Nos últimos anos surgiram, no meio evangélico, expressões incluindo a palavra
louvor, as quais se tornaram verdadeiros jargões. E, como se sabe, jargões se
alastram que nem epidemia. Assim tornou-se comum ouvir dizer: “Vamos ouvir um
louvor”, “ministério de louvor”, “louvor profético”, etc.
Isto tem me incomodado bastante. E, pelo que ouço e leio, tem incomodado a
muitas outras pessoas. Reconheço que a linguagem humana é extremamente
dinâmica, e o sentido das palavras é sempre mutante, o de algumas palavras mais
que os de outras, mas acho que estamos indo longe demais no que respeita ao
conceito do que é realmente louvor. Por isso investiguei o assunto e cheguei às
seguintes conclusões:
1. Louvor é uma expressão de elogio e admiração referente a uma pessoa, um
objeto ou uma atividade. Louvar é dar honra, glorificar, fazer apologia.
Portanto, qualquer atitude que redunde nisso pode ser considerada louvor.
Oração, discurso, poesia, texto, música cantada, enfim, qualquer meio de expressão
verbal pode e deve ser usado para o louvor. Entretanto, entendemos que
expressões corporais não constituem louvor, pois este se expressa basicamente
através da palavra.
2. Na igreja, não podemos nem devemos considerar como louvor somente os
cânticos que geralmente são liderados pelos jovens, usando violão, guitarra,
teclado, bateria, etc., e que se caracterizam pela animação com que são
cantados. Também os hinos antigos e novos dos nossos hinários são louvor.
Também as músicas cantadas por corais, conjuntos, quartetos, solistas, etc.,
são louvor. Também as orações são louvor. Aliás, o culto todo é um ato de
louvor.
3. O louvor cristão é uma expressão de elogio, de glorificação e de admiração
ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Quem deve estar em evidência são estas
três pessoas da Trindade Divina, e não aquelas que lideram a congregação quando
ela está louvando ao Senhor. Às vezes, em algumas reuniões, tenho tido a nítida
impressão que o “período de louvor” é o momento de glória exatamente destas
últimas pessoas, pois elas fazem de tudo para aparecer. Falam muito, fazem
longas orações, gesticulam, algumas pulam, usam o som no alto mais volume,
manipulam a congregação, etc.
4. Não existe um “ministério de louvor”. Podemos ministrar a Palavra, as ordenanças,
ministrar aos necessitados e doentes, ministrar conforto aos enlutados, mas não
o louvor, porque não é algo que fazemos em favor (ou no lugar) de alguém, mas
algo que só pode ser exercido pelo próprio crente, como fruto de lábios que
exaltam o Deus Todo-Poderoso. O louvor cristão só pode ser oferecido a uma
pessoa, o Senhor de nossas vidas e, portanto, não é uma coisa que se possa
ministrar.
5. Uma das doutrinas mais importantes do Novo Testamento é o sacerdócio
universal dos crentes. O meu único sacerdote é Jesus, que me abriu um novo e
vivo caminho diretamente até o trono da graça de Deus e eu não preciso que,
além dele, alguém ministre e se dirija a Deus em meu lugar. Como bem disse a
Carta aos Hebreus, quando Jesus, que como homem era descendente da tribo de
Judá, foi constituído sumo sacerdote, cessou o ministério sacerdotal aarônico,
isto é, dos descendentes de Aarão, que era da tribo de Levi. Não existem mais
levitas, os quais eram, na velha aliança, sacerdotes que executavam os atos de adoração
no lugar do povo. O povo mesmo nem sequer entrava no templo; era obrigado a
permanecer nos átrios (dos homens, das mulheres e dos estrangeiros). Portanto,
é incorreto chamar as pessoas que se dedicam à música na igreja de levitas.
6. O louvor não tem poder de libertar, salvar, curar, produzir profecia,
exorcizar, etc., como muita gente pensa e ensina, pois, como ficou claro, é
apenas uma manifestação de elogio e admiração. Aliás, esta idéia de poder veio
do conceito de “louvor” como um “ministério”. Daí veio, também, a conseqüência
de tornar o “louvor” a parte principal do culto. Nunca é demais lembrar que
louvor é apenas exaltação daquele que tem todo o poder, Jesus Cristo, e que a
proclamação da sua Palavra sempre deve ser a parte principal do culto.
7. O louvor deve levar-nos ao enlevo com a beleza e a emoção da palavra e da
música, mas também à reflexão sobre a nossa relação com Deus. Deve motivar-nos
a uma maior comunhão com Deus e com os irmãos. Por isto é importante que não só
a melodia seja bonita, o ritmo e o estilo sejam adequados, mas que a letra seja
biblicamente correta. O que cantamos deve levar-nos à adoração reflexiva,
sincera e transformadora, e não a provocar em nós apenas respostas físicas e
emocionais.
Pr. Sylvio Macri
I.B.C. de Oswaldo Cruz, Rio - RJ
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.