas de acompanhamento” aos que contavam como tendo feito “decisões”. Deram-nos um maço de cartões e começamos a fazer nossas “visitas de acompanhamento”, para logo descobrir que as tais “pessoas salvas” nada tinham a ver conosco, pois não demonstravam, particularmente, o menor interesse pela igreja ou pelas coisas de Cristo, em geral. A maioria delas nem mesmo iria permitir que entrássemos em suas casas.  Então, pensei comigo mesmo: não foi este o tipo de salvação que eu recebi.

Quando nos entregaram os cartões de “decisões” para fazermos nossas “visitas de acompanhamento”, em um ministério festivo de um condado em Oklahoma, em 1999, das centenas de profissões que foram registradas, não conseguimos encontrar sequer uma pessoa que tivesse dado evidência de salvação, ou estivesse interessada em frequentar a igreja.

Enquanto eu visitava uma grande igreja batista fundamentalista na Califórnia, um amigo foi fazer visitas, junto com o maior ganhador de almas da igreja. Numa das casas, uma senhora atendeu a campainha e apareceu, apressadamente, por trás da viseira da porta, enquanto o ganhador de almas discorria rapidamente sobre o plano de salvação.  Ela queria cuidar do filho, que estava fazendo artes atrás dela, porém ele pediu que ela escutasse a apresentação. O tempo inteiro, dentro da casa, ela ficou olhando para trás, totalmente desligada. No final da apresentação, ele exigiu que ela abrisse a porta e lhe segurasse a mão. Ela pareceu chocada com o pedido, mas atendeu, cautelosamente, ao que ele pediu. Em seguida, ele indagou se ela desejava ir para o céu, quando morresse. Quando ela respondeu afirmativamente, ele pediu que ela fizesse com ele a “oração do pecador”, o que ela fez. Em seguida, ele anunciou que ela estava gloriosamente salva; ela fechou imediatamente a porta e voltou aos seus afazeres.

Esta senhora e milhões de outros iguais a ela fizeram a oração, sem convicção alguma de pecado dada pelo Espírito Santo, sem entender claramente evangelho e sem arrependimento diante de Deus. Essas decisões vazias são o triste resultado de nossa deficiente técnica de ganhar almas.

As igrejas que têm adotado este método de evangelismo têm produzido milhões de profissões vazias. Existem muitas igrejas que podem mostrar apenas um punhado de novas criaturas em Cristo, para cada cem convertidos que elas alegam. Existe algo extremamente errado neste quadro, uma grande confusão.

Durante 40 anos, tenho observado o triste resultado desta técnica: multidões de profissões falsas, indiferença à verdade bíblica, agnosticismo, vida reprovável, igrejas enfraquecidas e blasfêmia contra Deus. Em muitas comunidades pela terra, uma grande porcentagem da população tem feito a “oração do pecador”, sob o ministério das igrejas de evangelismo rapidinho para a oração. É vasto o número dessas pessoas que nunca nasceram de novo e já estão praticamente vacinadas contra a salvação bíblica.  Quando são desafiadas sobre a sua condição espiritual, em geral elas respondem: “Já fiz”, querendo dizer que já fizeram a oração e, portanto, têm garantida a salvação eterna com a certeza de já terem conseguido um bilhete de ida para o Céu. As pessoas observadas são levadas a pensar que a salvação pouco ou nada significa em relação ao modo de vida e o Cristianismo lhes parece tolo e impotente. Esta teoria tende ainda a encher a igreja de pessoas não regeneradas, as quais tentam agir corretamente, mas sem qualquer experiência de conversão espiritual.

Existem muitas coisas úteis nos programas padrão [voltados] para ganhar almas, porém algumas coisas importantes estão faltando ou estão erradas. Acredito que se as seguintes mudanças fossem feitas, iríamos ver menos profissões, com muito menos confusão e mais genuíno fruto eterno, para a glória de Jesus Cristo.

Os pontos seguintes poderiam corrigir biblicamente e dar equilíbrio ao típico programa de ganhar almas:

1. O típico programa de ganhar almas negligencia o arrependimento.

2. O típico programa de ganhar almas enfatiza demais o Céu.

3. O típico programa de ganhar almas não prepara devidamente o terreno
[para a semente nascer].

4. O típico programa de ganhar almas não enfatiza a importância da paciência e ser completo.

5. O típico programa de ganhar almas não enfatiza a importância de se responderem às perguntas.

6. O típico programa de ganhar almas é muito formulista [dado a fórmulas].

7. O típico programa de ganhar almas usa a Psicologia e técnicas de venda.

8. O típico programa de ganhar almas não depende suficientemente de Deus nem é direcionado a buscar a ação de Deus.

9. O típico programa de ganhar almas promove o erro de dar imediata garantia de salvação.

10. O típico programa de ganhar almas é direcionado a não questionar a realidade das profissões vazias.




1. O TÍPICO PROGRAMA DE GANHAR ALMAS NEGLIGENCIA O ARREPENDIMENTO

 - (Atos 20:21).

O Arrependimento foi pregado por João, Jesus e Pedro. Ele aparece 68 vezes no Novo Testamento, 10 vezes somente no Livro de Atos.

O arrependimento foi a parte principal da mensagem de Paulo (Atos 17:30; 20:21, 26; 19:20). A Bíblia ensina que o arrependimento não significa o mesmo que crer (Atos 20:21). Às vezes o arrependimento é enfatizado (Lucas 5:32; 13:35; 24:47; Atos 3:19; 5:31; 17:11; 26:20; 2 Pedro 3:9). Às vezes a fé é enfatizada (João 3:16; Atos 16:30-31, etc.) e às vezes ambos são mencionados em conjunto. (Atos 20:21; Hebreus 6:1).

Arrependimento não significa uma mudança de vida; é uma mudança de mente, que resulta em uma mudança de vida (Atos 26:20). É uma rendição (1 Tessalonicenses 1:9). “Crer” sem se render não é salvação.

O arrependimento é um assassino lançando fora a faca. O evangelista James Stewart escreveu: “A mão que sustém fortemente a faca do assassino deve estar aberta para receber o presente, antes que a pretensa vítima o ofereça; e ao abrir a mão, embora num gesto simples, ela deve ter um duplo aspecto ou propósito. Aceitar o presente implica em abandonar o crime, para o qual o seu coração estava inclinado, tendo sido o próprio presente que efetuou a mudança. A fé é uma mão aberta em relação ao presente; arrependimento é a mesma mão, em relação não apenas ao presente, porém mais especialmente ao punhal, que é arremessado para longe” (Stewart, Evangelism, pp. 48-49).

Arrependimento é o ladrão devolvendo a propriedade furtada. O falecido Lester Roloff disse: “Creio que deveríamos considerar correto o que podemos fazer corretamente. Imaginem se eu estivesse com um grupo de pregadores e um deles furtasse minha carteira, enquanto eu estivesse dormindo? No dia seguinte, ele me aparece e diz que lamenta profundamente e pede perdão. Eu ficaria feliz por ter ele lamentado o furto da carteira, mas esperaria mais do que um ladrão arrependido. Gostaria de ter minha carteira de volta! Eu não iria acreditar no seu arrependimento, enquanto ele não me devolvesse a carteira com todo o dinheiro dentro. NÃO CREIO QUE ALGUÉM SE ARREPENDA, ATÉ QUE SE EMENDE E DIGA: ‘SENHOR, EU VOU VIVER DIFERENTE, A PARTIR DE AGORA’, E PELA GRAÇA DE DEUS VIVA DIFERENTE” (Roloff, “Repent or Perish”).

       
A questão é: como usarmos o arrependimento para ganhar almas?


Primeiro,
devemos explicar que a pessoa deve estar preparada para se render a Deus, sem dar a ideia de que ela poderá ser salvar sem isto (Lucas 13:3; Atos 17:30). Claro que explicamos que Deus fará a mudança, mas o pecador deve estar preparado para aceitar a ação de Deus. Se ele não estiver preparado para esta ação, também não estará preparado para ser salvo. Tenho tratado com muitas pessoas que entenderam e creram que Cristo morreu pelos seus pecados e que a fé em Cristo é o único meio de salvação, mas simplesmente não estavam preparadas para se render a Deus. Recusavam arrepender-se.

É este muitas vezes o caso de pessoas que cresceram em lares cristãos. Arrependimento era o que estava faltando em minha vida, quando fui criado numa igreja batista. Não me lembro de uma única vez que eu tenha deixado de crer em Cristo. Não tinha dúvida alguma de que Ele morreu na cruz por meus pecados. Fiz pública profissão de fé aos 10 aos de idade, mas ela foi vazia, porque eu não tinha a menor intenção de me render a Cristo. Ajoelhar-me diante dEle era a coisa mais distante da minha mente. O curso de minha vida não havia mudado sequer em um til.

Quando minha esposa e eu começamos o nosso primeiro trabalho na Ásia do Sul, em 1979, nosso senhorio começou a vir até nossa casa, para estudos bíblicos. Ele era um rico hindu de meia idade e tinha uma concubina com quem passava a maior parte do tempo, embora fosse casado e tivesse filhos crescidos. Após termos ido através do evangelho algumas vezes, ele afirmou entender o que eu estava lhe ensinando e estava interessado em receber Cristo, mas queria saber como tratar de duas coisas específicas em sua vida: a prática fraudulenta nos negócios e o relacionamento ilícito com a concubina. Eu poderia ter-lhe dito: “Não se preocupe com isso. Apenas ore para receber Cristo e todas as coisas se resolverão automaticamente”. Foi este o método que eu havia aprendido no Colégio Bíblico, mas não creio que seria um conselho bíblico. Não creio que ele pudesse receber Cristo e ser salvo, caso não se arrependesse de sua imoralidade e desonestidade. A salvação exige rendição. Expliquei-lhe que se ele quisesse se voltar para Cristo, teria de mudar de vida e ter desejos diferentes; porém, ele não aceitou. O poder de mudar de vida vem de Deus, mas o pecador precisa render-se à Sua ação.

Tratar com os pecadores, conforme o arrependimento, em geral tem sido negligenciado hoje em dia. Houve uma campanha na Igreja Batista Independente no Maine, alguns anos atrás, na qual as pessoas foram instruídas a ir de casa em casa e falar: “Se eu lhe dissesse hoje que você pode ser salvo e ir para o Céu, sem precisar mudar coisa alguma, você estaria interessado?” Esta não é a maneira correta de ganhar almas, nem é uma pregação do evangelho bíblico. É uma técnica barata de venda, aplicada à religião!

Consideremos Cristo tratando com a mulher do poço, conforme João 4. Ele a confrontou diretamente por causa da imoralidade que controlava a sua vida. Do mesmo modo, Ele confrontou o jovem rico com o seu pecado de auto justificação e de avareza (Lucas 18). Esta é a maneira pela qual Deus trata as pessoas e deve ser também a nossa, se quisermos seguir a Bíblia em nossa obra evangelística. Pregar arrependimento significa tratar dos pecados ostensivos, aos quais as pessoas se agarram [na atitude de “disto eu não abro mão, nem mesmo para Deus”], dizendo-lhes, francamente, que elas devem se arrepender de pecar contra Deus; que devem entregar-Lhe suas vidas, mudando a direção e a Ele se rendendo. Deus fará uma nova obra em suas vidas, mas elas devem estar preparadas para que isto aconteça. Devem ter uma mudança de mente em relação a Deus e ao pecado, o que resultará numa mudança de vida.

Parece que muitos programas de ganhar almas tentam “esconder” o evangelho do pecador, a fim de tê-lo “salvo”, antes que ele realmente saiba o que está acontecendo! O Senhor Jesus Cristo disse: “Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis... Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis”.  (Lucas 13:3,5). Não existe salvação sem arrependimento e é obra do Espírito Santo mudar a mente, resultando na mudança de vida.

Dizer aos pecadores que Deus exige que eles se arrependam deve baixar as estatísticas sobre “decisões”, porém é a única maneira honesta e bíblica. Deus ordenou que os pecadores se arrependam e Jesus disse que eles não podem ser salvos sem esta condição; então, por que deveríamos deixar de dizer-lhes o mesmo?

Certo dia, acompanhei um pastor, enquanto ele ia batendo de porta em porta, num bairro da cidade, o qual era habitado por estudantes universitários.  Algumas vezes, naquela tarde, ele compartilhou o plano da Estrada de Romanos, durante uns cinco minutos (ou seja, “todos pecaram contra Deus; o salário do pecado é a morte; Jesus morreu por nosso pecado; e todo aquele que crê tem a vida eterna”) e imediatamente depois fez três perguntas: “Isto faz sentido para você? (Todos disseram sim); “Você tem alguma pergunta?” (Nenhum deles disse sim, pois ninguém estava interessado); “Você gostaria de orar para receber Cristo, agora mesmo?” (Nenhum deles quis). O programa não apenas foi “rápido” (para dizer o mínimo), como o pastor não teve a menor ideia de dizer àquelas pessoas que elas precisavam mudar a direção de suas vidas, voltando-se para Deus e a Ele se rendendo.

Este não se trata de um pastor que deseja contar pontos ou que esteja tentando impressionar alguns confrades, ou talvez desejando conseguir um nome numa revista nacional. Trata-se de um homem que eu respeito, um líder cristão maduro, o qual tem estado no ministério durante muitos anos, tendo até assumido uma posição bíblica em alguns itens impopulares. O problema é que ele estava seguindo um programa de ganhar almas, conforme lhe fora ensinado, o qual serve de modelo a uma grande porcentagem de batistas fundamentalistas. Um programa que nem sequer é questionado!

Segundo, não é necessariamente o vocábulo “arrependimento” que deve ser usado, mas o conceito e significado, nos quais o ganhador de almas deve se embasar. Devemos fazer a pessoa entender que Deus exige rendição.

Terceiro, devemos tratar individualmente cada caso - Paulo pregou o arrependimento, direta e ostensivamente, aos atenienses, porque eles precisavam ser confrontados com esta exigência de Deus (Atos 27:30). Por outro lado, ele não precisou pregar para o carcereiro de Filipos, porque o Espírito de Deus já havia feito uma grande obra em seu coração e ele estava pronto a fazer o que fosse necessário à salvação. (Ato 16:30-31).




2. O TÍPICO PROGRAMA DE GANHAR ALMAS ENFATIZA DEMAIS O CÉU


É muito comum este programa enfatizar “ir para o Céu, quando a pessoa morrer”. O curso intitulado “In the Highways and Hedges”  (“Pelos Caminhos e Valados”) publicado através da Primeira Igreja Batista de Hammond, Indiana, este enfoque. O plano de ganhar almas instrui o evangelista a começar perguntando à pessoa: “Se você morresse hoje, tem 100% de certeza de que iria para o Céu?” Quando a pessoa responde “não”, o ganhador de almas é instruído a entregar-lhe uma breve apresentação da Estrada de Romanos (Você pode saber que tem a vida eterna; você é um pecador sob a condenação divina; Jesus morreu pelo seu pecado; a salvação é um dom que você pode [e vai] receber hoje). Após esta apresentação, usando alguns versos isolados, o ganhador de almas é instruído a dizer o seguinte:

“Fulano, se você confia que Jesus vai levá-lo para o Céu quando você morrer, basta inclinar a cabeça e fechar os olhos, juntamente comigo, agora mesmo. Se você realmente tem esta decisão em mente de todo o coração, diga esta oração junto comigo: ‘Amado Jesus, perdoa meus pecados. Hoje eu confio em Ti e somente em Ti, Jesus, para me levar ao Céu, quando eu morrer. Eu Te agradeço por me salvar. Amém’”.

Tudo gira em torno de “ir para o Céu, quando morrer”. Mas não existe qualquer coisa desse tipo em [canto nenhum de] a Escritura. Jesus, os apóstolos e os pregadores da igreja primitiva jamais se aproximaram das pessoas indagando se elas queriam ir para o Céu, quando morressem. Quem não vai querer? Contudo, a salvação não é um simples bilhete de ida para o Céu. É um relacionamento salvador, uma mudança de vida com o Deus vivo, através de Jesus Cristo, aqui e agora.

        Essa proposta de “você quer ir para o céu quando morrer?” foi usada por Jack Hyles, em 03/05/1998, quando alegou [ou se gabou de] que mais pessoas tinham sido salvas [em sua cruzada] do que no dia de Pentecoste. Hyles pregou uma mensagem intitulada “Um lugar chamado Céu”. Seu texto foi João 14:1-6, o qual, obviamente, destina-se aos crentes e não aos incrédulos. Após ter pregado sobre o céu, Hyles disse à multidão: “Quem tiver [mesmo que seja] o menor desejo de ir para o Céu, mesmo que seja um desejo mínimo de ir para Céu, nesta manhã, confie em Jesus Cristo como seu Salvador” [N.T. - Além de herege, este homem é péssimo no Inglês].

       
O Céu é um assunto maravilhoso, mas o evangelho não trata do Céu. Ele ensina a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo por nossos pecados. Paulo diz: “Também, vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.  (1 Coríntios 15:1-4).

O Céu é, definitivamente, um presente da salvação, mas, por que será que nenhum dos apóstolos pregou o Céu, quando pregou o evangelho? E por que os sermões registrados no Livro de Atos são tão diferentes do sermão que Jack Hyles pregou? Vejamos o sermão que Paulo pregou no Areópago, conforme Atos 17. Paulo não pregou o Céu; ele pregou sobre Deus e sobre o justo julgamento, a fim de que os idólatras entendessem o seu pecado é buscassem a redenção em Cristo. As pessoas comuns na América, nos dias de hoje, muito se assemelham aos pagãos idólatras e o país precisa do mesmo tipo de pregação [N.T. - A fim de não cair nas garras dos “mestres” orientais e dos curandeiros modernos]. Um povo idólatra e apóstata precisa de sermões sobre o inferno, mais do que os sermões que tratam da graça, porque a graça bíblica somente pode ser compreendida no contexto da Lei. Ninguém pode apreciar a graça de Deus, antes de entender Sua Santidade e Justiça. Foi isso que Pedro pregou no dia de Pentecoste. Ele não perguntou aos judeus se eles queriam ir para o Céu.

        Precisamos seguir a Bíblia, em vez de seguir homens ou um moderno programa de ganhar almas. A ênfase da Bíblia é afirmar que Deus é Santo e Justo, que Ele condena o pecado, que as almas estão perdidas e insatisfeitas e que Deus exige que elas se rendam à Sua autoridade (arrependam-se) e recebam Cristo, TORNANDO-SE DISCÍPULOS DELE, NO MUNDO PRESENTE, em vez pleitearem apenas uma passagem de ida para o Céu, através de rituais religiosos (ou seja, fazendo uma oração). Ninguém no Livro de Atos recebeu o evangelho como se ele fosse apenas uma passagem de ida para o Céu, e sem mudança de vida. Cada conversão registrada em Atos aconteceu na forma de um dramático tipo de mudança de vida, no qual a pessoa não meramente confiou em Cristo, mas também a Ele se rendeu. Um dos exemplos mais claros de salvação bíblica foi o da igreja de Tessalônica. Seus membros não fizeram uma breve oração, a fim de poderem ir para o Céu, mas “dos ídolos se converteram a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro (1 Tessalonicenses 1:9).




3) O TÍPICO PROGRAMA DE GANHAR ALMAS NÃO PREPARA DEVIDAMENTE O TERRENO [para que a semente nasça].


Ninguém vai se lançar a Cristo de uma maneira salvadora, antes de estar convencido de ser um pecador perdido, sem qualquer esperança, além de Cristo. A maioria dos programas de ganhar almas tem banalizado este fato. Eles ensinam as pessoas a citar um ou dois versos sobre o pecado e, então, lhes perguntam: “Você crê que é um pecador?” Muitas responderão afirmativamente, mas isto não significa que tenham entendido e crido no que a Bíblia diz.

A maioria vai admitir que não é perfeita, mas, mesmo assim, cada pessoa se acha boa. Elas acham que as suas boas obras compensam as obras más que têm praticado. Sabem que têm agido mal, porém nunca imaginam merecer o inferno. Mentalmente, elas redefinem o “pecado” como uma falta de perfeição ou de autoestima, ou (se for um católico) dividem o pecado em duas categorias – [mortais e veniais]. Elas não acreditam que são pecadoras desde a concepção e que sua justiça não passa de “trapos da imundícia” diante de Deus (Isaías 64:6).

Para ser salvo, eu preciso reconhecer que sou um pecador diante de Deus e só mereço condenação e inferno, por ter quebrado, malignamente, Suas sagradas Leis. Confessar que sou um pecador é a maneira da Bíblia dizer que eu devo deixar de arranjar desculpas e de culpar os outros pelo meu pecado. Para que isso aconteça, o terreno da alma deve ser preparado adequadamente e o arado divinamente ordenado é a Lei (Gálatas 3:24). É a Lei de Deus que expõe a condição pecaminosa do homem, mostrando o que Deus requer e como o homem tem falhado. É a Lei que neutraliza as desculpas do homem, fazendo com que ele deixe de se julgar pelos padrões humanos, a fim de se culpar diante de Deus. (Romanos 3:19). Por isso é que 2/3 da Bíblia mostram a Lei, antes de se chegar ao Novo Testamento, que é o evangelho da graça. O Velho Testamento é a preparação para o Novo Testamento.

Consideremos Romanos, capítulos 1 a 3. Esta é a verdadeira Estrada de Romanos. Paulo gastou a maior parte destes três capítulos, estabelecendo o fato da Santidade de Deus e do Seu justo julgamento sobre a humanidade pecadora. (Romanos 1:18-3:23), antes de pregar a salvação pela graça de Cristo (Romanos 3:24-4:25). O amor de Deus não é mencionado antes do capítulo 5. Esta é a legítima Estrada de Romanos. Foi assim que Pedro pregou aos judeus, no dia de Pentecoste, e Paulo pregou aos pagãos, no Areópago.

Os Dez Mandamentos, em Êxodo 20:1-17, podem ser efetivamente usados com este objetivo, a começar do primeiro mandamento. Pergunte a alguém se Deus é absolutamente o primeiro em sua vida. Claro que a resposta vai ser “não”. Pergunte se ele sempre [incessantemente e perfeitamente] honrou e obedeceu aos seus pais; se ele já furtou, se já mentiu, se já cobiçou o que pertencia a outra pessoa... Prossiga e mostre que Deus exige que guardemos Suas leis. Desse modo, cobiçar uma mulher é o mesmo que adulterar (Mateus 5:28) e odiar alguém é o mesmo que assassinar (Mateus 7:21-22). Mostre o que Tiago 2:10 ensina: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos”.

Isto tudo estabelece o fato que eles quebram constantemente as leis de Deus, merecendo Seu castigo. Também significa que todos os homens estão sob o julgamento e serão punidos com os castigos eternos, porque eles jamais poderiam pagar a dívida que a Lei de Deus exige de todos. Ora, o salário do pecado não é apenas a morte física, mas também o eterno tormento no Lago de Fogo (Apocalipse 20:15).

Esta maneira de preparar o terreno da alma é o que o Espírito de  Deus usa para  levar ao coração do pecador à devida convicção, removendo o seu falso senso de esperança, e o compelindo a fervorosamente desejar saber o que deve fazer para ser salvo.




4. O TÍPICO PROGRAMA DE GANHAR ALMAS NÃO ENFATIZA A IMPORTÂNCIA DA PACIÊNCIA E DE SER COMPLETO.


O típico programa de ganhar almas age apressada e superficialmente. Precisamos lidar mais cautelosamente com as pessoas, mais completa e pacientemente, a fim de que elas entendam o evangelho e possam tomar uma apropriada decisão liderada pelo Espírito Santo. Considerem o exemplo prévio, de fazer uma rápida apresentação da Estrada de Romanos à porta de um estranho, esperando que ele esteja realmente pronto para ser salvo, encorajando-o a fazer a “oração do pecador”.

Numa visita na periferia de Oklahoma, meu irmão parceiro [de evangelismo] para ganhar de almas bateu a uma porta e foi atendido por uma senhora da América do Sul, que conseguia falar apenas algumas palavras em Inglês. Ela nos convidou a entrar em sua casa (onde estavam os seus filhos adolescentes) e nos contou que era católica romana. Embora fosse óbvio que ela não podia entender claramente o Inglês, meu amigo entrou rapidamente na Estrada de Romanos e logo perguntou se ela desejava fazer a oração. Nesse ponto, intervim, sugerindo que encontrássemos alguém da igreja que falasse a sua língua e o enviássemos ali, para visitá-la, e também que tentássemos conseguir uma Bíblia em sua própria língua. Como poderia alguém entender o evangelho e ser salvo, quando abordado com uma língua que não entendia? Além disso, sendo uma católica romana, o mínimo que ela chegasse a entender seria interpretado à luz da sua falsa religião.

Este é um exemplo de como lidar corretamente com alguém.

Meu parceiro [em evangelismo], naquele dia, era um humilde e sincero homem de Deus. Ele não estava tentando se projetar, mas apenas tentando ganhar almas para Cristo. Contudo, ele havia sido influenciado pelo modelo do programa de ganhar almas e não o havia percebido ainda. Muitas pessoas na América de hoje são tão ignorantes quanto os hindus na Ásia do Sul. Muitas estão aceitando o Hinduísmo, acreditando na Evolução, além de em outros mitos hinduístas. Se tentássemos usar a supracitada técnica de ganhar almas na Ásia do Sul, nós iríamos conseguir que metade das pessoas fizesse a “oração do pecador”, tentando ir para o Céu. Mas, na vasta maioria dos casos, o que o hindu estaria fazendo era aceitar Jesus como mais um dos seus deuses, em vez de se voltar exclusivamente para Ele como Senhor e Salvador, abandonando os seus outros deuses, conforme lemos na 1 Tessalonicenses 1:9: Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro”. Mas esta, somente esta, é a legítima salvação bíblica.

Nunca encontrei um hindu que entendesse o evangelho, na primeira vez em que o escutou. Talvez haja alguns, mas durante os 30 anos em que fui um missionário entre eles, jamais presenciei, nem mesmo soube disso. Descobrimos que na vasta maioria dos casos, o hindu precisa escutar o evangelho por um longo período de tempo. Ele precisa ser tratado cautelosa e pacientemente.

        Alguns devem argumentar que pessoas na Bíblia foram salvas na primeira vez em que escutaram [a respeito do Cristo e Sua obra salvadora]. Sim, algumas o fizeram. O carcereiro de Filipos é um exemplo, mas ele também esteve escutando a pregação de Paulo e Barnabé [que pode ter durado bastante tempo e ter sido bastante completa] e, quem sabe, houve outra preparação que ele recebeu, antes daquela noite.

Algumas Escrituras importantes sobre ser cauteloso na apresentação do evangelho

Sob a luz de como tratar com pecadores de um modo paciente e completo, consideremos as seguintes Escrituras:

E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa”.  (Atos 2:40). Além de sabermos que 3.000 foram salvos no dia de Pentecoste, também é importante observar que eles não foram salvos na base de apenas cinco minutos de apresentação do evangelho. Além disso, eles eram judeus que já conheciam a Escritura, tendo um fundamento do conhecimento espiritual e religioso, que a maioria das pessoas não possui hoje em dia. Eles conheciam o Deus verdadeiro. Entendiam o conceito da queda [em Adão] e do pecado humano. Tinham o testemunho do sistema sacrifical. Tinham as profecias messiânicas. E muitos haviam escutado as pregações do próprio Cristo [além das de seu predecessor, João, o batista].

Vejamos esta passagem de Atos 17:11-12: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens”.  

A conversão dos bereanos não envolveu uma apresentação de cinco minutos da Estrada de Romanos. Ela aconteceu num período de tempo em que eles haviam escutado o ensino de Paulo e pesquisado as Escrituras.

Considerem mais duas Escrituras:

1 Timóteo 2:3-4: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade”.

Romanos 6:17: “Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues”.

           
Nestas passagens, Paulo descreve a salvação como trazendo o conhecimento da verdade e a crença numa forma de doutrina. A salvação exige conhecimento. Isto não significa que o pecador precise [profundamente] conhecer [toda, a mais sã e completa] Teologia Sistemática, mas que deve conhecer e entender o conteúdo do evangelho. Deve saber que a Bíblia diz que Jesus morreu pelos nossos pecados,  conforme a 1 Coríntios 15:1-4, isto é: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.  Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

Ele precisa saber o que é o pecado e reconhecer-se como um pecador que a Bíblia diz que ele é. Deve entender quem é Jesus e o que significa a Sua morte. Deve entender o que é fé salvadora. Sob esta luz, é óbvio que o ganhador de almas deve ensinar pacientemente estas coisas aos pecadores e permitir que eles as entendam.

Não esqueça a lei de plantar e colher

Considerem o fato de que o ganhador de almas é comparado ao semear e colher. É claro que estes dois aspectos agrícolas não acontecem ao mesmo tempo. Primeiro, vem a semeadura, depois a rega, a adubação [com estrume curtido e com fertilizantes], a capina para tirar as ervas daninhas, para, finalmente, vir a colheita.

Os programas de ganhar almas muito frequentemente criam a expectativa de que semear e colher acontecem ao mesmo tempo. Mas a colheita só acontece após a semeadura ter sido feita. [Feita] talvez pelos pais piedosos, por colegas do trabalho ou amigos, ou por uma leitura pessoal da Bíblia.

A obra preparatória da Lei

No caso de se tratar apropriadamente com pecadores, considerem o contexto bíblico. A razão por que uma grande parte da Escritura é dedicada à apresentação da Lei é preparar o caminho para o evangelho. A Lei é o aio que conduz o pecador a Cristo (Gálatas 3:24). Ela mostra ao homem como Deus é Santo e o homem é pecador, a fim de que o homem compreenda que é grandemente culpado diante de Deus e possa correr para Cristo, num sentido bíblico (Hebreus 6:18).

Os pregadores costumavam entender que o terreno do coração humano deve ser preparado com a Lei, antes de poderem colher o doce fruto do evangelho. Alguns dos antigos evangelistas organizavam campanhas e nem mesmo pregavam o evangelho nos primeiros dias, pregando fortemente sobre o julgamento do pecado. Nos anos 1960, Oliver B. Greene pregou, numa sequência, 25 mensagens de rádio sobre a ira divina. Duvido que ele pudesse continuar com isso, nas rádios cristãs de hoje. Tudo nos dias de hoje é rápido e superficial e todos nós somos afetados pelo espírito do tempo.

Em geral, o pecador reinterpreta o evangelho conforme a sua formação religiosa

Antes de tudo, é importante  ser cauteloso e completo na apresentação do evangelho, porque as pessoas tendem a interpretá-lo conforme a sua formação religiosa. Quando um católico romano escuta o evangelho pela primeira vez, ele interpreta “nascer de novo” como sendo o batismo. Quando ele escuta a frase “receber Cristo”, depressa ele pensa nos sacramentos que recebe repetidamente. Quando ele escuta falar de pecado, logo pensa em dois tipos de pecados - [o mortal e o venial] - imaginando que somente alguns pecados [aqueles do tipo mortal] podem condenar eternamente ao inferno.

Ele poderia dizer ao ganhador de almas que entende todas estas coisas e que nem precisa fazer perguntas sobre o que lhe foi apresentado, mas a verdade é que ele nada entende, por causa do falso ensino recebido anteriormente.

Esta é a razão pelas quais as cruzadas evangelísticas são tão falhas. Quando Billy Graham ou Luis Palau pregam aos católicos romanos, eles pretendem pregar a sã doutrina do evangelho, mas sua mensagem é erroneamente interpretada pelos ouvintes católicos romanos, e os evangelistas ecumênicos fogem de tornar as coisas claras, através de pregarem CONTRA falsa doutrina. [Mas] a verdade precisa ser contrastada com o erro, a fim de ser compreendida.

Um curso que apresenta claramente o evangelho é chamado “Salvation Bible Basics”, de Doug Hammet, na Leigh Valley Baptist Church, em Emaús, Pennsylvania. Ele consiste de quatro lições sobre a salvação. Um forte fundamento é colocado, ao definir o pecado sob a perspectiva divina, a fim de que o pecador veja a sua condição perdida diante de Deus. Na lição 4, arrependimento e fé são cuidadosamente explicados. Não é muito comum um curso evangelístico de estudo da Bíblia entrar no assunto do arrependimento, conforme este curso faz. Um diagrama simples ajuda a ilustrar as verdades da Bíblia.

De modo nenhum estou dizendo que o evangelho confrontador está errado ou que não deveríamos tentar ganhar almas para Cristo, se possível, exatamente onde as encontramos. Se Deus está convencendo a pessoa e se ela entende o evangelho e se prontifica a se arrepender e crer, então, nada mais é necessário.

Estou dizendo, simplesmente, que um dos melhores meios de se evitar as falsas profissões de fé é não apresentar o evangelho superficial e insuficientemente. Até mesmo as apresentações mais cuidadosas do evangelho não poderão evitar completamente as falsas profissões de fé; mas estas serão bastante diminuídas, ao contrário do que acontece nas apresentações superficiais.

Alguém vai protestar: “Mas o tempo é curto e você nunca sabe se você verá aquela pessoa novamente”. Isto é verdade, e muitas vezes temos apenas uma chance [de poucos minutos] de entregar o evangelho a uma certa pessoa. Neste caso, temos que fazer [falar o evangelho] o melhor que o tempo nos permitir, e entregar-lhe um folheto evangelístico [daqueles bastante completos, se possível um livreto]. Uma coisa é [realmente não haver tempo, como numa sala de espera num aeroporto, e] você entregar uma rápida palavra de testemunho ou até mesmo um rápido plano de salvação pela Estrada Romana, enquanto outra coisa muito diferente é [haver tempo e possibilidade de continuar a evangelizar seu parente ou colega de trabalho ou amigo ou vizinho ou conhecido da cidade] você [propositadamente] somente fazer uma apresentação superficial e apressada, tentando manipular a pessoa no sentido de que ela apenas faça a “oração do pecador”.

Alguém poderia protestar que não é possível ser completo com as pessoas que nem sequer abrem a porta para permitirem que o ganhador de almas entre em sua casa. Certo, mas se a pessoas não estiver disposta a escutar o que Deus tem a dizer-lhe, não resta esperança alguma, além de orar para que Deus a torne interessada. O evangelho não pode ser forçado a entrar no coração, nem pode ser atirado sobre o vizinho. Devemos pedir que Deus nos dirija às pessoas que o escutarão, que nos permitam entrar em suas casas para um estudo da Bíblia, que assistam as aulas na igreja, etc.

Qualquer que seja o problema ou quaisquer que sejam os protestos oferecidos, ter pressa em colher os frutos, antes do seu amadurecimento, não é a solução.




5. - O TÍPICO PROGRAMA DE GANHAR ALMAS NÃO ENFATIZA A IMPORTÂNCIA DE RESPONDER ÀS PERGUNTAS SINCERAS.


Este ponto poderia ter sido encaixado no ponto anterior de gastar tempo para ser completo, e  tratar cautelosamente com o pecador, mas desejo abordá-lo separadamente, tendo em vista a sua importância.

No Colégio Bíblico me ensinaram a NÃO responder à maioria das perguntas, no ofício de ganhar almas. Ensinaram-me a permanecer nos verso da Estrada de Romanos e falar: “Esta é uma boa pergunta e voltaremos ao assunto, mais tarde, porém agora eu gostaria de mostrar...”

Acredito que há ocasiões em que se deve agir assim, no caso da pergunta realmente se desviar para longe do assunto [da Bíblia, dos pontos chaves do evangelho, da natureza de Deus, da divindade do Cristo, etc.] não sendo, portanto, necessário respondê-la. Mas, também creio que existem muitas perguntas que precisam ser respondidas antes que a pessoa possa entender corretamente o evangelho e ficar preparada para ser salva.

O homem que me conduziu a Cristo gastou três ou quatro dias inteiros comigo, ensinando-me pacientemente as Escrituras e respondendo miríades de perguntas e argumentos que eu apresentava, como, por exemplo, se a reencarnação é verdade, se o homem não pode simplesmente seguir o seu coração, por que Deus iria mandar para o inferno pessoas que não tiveram a chance de escutar o evangelho ou em que o Hinduísmo difere da Bíblia, etc.  Se ele tivesse ignorando minhas perguntas, conforme fui ensinado no Colégio Bíblico, não teria conseguido ir muito longe comigo. Minhas perguntas refletiam aquilo em que eu acreditava naquele tempo e precisavam de respostas. O fato dele ter-me dado respostas bíblicas ao que eu considerava sem reposta impressionou-me profundamente. E o fato de que ele ia diretamente às passagens importantes da Bíblia foi duplamente impressionante. Compreendi que aquele era um homem que levava a sério a sua fé religiosa [integridade], tendo se esforçado para nela se educar, e isto foi uma das principais razões pelas quais eu estava desejoso de escutá-lo.

        Nesse contexto, é importante entender a diferença entre uma pergunta que precisa ser respondida e uma pergunta “tola e frívola” (2 Tessalonicenses 2:23; Tito 3:9-10). Pergunta “tola e frívola” é aquela feita sem sinceridade, apenas com o objetivo de confundir a verdade, em vez de achá-la. É algo geralmente usado pelos rebeldes de coração endurecido e pelos hereges. As TJs, por exemplo, em geral são treinadas para fazer esse tipo de perguntas tolas e frívolas sobre assuntos como a divindade de Cristo, a morte, o Céu, a ressurreição física, etc. Elas não estão interessadas nas respostas, mas apenas desejando empurrar suas próprias heresias, as quais são torcidas [de versos isolados da Bíblia, tomados fora] de contexto.




6. O TÍPICO PROGRAMA DE GANHAR ALMAS É MUITO FORMULISTA.


Segundo minha experiência sobre os cursos de ganhar almas, eles são muito formulistas [Isto é, tentam simplificar toda a complexidade e variedade das possíveis situações e pessoas, reduzindo tudo a uma única fórmula universal exageradamente simplificada e curta, que possa ser usada por todo mais despreparado evangelista pessoal, em todas as situações, para todos os tipos de pessoas]. Ao ganhador de almas é ensinado, simplesmente, um plano padrão [uma fôrma para moldar objetos, um gabarito a ser reproduzido sem nenhuma variação, um modelo de bordado a ser seguido sem nenhuma diferença] a ser usado em todo e cada caso.



David Cloud - What is Wrong With Most Soul Winning Courses?

Traduzido por Mary Schultze, em 11/11/2011.

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