Durante anos, tenho ouvido,
frequentemente, a acusação de que os pregadores que admoestam os líderes
cristãos são culpados de “atirar em seus próprios feridos”.>
Recentemente, recebi o e-mail
abaixo que me acusava de fazer isto, referindo-se a uma exortação pública, que
eu fiz sobre as “Clarence Sexton Friendship Conferences”:
“Estou profundamente
consternado com a carta particular dirigida ao Dr. Sexton, a qual o senhor
publicou no seu website. Agradeço-lhe por atirar no seu próximo, em vez de ter
chamado, pessoalmente, o Dr. Sexton, a fim de apurar todos os fatos. Suponho
que o senhor não leia, com frequência, Mateus 18” .
A verdade é que
enviei esta carta ao Dr. Sexton, através do seu website, antes de tê-la
publicado, e não recebi resposta alguma. Ele diz que não usa e-mail, o que é
ótimo, mas poderia ter ditado uma resposta a um dos seus cooperadores ou
secretárias. Quanto a Mateus 18, este nada tem a ver com o assunto. O Dr.
Sexton não pecou pessoalmente contra mim e nem sou membro de sua igreja, para,
desse modo, seguir o procedimento prescrito em Mateus 18. O assunto da Conferência não
é particular, mas um assunto público, pois o Dr. Sexton o externou
através de sua influência pública. Assuntos públicos devem ser criticados
publicamente, pois, do contrário, os envolvidos não ficarão cientes do desafio.
O que eu precisei dizer a título de admoestação não foi somente para o Dr.
Sexton, mas para os batistas independentes. Nada tenho, pessoalmente, contra o
Dr. Sexton, nenhuma animosidade contra ele. Por que os homens não entendem este
princípio tão simples? Estou convencido que é porque não querem entendê-lo.
Tenho sido um batista
independente durante 36 anos e um dos pecados mais persistentes deste
movimento, a meu ver, é a exaltação do homem. Como movimento, ele é mais
centrado no homem do que em Cristo e isto para mim é idolatria.
Outro exemplo fútil de
“atirar no ferido” é o do segundo e-mail, o qual foi recebido há anos:
“Cresci em Murfreesboro,
TN, fui e continuo sendo associado da “Espada do Senhor” e do “Bill Rice
Ranch”. Sempre odiei e continuo odiando ver um cristão atacar outro irmão
cristão a respeito de coisas, em vez de pregar e tentar ganhar almas para
Cristo. Dizem que o Exército Cristão é o único exército que maltrata os seus
feridos e os mata. Tenho a dizer que isto é verdade. Sou também um Marine [Fuzileiro
da Marinha] e fomos ensinados a apanhar os feridos, e até os mortos, não os
deixando morrer ou ser mutilados pelo inimigo. Como cristãos, muitas vezes,
fazemos exatamente o contrário.”
O que significa “atirar
em seus próprios feridos?” Se significa que os cristãos devem ter paciência com
os fracos, podemos, certamente, afirmar que somos culpados. Se significa que,
algumas vezes, os cristãos criticam um companheiro, em vez de tentar
ajudá-lo, isto acontece também, muito frequentemente, e devemos nos lembrar que
Deus não Se agrada com tais coisas. Mas, por outro lado, se significa ser
errado um pregador identificar e admoestar os que estão ensinando o erro e
andando em comprometimento, é tolice.
Em meu ministério de
admoestação, jamais maltratei uma pessoa ferida, nem jamais atirei contra
qualquer pessoa, de modo algum. Acusar-me de fazer tal coisa é confundir admoestação,
reprovação e correção, com ataque. Participei do exército, entendo do assunto
militar e o que estou fazendo nada tem, absolutamente, a ver com “atirar nos
próprios feridos”.
Os líderes que eu admoesto
não estão feridos. Eles estão voluntária e decididamente aderindo ao erro e ao
compromisso, influenciando os outros (neste caso, eles não tencionam revidar).
O Senhor Jesus Cristo ensinou
o Seu povo a se acautelar dos falsos profetas (Mateus 7:15).
“Acautelai-vos, porém, dos
falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são
lobos devoradores.” (Mt 7:15 ACF)
Quando um pregador obedece a este mandamento e tenta admoestar e identificar os
falsos mestres, será que está “atirando nos feridos”? Não! Mas, os que o
admoestam e os que com eles simpatizam logo acusam [o pregador] de
estar fazendo isto. Na 1 e 2 Timóteo, o apóstolo Paulo nomeia os falsos mestres
e os compromissados com eles, em 10 passagens diferentes, admoestando contra
eles. (1 Timóteo 1:20 e 2 Timóteo 1:15; 2:17;3:8; 4:10-14).
“E entre esses foram Himeneu
e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não
blasfemar.” (1Tm 1:20 ACF)
“Bem sabes isto, que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os
quais foram Figelo e Hermógenes.” (2Tm 1:15 ACF)
“E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e
Fileto;” (2Tm 2:17 ACF)
“E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes
resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à
fé.” (2Tm 3:8 ACF)
“10 Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para
Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia. 11 Só
Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para
o ministério. 12 Também enviei Tíquico a Éfeso. 13 Quando vieres, traze a capa
que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.
14 Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague
segundo as suas obras.” (2Tm 4:10-14 ACF)
Todos os homens sobre os
quais Paulo admoestou afirmavam ser cristãos e parece que Paulo estava sendo
injusto e sem compreensão, ao denunciá-los. Quando Paulo admoestou
Timóteo a respeito de Demas tê-lo desamparado, “amando o presente século”, (2
Timóteo 4:10), Paulo não estava atirando no Demas ferido, mas no
Demas mundano, e os seus associados poderiam tê-lo acusado [Paulo] disto.
O Senhor ordenou que as
assembleias disciplinassem os membros da igreja que não se arrependem, quando
estão comprometidos com o pecado e o erro crasso. (1 Coríntios 5; Tito 3:10,
11).
“1 ¶ GERALMENTE se ouve que
há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se
nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai. 2 Estais ensoberbecidos,
e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem
cometeu tal ação. 3 Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no
espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato
praticou, 4 Em nome de nosso SENHOR Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito,
pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, 5 Seja entregue a Satanás para
destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do SENHOR Jesus.
6 Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar
toda a massa? 7 ¶ Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma
nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi
sacrificado por nós. 8 Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem
com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da
verdade. 9 ¶ Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que
se prostituem; 10 Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste
mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque
então vos seria necessário sair do mundo. 11 Mas agora vos escrevi que não
vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou
idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
12 Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós
os que estão dentro? 13 Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois,
dentre vós a esse iníquo.” (1Co 5:1-13 ACF)
“10 Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, 11
Sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo
condenado.” (Tt 3:10-11 ACF)
Isto é “atirar nos feridos”? Muitas vezes, os que assim o consideram
são os alvos da disciplina e os que simpatizam com eles. Mas, a apropriada
disciplina da igreja, mesmo quando severa, não é destrutiva. Ela tem um
objetivo triplo: glorificar Cristo em Sua igreja; purificar a congregação e
conduzir o pecador ao arrependimento.
O Senhor nos instruiu a
identificar os que são salvos, mas estão andando em desobediência (2
Tessalonicenses 2:6).
“E agora vós sabeis o que o
detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.” (2Ts 2:6 ACF)
Isto é “atirar nos feridos”? Em geral, os desobedientes confundem
correção com perseguição e reprovação com ataque.
Paulo censurou o pecado nas
igrejas, através de cartas que eram tudo, menos privadas. Suas epístolas às
igrejas individuais eram distribuídas em todas as igrejas (Colossenses 4:16).
“E, quando esta epístola
tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e
a que veio de Laodicéia lede-a vós também.” (Cl 4:16 ACF)
Desse modo, quando Paulo descreveu como Demas o havia desamparado, “amando o
presente século”, o assunto se tornou público. Quando ele censurou os crentes
de Corinto pelo seu pecado e compromisso com o erro, o assunto se tornou
público. Quando ele admoestou Alexandre o latoeiro, a admoestação se tornou
pública.
Alguns assuntos são privados
e deveriam ser tratados confidencialmente; porém, outros são públicos e devem
ser tratados publicamente. Quando um homem exerce um ministério
público, o qual tem influência sobre os outros, esse ministério deve ser
criticado publicamente.
O evangelista Chuck Cofty é
um oficial da Marinha Americana, altamente condecorado, o qual sobreviveu a
muitas experiências nos campos de batalha. Visto como ele entende extremamente
bem deste assunto, pedi-lhe para responder a acusação feita no segundo e-mail,
o qual foi citado no início deste artigo. Vejamos sua reposta:
“Caro irmão Cloud:
A meu ver, você não tem
agredido nem ferido violentamente pessoa alguma com ataques. Sem dúvida, ele
está se referindo às muitas verdades que aparecem em seus escritos, com
referência à teologia contemporânea, que você citou. Talvez alguns, talvez até
mesmo este homem, sejam tão tímidos que, quando a verdade é revelada, eles
acham difícil aceitá-la e continuam tolerando o erro ou a ignorância, com
receio de ofender alguém. Quando homens são nomeados, lugares identificados e o
erro revelado, isto se torna um transtorno para os “moderados” em sua posição.
Irmão Cloud, a verdade é
que os marinheiros jamais abandonam seus mortos no capo de batalha e, se for o
caso, até prestam socorro ao inimigo ferido. Contudo, isto depende da situação
e da condição, pois deixar de prestar essa ajuda, da qual somos incumbidos, nos
rebaixa, prejudica a missão ou atrapalha o nosso sucesso. Nosso desejo de
servir ao nosso amado Senhor deve ser o mesmo. Pessoalmente, acho que a
analogia deste irmão é pobre e sua acusação, infundada”.
Dennis Costella, Diretor da Fundamental
Evangelistic Association, na Califórnia, acrescenta:
“É lamentável que uma
exortação bíblica seja igualada a “atirar contra o outro”. A Palavra de Deus diz: “Que pregues a palavra, instes a tempo e
fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e
doutrina”. (2 Timóteo 4:2). Com respeito ao
irmão desobediente: “Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não
segundo a tradição que de nós recebeu. Mas, se alguém não obedecer à nossa
palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se
envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão”. (2 Tessalonicenses 3:6, 14-15).
Isto não significa “atirar
contra o ferido”, mas é empregar a metodologia de sanar a brecha causada pelo
afastamento do modelo divino.
“Shooting Their
Own Wounded” -
David Cloud.
Traduzido por Mary
Schultze, em 10/03/2010
www.maryschultze.com
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