Como Identificar o Neo-Evangelicalismo
 


(traduzido de HOW TO IDENTIFY NEW EVANGELICALISM http://www.wayoflife.org/fbns/howtoidentify-NEvang.html)







Estou convencido que o Neo-Evangelicalismo é um dos maiores perigos com que as igrejas fundamentalistas em geral e o movimento baptista independente em particular se defrontam, e para lhe resistir com sucesso é preciso identificá-lo. Espanta-me o quão comum é que as igrejas fundamentalistas e baptistas independentes não doutrinem cuidadosamente o seu povo a respeito dos perigos do Neo-Evangelicalismo, espanta-me o grande número de pastores fundamentalistas que não identificam cuidadosamente os Neo-Evangélicos populares e influentes para que os membros das suas igrejas estejam devidamente informados acerca deste perigo. Em Fevereiro eu preguei na Conferência Bíblica de Inverno organizada pela Igreja Baptista Independente de Ramsey, estado de Minnesota, EUA, cujo pastor é Chuck Nichols. Esta conferência de quatro dias concentrou-se em avisar o povo de Deus em relação aos desafios que eles têm de enfrentar hoje em dia. Quantas igrejas baptistas independentes há que organizariam uma conferência destas?

O Neo-Evangelicalismo não pode ser ignorado, porque os membros das igrejas estão confrontados com ele por todos os lados, particularmente através de personalidades na rádio e televisão, através das livrarias cristãs, e através dos relacionamentos com família e amigos.

O que se segue são algumas das características do Neo-Evangelicalismo que permitirão ao crente bíblico identificá-lo e evitá-lo.



 

1. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR REPUDIAR A SEPARAÇÃO


“O chamamento para um REPÚDIO AO SEPARATISMO... recebeu uma calorosa recepção de muitos evangélicos... o Neo-Evangelicalismo [é] diferente do fundamentalismo no seu REPÚDIO AO SEPARATISMO” (Harold J. Ockenga).

*** A primeira das características do Neo-Evangelicalismo é o seu repúdio do separatismo.

O Neo-Evangélico não gosta da separação e recusa que esta desempenhe um papel significativo na sua vida e ministério. Foi isto que Ockenga enfatizou duas vezes no seu discurso de 1948 no Seminário Fuller.

Os evangélicos não se separam de denominações que se deixaram infiltrar com modernismo, tais como a Igreja Metodista Unida, a Igreja Presbiteriana dos EUA, a Convenção Baptista Americana, a Convenção Baptista do Sul (EUA), a Igreja Anglicana. A coluna [em jornais] de religião de Billy Graham deu o seguinte conselho a um casal católico romano que estava desiludidos com a sua igreja e estava a pensar deixá-la: “Não deixem a igreja. Fiquem... ajudem a vossa igreja” (Sun Telegram, 06/01/1973).

*** Os evangélicos praticam o evangelismo ecumênico

Billy Graham tem trabalhado lado a lado com católicos romanos e modernistas teológicos desde a década de 50, e no entanto ele é exaltado e louvado pelo mundo evangélico.

A campanha de Nova Iorque de Billy Graham em 1957 foi patrocinada pelo liberal Concílio Protestante e apresentou eminentes modernistas teológicos. Num jantar preparatório organizado no Outono anterior (17 de Setembro de 1956) no Hotel Commodore em Nova Iorque, Graham disse que queria que judeus, católicos e protestantes assistissem às suas reuniões e depois voltassem para as suas próprias igrejas. Esta declaração foi confirmada pela edição de 18 de Setembro do jornal “New York Evening Journal. A campanha de Nova Iorque foi o catalizador da ruptura emtre Graham e fundamentalistas tais como Bob Jones Sênior e John R. Rice do jornal “The Sword of The Lord”.

A organização de Graham e as igrejas cooperantes na campanha de 1957 em São Francisco nomearam o Dr. Charles Farrah para dar apoio aos “convertidos” e para elaborar relatórios sobre o assunto. As suas conclusões foram publicadas a 16 de Dezembro. De acordo com o jornal “Oakland Tribune”, dos cerca de 1300 católicos que foram à frente, PRATICAMENTE TODOS PERMANECERAM CATÓLICOS, CONTINUARAM A ORAR A MARIA, IR À MISSA, E A CONFESSAREM-SE A UM PADRE (Oakland Tribune, quarta-feira, 17 de Dezembro de 1958).

Graham tem-se afiliado e apoiado centenas de modernistas convictos e líderes católicos romanos. Na campanha de Nova Iorque de 1957, Graham passou dez minutos num elogio ao Dr. Jesse Baird, um liberal e apóstata bem conhecido, chamando-o de grande servo de Cristo. Na campanha de São Francisco de 1957, Graham honrou o bispo episcopal James Pike, que havia declaradamente negado a divindade de Jesus Cristo, negado o seu nascimento virginal, negado milagres, e negado a ressurreição corporal [de Cristo]. O bispo metodista Gerald Kennedy foi o organizador da campanha de 1963 em Los Angeles, e Graham chamou-o “um dos dez maiores pregadores cristãos da América,” mesmo tendo ele negado praticamente todas as doutrinas da fé cristã. No primeiro domingo dessa campanha, Graham passou vários minutos a elogiar o modernista E. Stanley Jones, chamando-o de “meu bom amigo e conselheiro de confiança.” A autobiografia de Graham de 1997 está cheia de referências à sua amizade com apóstatas.

A prática do evangelismo ecumênico espalhou-se pelo evangelicalismo. Bill Bright, líder da organização Campus Cruzade, Luís Palau, e outros evangélicos de renome têm caminhado nos passos de Graham no evangelismo ecumênico. Ao fazer a reportagem da campanha Amesterdão ’86, o repórter Dennis Costella perguntou a Luís Palau se ele iria cooperar com católicos romanos. Palau respondeu que sim e admitiu que era algo que já estava a ser feito.

Mesmo os mais conservadores dos Baptistas da Convenção do Sul (EUA) apoiam o evangelismo ecumênico de Graham. O Seminário Teológico Baptista do Sul tem uma disciplina chamada Vida e Testemunho Cristão, que ensina aos estudantes técnicas de aconselhamento em campanhas de evangelização. A 3 de Maio de 2001, o jornal Baptist Press publicou um artigo intitulado “Centenas de Estudantes do Sul Preparam-se Para Campanha de Graham.” R. Albert Mohler, Jr., presidente do Seminário do Sul e uma voz de destaque na ala conservadora da Convenção Baptista do Sul, prestou serviço como organizador da campanha de Graham. Ele disse ao Baptist Press, “Jamais uma outra coisa juntou o tipo de inclusividade étnica, racial e denominacional como a que está representada nesta campanha; nada na minha experiência e nada na história recente de Louisville alguma vez juntou um grupo como este de cristãos empenhados num único propósito.” O Seminário do Sul alberga orgulhosamente a "Escola de Missões, Evangelismo e Crescimento" da Igreja Billy Graham. Dizer que todos os participantes nas campanhas de evangelicalismo inclusivas de Billy Graham são “cristãos empenhados” é recusar aplicar padrões doutrinários críticos.

*** Os Evangélicos citam heréticos sem qualquer aviso para os seus leitores

Considere, por exemplo, o bem conhecido escritor e conferencista evangélico Warren Wiersbe. A sua prática de citar modernistas praticantes sem qualquer aviso foi descrita por Jerry Huffman, editor do jornal Calvary Contender: “Num painel de discussão na conferência bíblica de 1987 do Tenessee Temple, Wiersbe expressou satisfação que Malcolm Muggeridge – um católico romano liberal – tenha apoiado uma das suas posições. Num artigo do jornal Moody Monthly de Dezembro de 1977, Wiersbe apoiou obras de autores liberais como Thielicke, Buttrick e Kennedy.        Mais recentemente ele louvou os livros de outros liberais tal como Barclay, Trueblood, e Sockman” (Calvary Contender, 15 de Julho de 1987).

Considere também Rick Warren do ministério Purpose Driven Church (Igreja Guiada por Propósito). Ao manter a sua filosofia de “não julgarás”, Warren cita de forma não crítica uma grande variedade de heréticos teológicos, especialmente católicos romanos tais como Madre Teresa, Irmão Lawrence (um monge carmelita), John Main (um monge beneditino), Madame Guyon, John of the Cross, e Henri Nouwen. Warren não avisa os seus leitores que estes são perigosos falsos mestres que se mantêm num falso evangelho e adoram um falso cristo.        Madre Teresa e Nouwen são universalistas que acreditavam que o homem pode-se salvar sem uma fé pessoal em Jesus Cristo.

Um outro exemplo disto é Chuck Swindoll, que dedicou um número completo da sua publicação Insights for Living (Abril de 1988) à promoção acrítica do neo-ortodoxo alemão Dietrich Bonhoeffer. Swindoll chama a Bonhoeffer “um santo destinado ao céu.” Mas este “santo” promoveu a “desmitologização” e a colocação em dúvida das Escrituras. Cornelius Van Til documentou a perigosa teologia de Bonhoeffer no jornal The Great Debate Today.



O QUE DIZ A BÍBLIA:

A separação não é uma parte opcional do cristianismo; é um mandamento (Rom. 16:17-18; II Co. 6:14-17; I Tim. 6:5; II Tim. 2:16-18; 3:5; Tito 3:10; II Jo. 7-11: Ap. 18:4). A separação não é feita com espírito maldoso ou falto em amor; é obediência a Deus.

É suposto separarmos-nos mesmo dos irmãos em Cristo que estão a andar em desobediência (II Tess. 3:6).

A separação é um muro de proteção contra os perigos espirituais. A não separação do erro deixa-nos abertos à influência do erro (I Co. 15:33). A razão pela qual o agricultor separa os vegetais das ervas daninhas e parasitas, e a razão pela qual o pastor separa as ovelhas dos lobos, é para os proteger. Da mesma forma, um pregador fiel e piedoso irá procurar separar o seu rebanho dos perigos espirituais que são ainda mais destrutivos do que insetos e lobos.



 

2. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UM AMOR AO POSITIVISMO; REPÚDIO PELOS ASPECTOS MAIS NEGATIVOS DO CRISTIANISMO BÍBLICO; UMA FILOSOFIA DO “NÃO JULGAREIS”; UMA ANTIPATIA PELA CONTROVÉRSIA DOUTRINÁRIA.
 

“A estratégia do Neo-evangelicalismo é a proclamação positiva da verdade em oposição a qualquer erro, sem se deter em personalidades que abraçam o erro. ... Em lugar do ataque ao erro, os neo-evangélicos proclamam as grandes doutrinas históricas do cristianismo” (Harold Ockenga).
 

O maior perigo do Neo-evangelicalismo não é o erro que é pregado, mas, [sim,] a verdade que é negligenciada.

O Neo-evangélico afunila a sua mensagem, concentrando-se apenas numa porção de todo o conselho de Deus (Atos 20:27).

Isto significa que muito do que o Neo-evangélico prega e escreve é bíblico e espiritualmente benéfico. O Neo-evangélico irá dizer muitas coisas boas sobre a salvação, vida cristã, amor pelo Senhor, casamento, educação de crianças, santificação, a divindade de Cristo, mesmo acerca da infalibilidade das Escrituras. Por exemplo, quando Ravi Zacharias pregou na Crystal Cathedral de Robert Schuller em Abril de 2004, a sua mensagem foi, em larga medida, uma benção. (Li uma versão online desta.) Ele pregou sobre coisas tais como o amor por Jesus [a ser demonstrado] na [nossa] caminhada cristã, e um casamento no Senhor. O problema não foi o que ele disse, mas o que ele não disse e o contexto em que foi dito. Ele falhou em avisar acerca da heresia do amor-próprio de Schuller. Ele falhou em realçar que Schuller usa termos teológicos tradicionais à medida que os redefine num sentido herético. Ele falhou em reprovar e repreender de uma forma clara. Ele falhou em não se separar do erro. (De uma forma Neo-evangélica típica, ele também citou um modernista, J. K. Chesterton, de uma forma não crítica.)

Um pregador Neo-evangélico pregará contra o pecado e o erro de uma forma geral, mas não claramente. Ele irá dizer que se opõe ao erro e à não separação, mas não o definirá claramente.

(A única exceção é o que eu chamo de pecados e erros “politicamente carretos” ou “seguros”, como a homossexualidade e o aborto. O Neo-evangélico irá falar claramente sobre este tipo de coisa porque fazê-lo é aceitável nos círculos evangélicos de hoje. Pecados e erros seguros são aqueles acerca dos quais os pregadores podem avisar sem ofender a maioria dos seus ouvintes habituais.) Quando são confrontados com pedidos para se pronunciarem claramente sobre o erro e dizer os nomes de líderes cristãos populares, irá recusar tomar partido e irá, mais provavelmente, atacar quem o está a pressionar ou irá lançar-se contra o “fundamentalismo extremo” ou qualquer coisa do gênero.

Billy Graham é o rei do positivismo e da filosofia do “não julgareis”

A sua mensagem tem sido descrita como “sólida no centro mas mole no rebordo.” Ele diz que o seu trabalho é fundamentalmente a pregação do evangelho, que ele não foi chamado para se envolver em controvérsias doutrinárias.

Em 1966 o jornal “United Church Observer”, órgão oficial da extremamente liberal "Igreja Unida do Canadá", colocou a Graham uma série de perguntas. Quando perguntado acerca se achava que Paul Tillich era um falso profeta, Graham respondeu: “TENHO FEITO QUESTÃO DE NÃO FAZER JUÍZOS DE VALOR SOBRE OUTROS MEMBROS DO CLERO.” Ele disse a seguir, “A NOSSA ASSOCIAÇÃO EVANGELÍSTICA NÃO SE PREOCUPA EM FAZER JUÍZOS DE VALOR – FAVORÁVEIS OU ADVERSOS – ACERCA DE QUALQUER DENOMINAÇÃO EM ESPECIAL. NÃO TENCIONAMOS ENVOLVER-NOS NAS VÁRIAS DIVISÕES NO SEIO DA IGREJA.”

Isto é Neo- Evangelicalismo puro. O Neo- Evangélico pregará sobre o erro em termos gerais, mas raramente o fará clara e especificamente. Quando questionado directamente por qualquer dos lados, ele tende a se atabalhoar e a esquivar-se. Ele não é um profeta mas um político religioso. Ninguém é melhor do que Graham a fazê-lo, mas ele influenciou uma multidão de outros pregadores. É óbvio perceber porque é que o Sr. Graham tem sido chamado “o Sr. que olha para os dois lados.” Ele é a favor da Criação e da evolução,é  a favor de uma terra recente e de uma terra antiga, é pró nascimento virginal e contra ele, é pela posição liberal e pela posição evangélica. Ele é a favor de tudo e, por isso mesmo, contra nada.

A filosofia do crescimento da igreja é outro bom exemplo. A mensagem tem de ser não controversa e ser contemporânea. A pregação na igreja Willow Creek cujo pastor é Bill Hybels é descrita desta forma: “Aqui não há fogo nem enxofre. Não há pregações de dedo a apontar para a Bíblia (original: Bible-thumping). Apenas mensagens práticas e espirituosas.”

Considere esta descrição do guru do crescimento da igreja, C. Peter Wagner: “Wagner não faz apreciações negativas de ninguém; fez carreira da descoberta do que é bom e da afirmação disso sem a colocação de perguntas críticas” (Christianity Today, 08/08/1986).



O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE A ABORDAGEM SÓ- POSITIVISTA:

Os profetas antigos não eram Neo-Evangélicos de abordagem positiva (i. e., Enoque em Judas 14-15). Não há nada de Neo-Evangélico nessa mensagem.

O Senhor Jesus Cristo não era um Neo-Evangélico de abordagem positivista. Ele pregou mais acerca do inferno do que acerca do Céu (i.e. Marcos 9:42-48) e repreendeu duramente o erro (Mat. 23). Ele censurou os fariseus por terem pervertido o caminho da verdade e corrompido o evangelho da graça, chamando-os de hipócritas, guias cegos, loucos e cegos, serpentes, geração de víboras. E isso foi apenas numa mensagem!

Também é óbvio que os apóstolos não eram Neo-Evangélicos de abordagem positivista. Paulo estava constantemente envolvido em controvérsias doutrinárias e ele foi brutalmente claro sobre o perigo da heresia. Ele chamou aos falsos mestres de “cães” e “maus obreiros” (Fil. 3:2). Acerca daqueles que pervertiam o evangelho, ele disse, “seja anátema” (Gal. 1:8,9). Ele chamou-os de “homens maus e enganadores” (II Tim. 3:13), “homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé” (II Tim. 3:8), “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos” (II Co. 11:13). Ele disse o nome de falsos mestres e chamou aos seus ensinamentos “falatórios profanos” (II Tim. 2:16,17). Ele avisou acerca de “filosofias e vãs subtilezas” (Col. 2:8). Ele descreveu claramente os “que com astúcia enganam fraudulosamente”. Quando Elimas tentou desviar homens da fé que Paulo havia pregado, Paulo não desperdiçou tempo com diálogo. Ele disse “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?” (Actos 13:10). Ele avisou acerca dos falsos mestres que haviam de vir às igrejas e chamou-os de “lobos cruéis” (Actos 20:29) e aos seus ensinamentos de “coisas perversas” (Actos 20:30). Aqueles que negavam a ressurreição corporal eram chamados de “insensatos” (I Co. 15:35-36). Ele avisou acerca de falsos cristos, falsos espíritos, falsos evangelhos (II Co. 11:1-4). Ele rotulou os falsos ensinamentos de “doutrinas de demônios” (I Tim. 4:1). Nas Epístolas Pastorais Paulo avisou acerca de falsos mestres e daqueles que se comprometem com o erro chamando-os pelo nome em 10 ocasiões.

Pedro era também de palavras claras quando se tratava de heresias. Aos falsos profetas da sua época e àqueles que ele sabia que viriam no futuro, ele rotulou as suas heresias de “heresias de perdição” e avisou acerca da sua “repentina perdição” (I Pe. 2:1). Ele chamou os seus caminhos de “dissoluções”; disse que as suas palavras eram “fingidas”; e declarou ousadamente que “a sua perdição não dormita” (II Pe. 2:3). Ele avisou-os acerca do inferno eterno (II Pe. 2:4-9) e chamou-os de “atrevidos” e “obstinados” (II Pe. 2:10). Ele comparou-os a “animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos” (II Pe. 2:12) e expôs o seu engano (II Pe. 2:13).

João, “o apóstolo do amor,” ocupou-se também de avisar acerca dos anticristos (I João 2:18-19), chamando-os de mentirosos (I Jo. 2:22) e enganadores (I Jo. 2:26; II Jo. 7); ao dizer que negavam o Filho (I Jo. 2:23) e que não tinham Deus (II Jo. 9). Ele até declarou toda uma série de pronunciamentos exclusivos, tais como, “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno” (I Jo. 5:19).

João até proibiu os crentes de receberem os falsos mestres em suas casas ou de os saudarem (II Jo. 10-11).



O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE JULGAR:

A Bíblia requer que julguemos tudo de acordo com o padrão divino (I Tess. 5:21).
Devemos julgar de acordo com a recta justiça (Jo. 7:24)
Devemos julgar todas as coisas (I Co. 2:15-16)
Devemos julgar o pecado na igreja (I Co. 5:3, 12)
Devemos julgar os negócios entre os irmãos (I Co. 6:5)
Devemos julgar a pregação (I Co. 14:29)
Devemos julgar os que pregam falsos evangelhos, falsos cristos, e falsos espíritos (II Co. 11:1-4).
Devemos julgar as obras das trevas (Ef. 5:11)
Devemos julgar os falsos profetas e os falsos apóstolos (II Pe. 2; I Jo. 4:1; Ap. 2:2)
Não devemos julgar de forma hipócrita (Mat. 7:1-5).
Nesta passagem, o Senhor Jesus não condena todas as formas de julgamento; Ele condena que se julgue de forma hipócrita (Mat. 7:5). É evidente, pelo contexto, que Ele não condena todas as formas de julgamento. No mesmo sermão Ele avisou acerca dos falsos mestres (Mat. 7:15-17) e falsos irmãos (Mat. 7:21-23). É impossível acautelarmo-nos de falsos profetas e falsos irmãos sem julgar a doutrina e a prática comparando-as com a Palavra de Deus. É também evidente que Ele não condena todas as formas de julgamento ao compararmos diferentes passagens bíblicas. Já vimos que outras passagens exigem julgamento.



 

3. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE PELA EXALTAÇÃO DO AMOR E DA UNIDADE EM DETRIMENTO DA DOUTRINA
 

Billy Graham disse, “O distintivo do discipulado cristão não é a ortodoxia, mas o amor” (citado por Ian Murray, Evangelicalism Divided (O evangelicalismo dividido), pg. 33).

Considere o exemplo de cristianismo de Baskin-Robbins. Num artigo convidando ao evangelismo ecumênico, o pastor Ted Haggard (Igreja New Life, Colorado Springs) comparou as convicções doutrinárias a diferentes sabores de sorvete. “Eu gosto de todos os tipos de sorvete. Por vezes quero baunilha com caramelo, chantilly, muita amêndoa e uma cereja. Outras vezes quero sorvete de amêndoa, banana ou com pedaços de chocolate. Por isso é que eu gosto muito de ir às sorveterias Baskin-Robbins. Em Colorado Springs, no estado do Colorado, onde eu sou pastor, temos igrejas de 90 sabores diferentes. (...) Estou a dizer que precisamos valorizar as interpretações respeitadas das Escrituras que existem em muitas denominações cristãs. (...) Erigiu algum muro de separação e vedação entre a sua igreja e a congregação do outra lado da rua? Fez algum julgamento acerca dela no seu coração ou criticou-a abertamente? Acredito que o Espírito Santo nos está a chamar para mudarmos os nossos muros de separação e vedações, e mostramos, a um mundo atento, que estamos unidos” (Ted Haggard, “We Can Win Our Cities... Together” (Juntos Podemos Ganhar as Nossas Cidades), Charisma, Julho de 1995).



O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE DOUTRINA:

É suposto separarmos-nos daqueles que ensinam falsas doutrinas (Rom. 16:17). Devemos acautelar-nos de todo o vento de falsa doutrina (Ef. 4:14). Não deve ser permitida qualquer falsa doutrina (I Tim. 1:3). O pregador deve cuidar da doutrina (I Tim. 4:16).



O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O AMOR CRISTÃO:

Os ecumênicos estão confusos sobre a DEFINIÇÃO DE AMOR (Jo. 14:23; Fp. 1:9-10; I Jo. 5:3).

O amor bíblico está associado com a obediência a Deus (Jo. 14:23; I Jo. 5:3). O amor Bíblico é obediência a Deus e à Sua Palavra, não às emoções vãs, não à uma mente abrangente, não à tolerância bíblica do erro.

O amor bíblico está associado com a repreensão do pecado e do erro. Jesus, que é o Amor Incarnado, aparece “olhado para eles em redor com indignação condoendo-se da dureza do seu coração” (Mc. 3:5) e repreendeu os fariseus asperamente e mesmo ferozmente (Mt. 23). Jesus chamou a Pedro de Satanás (Mt. 16:23) e censurou os discípulos pela sua “incredulidade e dureza de coração” (Mc. 16:14). O apóstolo Paulo chamou aos falsos mestres “cães” e “maus obreiros” (Fp. 3:2). Daqueles que pervertiam o evangelho ele disse, “seja anátema” (Gl. 1:8,9). Ele chamou aos falsos mestres “homens maus e enganadores” (II Tim. 3:13), “homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé” (II Tim. 3:8), “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos” (II Co. 11:13). Ele disse o nome de falsos mestres e chamou aos seus ensinamentos “falatórios profanos” (II Tim. 2:16,17). Ele avisou acerca de “filosofias e vãs subtilezas” (Col. 2:8). Ele descreveu claramente os “que com astúcia enganam fraudulosamente”. Quando Elimas tentou desviar homens da fé que Paulo havia pregado, Paulo não desperdiçou tempo com diálogo. Ele disse “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?” (Actos 13:10). Nada disto é contrário ao amor cristão.

Os ecumênicos estão também confundidos acerca da DIRECÇÃO DO AMOR. A primeira direcção do amor deve ser em direcção a Deus (Mt. 22:35-39). Preciso de amar a Deus o suficiente para tomar uma posição acerca da Sua Palavra, para amar e temer a Deus mais do que eu amo e temo ao homem.

A segunda direcção do amor deve ser para com aqueles que estão em perigo espiritual (“apascenta as minhas ovelhas” Jo. 21:16-17). Preciso amar ovelhas do Senhor mais do que amo os lobos.



O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE A UNIDADE CRISTÃ?:

JOÃO 17:21 – O movimento ecumênico moderno pegou em João 17:11 como um dos seus versículos temáticos, reclamando que a unidade pela qual Cristo orou é uma unidade ecumênica entre todos que se professam cristãos e que não olha ou valoriza a doutrina bíblica. O contexto de João 17 destrói este mito.

Em João 17, Jesus está a referir-se àqueles que são salvos (Jo. 17:3). João 17 não é uma unidade de verdadeiros crentes regenerados com aqueles que são falsos crentes [, crentes meramente] nominais.

Em João 17, Jesus refere-se àqueles que guardam a Sua Palavra; é uma união na verdade (Jo. 17:6, 17). Não é uma unidade que ignora as diferenças doutrinárias em favor de uma comunhão alargada. Não é uma ecumênica “unidade na diversidade”. Em lugar nenhum do Novo Testamento está ensinado que a doutrina deve ser sacrificada, ou até desvalorizada, em favor da unidade.

Em João 17, Jesus refere-se àqueles que não são do mundo (Jo. 17:14, 16). Por contraste, o movimento ecumênico não se separa do mundo. Billy Graham é louvado pelo mundo e frequentemente votado o homem favorito dos EUA. Em 1989, Graham recebeu mesmo uma estrela no "Passeio da Fama", de Hollywood! A sua estrela está junto daquelas que honram Wayne Newton e John Travolta.

O movimento ecumênico de hoje caracteriza-se por um cristianismo do tipo Rock & Roll que não acredita numa verdadeira separação do mundo, e o mundo responde com prêmios em vez de perseguições.

Em João 17, Jesus refere-se a uma unidade do Espírito, não a uma unidade feita pelo homem (Jo. 17:1). João 17 é uma oração dirigida a Deus o Pai, não um mandamento dirigido aos homens.

FILIPENSES 1:27 – Este é um outro versículo que é mal utilizado como uma plataforma para o movimento ecumênico, mas repare nas seguintes observações a partir do contexto:

A unidade bíblica dá-se na igreja local. Esta instrução era dirigida à igreja em Filipos. A verdadeira unidade cristã não é um assunto extra-igreja ou interdenominacional.

A unidade bíblica significa ter uma única mente, não “unidade na diversidade.” Compare Rom. 15:5-6; I Co. 1:10.

A unidade bíblica requer dedicação total à fé que se professa. A fé do Novo Testamento não é um grupo de doutrinas separadas, mas é, sim, um corpo de verdade unificado no qual todas as doutrinas se encaixam. Não existem doutrinas “secundárias” que possamos ignorar em favor da unidade bíblica. A escolha é entre “uma comunhão limitada ou uma mensagem limitada.” Se alguém é fiel à fé do Novo Testamento, é impossível ter uma comunhão alargada, e se alguém é dedicado a uma comunhão alargada tem de limitar a sua mensagem para algo menos do que todo o conselho de Deus.



 

4. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA ABORDAGEM PRAGMÁTICA DO MINISTÉRIO
 

“Queremos libertar o cristianismo de gozar apenas um lugarzinho nas fronteiras da cultura dominante e colocá-lo no meio da corrente da vida moderna” (Harold Ockenga).

Pragmatismo é planear a obtenção de algum objectivo humano traçado, em vez de se ser simplesmente fiel à Palavra de Deus e deixar que “caiam as faíscas onde tiverem de cair.” Seguem-se alguns exemplos:

*** Almejar influenciar o mundo para Cristo. É este o objectivo das cruzadas ecumênicas de Graham. É o objectivo dos artistas de rap e rock cristão. É o objectivo dos princípios para o crescimento das igrejas. Uma enorme quantidade de transigências a princípios e de desobediências às Escrituras deve-se ao tipo de evangelismo dos dias de hoje.

*** Almejar influenciar denominações. Este era um dos objectivos originais do neo-evangelicalismo. Ockenga disse que ele queria reconquistar a liderança denominacional. É por isso que os evangélicos dizem que preferem ficar nas denominações liberais em vez de se separarem delas.

*** Almejar influenciar a nação. É este o objectivo da Maioria Moral de Jerry Falwell e a sua nova organização chamada de “Faith and Values Coalition” (Coligação de Fé e Valores). É o objectivo da BBFI (Baptist Bible Fellowship International ) nas Filipinas e de um novo movimento ecumênico- político na Austrália liderado pela “Hills Christian Life Centre”, em Sydney.

*** Almejar edificar uma grande igreja. Em 1986, Carl Henry avisou, “a grandeza numérica está a tornar-se numa epidemia infecciosa” (“Confessions of  a Theologian”, pg. 387). Isto explica a popularidade impressionante de pastores visivelmente bem sucedidos como Bill Hybels e Rick Warren. Este tipo de pragmatismo também caracterizou um grande segmento do movimento das igrejas baptistas fundamentalistas. Nos anos 70, o objectivo foi atingido criando-se uma atmosfera excitante com “dias especiais,” campanhas promocionais agressivas, grandes ministérios de rotas de autocarros (ônibus) [trazendo principalmente crianças e idosos, para a igreja], pregação motivacional vívida mas pobre, e outras coisas do gênero. Isto foi o que me foi ensinado no Tenessee Temple em meados da década de 70, e foi a prática da Igreja Baptista Highland Park. Os homens que foram exaltados foram os homens que haviam erigidos grandes igrejas, homens que eram “bem sucedidos” pelo padrão dos grandes números.

As coisas que não se enquadravam no objectivo – tais como forte ensinamento bíblico, refutação clara do erro que implica a nomeação (chamar pelo nome) dos falsos mestres influentes, um ênfase na separação eclesiástica – foram omitidas ou menosprezadas, porque “não faziam a igreja crescer.” Não é uma mudança dramática sair-se deste tipo de pragmatismo para aquele de Rick Warren ou Bill Hybels nos anos 90.

O objectivo continua a ser o mesmo, ou seja, uma igreja grande e números impressionantes, mas os métodos alteraram-se. Em vez da promoção, usamos a música de louvor contemporânea e o baixar dos padrões para atrair a multidão. Em nenhum dos casos o objectivo preeminente é a obediência às Escrituras e o comprometimento para com todo o conselho de Deus a qualquer custo, quer a igreja seja grande ou pequena.



O QUE DIZ A BÍBLIA:

Somos comandados a ter um único objectivo, o de obedecer à Palavra de Deus (Ecl. 12:13).

Devemos guardar todas as coisas que Cristo mandou (Mat. 28:20).

Devemos respeitar todo o conselho de Deus (Actos 20:27) e manter a Palavra de Deus “sem mácula” no que se refere a coisas aparentemente pequenas e inconseqüentes (I Tim. 6:13-14).

Quando o rei Saul obedeceu apenas a uma parte de uma ordem de Deus, ele foi severamente repreendido (I Sam. 15:22-23).

O que dizer de I Coríntios 9:22 ? As pessoas envolvidas com Rock cristão usam este versículo para apoiar a sua filosofia de se ser um rapper para alcançar os rappers e um sem abrigo para se alcançar os sem abrigo. No entanto, quando se compara a Escritura com Escritura, descobrimos que Paulo não queria dizer nada disso.

Olhemos para o contexto imediato e depois para o contexto mais remoto:

Em I Co. 9:21, por exemplo, Paulo diz, “Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.”

Portanto, ele explica que sempre esteve debaixo da lei para Cristo e nunca teve liberdade para fazer coisas contrárias às Escrituras. Por exemplo, Paulo não usaria cabelo comprido para poder alcançar os pagãos, porque a lei de Cristo proíbe o cabelo comprido num homem (I Co. 11:14).

E em I Co. 9:27 Paulo diz, “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” Por isso, Paulo sempre foi rigoroso no que dizia respeito ao pecado e não permitia nada que resultasse na despreocupação espiritual.

E em Gálatas 5:13 Paulo diz, “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” Portanto, a liberdade de Paulo não era liberdade para servir à carne. Paulo ensinava que os crentes se devem absterde toda a aparência do mal” (I Tess. 5:22). Essa é a mais rigorosa forma de separação, e Paulo nunca faria algo contrário a isto na sua própria vida ou ministério. “A fé cristã está no seu ponto mais elevado quando o seu antagonismo para com a descrença é mais definitivo, quando o seu espírito está alicerçado fora deste mundo, e quando a sua confiança total não está ‘em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus’ (I Co. 2:5)” (Iain Murray, in “Evangelicalism Divided” (Evangelicalismo Dividido), 2000, pg. 212).



 

5. O NEO- EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UM DESEJO POR RESPEITABILIDADE INTELECTUAL, PELO ORGULHO DA ERUDIÇÃO.
 

Billy Graham, falando na convenção anual da National Association of Evangelicals (Associação Nacional de Evangélicos) em 1971, disse: “Acredito que a Christianity Today (publicação) desempenhou um papel muito importante ao dar aos evangélicos a respeitabilidade e iniciativa intelectuais que eram tão drasticamente necessária há 29 anos atrás.”

John R. W. Stott: “Durante mais de 50 anos, tenho insistido que os cristãos evangélicos autênticos não são fundamentalistas. Os fundamentalistas tendem a ser anti-intelectuais...” (Stott, in “Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue” (Essenciais: Um Diálogo Evangélico-Liberal), 1988, pg. 90). Os evangélicos mais novos da Igreja Anglicana, que foram profundamente influenciados por John Stott, estão numa “ávida procura por uma teologia respeitável” (Ian Murray, in “Evangelicalism Divided” (Evangelicalismo Dividido), 2000, pg. 175).



O QUE DIZ A BÍBLIA:

Deus avisa acerca do orgulho intelectual (Prov. 11:2; I Co. 1:25-30). A apostasia começa geralmente entre os intelectuais. Foi isto que levou à queda da Universidade de Harvard no início do séc. XIX:; no seu zelo pela respeitabilidade intelectual, trouxeram um Unitariano para dirigir a escola. O crente bíblico não é anti-intelectual no sentido de ser contrário ao ensino e educação; mas compreende os perigos existentes no eruditismo humano por causa da natureza caída do homem; e opõe-se ao eruditismo humanista que está divorciado e é antagônico à Palavra de Deus.

Repare na forma como Jesus foi tratado pelos intelectuais religiosos (Jo. 7:15) e repare no Seu aviso (Lc. 6:26).

Repare na forma como os apóstolos foram tratados por estes mesmo intelectuais religiosos (Actos 4:13).

Considere as exigências para os líderes das igrejas. Deus não exige intelectualismo e graus de educação superior (I Tim. 3; Tito 1). O povo de Deus é, na sua maioria, gente comum; [os membros das igrejas] não precisam de intelectualismo; precisam da simples e prática verdade bíblica (I Co. 1:26-29). A verdade não é complexa; tem uma simplicidade básica que a mais simples pessoa consegue compreender (Mat. 11:25). É o diabo que torna as coisas complexas (II Co. 11:3).

Paulo recusou-se a pregar a verdade de uma forma “intelectual” (I Co. 2:4).

A verdade é estreita e inaceitável para a pessoa não salva (“estreita é a porta” Mat. 7:14; Jo. 15:19; I Jo. 4:5-6; 5:19). Nunca pode ser feita aceitável no mundo presente. Ganhar respeitabilidade intelectual requer uma profunda transigência espiritual.

A forma Neo-Evangélica de encarar o eruditismo corrompeu aqueles que o buscavam (I Co. 15:33). Dez breves anos após seu começo, o neo-evangelicalismo estava profundamente infiltrado com cepticismo acerca da infalibilidade bíblica.

Há quarenta anos atrás [nas década de 1930] o termo evangélico representava aqueles que eram teologicamente ortodoxos e que esgrimiam a inerrância das Escrituras como um dos seus distintivos... NO ESPAÇO DE MAIS OU MENOS UMA DÉCADA, O NEO-EVANGELICALISMO... ESTAVA A SER ATACADO DE DENTRO COM CEPTICISMO CRESCENTE ACERCA DE INFALIBILIDADE OU INERRÂNCIA BÍBLICAS” (Harold Lindsell, in “The Bible in The Balance” (Colocando a Bíblia em Questão), 1979, pg. 319).

“Em 1962 (ou em torno disso) tornou-se aparente que já haviam alguns, no Seminário Teológico de Fuller, quer entre os professores como entre os membros do Conselho Directivo, que já não acreditavam na inerrância da Bíblia.” (Harold Lindsell, in “The Battle for the Bible” (A Batalha Pela Bíblia), pg. 106). David Hubbard, que se tornou presidente do seminário em 1963, referia-se jocosamente à doutrina da inerrância das Escrituras como sendo “a teoria do balão de gás da Bíblia: uma única fuga, e toda a Bíblia vem abaixo.”



 

6. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA ATITUDE ANTI FUNDAMENTALISTA. NA PRÁTICA, CONCENTRA-SE MAIS NOS ALEGADOS PROBLEMAS DO FUNDAMENTALISMO DO QUE NOS ERROS DO MODERNISMO E ROMANISMO E ECUMENISMO.
 

O Neo-Evangélico fala do erro dos modernistas teológicos e dos romanistas em termos gentis. No entanto, fica verdadeiramente agitado quando o assunto se volta para o fundamentalismo. Ele reserva para o fundamentalista termos escolhidos tais como legalista, fariseu, obscurantista, odioso, ignorante e extremista.

Quando Billy Graham se recordou da fundação da publicação Christianity Today, ele disse, “Estávamos convencidos que a revista seria inútil se tivesse estampada a imagem de fundamentalismo extremo” (“In the Beginning: Billy Graham Recounts the Origins of Christianity Today” (No Princípio: Billy Graham Recorda as Origens da Christianity Today), Christianity Today, 17 de Julho, 1981).

Repare na forma como John Stott define o fundamentalismo:

“... anti-intelectualismo; uma reverência infantil, quase supersticiosa pela KJV [Versão do Rei Tiago, as Escrituras em inglês, baseada no Textus Receptus]; um encarceramento cultural; discriminação racial; preocupações políticas de extrema-direita” (Stott, in Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue (Essenciais: Um Diálogo Evangélico-Liberal), 1988, pg. 90-91).

Repare no seguinte exemplo da forma como o Neo-Evangélico olha para as coisas. Depois de Stephen Olford pregar uma forte mensagem sobre a autoridade das Escrituras, na Cruzada Amesterdão ’86, Dennis Costella da revista Foundation teve uma oportunidade de o entrevistar. Costella perguntou, “O senhor enfatizou na sua mensagem os perigos do liberalismo e a forma como este poderia arruinar o evangelista e o seu ministério. O que é que esta conferência está a fazer para instruir o evangelista acerca de como identificar o liberalismo e o liberal para que, quando voltar a casa possa evitar cair no mesmo?” Olford respondeu:

“Esse é o espírito errado – evitar o liberal! Gosto muito de estar com liberais, especialmente se estes estiverem dispostos a ser ensinados, muito mais do que com fundamentalistas de casca grossa que têm as respostas todas... Os evangélicos devem buscar a construção de pontes” (Costella, “Amsterdam ’86: Using Evangelism to Promote Ecumenism” (Amsterdão ’86: Usar o Evangelismo para Promover o Ecumenismo), Foundation magazine, Jul.-Ag. 1986). Isto é neo-evangelicalismo puro. Parece ser zeloso da verdade e corajoso relativamente ao pecado, mas na prática, aponta as suas armas mais destruidoras para os fundamentalistas.



O QUE DIZ A BÍBLIA:

Mesmo o mais forte dos crentes é apenas um pecador salvo pela graça (Rom. 7:18). Guardamos o tesouro em vasos de barro (II Co. 4:7). Todos, incluindo os zelosos da fé e da separação, são fracos e têm falhas. A posição do crente relativamente à verdade será sempre imperfeita. Pense em Noé, que se levantou corajosamente como defensor da justiça na sua geração, mas que também se embebedou e causou vergonha à sua família. Pense em David, que estimou todos os preceitos de Deus acerca de todas as coisas como sendo certos e odiava todo o falso caminho (Sl. 119:128), o que será, sem dúvida, o testemunho de um fundamentalista, mas que também cometeu adultério e homicídio e numerou orgulhosamente o povo de Israel. Pense em Pedro, que se levantou pela justiça na sua geração e era zeloso pela verdade e ousadamente alertou contra heresias malditas (II Pe. 2), mas que também disse palavrões e negou o Senhor e fez-se hipócrita (Gal. 2:11-14). Pense em Paulo, que era um tal guerreiro da fé; certamente poderia ser descrito como sendo um fundamentalista; mas que também se separou de Barnabé porque causa de um assunto de natureza exclusivamente pessoal (Actos 15:36-40).

A espiritualidade e a carnalidade são assuntos pessoais, não de ordem posicional. Existem Neo-Evangélicos carnais e desagradáveis e fundamentalistas carnais e desagradáveis. Das centenas de Neo-Evangélicos que me têm escrito ao longo dos anos, a maioria tem-me tratado sem um mínimo de graça cristã.

Não é sábio julgar todo um movimento pelas falhas de indivíduos. “É verdade que alguns fundamentalistas disseram algumas coisas pouco simpáticas, mas os fundamentalismo não é antipático. É verdade que alguns fundamentalistas tiveram falta de temperança, mas o fundamentalismo não é um movimento em que 'tudo vale'. Alguns fundamentalistas podem ter sido vingativos, mas o fundamentalismo não é vingativo” (Rolland McCune, in “Fundamentalism in the 1980s and 1990s” (O Fundamentalismo dos anos 80 e 90)).

O Neo-Evangélicos que tratam os fundamentalistas tão asperamente, não atingem tais níveis de criticismo relativamente aos verdadeiros hereges. Numa carta para a “Sword of the Lord” em 27 de Julho de 1956, Chester Tulga, que tinha frequentemente sido mais atingido pelas línguas viperinas dos Neo-Evangélicos, “expôs brilhantemente a duplicidade dos evangélicos de ‘condenar o fundamentalismo através do artifício constrangedor da caricatura’ enquanto tratavam os liberais ‘muito respeitosamente e objectivamente – sem piadas, desprezo, sem generalizações que se reflectissem sobre eles de alguma forma’” (Bob Whitmore, in “The Enigma of Chester Tulga”, 1997).

Os Neo-Evangélicos julgam constantemente os motivos do fundamentalista. Ele rotula o fundamentalista como sendo mal intencionado, mal agradecido, movido pelo medo, invejoso, e com falta de amor, no entanto, é impossível conhecer os motivos do coração de outra pessoa. Nisto, o Neo-Evangélico é na verdade mais “julgador” do que o fundamentalista que ele critica.

Correcção e forte pregação contra o pecado e o erro parecem sempre ser duras e pouco meigas com os que se recusam arrepender. Vemos isto do princípio ao fim da Bíblia. Um pregador avisou sabiamente, “Se a pregação bíblica afaga o teu pelo na direcção errada, então vira o gato ao contrário!”

Israel queixava-se constantemente dos seus profetas e exigia que estes pregassem “coisas aprazíveis” (Is. 30:10).

Os judeus dos dias de Jesus rejeitaram a Sua pregação, dizendo que Ele estava a pregar um discurso “duro” (Jo. 6:60, 66).



 

7. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE PELA DIVISÃO DA VERDADE BÍBLICA EM CATEGORIAS 'IMPORTANTE' E 'NÃO IMPORTANTE'
 

Os Neo-Evangélicos dividem a doutrina em categorias “cardinais” e “secundárias”, e as “secundárias” podem ser desprezadas por causa da unidade. Mesmo Ian Murray, que compreende os erros do neo-evangelicalismo no geral, cai nesta armadilha. Ao condenar o fundamentalismo na América ele disse, “Na sua tendência de acrescentar estipulações não fundamentais à crença cristã, o fundamentalismo tendeu a tornar as fronteiras do reino de Cristo demasiado pequenas” (Ian Murray, in “Evangelicalism Divided” (O Evangelicalismo Dividido), pg. 298).



O QUE DIZ A BÍBLIA:

Isto é refutado pelo ensinamento de Cristo. É refutado em Mateus 23:23. Aqui Cristo ensinou que enquanto nem tudo na Bíblia tem a mesma importância, tudo tem alguma importância e nada deve ser desprezado ou negligenciado. É refutado em Mateus 28:20, onde Cristo ensinou que as igrejas devem ensinar TODAS AS COISAS que Ele tenha ordenado.

Isto é refutado pelo exemplo e ensinamentos de Paulo. Ele pregou todo o conselho de Deus (Actos 20:27). Ele ensinou Timóteo a valorizar toda a doutrina e a não permitir QUALQUER falsa doutrina (I Tim. 1:3). Ele ainda ensinou Timóteo a guardar toda a doutrina “sem mácula” (I Tim. 6:13-14). As máculas referem-se às pequenas coisas, às coisas aparentemente insignificantes. O contexto da instrução de Paulo em I Tim. 6:14 é a epístola que tem como tema a verdade da igreja (I Tim. 3:15). Nesta epístola encontramos instrução acerca da ordem na igreja, envolvendo coisas como os princípios pastorais (I Tim. 3), diáconos (I Tim. 3), o trabalho da mulher na igreja, incluindo a proibição de ensinar e de ter autoridade sobre homens (I Tim. 2); o cuidado das viúvas (I Tim. 5), e a disciplina (I Tim. 5). Estes é o tipo de coisas que são habitualmente desprezadas pelos Neo-Evangélicos.



 

8. O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA PREDOMINANTE EMOÇÃO DE SUAVIDADE, UM DESEJO POR UM CRISTIANISMO MENOS RIGOROSO, INDISPONIBILIDADE PARA A LUTA, UMA NEUTRALIDADE QUANTO ÀS BATALHAS ESPIRITUAIS.
 

O Neo-Evangelicalismo é uma coisa subtil. No seu interior há uma disposição, uma atitude, uma tendência, uma direcção.

Em 1958, William Ashbrook escreveu “Evangelicalism: The New Neutralism” (Evangelicalismo: A Nova Neutralidade), que começava com o seguinte aviso: “Um dos mais recentes membros do cristianismo é chamado de Neo-Evangelicalismo. Podia ser melhor caracterizado como NEO-NEUTRALIDADE. Este Neo ‘Evangelicalismo’ expira demasiado orgulho, e está imbuído demasiadamente na cultura do mundo para [por isso] partilhar a rejeição do fundamentalismo. Tem ainda fé suficiente e demasiado entendimento da Bíblia para aparecer como modernismo. PROCURA TERRENO NEUTRO, sendo nem peixe nem carne, nem direita nem esquerda, nem a favor nem contra – está no meio!”

No livro “A History of Fundamentalism in América” (Uma História do Fundamentalismo), Dr. George Dollar observa: “Tem-se tornado num passatempo favorito dos escritores Neo-Evangélicos, que sabem tão pouco acerca do fundamentalismo histórico, atribuir-lhe nomes ofensivos, como que para enterrá-lo na vergonha. O verdadeiro perigo não é o fundamentalismo de linha dura mas um CRISTIANISMO SUAVE E EFEMINADO – exótico, mas cobarde. É triste ver que estes homens não reconheceram o aviso de W. B. Riley acerca Da posição de ‘MEIO DA ESTRADA’” (Dollar, “A History of Fundamentalism in América” (Uma História do Fundamentalismo), 1973, pg. 208).

No seu começo, especialmente, o Neo-Evangelicalismo pode ser de difícil detecção. Não começa necessariamente com um repúdio total do separatismo. O Neo-Evangelicalismo começa mais com uma mudança de disposição, uma nova atitude que não aprecia uma abordagem rigorosa das coisas de Deus. Uma vez que esta é a tendência de qualquer igreja ou movimento, tornar-se mais fraca e suave em vez de mais forte, é necessário manter uma guarda cuidadosa em relação a esta “nova disposição”. Tal como observou o evangelista John Van Gelderen, “Se compararmos o Fundamentalismo moderno com o Neo-Evangelicalismo moderno, ainda existe uma diferença. Mas se compararmos o Fundamentalismo moderno com o Neo-Evangelicalismo inicial, as semelhanças são alarmantes” (Preach the Word, Jan.-Mar. 1998).

Wayne Van Gelderen, pai, escreveu acerca de “UMA NOVA SUAVIDADE NO FUNDAMENTALISMO.” Ele disse: “Nos anos 50 e 60, os Baptistas Conservadores eram os Fundamentalistas – os Separatistas entre os Baptistas do Norte. Eles haviam travado uma honrosa batalha, mas finalmente tiveram de se retirar da Convenção Baptista do Norte nos anos 60. Pouco tempo depois da separação e da formação da Associação dos Baptistas Conservadores, começou a emergir um espírito estranho. Muitos começaram a sentir que precisávamos de ser mais ‘cristãos’, mais práticos, mais comunicativos, MAIS GENTIS na nossa defesa de Deus. Os termos ‘SUAVE’ (soft-core) e ‘duro’ foram usados para descrever os dois campos que surgiram. A política suave era ser prático em vez de se ser justo. Os resultados que se buscavam eram mais importantes que os meios. Estes que se comprometiam acreditavam que parte do movimento era demasiado duro. Mais de 400 igrejas saíram numa divisão nos anos 60. Estas igrejas verdadeiramente fundamentalistas cresceram e multiplicaram-se nos anos 70. Agora, nos anos 90, alguns de nós podemos ver uma repetição do passado. Existe um novo ênfase na metodologia e nas relações públicas para as igrejas crescerem. Esta nova metodologia é orientada pelo mercado e feita para agradar ao povo. NÃO OFENDER É A VIRTUDE CARDINAL. A separação pessoal e a santidade são deixadas para trás na idade das trevas. Apesar do pecado público em ascensão, A CONDENAÇÃO É SUAVIZADA. ... Em cada geração as nossas batalhas têm de ser novamente travadas. A geração que não segue os velhos caminhos irá perecer tal como pereceu o evangelicalismo na Inglaterra” (Calvary Contender, 1 de Maio, 1995).



O QUE DIZ A BÍBLIA:

O cristianismo que não é rigoroso não é bíblico. [O cristianismo autêntico e bíblico] é rigoroso na doutrina (I Tim. 1:3) e rigoroso na vida cristã (Ef. 5:11). Batalha  pela fé com todo ardor e sinceridade (Judas 3) e é inamovível e não transigente, é dogmático e resoluto. Basta abrir o Novo Testamento em qualquer página e começar a ler, não levará muito tempo até isto se tornar evidente.

O rigor e o zelo pela verdade não significa que alguém tem falta de amor ou de compaixão. Jesus era o rigor personificado e era também o amor e a compaixão personificados. À mulher apanhada em adultério Ele disse, “Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” (Jo. 8:11). Que grande misericórdia, e também, que grande rigor também! Paulo demonstrou a mesma combinação, ele era rigoroso e inamovível acerca da doutrina e prática, mas era meigo “como a ama que cria seus filhos” (I Tess. 2:7).






Autor: David Cloud
http://www.wayoflife.org


Tradutor: Pr. Mark Pereira, Fev.2006.
Pastor da Igreja Baptista Esperança Viva no Algarve, em Portugal. Uma igreja baptista independente e de linha fundamentalista bíblica.      pastor SinalDeArroba ibev.pt






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