Ludgero Morais
As palmas como expressão de culto, na
celebração no templo, não encontra qualquer respaldo nas Escrituras. O livro do
Salmos descreve o louvor dos crentes e o louvor universal.
Descreve também manifestações próprias de culto como igreja que eram, e
outras manifestações musicais e artísticas e folclórica como povo-estado
que também eram. O culto no tabernáculo ou no templo do Velho Testamento, por
sua vez, era o mais impeditivo possível. Seguia-se uma liturgia rígida. A
mobília e os utensílios do templo foram rigorosamente prescritos. Somente os
sacerdotes cantavam (os 280 cantores levitas, homens vocacionados para este
fim), Os instrumentistas eram ordenados, de uma única tribo, e ninguém mais.
Somente o sumo-sacerdote entrava uma vez por ano no santo dos santos. Nem todos
os instrumentos eram permitidos no templo, somente alguns próprios para o
culto. Os homens comuns do povo assistiam a tudo de longe, as mulheres ainda
mais longe em seu próprio lugar, os estrangeiros por detrás do muro da
separação que existia para afastá-los ainda mais. Todos estes longe do átrio
onde a celebração se dava. Tudo era impedimento.
Então, tomar o Salmo 47 no seu versículo 1, que
está no contexto do Velho Testamento (“Batei palmas, todos os povos;
celebrai a Deus...”), como se o culto do Velho Testamento seguisse à
vontade, nos parece um equívoco pelos argumentos anteriores e também porque
este Salmo está se referindo ao louvor universal, não do templo. No templo
jamais se bateu palmas; até hoje as sinagogas judaicas não o fazem. E este é o
único texto que fala de aplaudir, de bater palmas como expressão de louvor. No
mesmo contexto o Salmo 98.8 determina que “os rios batam
palmas,...”. (Isaias 55.12 trás a mesma idéia). O Salmo 150 determina que “todo
ser que respira louve ao Senhor.”, mas nós não trazemos um
animal, que evidentemente respira, para o templo, o que seria uma abominação ao
Senhor. Os animais trazidos em sacrifício eram oferecidos fora do átrio, e
mesmo assim, representavam a Cristo que é o “Cordeiro que foi morto de uma vez
por todas”, acabando com todos os sacrifícios sanguinolentos de animais. Assim,
no Novo Testamento não existe nem sequer esta possibilidade.
A totalidade das outras referências bíblicas sobre
palmas não se refere a expressão de louvor, mas de zombaria, escárnio, ódio,
e também uma delas, de homenagens humanas. Vejamos. Números 24.10 fala
da ira de Balaque que se acendeu contra Balaão, “e bateu ele as suas
palmas.” Em II Reis 11.12 encontramos a coroação de Joás, quando eles “bateram
palmas”, em homenagem ao novo rei. Em Jó 27.23, encontramos a descrição da
sorte dos perversos com a seguinte afirmação: “à sua queda lhe batem palmas,
à saída o apupam com assobios.”, se referindo a vaias. Em Jó 34.37,
encontramos: “Pois ao seu pecado acrescenta rebelião, entre nós, com
desprezo, bate ele palmas, e multiplica as suas palavras contra Deus.” Lamentações
2.15 fala do escárnio sofrido por Jerusalém: “Todos os que passam pelo
caminho batem palmas, assobiam e meneiam a cabeça sobre a filha de Jerusalém:...”,
vaias, e levantar de ombros como dizendo “nem te ligo”. Ezequiel tem duas
referências a Deus como batendo palmas, mas Ele o faz em ódio contra Israel
(Ezequiel 21.17; 22,13). O texto de 21.17, por exemplo, diz: “Também eu
baterei as minhas palmas uma na outra e desafogarei o meu furor; eu, o Senhor,
é que falei.”. As duas outras referências ali é sempre em tom de zombaria
(6.14; 21.14). Nahum 3.19 é o último versículo desta profecia e também fala pela
última vez em bater palmas no Velho Testamento, também em tom de zombaria, de
asco: “Não há remédio para a tua ferida; e tua chaga é incurável; todos os
que ouvirem a tua fama baterão palmas sobre ti; porque sobre quem não passou
continuamente a tua maldade?”. Neste caso específico encontramos a ruína de
Nínive e a maldição que sobre esta cidade foi derramada. Enquanto estava ela
doente de morte, com uma chaga incurável, todos “baterão palmas” sobre ela,
impingindo maior aflição pelo barulho das palmas e seu ritmo infernal. O livro
dos Salmos falam uma única vez de “aplaudir”, em 49.13, falando sobre o
proceder dos seguidores dos estultos que “aplaudem o que eles dizem.”
No Novo Testamento não há nenhuma referência ao
bater de palmas, muito menos em relação a uma atitude cúltica, por que,
enquanto o Velho Testamento era repleto de gestos como “colocar o rosto em
terra”, o “rasgar as vestes”, o “colocar cinza sobre a cabeça”, o “vestir-se de
pano de saco”, etc. etc, o Novo Testamento nos chama a um culto racional
conforme orienta Paulo em Romanos 12.1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”. Esta expressão “Logiken
Latria” – (culto racional), fala de um culto supra-sensual, um culto que não
requer recursos como a dança (que nunca foi permitida no templo do Velho
Testamento como expressão de culto), ou sequer as palmas, menos ainda das
outras expressões gestuais.
As palmas para marcar o ritmo da música, devem
ser observadas dentro de um contexto da música como um todo. A música para a
adoração é composta de harmonia, melodia; ritmo e letra.
Cada uma destas partes atinge um aspecto do nosso ser. A harmonia atinge
o nosso senso do belo, pela quantidade de sons, que, tal como a diversidade das
cores e seus matizes, chamam a nossa atenção para a beleza; a melodia
toca as nossas emoções; a letra tange a nossa inteligência, a razão; o ritmo,
por sua vez, apela para o nosso corpo, o que por si só não é mal,
absolutamente. Nosso coração bate em ritmo, nossos passos são dentro de ritmo.
Todas estas partes, então, devem promover a integridade da música e a
integridade do ser que adora. Uma música melosa, melodiosa se torna
excessivamente romântica, sentimental, o que não é próprio para o culto. Uma
música com uma harmonia complexa, com harmonias dissonantes, também não é
própria pois chama a atenção exageradamente para uma de suas partes
esquecendo-se da inteireza. A letra deve ser doutrinariamente sã trazendo a
mensagem da Palavra de Deus ao nosso coração. O ritmo não pode ser de tal ordem
que nos convide ao requebro. As palmas como expressão de culto, portanto, não
são próprias, pois frisam o ritmo que convidam ao requebro, aos meneios, à
sensualidade.
Lembremo-nos que adoramos a Deus conforme o que
Ele requer e, Ele não requer que o façamos através de palmas, a não ser no
louvor da natureza, dos rios, do farfalhar das árvores, do uivar e grunhir dos
animais, do pipilar das aves, das palmas e até mesmo da dança. Mas no templo o
louvor é racional, supra-sensual. O culto é logiken latria. Seu pastor, nesta
autocrítica, então lhes promete, como responsável diante de Deus pela condução
litúrgica, que não proporá e nem permitirá que no campo da Primeira Igreja se use
palmas no culto solene prestado em celebração a Deus, para aplaudir feitos
humanos, ou mesmo, como expressão de culto ao Senhor. De fato, nenhuma coisa,
nem outra é própria à solenidade do culto que prestamos ao nosso Deus e Senhor.
http://www.executivaipb.com.br/conviccoes/bater_palmas.doc
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.