Cantar o evangelho juntos, como uma igreja integrada, forja a unidade em torno
da doutrina e prática distintivamente cristãs. Nossas canções congregacionais
funcionam como credos devocionais. Elas nos dão linguagem e oportunidade de
encorajar uns aos outros na Palavra e convocar uns aos outros a louvar nosso
único Salvador. Uma das funções mais importantes do canto congregacional é que
ele ressalta a natureza corporativa da igreja e do ministério mútuo que nos
edifica na unidade. Uma das razões por que nos reunimos todas as semanas é nos
recordarmos de que não estamos sozinhos em nossa confissão de Jesus Cristo e
nossa convicção das verdades espirituais que sustentamos com tanta apreciação.
Que bênção é ouvir todos os membros da igreja cantando juntos, com todo o seu
coração. Quando ouvimos os outros cantando as mesmas palavras, todos juntos,
tanto há uma melodia comum como uma harmonia diversa que expressa a unidade e a
diversidade do corpo da igreja local, de um modo que nos estimula a
prosseguirmos juntos. Em nossa cultura excessivamente egoísta, o canto
congregacional é um dos meios mais visíveis que estimulam uma ênfase
especificamente corporativa em nossa adoração e vida como igreja local.
Outra função importante do canto congregacional é que ele ressalta a natureza
participativa da adoração por meio da música. De um modo geral, a adoração é
algo que não podemos fazer como espectadores. Romanos 12.1-2 retrata a adoração
como algo ativo.
[“1
¶ ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos
corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional. 2 E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12:1-2 ACF)]
Também é interessante observar que não temos nenhum exemplo de coros de igreja
no Novo Testamento — a Bíblia nunca apresenta os crentes do Novo Testamento
realizando uma adoração musical em que alguns crentes representavam os demais,
por meio do canto realizado por uma pessoa ou um grupo. Pelo contrário, a
adoração por meio da música é participativa — toda a igreja participa
corporativamente da adoração a Deus, com um só coração e voz.
A Bíblia certamente nos convida a ouvir a Palavra de Deus e a responder-lhe.
Mas esse tipo de ouvir é uma resposta específica a um método de comunicação
ordenado por Deus — a pregação. No que diz respeito à adoração na forma de
música, a Bíblia nos mostra os crentes se envolvendo, eles mesmos, em adoração
— todos juntos. Isto não significa que solos e músicas especiais são
necessariamente errados. Também não estamos negando que solos e músicas
especiais podem comover espiritualmente aqueles que os ouvem. A questão é que
tipo de adoração musical corporativa é apresentada como modelo no Novo
Testamento e o que afirmamos sobre a adoração musical coletiva, se muitas de
nossas canções são tocadas e cantadas por poucos, e não são todos que
participam delas.
Uma dieta regular de apresentações de solistas e coros pode até causar o efeito
involuntário de prejudicar a natureza participativa e corporativa de nossa
música. As pessoas podem vir, gradualmente, a pensar na adoração em termos de
observação passiva; e esse não é um modelo apresentado no Novo Testamento. Essa
dieta pode também começar a obscurecer a linha de separação entre adoração e
entretenimento, especialmente numa cultura encharcada por televisão como a
nossa, na qual uma das mais insidiosas expectativas é ser entretido. É claro
que esse obscurecimento não é algo proposital. Mas, no decorrer do tempo, o
separar os “músicos, solistas ou coristas” do restante da congregação pode
mudar sutilmente o foco de nossa atenção, de Deus para os músicos e seus
talentos. E essa mudança é revelada por meio do aplaudir no final de uma
apresentação. Quem é o beneficiário dos aplausos?
Se o que fazemos aos domingos de manhã é o culto público, então faz todo
sentido que devemos ter preferência deliberada pelo canto congregacional — o
canto que envolve a participação ativa de toda a congregação.
Quando cantamos juntos louvores a Deus, estamos reconhecendo a natureza
corporativa da vida confessional da igreja. Ou seja, estamos afirmando
corporativamente que confessamos a doutrina cristã e experimentamos a vida
cristã junto com a nossa comunidade da aliança. Portanto, o canto
congregacional é aplicável tanto ao aspecto corporativo como ao participativo
de nossa adoração coletiva regular. Ele nos mantém afastados da armadilha do
entretenimento por envolver todo os cristãos no louvor ativo a Deus,
respondendo vocalmente à sua bondade e graça, com louvor e ação de graças
audíveis.
Mark Dever In: Música
Traduzido por: Wellington Ferreira
Revisão: Franklin Ferreira e Tiago Santos
Copyright: © Editora FIEL 2009.
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.