A Igreja em Células
é apresentada como uma revivescência da igreja
primitiva. Seus proponentes criticam a igreja organizada, do mesmo modo como
nós o fazemos. Eles falam da igreja primitiva e afirmam estar de volta às suas
raízes. Será que isso é verdade ou se trata apenas de uma sutil e fraudulenta
imitação? Como é possível saber qual a diferença que existe entre as duas?
Os co-pais do
moderno Movimento da Igreja em Células são Juan Carlos Ortiz e
David Yong Cho, da Argentina e Coréia do Sul,
respectivamente. [Nota da tradutora: Há quem diga que o atual
“David”, que antes se chamava “Paul”, mudou o seu nome porque “Paul”
significava apenas o nome do maior apóstolo de Cristo, enquanto “David”
representa o Rei a quem de direito pertence, eternamente, o trono de Israel]. O
movimento foi popularizado nos EUA por Ralph Neighbors,
Carl George e outros. Conforme veremos mais tarde, ele está estreitamente
ligado ao Movimento
dos Apóstolos e Profetas. Discutiremos cada um destes, logo mais, para
termos uma visão mais aproximada da estrutura da Igreja em Células.
Raízes
do Apascentamento/ Discipulado e do Pensamento Positivo
Juan Carlos Ortiz deu início às
igrejas em células nos passados anos 1960/70. A ele dá-se o crédito de ter
deslanchado o movimento de apascentamento e discipulado nos EUA, quando
introduziu os seus ensinos de discipulado aos proponentes, mais tarde
conhecidos como Fort Lauderdale “Five”. Ele declara que cada pessoa precisa estar sob a autoridade de alguém.
Sua primeira lei no discipulado é: “Não existe formação sem submissão” e
a segunda: “Não existe submissão sem submissão” ("Disciple", Juan
Carlos Ortiz, ps. 111,113). Ele esclarece isto,
dizendo: “Somente quando estou na linha é que a autoridade pode passar de
mim para os outros... Quem quiser ter o direito de controlar os outros, precisa
estar, ele mesmo, sob o controle de outros” (Ibid,
os. 113,114). Ele ressalta uma estrutura, na qual os comandos para o corpo
fluem “do alto, através do meio, para a extremidade inferior” (Ibid, p. 125). Não seria essa uma errônea analogia da nossa
anatomia? Os comandos não fluem da nossa cabeça, através do pescoço, do
coração, do estômago, das pernas e dos pés para movimentar os
artelhos. Existe uma conexão direta entre a cabeça e os artelhos.
Não existe hierarquia no corpo. Cada membro é conectado, através do sistema nervoso,
à “cabeça”. Eis aqui a exata diferença entre a Antiga e a Nova Aliança. A
Antiga era exterior, organizacional e hierárquica, enquanto a Nova é orgânica,
embasada no relacionamento de cada um de nós com Deus.
Outra doutrina fundamental de
Juan Carlos Ortiz é o ofício de “apóstolos”, na igreja moderna. “O Novo
Testamento não fala constantemente da doutrina de Jesus, mas da
doutrina dos apóstolos. Eles eram infalíveis.” Esta pode ser uma
doutrina católica e tenho dúvidas de que os apóstolos iriam concordar com a
mesma. Lembre-se deste conceito, quando chegarmos aocapítulo10, sobre “Apóstolos, Profetas e Submissão”. Ele conclui com a
idéia de “uma igreja, uma cidade”, na qual todos os pastores da cidade são
co-pastores de uma igreja (Ibid,
os. 128,129). É a tentativa de manter os cristãos de uma cidade sob o comando
de um grupo de “super-anciãos” ,consistindo de
apóstolos auto-nomeados sobre os pastores e o laicato dessa cidade. A base do
Movimento da Igreja em Células é uma interpretação não bíblica da submissão, na
qual cada pessoa deve estar sob ou sobre o
comando de outra. Discutiremos isso com mais profundidade no próximo
capítulo. Ora, o pastor hispânico, atualmente na Catedral de Cristal de Robert
Schüller, trabalhando de mãos dadas com este, é Juan Carlos Ortiz. Para quem é
iniciante e achar que Schüller é apenas um apóstata, vejamos: “O falso
ensino de Schüller é um assunto extremamente sério, à luz de sua ampla
influência. Ele é o mais popular em sua difusão pela TV na América. Seus livros
são vendidos aos milhões. Ele aparece ao lado de presidentes. O seu
‘Cristianismo da auto-estima’ tem sido adotado por multidões. Elas acham que
são cristãs e freqüentam igrejas; porém, na realidade, adoram um falso cristo e
seguem um falso evangelho. Roberto Schüller e o seu mentor, o
falecido Norman Vincent Peale, são dois entre os mais
danosos promotores do erro”. (http://rapidnet.
com/~jbeard/ bdm/expose/ schuller/). Acesse este website, para
ler uma exposição mais completa do assunto supra.
A Igreja em Células
de maior sucesso e, sem comparação, reputada como a maior do mundo, fica em
Seul, Coréia do Sul, a qual lidera um milhão de membros. David Yon Cho também está estreitamente vinculado ao Movimento
Positivo de Robert Schüller, englobando curas miraculosas, profecia,
visualização, teologia da prosperidade e outras práticas pentecostais. “O
ensino de Cho é um sistema da mente dominando a matéria (ou então da imaginação
dominando a matéria). Ele admite francamente ser essa uma versão cristianizada
dos métodos praticados pelos budistas, expoentes da Yoga e seguidores de outros sistemas pagãos, místicos e ocultistas..
.Sobre o pensamento positivo (confissão), Cho declara: ‘Você
pode criar a presença de Jesus com a sua boca... Ele pode ser aprisionado pelos
seus lábios e pelas suas palavras...’” Quanto à visualização, a
técnica, mais poderosa do ocultismo, Cho escreve: “Através
da visualização e do sonho, você pode incubar o seu futuro e conseguir os
resultados” (Para obter mais detalhes, acesse o site:
http://www.rapidnet.com/jbeard/bdm/exposes/cho/general/htm).
Cho ensina que a chave do sucesso se encontra no pensamento
positivo, na visualização e no falar, para que se dê origem à realidade física.
Isso não é Cristianismo. É pura bruxaria!
Cho declara: “Nossa
Igreja tornou-se um organismo vivo, no qual as células são vivas, funcionando
identicamente às células do corpo humano. Em um organismo vivo as células
crescem e se dividem. Onde antes existiu uma célula, agora existem duas. Depois
haverá quatro, oito, dezesseis e assim por diante. Elas são simplesmente
acrescentadas ao corpo numa progressão geométrica”. (“Successful
Home Cell Groups”,David YongCho, p. 65).
A Igreja de Cho não é uma rede
de igrejas domésticas, porém uma igreja dividida em células, com uma rígida
liderança hierárquica e compulsórios serviços semanais. Ela se encaixa mais no
modelo da Meta-Igreja de Rick Warren, a Igreja de Saddleback.
Uma
estrutura em pirâmide - Controle e mais controle
Conforme veremos, as igrejas em
células são todas elas estruturas piramidais, onde os líderes aprendizes são
cuidadosamente treinados e monitorados apenas sob a liderança de outro líder e
do “staff” da igreja. Embora afirmem seguir os métodos do “Novo Testamento”,
elas são mais rígidas e autoritárias do que as estruturas tradicionais que
temos hoje. O famoso consultor de “Crescimento da Igreja” Carl F. George,
descreve os sistemas “Jetro I e Jetro II”, cujos nomes derivam do sistema instituído por Moisés com os “juízes da
lei”. Ele começa com o indivíduo, seguido pelos líderes aprendizes, o líder do grupo de células, o líder de dez, o líder de cinco grupos
de dez, o líder de 100 e o de 500. A falha neste caso é que a forma
organizacional do Antigo Testamento, incluindo o Templo e o sacerdócio, foram descartados pela Nova Aliança. [Nota da Tradutora: Todo
criador de novidades no Cristianismo atual tende a se embasar no Antigo
Testamento e no Gnosticismo, pois o NT não dá margem a esses engodos].
Os pastores desenvolvem uma
hierarquia clerical e líderes leigos, numa organização que pode ser desenhada
num mapa chamado “Meta-Mapa”. “O hábil uso do 'Meta-Mapa' permite que o
“staff” e os escritórios entendam como são configuradas as suas igrejas, de
modo que possam movimentar fatores críticos importantes, como, por exemplo,
onde se encontram os líderes e líderes em potencial, as novas pessoas, como os
visitantes estão sendo tratados e onde os membros antigos são aparentados com
os membros mais novos. Um 'Meta-Mapa' possibilita que os líderes
vejam o que acontece depois que cada pessoa se reuniu em adoração corporativa:
aonde elas vão? Qual a tarefa que estão levando com elas? Qual o estágio de
vida que estão ocupando? ... Cada símbolo visual no
'Meta-Mapa' representa um líder a ser supervisionado, um sítio de treinamento
para a produção de um aprendiz...” (Carl F. George - “The Coming Church Revolution ”, p. 246). Longe de serem
liberalmente organizados e estarem sob a direção do Espírito Santo, os grupos de
células são fortemente controlados dentro da
hierarquia da igreja.
Seus proponentes sentem
que “a igreja embasada no programa tradicional não pode
conter o futuro reavivamento”(Larry Stocksill - “The Cell Church”, p. 17). As linhas seguintes descrevem uma
reunião ideal de células:
“Às vezes, no
estabelecimento de um lar, cada pessoa se move numa área de vida, começando com
um ‘quebrador o gelo’, como, naturalmente, em qualquer outro tópico de
conversa. O líder do grupo coloca uma simples pergunta (escrita em cada lição),
à qual cada pessoa deve dar uma resposta rápida ou engraçada. Um
“quebrador de gelo” é indispensável, pois ele promove a comunidade de grupo e
ainda abre uma possibilidade dos membros compartilharem. O próximo componente é
uma discussão de quatro perguntas embasadas numa passagem da Escritura. Nossos
grupos geralmente discutem o tópico do sermão do domingo passado... A lição
termina com uma ‘aplicação’... Após a lição, o grupo focaliza mais uma vez a
oração e a ‘visão’”(Ibid,
ps. 135,136). Esta é dificilmente a explanação de uma espontânea
“igreja primitiva”, onde cada pessoa seguia a direção do Espírito
Santo. Compartilhar, segundo esse
relato, o sermão do domingo passado? E onde fica o Espírito Santo nessa
história?
Em sua excelente obra sobre o
assunto, Tricia Tillin diz
o seguinte:
“À primeira vista,
parece existir pouca distinção entre as igrejas em células e as igrejas
domésticas, pois a retórica parece idêntica. Ambas condenam as estruturas eclesiásticas
das antigas denominações, ambas ressaltam a estrutura informal da igreja
primitiva, apressando os cristãos a mudarem o pensamento sobre a maneira como a
igreja deve ser organizada.
Contudo, os objetivos de cada
uma são idênticos. Os cristãos poderiam ser desculpados por acreditarem que as
igrejas em células constituem outro método - um método recomendável - de evitar
o apascentamento austero, deixando claro que os anciãos não exigem tanta
autoridade, resultando em nada a ser feito pelos membros da igreja,
exceto o dever de se submeterem e obedecerem como ovelhas.
Infelizmente, porém, o
contrário é que é verdade, pois, conforme veremos, o sistema da igreja em
células se destina a reforçar a mais estrita obediência à nova ordem do
governo apostólico, assegurando que essa obediência seja difundida pelos
comandos locais e, eventualmente, pelo mundo inteiro(ênfase do autor).
(Veja “Transforming Church, Tricia Tillin:
http://www.banner.
org.uk/apostasy/cell-church7.htm.
Conforme ressalta a escritora Tricia, o propósito desse movimento é apresentar a “nova
ordem eclesiástica” da revelação do governo apostólico e profético
(extra-bíblico) . Tricia chega ao ponto de citar o escritor britânico Brian Mills, líder sênior do movimento
de reconciliação cultural e autor do livro “Sins of the Father” (Pecados
do Pai), cujos escritos estão no website DAWN International, o qual diz que:
“Deus está transacionando o seu povo. É tempo de se preparar... tempo de
mudança. Ele está colocando a Igreja em seu devido lugar e compreensão, através
dos quais ela possa cumprir o seu propósito na terra... Ele está querendo que
a Igreja encha a terra com a Sua glória, a fim de que ela seja subjugada,
para Ele ter domínio sobre a mesma. Ele está querendo
que ela cumpra os seus propósitos no Cosmo. Ele quer que ela triunfe sobre os
principados e potestades... Um movimento espiritual
paradigma já se encontra em movimento, numa porção de frentes e de várias
maneiras... Uma redefinição das compreensões geralmente mantidas e
de conceitos familiares. Nesse sentido temos entendido que os aspectos de Sua
vontade não têm sido suficientes para deslanchar a colheita final e expressar a
Sua vontade, assim na terra, como no céu... Em vez disso, temos visto igrejas
em termos de moldes denominacionais... Todas essas definições serão redefinidas - pois são
delimitadoras e seccionais. Existe apenas uma igreja na terra - a de Jesus
Cristo.
Falamos agora das Igrejas em Células, igrejas jovens,
igrejas das crianças, igrejas domésticas. Precisamos permitir outra
expressão de igrejas nos locais de trabalho, nas instituições e em comunidades,
onde não seja apropriado existir um modelo denominacional ... Elas devem ser também definidas em termos
relacionados às necessidades. ..Serão redefinidas no
emprego. O negócio modelará a igreja para os seus empregados e clientes. As
pessoas que trabalham em diversão e nas artes deveriam compor a sua igreja
conforme os seus próprios termos e premissas.
Os pastores não mais verão o seu ministério simplesmente em termos de
apascentar um grupo específico de pessoas chamado congregação. Eles serão
convocados a cooperar através das nascentes e das fronteiras, de modo a serem
pastores de cidades. Desse modo eles começarão a ter responsabilidade diante de
Deus pela sua cidade e todas as suas expressões de vida. Eles vão pastorear o
governo local, a polícia, os serviços de educação. Vão pastorear as áreas da
cidade ainda não atingidas, procurando expressar, ali, a igreja de
uma nova maneira.
A batalha cósmica pelo controle do mundo se aproxima. Não devemos ver
isso apenas em termos humanos, nesta área da globalização - mas também em
termos cósmicos... A igreja precisa aprender a combater os poderes cósmicos das
trevas - em unidade de coração, mente, vontade e
propósito, em completa harmonia com os propósitos divinos... É tempo da igreja,
como entidade corporativa, descobrir como operar em uníssono” (Brian
Mills, Outubro 2000).
Mills conclui: “O que significa substituir os sistemas de congregações
locais por pastores autônomos? É a Igreja Universal
organizada em pequenas células, facilmente monitoradas, todas elas dirigidas
por monitores aprovados, anciãos e grupos apostólicos, por toda a
cidade, especialmente treinados, os quais, por sua vez, darão contas e serão
controlados pelo governo apostólico central, o qual estará nas mãos de figuras
como Peter C. Wagner, o apóstolo principal” (Ibid,
Ticia Tillin, Parte 7).
Agora já conseguimos ver o poder dessa enganosa sedução. As citações acima dizem
um bocado em poucas palavras. Elas vão desde as igrejas em células até o dominionismo dos apóstolos e profetas - querendo tomar
conta da terra para estabelecerem Cristo e a Igreja:
Ralph Neighbors popularizou o Movimento da Igreja em
Células em seu livro “Where Do We Go From Here?” (Para Onde Iremos a Partir
Daqui?), no qual ele diz:
“As igrejas em células são o único meio pelo qual a comunhão pode ser
experimentada por todos os cristãos... O grupo de células não é apenas uma
porção da vida da igreja a ser apreendida com uma dúzia de outras organizações.
É a vida da igreja e quando ela existe apropriadamente, todas as demais
estruturas competitivas já não são necessárias, nem válidas” (livro supra citado, p. 86).
Ele acredita que este é o modelo do Novo Testamento e que uma célula é
realmente uma pequena comunidade. Mas na prática uma célula sempre se divide e
entre pessoas não é possível construir uma amizade duradoura em termos de
relacionamentos.
O Pensamento de Grupo
Quem desejar pesquisar
detalhadamente os vários livros escritos sobre o assunto, poderá descobrir que
o objetivo do Movimento
da Igreja em Células é obstruir o pensamento dos indivíduos e levá-los
a confiar no grupo - “pensamento de grupo”. Vamos falar sobre o controle da mente
e o engodo. O grupo de células é inteiramente controlado e coreografado através
da construção de processos de consenso e de resolução de conflitos. Conforme
diz Berit Kjos em sua obra
“Brave New Schools”, na qual ela fala do processo dialético que envolve
os estudantes (o qual poderíamos substituir por
membros de células): “Nada existe de inerentemente errado com uma livre
troca de fatos e idéias. As discussões organizadas até podem ser boas, neutras
ou manipuladas, dependendo do propósito, direção e controle. Porém, quando os
professores (líderes de células) promovem as discussões
em grupos embasadas em informações próprias, na direção de um consenso
antecipadamente planejado, ou a conclusões que conflitam com valores
prioritários, estão manipulando os estudantes (membros de células) (p.
70).
O objetivo do Movimento
de Crescimento da Igreja é conseguir um movimento paradigma infiltrado
em nosso pensamento, vendo os seus pastores como “agentes de mudança”. Eles
usam as reuniões de pequenos grupos para desafiar antigos paradigmas e meios de
pensar, transformando- os gradualmente. Conforme cita Tracia Tillin:
“No website de Berit Kjos encontra-se
uma excelente explanação deste processo:
‘Quando a Palavra de Deus é
dialogada (em vez de ser didaticamente interpretada) entre os
crentes e descrentes, com múltiplas versões bíblicas utilizadas
(desencorajando- se a leitura da BKJ) e o consenso é alcançado - acordo com o
qual todos se sentem confortáveis - logo a Palavra de Deus é diluída de modo
tão sutil que os participantes são condicionados a aceitar (e até mesmo a
celebrar) o seu compromisso (síntese). A nova síntese torna-se o ponto de
partida (tese) para a próxima reunião e o processo de mudança (inovação)
continua. O temor da alienação do grupo é a pressão que impede o indivíduo de
permanecer firme na verdade da Palavra de Deus, fazendo-o permanecer calado
(auto-editado) . O respeito humano (rejeição) supera o
temor de Deus. O resultado final é um “movimento de
paradigma” em como alguém processa a factual informação”.(“What’s Wrong With The 21st Century Church?’” (O Que Há de Errado com a Igreja do Século
21?), Dr. Robert Klenck).
“O que os líderes das igrejas em células desejam é o experimental
conhecimento de Deus, uma intimidade espiritual, sinais miraculosos, grupos
entrelaçados, mãos levantadas, canções e danças, diversão e emoção. O estudo, ensino e pregação da Palavra são deixados de lado, e em
alguns casos abandonados, sendo a maior ênfase colocada em satisfazer as
necessidades sentidas pelas pessoas, relacionando umas com as outras e
“compartilhando” atividades sociais, psicologia, aconselhamento, e usando-se
recursos espirituais para efetuar mudanças nas pessoas que
freqüentam, ou sobre as que estão sendo trazidas ao grupo. Desenvolver a
vida comunitária é considerado muito mais importante do que estabelecer a
verdade objetiva no coração do indivíduo” (Ibid, Tracia Tillin, parte 7).
Análise
Existe algo sutilmente atraente
sobre o movimento da “igreja em células”, pois ele parece estar nos conduzindo
de volta aos singelos encontros domésticos da igreja primitiva. Contudo, o
clero ainda existe, mas para o propósito de treinamento, supervisão e
desenvolvimento das células - elogiável, se fosse apenas isso que ali houvesse.
Eles usam o exemplo da China e dizem que se a igreja institucional fosse
fechada, suas células continuariam... e até pode ser.
Confio em que você vai pedir
que o Senhor lhe dê uma revelação, à medida em que você for lendo estas simples
palavras de Efésios 3:14-21:
“Por causa disto me ponho de
joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos
céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos
conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;
para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando
arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os
santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e
conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais
cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo
muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder
que em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as
gerações, para todo o sempre. Amém”.
“Nascemos de novo”
em Sua família e o nosso homem interior é fortalecido através do Seu Santo
Espírito. A passagem nada fala a respeito de ir à igreja, participar de
programas, de estrutura hierárquica, ou mesmo de reuniões, mas de um
relacionamento com Deus e com o próximo. Se cada membro tiver esse
relacionamento com Cristo, Ele fará fluir vida de um para o outro. Somente
quando um membro tem esse relacionamento com Cristo é
que ele flui vida e amor entre os demais e, então, podemos compreender com
todos os santos o amor de Cristo. Ela não diz que o pastor ou o líder do grupo
de células faz tudo isso, nem ainda que apenas devemos segui-lo. Mas que o corpo exige que todos os membros funcionem e permitam que a
vida de Deus flua através dele. Deus não é glorificado por um super-star pregando para grandes multidões, mas no
funcionamento de cada membro do Seu corpo corporativo - a Igreja. Você recebe
vida diretamente do Senhor, por estar diretamente
conectado ao corpo de Cristo e aos demais membros vivos.
Isso agora pode parecer
fantasioso e nada prático, uma vez que dificilmente você pode conseguir alguém
envolvido nestes dias. Além disso, a média dos cristãos “freqüentadores da
igreja”, não tem muita experiência verdadeira com Cristo, na base do dia a dia.
Eles não têm muito o que compartilhar ou dizer, porque
estão por demais ocupados com seus empregos, servindo os seus patrões e se colocando
diante da TV, à noite, simplesmente para vegetar, enquanto chega a hora de irem
para a cama, e acordam na manhã seguinte,para repetir todo o processo,
novamente. Se você diz que é para isso que levantamos pastores, então é porque
está atado a uma vida de imaturidade, engano e morte. Jamais terá
maturidade em Cristo, nem conseguirá sólidos relacionamentos com outros
cristãos, para suportar este tempo mau.
Os grupos da igreja em células
são muito semelhantes, historicamente, às células usadas nas
sociedades comunistas e servem para reeducar as massas. Seu propósito é
controlar e fazer lavagem cerebral. Eles o conectam a relacionamentos que, no
final, comprovam ser mais fortes do que a verdade. No último capitulo nós frisamos que Rick Warren disse que,
estatisticamente, se as pessoas têm pelo menos sete amigos, a igreja poderá
segurá-las. Contudo, existe uma grande divisão a caminho. Ao falar dos
tempos finais, Jesus disse em Lucas 21:16-17: “E
até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão
alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome”. Você
deve amar a verdade mais do que quaisquer relacionamentos:
“Se alguém vier a mim, e não
aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda
também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26).
Existem fraudes
pretendendo enganá-lo, apresentadas em vasos novos, um movimento paradigma
pelos “pastores agentes de mudança”, prometendo trazer de volta os modelos
bíblicos, mas tenha cuidado! Tudo isso não passa de engodo. Ele parecerá
bom e enganará a todos, exceto àqueles que tenham aprendido a escutar a Sua
voz. Aqueles a quem você mais ama irão tentar e conseguirão fazê-lo apostatar.
Mas você não precisa estar totalmente sozinho.
Existe alguma verdade no que os
defensores da igreja em células dizem. Precisamos de outros cristãos. Não
podemos resistir sozinhos; então peça que o Senhor o conduza àqueles que pensam
do mesmo modo como você pensa. Como veremos no próximo capítulo, Jesus fala
sobre nós sermos a videira, não uma árvore. Cada cristão está diretamente
conectado à Videira. Os artelhos recebem ordens da cabeça, não do
pé. Não existe hierarquia de autoridade sob a Nova Aliança. Cada membro do corpo
precisa funcionar. Não são ofícios eletivos nem posições, mas funções de vida.
Nenhum membro é maior nem melhor que o outro. Não estão conectados por
pertencerem à mesma organização, mas por compartilharem uma vida comum e essa
vida deve ser expressa de CADA membro para o outro.
Ao contrário das discussões
guiadas pelos líderes do “grupo da célula”, deveríamos aprender a seguir a
liderança do Espírito Santo. Deveríamos olhar firmemente para Jesus, para Quem
Ele é e o que está fazendo em nossas vidas. Pelo que você precisa agradecer? Em
outras palavras, quais as experiências reais, atuais e novas que tem
no seu relacionamento pessoal com Jesus Cristo? Se você não tem experiência
alguma, seria melhor voltar ao comitê. O que será do Seu corpo, se
as pessoas não estiverem compartilhando o que Ele tem feito em suas vidas,
visto como Ele está vivo em seus santos? Seria preferível escutar o que o
Senhor fez esta semana, na vida de dez “donas de casa” e como o Senhor está
tratando com elas, do que escutar um eloqüente pastor treinado num
Seminário. Deus está (ou deveria estar) tratando conosco, todo dia. Mas se
Ele não for ativo em sua vida, é melhor que você corra a entreter-se em
adoração, em algum grupo ou com algum pastor. Vá lá, sente-se e cole os
ouvidos, junto com as massas, enquanto é alimentado com leite e mediocridade
provindos do púlpito. Quando você começa a escutar a voz dEle,
permitindo que Ele se revele e trate com você, então vai ter muito o que
compartilhar numa reunião com outros cristãos, os quais também tenham idênticas
experiências.
A verdadeira “vida da igreja”
depende da união das várias partes vivas do corpo. Se cada membro foi
“vivificado”, experimentando o Senhor cada dia, algo maravilhoso acontece,
quando os cristãos se reúnem. Quando, porém, o cristão está “morto”, ele só
pode mesmo esquentar um banco na igreja ou em outro lugar. Não se trata de
encontrar um momento certo para se encontrar. Nem como isso é feito. Não se
trata de ter-se “preparado para um ajuntamento”, não se trata de forma ou
método... Trata-se da vida em Cristo. Você está espiritualmente vivo ou morto?
A igreja está repleta de cadáveres espirituais e de bons atores.
Quando temos um vibrante
relacionamento com o Senhor, temos muito para compartilhar e nos edificar
mutuamente. Quando não temos um novo relacionamento com Ele, sentimo-nos
culpados e vazios, criticando os outros e nos aborrecendo. E quando não
recebemos o alimento e os cuidados desejados, logo ficamos zangados. Não existe
um projétil mágico, nenhum sistema ou organização, nem forma de reunião. A
legítima “vida da igreja” deve ser espontânea e liderada pelo Espírito - não
organizada num programa escrito para se seguir uma forma ou modelo de adoração.
Você pode cantar ou não. Pode simplesmente compartilhar experiências. Pode orar
espontaneamente, ler a Palavra ou compartilhar o que o Senhor fez em sua vida
ou lhe mostrou durante a semana. Então vai descobrir como tudo se encaixa, pois
o Espírito Santo vai conduzi-lo e a maioria de suas reuniões seguirá usualmente
um tema (por Ele selecionado) . Você vai ficar
maravilhado, quando notar que todos tiveram idênticas experiências.
Você não pode fingir. Se o
Senhor trabalhou em sua vida durante a semana, vai ter algo para compartilhar,
para O louvar, para agradecer-Lhe, compartilhando como
Ele o tem usado, etc. Se você for hipócrita, vai sentir isso e os outros também
sentirão. Saiba que Igreja do Senhor está exatamente onde dois ou três se
reúnem em o Seu Nome. É agradável estar com vinte ou trinta pessoas, mas não se
trata do número de pessoas, mas do fator “vida”. Se você conta “estórias” de
como o Senhor agiu com você há 20 anos, ou fala sobre o último livro que leu, isso não funciona. Esta é a revelação de outra pessoa.
Você precisa do maná fresco, diariamente, senão ele mofa. Experimente o Senhor
cada dia. Não confie no que Ele lhe fez há 10 anos,
quando mal está se mantendo de pé, neste momento.
Reuniões não dependem de um
líder orientando você através de um série de perguntas objetivadas a conduzi-lo
a uma lavagem cerebral. Elas dependem de sua capacidade de sentir a liderança
do Espírito Santo e segui-la. Uma vez, Ele poderá conduzi-lo a louvar e
agradecer, ou apenas a orar. Outra vez, a um aberto compartilhamento sobre o
que o Senhor fez em sua vida. Focalize o que é novo, vivo e real, não algo que
tenha lido ou escutado de outras pessoas. Se houver uma pessoa musical, então
cante! Ótimo! Não existe uma forma escrita, que seja certa ou errada. Imagine
estar apertado dentro de um cômodo, com um chão encardido e pouca luz, junto
com outros cristãos primitivos, numa grande descrição de um encontro da igreja
primitiva, conforme Efésios 5:18-20:
“E não vos embriagueis com
vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em
salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo”
Os
primeiros cristãos podem ter sido perseguidos, mas cantavam, compartilhavam e
davam graças. Precisamos gastar menos tempo falando do que aprendemos com os
outros, fofocando e nos queixando, e mais tempo dando graças e olhando à
frente, para o Senhor e para o que Ele está realizando agora em nossas vidas.
Então, nossas reuniões serão ricas e significativas.
Os versos acima nos ordenam a
nos submetermos uns aos outros, não em termos de hierarquia ou de posição. A
Bíblia fala de atitude, espírito e respeito mútuo e das necessidades de todos
os membros do corpo. Paulo fala da Igreja, nos seguintes termos, em Romanos
12:3-8:
“Porque
pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo
além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que
Deus repartiu a cada um. Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e
nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos
um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo
que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja
ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar,
haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que
reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita
misericórdia, com alegria”.
Ele
não fala de opiniões nem de posições, mas de funções. Somos membros do mesmo
corpo, mas com diferentes funções e para que haja um corpo saudável cada membro
deveria ter a sua função. Você não precisa ingressar numa Escola Bíblica ou num
Seminário. Não deveríamos pensar tanto em nós mesmos, porém reconhecer a medida
de cada membro. Cada um deve funcionar conforme os seus dons e com a vida que
Deus lhe deu. Não existe hierarquia, apenas funções diferentes. Nenhum membro é
mais importante do que o outro e ninguém deve “governar” sobre os outros.
Tudo isso é apenas um eco
distante das igrejas em células. Em seguida, vamos passar ao estreitamente controlado Movimento dos
Apóstolos e Profetas [capítulo 10], onde veremos como tudo está
inteiramente conectado.
|