Deus sempre quis ser adorado por meio da música. Mas há uma diferença
significativa entre o tipo de música que Deus desejava no Antigo Testamento e o
tipo que ele autoriza no Novo. O objetivo deste estudo é descobrir nas
Escrituras que tipo de música Deus deseja que usemos no culto cristão.
A música que agradava a Deus no Antigo Testamento envolvia o uso de vários
instrumentos. Logo após a travessia do mar Vermelho, Miriã e as mulheres de
Israel adoraram a Deus com cânticos acompanhados de danças e tamborins (Êxodo
15:20-21). Os profetas dos tempos de Samuel usavam saltérios, tambores, flautas
e harpas (1 Samuel 10:5). No período de Davi, Deus era adorado com cânticos
acompanhados "com instru-mentos músicos" (1 Crônicas 15:16, 28). 1
Crônicas 16 menciona o uso de alaúdes, harpas, címbalos, trombetas e
instrumentos de música (1 Crônicas 16:5, 42). Davi deu instruções específicas
para o uso desses instrumentos (veja 1 Crônicas 23 e 25, em que a adoração é
descrita detalhadamente). A adoração nos dias de Salomão era semelhante:
"e quando todos os levitas que eram cantores, isto é, Asafe, Hemã,
Jedutum e os filhos e irmãos deles, vestidos de linho fino, estavam de pé,
para o oriente do altar, com címbalos, alaúdes e harpas, e com eles até cento
e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas; e quando em uníssono, a um tempo,
tocaram as trombetas e cantaram para se fazerem ouvir, para louvarem o Senhor e
render-lhe graças; e quando levantaram eles a voz com trombetas, címbalos e
outros instrumentos músicos para louvarem o Senhor, porque ele é bom, porque a
sua misericórdia dura para sempre, então, sucedeu que a casa, a saber, a Casa
do Senhor, se encheu de uma nuvem . . . Assim, o rei e todo o povo consagraram a
Casa de Deus. Os sacerdotes estavam nos seus devidos lugares, como também os
levitas com os instrumentos músicos do Senhor, que o rei Davi tinha feito para
deles se utilizar nas ações de graças ao Senhor, porque a sua misericórdia
dura para sempre. Os sacerdotes que tocavam as trombetas estavam defronte deles,
e todo o Israel e mantinha em pé" (2 Crônicas 5:12-13; 7:6). Clarins e
trombetas acompanhavam os cânticos de louvor a Deus na época de Asa (2 Crônicas
15:14). Atente para o fato de que nada disso era mera invenção humana; Deus
tinha exigido esse tipo de adoração: "Também estabeleceu os levitas na
Casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de Davi e de
Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do Senhor,
por intermédio de seus profetas" (2 Crônicas 29:25). Após a volta do
cativeiro, a adoração foi conduzida de modo semelhante: "Quando os
edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor, apresentaram-se os
sacerdotes, paramentados e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com címbalos,
para louvarem o Senhor, segundo as determinações de Davi, rei de Israel"
(Esdras 3:10). Na cerimônia da dedicação pelos muros de Jerusalém havia címbalos,
alaúdes, harpas e trombetas (Neemias 12:27-36). Como disse Isaías: "O
Senhor veio salvar-me; pelo que, tangendo os instrumentos de cordas, nós o
louvaremos todos os dias de nossa vida, na Casa do Senhor" (Isaías 38:20).
O Saltério (Salmos) era o cancioneiro de Israel. Os salmos dão muito
destaque ao uso de instrumentos musicais na adoração a Deus. "Celebrai o
Senhor com harpa, louvai-o com cânticos no saltério de dez cordas. Entoai-lhe
novo cântico, tangei com arte e com júbilio" (Salmo 33:2-3). "Então,
irei ao altar de Deus, de Deus, que é a minha grande alegria; ao som da harpa
eu te louvarei, ó Deus, Deus meu" (Salmo 43:4). "Salmodiai e fazei
soar tamboril, a suave harpa com o saltério. Tocai a trombeta na Festa da Lua
Nova, na lua cheia, dia da nossa festa. É preceito para Israel, é prescrição
do Deus de Jacó" (Salmo 81:2-4). Passagens semelhantes encontram-se
espalhadas pelos Salmos. O salmo 92 menciona o uso de "instrumentos de dez
cordas" junto com o saltério e a harpa (Salmo 92:1-3). "Celebrai com
júbilio ao Senhor, todos os confins da terra; aclamai, regozijai-vos e cantai
louvores. Cantai com harpa louvores ao Senhor, com harpa e voz de canto; com
trombetas e ao som de buzinas, exultai perante o Senhor, que é rei" (Salmo
98:4-6). Embora de nenhum modo tenhamos citado todos os textos relacionados à
questão, ficou mais que claro que Deus era adorado por instrumentos musicais no
Antigo Testamento. As referências são bem freqüentes e não dão margem para
dúvida. "Louvai-o ao som da trombeta; louvai-o com saltério e com harpa.
Louvai-o com adufes e danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com
flautas. Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o com címbalos retumbantes.
Todo ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!" (Salmos 150:3-6). Veja também
Salmos 147:7 e 149:3.
A música no Novo Testamento apresenta um forte contraste com a do Antigo
Testamento. Não se fazem referências ao uso da música instrumental na adoração
do Novo Testamento! Após ler tantos textos que mencionam o uso dos instrumentos
musicais no Antigo Testamento, a diferença é marcante e importante. Observe os
seguintes textos: "Por volta de meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam
louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam" (Atos
16:25). "Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a
mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente" (1 Coríntios
14:15). "Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguem
alegre? Cante louvores" (Tiago 5:13). O louvor que oferecemos deve ser
aquele em que aconselhamos e instruímos uns aos outros: "Habite,
ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente
em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos
espirituais, com gratidão, em vosso coração" (Colossenses 3:16). Deve
estar claro que nenhuma harpa nem flauta tem condições de instruir.
"falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor
com hinos e cânticos espirituais" (Efésios 5:19). Esse texto de Efésios
é interessante porque especifica claramente qual instrumento deve ser usado: o
coração. Jamais se menciona nenhum instrumento mecânico em relação à adoração
de Deus no Novo Testamento. O escritor de Hebreus resume: "Por meio de
Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto
de lábios que confessam o seu nome." (Hebreus 13:15). O nosso sacrifício
de louvor deve ser o "fruto dos lábios".
Isso não significa que os instrumentos musicais não existissem no período
do Novo Testamento. Aliás, eles são mencionados diversas vezes, ligados a
acontecimentos sem relação com o culto (Mateus 9:23; 11:17; Lucas 15:25,
etc.). Mas jamais são mencionados em referência à adoração. Isso se
assemelha ao uso do sacrifício de animais no culto. No Antigo Testamento, é
difícil encontrar uma só página que não mencione o sacrifício de animais.
No evangelho de Cristo, entretanto, não há nenhuma menção do sacrifício de
um único animal. Isso, obviamente, não significa que não se cozinhavam nem
comiam animais nos lares dos cristãos do Novo Testamento, mas sim que jamais
eram usados para adorar a Deus.
É importante entender que não nos achamos mais debaixo da lei do Antigo
Testamento. Vários textos insistem nesse ponto: Romanos 7:2-4; Efésios
2:14-15; Colossenses 2:14-17; Hebreus 8, etc.. Observe as palavras de Gálatas
3:24-25: "De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a
Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já
não permanecemos subordinados ao aio." Mais adiante no mesmo livro, Paulo
afirmou que quem se voltar para o Antigo Testamento e obedecer a uma parte dele
o obrigava a cumprí-lo todo: "Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes
circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. De novo, testifico a todo homem
que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. De Cristo vos
desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes"
(Galátas 5:2-4). A lei do Antigo Testamento não é a autoridade para nós
hoje. Às vezes, as pessoas afirmam que isso não se aplica aos salmos. Mas em
João 10:34, Jesus se refiriu a Salmo 82:6 como "lei". Isso não é de
surpreender. Os que recorrem a Davi como a autoridade para o uso de instrumentos
no culto a Deus jamais se voltam para ele para autorizar a poligamia, o sacrifício
de animais, a observância do sábado e das festas judaicas, mas ele fazia tudo
isso. Nenhuma parte do Antigo Testamento, a não ser a que se repete no Novo,
nos vale como autoridade.
Devemos também reconhecer a necessidade da autoridade da Bíblia em tudo o
que fazemos. Uma vez que as Escrituras nos tornam completos para toda boa obra
(2 Timóteo 3:16-17), então, se alguma coisa não se encontra no Novo
Testamento, não é boa obra. O que ultrapassa a doutrina de Cristo é errado (2
João 9). Toda adoração procede ou da autoridade de Deus ou das ordenanças
humanas. Se for proveniente da autoridade de Deus, existe a Escritura para
comprová-la. Se não se acha no Novo Testamento, então a adoração procede do
homem, e Deus a eliminará (veja Mateus 15:8-9, 13-14). Vários exemplos da
forma em que Deus tratou o homem no passado exemplificam esse conceito. Quando
Deus ordenou que o fogo para o altar do incenso fosse trazido de uma determinada
fonte, e Nadabe e Abiú o trouxeram de uma fonte a respeito da qual Deus nada
tinha dito, eles foram queimados com fogo do céu (Levítico 10:1-3). Quando
Deus mandou que a arca da aliança fosse transportada nos ombros dos levitas,
mas Davi a transportou de um modo não mandado por Deus, o Senhor o puniu.
A questão básica é esta: o Novo Testamento não contém a autorização do
uso de instrumentos musicais na adoração a Deus. Sem dúvida não se trata de
um descuido acidental de Deus, porque, quando ele quis que os instrumentos
musicais fossem usados durante a época do Velho Testamento, ele o declarou
muitas vezes. Já que não há base no Novo Testamento para o uso do instrumento
musical na adoração, o homem que respeita à autorização divina não tocará
instrumentos em adoração a Deus, assim como não oferecerá sacrifício de
animais. A pessoa que hoje deseja justificar o sacrifício de animais na adoração,
deve citar um texto no Novo Testamento que o confirme; o homem que hoje fizer
questão do uso de instrumentos musicais no culto deve apresentar um texto no
Novo Testamento que o autorize. Se não se puder achar nenhum, respeitemos o silêncio
de Deus.
Apêndice: argumentos usados para fundamentar o uso de instrumentos musicais
Usados no céu
Alguns tentam justificar o uso de instrumentos musicais no culto pelo fato
deles serem mencionados em Apocalipse como algo existente no céu (veja
Apocalipse 5:8; 14:2). De fato, é improvável que se trate de instrumentos físicos,
dada a natureza espiritual do céu e a natureza simbólica de Apocalipse. Mas,
mesmo que fossem instrumentos musicais, isso não autorizaria o uso deles hoje
no culto cristão. Haverá crianças no céu (já que não têm pecado), mas
isso não autoriza que sejam batizadas hoje. A Bíblia fala de haver um altar de
incenso no céu, mas isso sem dúvida não sustenta o uso dele no culto. Não há
casamentos no céu (Mateus 22:30), mas não podemos usar isso para fundamentar
uma ordem de celibato (1 Timóteo 4:1-3). Os que hoje desejam usar harpas,
flautas ou outros instrumentos no culto, devem mostrar a autorização para usá-los
como adoração. Se conseguissem fazê-lo, não haveria necessidade alguma de
recorrer ao Antigo Testamento ou ao céu para fundamentar o uso.
Os salmos
Alguns se utilizam do fato de que devemos entoar salmos (Colossenses 3:16), a
fim de tentarem fundamentar o uso do instrumento musical. O raciocínio deles
segue mais ou menos assim: temos a ordem de louvar a Deus com salmos; os salmos
se referem a instrumentos musicais; portanto, podemos usar instrumentos
musicais. Colossenses 3 nos diz o que devemos fazer com os salmos -- cantá-los!
Colossenses 3 não nos autoriza a fazer tudo o que os salmos mencionam. Por
exemplo, os salmos ordenam os sacrifícios de animais (Salmos 20:3; 51:18-19;
66:13-15) e a dança para o Senhor (Salmos 150:4). O fato de cantarmos os salmos
certamente não nos autoriza a sacrificar animais, nem a praticar a dança
religiosa.
A palavra grega
De vez em quando você ouvirá alguém ensinar que a palavra grega traduzida
por "louvando" em Efésios 5:19 significa cantar acompanhado de
instrumento. Isso não é verdade. Mil anos antes do Novo Testamento ser
escrito, a palavra (psallo) significava "dedilhar". Naquela época era
então usada em referência ao instrumento musical. Mas, no período em que o
Novo Testamento foi escrito, a palavra simplesmente significava
"cantar". É por isso que quase todas as traduções da Bíblia, tanto
em inglês, quanto em português, traduzem a palavra por cantar, louvar ou coisa
semelhante. Os melhores e mais confiáveis dicionários gregos também deixam
claro que a palavra significava cantar no período do Novo Testamento. Mesmo no
antigo grego, na época em que a palavra significava "tocar um
instrumento", o instrumento era sempre citado especificamente no contexto
(mesmo naquela época não significava tocar se não houvesse menção a nenhum
instrumento no contexto). No contexto de Efésios 5, o único
"instrumento" é o coração! Podemos dedilhar as cordas de nosso coração
enquanto cantamos, mas a palavra psallo não dá autoridade para tocar
instrumentos.
Auxílios e acréscimos
Às vezes há quem afirme que o instrumento musical é meramente uma ajuda ao
cântico, mas não de fato um acréscimo à adoração. No Antigo Testamento, no
entanto, o instrumento era usado especificamente para louvar a Deus, e não
apenas para ajudar a cantar. O fato é que estamos tratando de dois tipos de música:
a vocal e a instrumental. O Antigo Testamento autorizava ambos; o Novo
Testamento só autoriza a música vocal.
Gary Fisher
Copiado de http://www.pastoronline.com.br
Peço perdão a todos pois, em 4 artigos do site sola e
alguns do boletim sola, tenho me confundido e tomado Gary Fisher como se fosse
Gary Gilley (bastante bíblico e fundamentalista). Fisher pode defender algumas
coisas boas nas suas páginas que postei, mas, em outras, tem muito da doutrina
campbelista, que nega a total depravação do homem (herança do pecado original),
a tribulação, o arrebatamento, e o anticristo, e que prega a regeneração
batismal e a imprescindibilidade das "obras de uma fé obediente" para a
salvação.
http://www.pilb.t5.com.br/igcmissouri.htm. Vou manter as páginas de Fisher
já postadas, mas com esta ressalva. Hélio.
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.