O SUPREMO DEVER DO PASTOR
Deus teve apenas um Filho e O tornou um
Pregador.
O Supremo Dever do Pastor
Thomas Ascol
"Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja"
(1Tm 3.1) A palavra-chave nesse versículo é "obra". O
ministério pastoral é uma obra árdua. Paulo comparou a vida do
pastor à do soldado e à do lavrador. Ele encorajou o jovem Timóteo
a participar "dos sofrimentos" no ministério (2 Tm 2.3,6).
No cerne desta obra árdua está a santa tarefa de pregar. D. Martyn
Lloyd-Jones afirmou que "a mais urgente necessidade da igreja
cristã é a verdadeira pregação". Seu antecessor, G. Campbell
Morgan, também sustentava esse mesmo ponto de vista sobre a pregação,
quando a chamou de "a suprema obra do ministro cristão".
Na introdução de sua clássica obra sobre homilética, A Treatise on the Preparation and Delivery of Sermons (Um Tratado Acerca do Preparo e Entrega de Sermões), John Broadus argumenta que "a pregação é o grande meio designado para espalharmos as boas-novas de salvação através de Cristo". Espera-se que um pastor seja muitas coisas. Ele tem de ser um conselheiro para aqueles que necessitam de orientação, um encorajador para aqueles que estão desanimados, e um confortador para os que estão angustiados. Precisa ser um administrador da vida e do ministério de uma igreja local, e um líder que dirige a igreja nos caminhos adequados. Porém, dentre todas essas e outras responsabilidades, o pastor é, primeiramente (e acima de todas as demais coisas), um pregador. Ao estabelecer tal prioridade no desempenho de seu chamado, o pastor não apenas segue o padrão estabelecido pelos profetas do Antigo Testamento e pelos apóstolos do Novo Testamento, mas também o exemplo de nosso Senhor. No início de seu ministério público, Jesus se colocou de pé na sinagoga de Nazaré e anunciou seu propósito, utilizando as palavras do profeta Isaías: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres... para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos,... e apregoar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18-19). Ele foi ungido para pregar. Com freqüência, quando estudamos a vida de Cristo nos evangelhos, permitimos que os milagres destaquem-se à nossa mente. Mesmo sendo tão ressaltados, é preciso lembrar que Jesus fez os milagres em meio a seu ministério de pregar e ensinar. Quando as multidões clamaram por mais milagres, Ele disse aos seus discípulos: "Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim" (Mc 1.38). Deus teve apenas um Filho e tornou-O um Pregador. "Prega a palavra!" foi a admoestação do apóstolo a Timóteo. "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2 Tm 4.2). Esse mandamento, por si mesmo, é suficientemente forte para fazer que pastores se aprumem e percebam a grande ênfase colocada na pregação. Paulo, entretanto, continuou escrevendo para fortalecer essa admoestação com um argumento bastante perturbador. O motivo pelo qual os pastores têm de pregar a Palavra é porque "haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas." (2 Tm 4.3-4). A respeito de quem Paulo está falando? Quem são essas pessoas? Ele não estava se referindo às pessoas que se encontravam fora da igreja. Estava falando sobre membros de igreja que ouvem o pregador. A razão pela qual Timóteo precisava pregar a Palavra com autoridade era a inevitável tendência íntima dos homens no sentido de resistirem à sã doutrina. A pregação é o meio ordenado por Deus para combater essa tendência. Hoje, ouvimos muito a respeito da irrelevância da pregação. O homem moderno (especialmente o que cresceu nas últimas 4 décadas) simplesmente não ficará quieto diante de tais atividades "tradicionais" da igreja. O que precisamos fazer, portanto, é dar-lhe o que ele quer: dramatização, dança, multimídia. Todos estes e outros métodos estão sendo trombeteados como os novos veículos da proclamação para a igreja de hoje. Eles nos dizem que a pregação está fora de moda. Esperar que grandes grupos de pessoas se assentem nos bancos da igreja e ouçam um homem falar por meia hora ou mais não é apenas presunçoso, é tolice. Apesar disso, "aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação" [a mensagem pregada] (1 Co 1.21). O que devemos fazer, então? De que maneira o povo de Deus deve reagir à ênfase bíblica na pregação, enquanto vivem em um mundo que, cada dia mais, a despreza? Primeiro, precisamos nos determinar a permitir que nossas convicções sejam moldadas pela imutável Palavra de Deus e não pelas mutáveis tendências da cultura moderna. A pregação precisa se tornar, e permanecer, a prioridade de nossos ministros do evangelho. As igrejas têm de insistir nisso com seus pastores, e os pastores precisam insistir nisso consigo mesmos. Segundo, é necessário fazer provisão na igreja para manter a pregação como prioridade. Muitas coisas boas competem pela atenção do pastor. Sempre existem necessidades a serem atendidas e ministérios à espera de uma mão disposta a trabalhar. À luz de tanta exigência, os pastores precisam cultivar o mesmo tipo de ousadia humilde e negligência deliberada que demonstraram os apóstolos, quando pastoreavam a igreja em seus primórdios, na cidade de Jerusalém. Confrontados com as importantes necessidades da congregação, aqueles primeiros líderes se recusaram a ficar distraídos de sua principal tarefa: "Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas" (At 6.2). A situação era séria. Viúvas estavam sendo negligenciadas pela igreja. Contudo, a igreja confiou esse ministério a outros membros cheios do Espírito Santo, para que os apóstolos se consagrassem "à oração e ao ministério da palavra" (v. 4). Esse tipo de sabedoria prática e disposição de delegar responsabilidades precisa caracterizar a igreja, se tiver de ser mantida a prioridade da pregação. Os membros e oficiais da igreja deveriam mostrar grande cuidado em insistir que seu pastor mantenha a obra da pregação como a prioridade de seu ministério. John MacArthur salientou esse ponto com grande eloqüência, em um sermão pregado na Conferência de Pastores da Convenção Batista do Sul, em 1990, realizado em Nova Orleans, Louisiana. De que maneira os membros de igreja podem encorajar seu pastor a fazer da pregação a sua prioridade? Precisamos nos determinar a permitir que nossas convicções sejam moldadas pela imutável Palavra de Deus e não pelas mutáveis tendências da cultura moderna. Aqui estão as sugestões de MacArthur:
A avaliação de John Broadus, feita em 1870, permanece válida para estes anos finais do século XX: "Em cada época do cristianismo, desde que João Batista atraiu multidões para o deserto, não tem havido grandes movimentos religiosos, nenhuma restauração da verdade das Escrituras, nenhuma renovação da piedade genuína, sem um novo poder na pregação, tanto como causa quanto como efeito". Se temos esperança de ver genuíno avivamento e reforma, é preciso haver o retorno de poder ao púlpito. A pregação ungida pelo Espírito é a grande necessidade de nossos dias. Estejamos batalhando para restabelecer sua prioridade em nossas igrejas. Oremos por aqueles cuja tarefa é cumprir o santo chamamento de proclamar o evangelho de Jesus Cristo, no poder do Espírito. Que Deus nos conceda um avivamento da verdadeira pregação. "Pregar de forma simples não é pregar rudemente, nem indouta ou confusamente, mas pregar de maneira tão simples e perspicaz que o homem mais simples possa entender o que é ensinado, como se ouvisse ser chamado pelo próprio nome." Henry Smith "Não há sermão que, sendo ouvido, não nos ponha mais perto do céu ou do inferno." John Preston |
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