Considero muito importantes as verdades seguintes e gostaria que
todos os meus leitores prestassem atenção. Por favor, pensem no fato de que eu
não sou o seu pastor. Quero fazer uma exortação sobre como agir sabiamente
nas igrejas.
A vasta maioria de vocês conhece e vive estas situações, mas, às
vezes, escuto declarações de pastores e de outras pessoas que me levam à
conclusão de que alguns dos meus leitores precisam desta exortação. Ao mesmo
tempo, não tenho qualquer caso particular em mente, de modo que não há
necessidade de me escrever ou de tentar se explicar
comigo. Irmãos, “sejamos cumpridores da palavra e não somente ouvintes”
(Tiago 1:22).
Não apóio os que, hoje em dia, separaram-se de
todas as igrejas
Quero deixar bem claro que não apóio os que se separam, hoje em
dia, de todas as igrejas. Conquanto eu acredite que o povo de Deus deva
discernir o erro e ser cauteloso neste sentido, ao mesmo tempo devemos ser
pacientes e fiéis à instituição (a igreja), bem como à autoridade pastoral,
ambas ordenadas por Deus, e devemos nos esforçar ao máximo pela união e não
pela desunião entre os verdadeiros crentes. Estas duas coisas são enfatizadas
na Escritura, embora nem sempre seja fácil obedecer às duas, ao mesmo tempo e
no mesmo lugar.
Quem achar que é justificável se separar,
hoje em dia, de todas as igrejas por causa dos escritos de David Cloud, está
errado. Não prego isto, nem fico feliz quando as
pessoas agem assim. Existem centenas de igrejas que eu apóio.
Em alguns casos, pode até não existir uma igreja espiritualmente
saudável a uma pequena distância e não espero que o povo de Deus frequente uma
igreja que mine a sua fé ou atrapalhe a sua vida espiritual e a dos seus
filhos. Contudo, minha recomendação em tais casos tem sido sempre buscar ou
ajudar a fundar uma igreja em certa localidade, ou então
se mudar para um lugar onde exista uma boa igreja. Dizem que, “quando se
quer, o meio aparece”, e isto geralmente é
verdade. Paulo diz em Filipenses 4:13: “Posso todas as coisas em Cristo que
me fortalece”. Quando Deus nos comanda a fazer algo, Ele provê o meio; e a
igreja é o programa de Deus para a nossa era. Ela é mencionada mais de 100
vezes na Escritura, sendo que a maior parte do Novo Testamento é escrita às
igrejas. Somos comandados a “não deixar a nossa congregação” (Hebreus 10:25) e
a “obedecer aos nossos pastores” (Hebreus 13:17), passagens da Escritura que
deixam bem claro que devemos permanecer na igreja. Os
primeiros crentes “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão” (Atos 2:42). Paulo recomendou Febe
à Igreja de Roma, lembrando que esta era uma serva da igreja em Cencréia
(Romanos 16:1). Estes são exemplos colocados diante de nós, na Escritura.
Fui salvo há 35 anos e, desde então, tenho encontrado um meio de
ser fiel a uma igreja séria, a qual siga o Novo Testamento. Houve ocasiões em
que precisei frequentar uma igreja que não me
agradava muito; porém, à luz da ênfase bíblica sobre a igreja, não quis
negligenciar o programa de Deus e exorto todos os meus leitores a seguirem este
exemplo.
Irmãos, ovelhas precisam de rebanho e de pastores e foi isto que
Deus proveu na igreja.
SEJA SÁBIO, CAUTELOSO E PACIENTE AO LIDAR COM OS
PROBLEMAS E ERROS NAS IGREJAS
Fico triste quando escuto que os leitores das matérias
da Way of Life estão causando, não sabiamente, problemas nas boas
igrejas que crêem na Bíblia, fazendo isto em meu nome.
Por favor, observem que eu não disse que fico triste ao saber que
os leitores das matérias da Way of Life estão causando problemas nas igrejas.
Algumas vezes o problema é justo. Existem igrejas que precisam urgentemente que
alguns membros se movimentem, a fim de tentarem
fazer mudanças piedosas. DE MODO NENHUM DESEJO DESENCORAJAR OS CORAÇÕES DO POVO
DE DEUS PARA SE COMPROMETER EM FAVOR DA VERDADE E DA JUSTIÇA, NESTA GERAÇÃO PERVERTIDA; PORÉM, EXISTE UM MODO CORRETO E UM
MODO ERRADO DE FAZER ISTO.
Um homem me escreveu dizendo: “Seu remédio é forte e necessário;
contudo deve ser administrado cautelosamente”. Concordo 100% com ele.
Este homem contou que algumas pessoas por ele conhecidas haviam
tentado mudar o programa de ganhar almas, em algumas igrejas, a fim de trazerem
uma ênfase sobre o arrependimento, afastando as igrejas do que se chamam
“orações rápidas” (as quais levam o pecador, com rapidez [a Cristo], mesmo não
havendo convicção nem arrependimento óbvios, anunciando, logo em seguida, que
esse pecador está salvo, mesmo sem haver nenhuma evidência disto; tendo pressa
em anunciar as estatísticas de salvação, mesmo quando uma
grande porcentagem delas é constituída de fraudulência).
Este homem afirmava que essas pessoas acabam criando problemas à
igreja, não realizando coisa nenhuma de valor. Visto não estar tão
familiarizado com tal situação, não sei se ele está fazendo uma descrição
correta e lhe indaguei o que exatamente estava
errado nesses casos especiais, em sua estimativa, ao que ele respondeu:
“Essas pessoas não estavam agindo de cima para baixo e se tornaram
fortemente dogmáticas: ‘estou certo, você está errado’. Alguém poderia ter
razão e assim não fazer esforço algum nem desejar mudar. Falo dos que promovem
uma divisão, antes que o assunto chegue ao pastor.
Agora, ele tem um sério problema com a divisão
da igreja. Devemos agir de cima para baixo com humildade e graça, sabendo que
leva tempo para se mudar o curso de um navio. Junto com um remédio forte, precisamos aprender a tática de como
administrá-lo, para que ele possa ter melhor efeito e cause menor dano. Esperamos
não ter de olhar para trás e dizer: 'A operação
foi um sucesso; extirpamos todo o câncer; pena que o paciente faleceu’. Sua obra bíblica bem realizada tem modelado
muitas coisas que eu faço e nas quais acredito. Ela é proveitosa e necessária.
Mas que seja entregue em dosagem correta, a fim de produzir melhor efeito.”
Concordo com esse pensamento e tenho pensado muitas vezes nesse
tipo de coisas. Por exemplo, os artigos: “Keys to Fruitful Church
Membershipp” e “The Pastor Authority and the Church Member Responsibility”
tratam disto. Tenho
escrito bastante sobre a importância da igreja e a maneira de conduzir-se como
membro.
Eu faria esta sugestão: É importante que não apenas critiquemos,
mas que tenhamos um plano positivo para algo melhor. Consideremos, mais uma
vez, o item de ganhar almas. Creio que um exemplo da maneira correta de trazer
uma mudança disto na igreja vem do e-mail a seguir:
“Agora mesmo, minha esposa e eu estamos numa igreja, onde temos
visto o pastor expressar o seu pensamento a respeito deste item importante. Um
bom amigo e eu requentamos regularmente as noites de quinta-feira
e exatamente através de uma conversa gentil e fazendo perguntas
inocentes, temos ali conseguido uma mudança total na metodologia de ganhar almas.
Em vez de simplesmente convidar as pessoas não salvas a
virem “adorar” conosco, a noite de quinta-feira é
focalizada no Evangelho, a fim de ganhar almas. Tem sido uma alegria especial
ver cada pessoa entrando na porta. Agora, procuramos pregar o Evangelho e porta em
porta, arando o solo sobre o pecado, o julgamento e o arrependimento. Em vez de
portas fechadas, achamos que uma compreensível explanação do pecado em termos
concretos faz o julgamento parecer razoável, abrindo a porta ao Evangelho. E seguir
com arrependimento e fé faz com que este pareça bíblico e poderoso. Muitas
orações são deixadas, mas todos podemos ver que estamos alcançando um sentido
mais profundo de clareza em cada contato.
Não demora muito para se encontrar alguém dizendo: ‘Oh, pedi que Jesus entrasse
em meu coração, quando ainda era criança’. Muitas pessoas o têm feito, mas
nunca se arrependeram dos seus pecados. Com esse tipo de pessoa é importante infundir
uma compreensão da Soteriologia bíblica de que
não basta fazer a oração. Elas podem continuar perdidas, o que achamos muito
fácil descobrir, após lhes fazer algumas
perguntas. Pelos nossos números não científicos, talvez 60% das pessoas tenha feito algum compromisso com Jesus,
mas 90% destas não têm a convincente evidência de que o Autor da fé não está completando
coisa alguma nelas. As ‘orações rápidas’ mencionam estas em suas listas e
implicitamente endossam falsas conversões. Graças, porque passamos adiante
idéias muito bíblicas em nossa cultura batista fundamentalista. Somos quase
atacados por pessoas que dizem: ‘Bem, finalmente elas vão para o céu, mesmo que
não dêem frutos’. E isso é bastante”.
A isto eu digo “Amém”. Neste
caso, o problema foi proposto de modo razoável e o fruto foi bom.
Não existe uma simples lista de duas ou três sugestões que eu possa
dar para resolver o problema de como corrigir os erros nas igrejas. Nunca é
fácil e é um assunto que depende amplamente de maturidade espiritual e de se
conseguir e aplicar a sabedoria piedosa, sob orientação do Espírito Santo.
Paulo assim falou à Igreja de Roma: “Eu próprio, meus irmãos, certo estou,
a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o
conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros”. (Romanos 15:14).
Então, para ser capaz de admoestar os outros de maneira frutífera,
a exigência é que sejamos cheios de bondade e de conhecimento bíblico. Se
alguém tenta admoestar uma igreja sem possuir estas duas qualidades, não apenas
vai fracassar como ainda causar mais prejuízo do
que lucro.
Os cristãos novos, particularmente, devem ter muito cuidado quando
tentarem exortar os outros, especialmente os seus líderes
espirituais. Os cristãos novos são sempre muito zelosos e não desejo criticar
tal zelo, mas este deve ser temperado com uma piedosa sabedoria, que os novos
crentes em geral não possuem. Estes crentes são chamados “bebês em Cristo” e
são aconselhados a tomar o leite racional, a fim de crescerem na maturidade (1
Pedro 2:2). É nisto que o “bebê em Cristo” deve focalizar sua atenção, em vez
de ficar tentando endireitar outras pessoas.
Certa vez, eu quase dividi uma igreja, algo que eu tenho lamentado
muito em minha vida. Isso foi há muito tempo. Eu era zeloso, como sempre havia
sido, pela graça de Deus, mas me faltavam experiência e maturidade. Coloquei em
mente que o meu Pastor era desqualificado para o ofício, porque ele não estudava
bastante. E, a meu ver, o seu ministério de pregação não era bastante forte e
sólido. Estava comparando-o comigo e com a Palavra de Deus. Minha especialidade:
o estudo das Escrituras e a admoestação profética; então, por que ele não
pregava exatamente como eu? A igreja não era muito antiga e esse querido pastor
era um amigo pessoal, que muito havia feito por mim, mas eu, levianamente,
comentei o assunto com um casal da liderança da igreja e também falei com ele
sobre o assunto.
Claro que ele ficou profundamente ofendido com a minha atitude e eu
fiquei triste ao verificar que estivera profundamente errado, mas o dano já fora
feito. Nossa amizade foi arruinada (ele não era muito perdoador) e precisei me
transferir para outra igreja. O problema é que eu era um jovem imaturo e
inexperiente no Senhor, quando tentei mudar aquela situação especial. A verdade
é que o pastor não era um grande estudioso, mas possuía outras qualificações
importantes, as quais eu havia desconsiderado.
Mais uma vez, quero enfatizar que não estou desencorajando o povo
de Deus que está tentando se posicionar contra o erro. Conheço muitas pessoas
que o têm feito de maneira correta e que foram erroneamente rotuladas de
criadoras de caso e tratadas com grande falta de respeito pelos pastores e
pelas igrejas em questão. Nunca é fácil desafiar os líderes da igreja e o fato
lamentável é que muitos líderes que escolheram trilhar o caminho do erro,
raramente o abandonam.
Existe, hoje em dia, um grande problema entre as igrejas batistas bíblicas
fundamentalistas, pelo fato de que muitas que eram sérias estão agora se
movendo em direção do Novo Evangelicalismo e às filosofias contemporâneas do
crescente Movimento de Crescimento da Igreja [N.T.:
visando o Dominionismo/Reconstrucionismo]. Elas estão adotando novas versões da
Bíblia e músicas modernas, bem como a maneira moderna de vestir-se. Estão
permitindo que as mulheres se conduzam da maneira proibida pela Bíblia. Estão
criando mundanos e indulgentes ministérios jovens, os quais agradam a carne, em
vez de serem desafiados a um legítimo discipulado bíblico. Quando o povo de
Deus se levanta contra tais coisas, frequentemente é desprezado e até descartado.
Então, por favor, não interpretem mal o que estou tentando dizer
neste artigo. Não quero desencorajar nem atrapalhar o povo de Deus no
sentido de assumir uma posição bíblica e sábia em favor da verdade, nos dias
trabalhosos de hoje. Estou apenas tentando expressar
que o façam com sabedoria.
É BÍBLICO E CORRENTO QUESTIONAR O PASTOR SOBRE ITENS NA IGREJA, MAS EXISTE UM
MODO CORRETO DE FAZÊ-LO.
Se o pastor não quer escutar nem argumentar sobre essas coisas e se
ele exige “inquestionável lealdade”, eu iria sugerir, expressamente, que o
leitor abandone essa igreja. Esse homem é um Diótrefes e permanecer nessa
igreja vai fazer sua vida espiritual engatinhar, transformando você numa
espécie de membro de uma seita [N.T.: do
tipo que escuta e obedece, sem questionar] (No site Way of Life, veja o
artigo “Unquestionable Loyalty to Pastoral Leadership” e “Another
Warning About Unquestionable Loyalty”).
Por outro lado, se você tem um pastor piedoso e humilde, qualificado pelos
métodos divinos para os desafios do Seu povo,
seja paciente com ele. Lembre-se sempre que você não é o pastor. Ele e não você
dará contas diante de Deus pela igreja. É ele e não você quem carrega o fardo
do ministério e posso garantir que não existe um fardo mais pesado neste mundo
do que dirigir uma igreja e lidar com pessoas.
É ele e não você quem deve pedir que Deus o ajude a tomar as principais
decisões sobre o ministério da igreja.
Aconselho a dar sempre aos pastores o benefício da dúvida. Nem tudo que
acontece na igreja deve ser tratado como “preto no banco”, conforme se pensa.
Deus dá sabedoria aos pastores. Eles conhecem e entendem o quadro geral, de um modo
que você não conhece. Ao mesmo tempo, eles são apenas pecadores salvos (é o
que se espera) pela graça. Eles estão aprendendo e crescendo, junto com o povo
de Deus. Deus nos permite cometer erros, a fim de que aprendamos lições; por
que, então, não dar aos pastores esta mesma chance? Claro que não me refiro
aqui às heresias e erros bíblicos nem a algum tipo de pecado que exija
disciplina da igreja. Refiro-me a coisas, como: permitir música que você
considere imprópria e talvez ser paciente demais com os novos convertidos sobre
a pureza de suas vidas e de não tratar de itens que você imagina que ele
deveria tratar; trazer pregadores que não o agradam, ter ou não ter um
ministério jovem, designar trabalhos para pessoas não habilitadas, fazer no Natal
coisas com as quais você não concorda; não enfatizar bastante o uso da Bíblia
King James e até usando, algumas vezes, versões “melhores ou diferentes”.
A qualificação maior do pastor é que ele não seja soberbo. (Tito 1:7). Isto
significa que ele deve governar a igreja conforme a vontade de Deus e não
conforme a vontade dele; pela Palavra de Deus e não pelas suas próprias idéias.
Um homem soberbo deseja governar as pessoas e controlá-las. É uma questão de
atitude do coração. Esta pode ser de orgulho e falta de compaixão e paciência
piedosa. Ao mesmo tempo, os membros da igreja não devem ser soberbos. Se Deus
não tivesse me vocacionado para ser pastor, eu jamais tentaria governar a
igreja. Não estou dizendo que o membro da igreja não tenha completa liberdade
de expressar sua opinião sobre as coisas. Não estou dizendo que a igreja não é
um corpo e que cada membro não deva ser tratado com piedosa consideração. Estou
dizendo apenas que o membro da igreja precisa se
examinar para ter a certeza de não estar tentando ser alguma coisa na igreja, para
a qual Deus não o chamou para ser.
“Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de
si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da
fé que Deus repartiu a cada um” (Romanos 12:3).
As mulheres devem ser duplamente cuidadosas neste assunto, porque a Palavra de Deus as proíbe de ensinar e de exercer
autoridade sobre o homem (1 Timóteo 2:12). As mulheres podem ser mais espirituais
do que os homens e saber mais; porém, Deus não
lhes deu a liberdade de ensinar aos homens. Então, elas devem ser pacientes e
submissas, grandes guerreiras na oração, a fim de moverem o coração de Deus
para que Este intervenha, através dos homens,
onde existem erros e problemas.
Isto não significa que uma mulher não possa chegar ao
seu pastor e a outros líderes da igreja, quando tiver perguntas e assuntos; mas, simplesmente que não lhe é permitido se
tornar mestra. Ela pode recomendar matérias para que os homens possam aprender
de outros homens; só não pode se tornar sua mestra.
Verifico que este assunto é muito delicado e que muitas mulheres têm escrito
para me ensinar, exortar e censurar, mas elas não estão isentas dessas
limitações, independentemente de quanto elas imaginem
que conhecem e quão corretas e próximas de Deus elas julguem estar.
>>>>O que estou tentando dizer e
exortar meus leitores é que, apesar de serem
muito sábias e pacientes, ao lidar com os líderes da igreja, conformem-se a
Gálatas 5:14-16: “... toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao
teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos
outros, vede não vos consumais também uns aos outros. Digo, porém: Andai em
Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne”. Deus deu autoridade
aos pastores (Hebreus 13:7,17). É verdade que alguns têm abusado de sua
autoridade, mas, mesmo assim, sua autoridade é ordenada por Deus. Ninguém mais
na igreja tem essa autoridade. Isto não significa que devemos
deixar passar as coisas que sabemos serem erradas. Os pastores não são
papas e não têm autoridade ilimitada. Sua autoridade é limitada pela Bíblia e
as igrejas não devem seguir os pastores que laboram em erro. Como membro de igreja, devo sempre me lembrar que o pastor tem a autoridade que eu não
tenho e que ele, não eu, deve responder perante Deus pela suas decisões
pastorais.
Existe um tempo para abandonar a igreja, quando esta estiver
caminhando na trilha do erro. Mas, também existe
uma maneira correta de fazê-lo. Existe um tempo e um modo apropriados para se abandonar
a igreja, caso esta não esteja seguindo a Palavra de Deus; mas, muitas vezes as pessoas abandonam a igreja por
motivos carnais e de maneira carnal.
Se alguém abandona a igreja por razões bíblicas e espirituais, sua
sabedoria está caracterizada nesta descrição de Tiago 3:17-18: “Mas a
sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável,
cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.
Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”
Quem a deixa desse modo, fala a verdade em sabedoria e amor. Essa pessoa abandona
a igreja por estar certa de ser esta a vontade de Deus, fazendo isto de maneira
pacífica e piedosa. Ela é respeitada pelos líderes, mesmo não concordando com
eles, nem guardando sentimento algum de mágoa contra eles.
Mas, quando alguém abandona a igreja
por motivos carnais, isto será caracterizado pela descrição de Tiago 3:14-16:
“Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos
glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto,
mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí
há perturbação e toda a obra perversa”.
Isto não é de Deus. Muitas vezes eu o tenho visto. As pessoas ficam
transtornadas com alguma coisa, abandonam a igreja, mas não o fazem de maneira
piedosa. Causam toda sorte de problemas, tentando ferir a igreja, antes de
deixá-la, muitas vezes sem mesmo falar do assunto com os líderes, de modo
generoso e franco. Estas não são pessoas facilmente tratáveis. Desapareceu todo
o amor que uma vez sentiram pela igreja e seus líderes. Elas agem, erroneamente,
pelas costas do pastor, desprezando sua posição.
Verifico que os cristãos descompromissados podem ser muito
prejudiciais e até podem falar mentiras sobre os homens e mulheres que tentam corrigir
o erro. Alguns têm contado, vezes sem conta,
mentiras a meu respeito, mas devemos ter o cuidado de não dar ocasião à carne, quando
tentamos combater o erro de maneira não espiritual e não sábia.
Se alguém precisar deixar a igreja, que o faça de maneira justa,
deixando um bom testemunho “tanto quanto possível”. Quem achar que deve
abandonar a igreja para se juntar a outra, que seja a uma melhor. Não faz sentido
pessoas afirmarem que estão deixando a igreja por causa do erro, indo para uma
pior.
NÃO PENSEM QUE A IGREJA PODE SER IGUAL À WAY OF LIFE
Uma parte do meu ministério, a de admoestação, não está
isento de defeito. Esta é a natureza do Fundamental Baptist Information
Service e da revista O Timothy. Não tenho a intenção de me “livrar
da necessidade” nesta parte do meu ministério. São vozes de admoestação e
exortação. Existe uma porção de ministérios de “encorajamento positivo”, por
aí. Esse tipo de ministério é bem visto, hoje em dia. Por outro lado, poucos são os ministérios confiáveis de admoestação.
Conforme vou dizer abaixo sobre o Fundamental Baptist
Information Service: “Nosso objetivo neste caso especial do nosso
ministério não é devocional, mas é prover informações para ajudar os pregadores
a proteger as igrejas, nesta hora”.
A revista O Timothy, a qual começamos a publicar há 26
anos, tem o mesmo objetivo. O título da revista foi tirado da 1 Timóteo 6:20: “Ó
Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos
e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência...”, afim de
apressar os homens, nos dias de hoje, “a batalhar pela fé que uma vez foi
dada aos santos” (Judas 1:3). Este é o nosso
fardo... Nosso objetivo é ajudar a proteger as igrejas contra a apostasia dos
tempos finais, através da pregação doutrinária e de cuidadosas pesquisas em registros
bem documentados.
Desse modo, o Fundamental Baptist Information Service e a
revista O Timothy se destinam a equipar
os pregadores para a admoestação. Não se trata de publicações
destinadas às famílias cristãs. Não são devocionais. Não contêm matérias de
interesse geral. Destinam-se a prover informações aos pregadores, a fim de que
estes possam proteger suas igrejas, nesta hora de profunda apostasia e sutil
compromisso com o erro.
O nome da Way of Life Literature vem de uma passagem bíblica
que eu li, há 32 anos, em Provérbios 6:23: “Porque o mandamento é lâmpada, e
a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida”. Achei que
era disso que precisávamos nos dias de hoje. Precisamos de mais reprovações à
falsa instrução, pois, graças a Deus, essas reprovações provêem vida. Quando
feita de maneira piedosa, a reprovação não se torna destrutiva, mas edificante,
doando vida. Quando as pessoas a recebem, elas são ajudadas a se prevenir do
perigo.
Desse modo, uma parte do meu ministério é muito negativa, pois é
focalizada em apontar o erro, exortando à separação e coisas assim. Ao mesmo
tempo, eu não gostaria de estar numa igreja que focalizasse apenas tais coisas.
Não gostaria de ver pessoa alguma tentando transformar o Fundamental Baptist
Information Service em sua “igreja”. Por favor, entendam que eu
não sou o seu pastor!
Uma igreja deveria pregar mais definitivamente contra o erro,
com mais clareza, o que a maioria das igrejas de hoje não faz, deixando de
lado esta área. Estou convencido de que toda
igreja deveria fazer literatura do tipo O Timothy e disponibilizar
livros do tipo Way of Life Literature para o seu povo, a fim de educá-lo
e protegê-lo do erro. Mas, tratar dessas coisas
não deve ser tudo que as igrejas deveriam estar fazendo, nem ser a parte mais importante do que deveriam fazer. A separação
eclesiástica é uma necessidade, mas a separação interior e de si mesmo nada
significa. A separação é apenas uma parede de proteção que colocamos ao redor
da obra do Senhor e, após separados, devemos nos
ocupar da própria obra, a qual é descrita, principalmente em Mateus 28:18-20;
Marcos 16:15; Lucas 24:46-48 e Atos 1:8 e em todo o restante das Escrituras do
Novo Testamento.
Quando prego nas igrejas, começo pelo Sul da Ásia e não pelo
material do Fundamental Baptist Information Service. Só raramente prego
sobre assuntos tipo Movimento Carismático e Catolicismo Romano, ou sobre a
Igreja Emergente, o Misticismo Contemplativo e Movimento Nova Era, embora fazendo
breves incursões de exortação sobre estes, na mensagem, por motivo de aplicação.
A grande maioria de minhas pregações semanais nas igrejas diz
respeito à exegese bíblica. Por exemplo, estou agora terminando uma série de 30
mensagens do Livro de Efésios. Todas as mensagens giram em torno da oração, do
amor a Cristo, da comunhão com Cristo, da santidade, da separação do mundo, da
evangelização, do plantio de igrejas, da fidelidade à obra do Senhor e da sã
doutrina bíblica.
Até mesmo em meu ministério de escrever não focalizo exclusivamente a
admoestação. The Way of Life Encyclopedia of the Bible & Christianity
and Hard Things to Be Understood e The Way of Life Advanced Bible
Studies Series, por exemplo, levaram mais tempo para serem produzidos do
que provavelmente tudo o mais que já escrevi e são ferramentas para o estudo da
Bíblia e da vida cristã em geral. Assim, até mesmo o meu ministério de escrever
não significa, de modo algum, apenas um ministério de admoestação. A série de
20 cursos do Advanced Bible Studies trata de coisas do tipo: “Como Estudar
a Bíblia”, “Profecia Bíblica”, “Doutrina Bíblica”, “História
da Igreja” e “A História da Geografia da Bíblia”. Estas matérias tem sido escritas durante os últimos cinco anos e o
total excede a 5.300 pp. Deveria ser óbvio que, como pregador, uma grande
porcentagem do meu tempo seria gasto sobre outras
coisas, além de admoestar sobre o erro.
Entendem o que estou dizendo? Cada igreja deveria admoestar claramente sobre o
erro, mesmo não sendo apenas uma estação de admoestação. Por favor, não compare
a sua igreja com o Fundamental Baptist Information Service ou pela
revista O Timothy, nem fique achando que o seu pastor deveria ser como o
irmão David Cloud. Neste especial aspecto do meu ministério, não sou um
pastor, mas, em vez disso, estou exercendo, eu creio, um tipo de ministério “profético”
(não me referindo à profecia como predição, é claro, mas como uma narrativa
antecipada).
Meu objetivo e desejo é ajudar e abençoar os pastores, provendo-os de informações
bem pesquisadas, a fim de colaborar com os seus ministérios, ao mesmo tempo sabendo
que existe muito mais a ser entregue aos seus ministérios do que apenas admoestação
sobre o erro.
Finalmente, não quero que meus leitores pensem que sou alguma coisa.
Não tenho de modo algum o desejo de criar seguidores
e nem que existam “cloudistas”. Não me considero melhor do que pessoa alguma. De fato, admito que algumas das pessoas que eu
admoesto sejam melhores cristãos do que eu em algumas áreas de suas vidas e
ministérios. Sou um enorme fracasso em muitos aspectos. Não possuo qualquer
aperfeiçoamento humano que não provenha potencialmente de Cristo. Sou apenas
um homem salvo pela imerecida graça de Deus e chamado para pregar a Sua
Palavra.
Quando algumas pessoas da África me escreveram, anos atrás, dizendo que iam
começar uma Igreja David Cloud, fiquei, no mínimo, impassível.
Estou convencido de que Deus me chamou para este difícil ministério e desejo
realizá-lo, pela Sua graça e acho que o tenho exercido com certo zelo e que
estou biblicamente qualificado para o mesmo, embora eu nada fosse quando o
Senhor me convocou, assim como continuo nada sendo, até hoje.
Não prego a mim mesmo e nem tenho intenção de fazê-lo.
Prego a Palavra de Deus. Pelo menos, este
é o meu desejo e minha intenção. Desejo seguir o mesmo modelo de ensino e confio
que os homens sigam a mesma regra da 1 Tessalonicenses
5:21: “Examinai tudo. Retende o que é bom”. João Batista foi sábio e piedoso ao dizer “que eu diminua”.
É isto que todo pregador deve falar do mais profundo do seu coração.
O apóstolo Paulo disse: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo”.
Podemos e devemos dizer o mesmo. Mas, também
precisamos reconhecer que já não somos apóstolos, hoje em dia. A única autoridade autêntica é a Escritura e não existe pregador infalível.
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