É preocupante a maneira como as pessoas usam
e abusam do termo evangélico. Consideram evangélicos todo aquele que
diz: "Senhor, Senhor!" (Mt.7:21). Mas o termo já está tão
desgastado e deturpado como o outrora honroso título de "cristão". Vê-se
com freqüência reportagens na TV sobre a guerra dos "cristãos" [ou
protestantes] da Inglaterra contra os católicos da Irlanda. O mundo do
Oriente erradamente considera todos os ocidentais como cristãos. Mas não podemos
rejeitar o termo "cristão" somente porque ele é usado distorcidamente por
crentes professos. Ele é nosso por direito, pois nos foi dado pejorativamente,
quando os oponentes do cristianismo o rejeitavam. Hoje todos, que se dizem
cristãos, aceitam o uso do termo. Mas os verdadeiros cristãos são aqueles que
seguem a Cristo e seus ensinamentos expostos na Bíblia Sagrada, sem nada omitir
ou acrescentar à Escritura. Então os cristãos professos deveriam rejeitar o
termo, porque eles não são seguidores de Cristo.
Entretanto para não ser
confundido com um cristão professo, prefiro identificar-me como cristão
fundamentalista. Os cristãos liberais detestam o termo fundamentalista, por
considerarem anti-social, anti-intelectual e
radical.
O fundamentalismo não está em alta
ultimamente, por causa da importância que a imprensa tem dado ao termo para se
referir aos fundamentalistas islâmicos. A idéia que se tem de um
fundamentalista, é de um fanático, ultrapassado, radical, inflexível e
ignorante. Portanto os cristãos professos não gostam se ser enquadrado nesses
termos.
Não me importo se ser classificado de
fanático radical, e não tenho receio de usar o termo. Identificar-se como
fundamentalista hoje, é expor-se como ignorante, separatista e ultrapassado, mas
é também demonstração de coragem e amor à causa da verdade.
Este termo é de grande significância
histórica para os verdadeiros cristãos, que defendem e praticam a verdadeira fé
cristã. Precisamos declarar a pleno pulmões: Não somos
protestantes, não somos evangélicos; somos cristãos
fundamentalistas!
O Dicionário Aurélio define
evangélico como "Relativo ou pertencente a certos grupos religiosos,
não ligados ao protestantismo histórico, que afirmam seguir os Evangelhos com
especial rigor e fidelidade." De acordo com esta definição, qualquer grupo,
que, originalmente, não faça parte do protestantismo histórico é considerado
evangélico, porque são seguidores do evangelho.
Mas nos séculos XVII e XVIII a igreja
evangélica [protestante e não-protestante] foi infectada por várias formas de
incredulidade. O deísmo inglês, o naturalismo francês, e o racionalismo alemão começaram a invadir
gradualmente a igreja professa, particularmente seus institutos de ensino.
Durante o papado de Pio X muitos professores foram expulsos das universidades
católicas porque rejeitavam a autoridade da Escritura e da Igreja Católica. O
papa Pio X passou a chamá-los de "modernistas". O liberalismo moderno atravessou o
Atlântico, infectando colégios e seminários teológicos vinculados a igrejas, nos
Estados Unidos da América.
A partir daí, os protestantes passaram
também a empregar o termo modernistas àqueles que rejeitavam a
Bíblia e a autoridade da Escritura e defendiam a supremacia da razão humana
sobre a revelação bíblica. A teologia
liberal dos modernistas mudou a autoridade da Bíblia para a experiência humana (razão e opinião) e
para os sentimentos humanos.
Passaram a defender a imanência
divina em detrimento de sua transcendência divina para ensinar que
Deus habita dentro do mundo e não à parte ou acima do mundo, levando à uma noção de
panteísmo e à paternidade universal de Deus, com um
conceito de fraternidade universal
entre os homens e um universalismo
teológico, valorizando, assim, as religiões pagãs.
O liberalismo teológico, por defender a
existência inata de uma bondade humana, trouxe um otimismo humanístico, servindo
de base ao progresso social, ao estado ético da perfeição humana, dando apoio
filosófico à teoria da evolução e apoio político ao socialismo
marxista.
Na verdade o liberalismo surgiu no Éden,
quando Satanás levantou a dúvida: "É assim
que Deus disse...?" O
liberalismo tem produzido um evangelho social, acerca do qual podemos mencionar
três resultantes:
uma falsa ciência: a teoria da evolução,
uma falsa filosofia: o marxismo,
uma falsa teologia: outro evangelho!
Com o surgimento dessas doutrinas satânicas,
batistas e protestantes, nos EUA, levantaram-se contra o modernismo,
posicionando-se ao lado da verdade bíblica. Desse modo tanto protestantes quanto
batistas, foram chamados de fundamentalistas. Mas quem primeiro
usou o termo foi Curtis Lee Laws, editor do jornal batista Watchman Examiner, de Nova York. A
intenção do autor era destacar verdades fundamentais do cristianismo, que os
modernistas estavam rejeitando (Ef.2:20;
1Co.3:11).
George
Dollar divide o fundamentalismo em três períodos:
(1) De 1875
a 1900, no qual líderes conservadores levantaram a bandeira contra o modernismo
dentro das denominações.
(2) De 1900
a 1935, no qual esses líderes deixaram suas denominações para formarem igrejas e
grupos separados. Eles foram os arquitetos da separação
eclesiástica.
(3) De 1935
a 1983, no qual a segunda geração de fundamentalistas continuou a batalha de
fora das principais denominações, e teve que lutar contra o movimento
neo-evangélico (Dollar, A History of Fundamentalism in
América, 1973).
Entretanto para facilitar o exame sobre o
fundamentalismo, aceitaremos sua classificação em quatro fases distintas, as
quais veremos a seguir:
Inicialmente o fundamentalismo defendia
apenas três pontos fundamentais, que às vezes, eram descritos como "os três R": a Ruína do homem no pecado; a Redenção através do sangue de Cristo; a
Regeneração pela ação sobrenatural
do Espírito Santo.
Como já vimos quem primeiro usou o termo foi
Curtis Lee Laws, editor do jornal batista Watchman Examiner, de Nova York. No
mesmo ano, em 1920, o batista John Roach Straton deu ao seu jornal o nome de O
Fundamentalista. Consideravam-se fundamentalistas aqueles que se opunham às
doutrinas dos liberalismo [ou modernismo] teológico, e embora o termo
fundamentalismo ainda não houvesse sido cunhado, seu espírito podia ser visto
entre aqueles que defendiam os fundamentos da fé fora das igrejas e dentro das
denominações. Desde 1878 os batistas e independentes pré-milenistas clamavam
contra o modernismo. Então em 1919 fundaram a Associação Mundial dos Fundamentos
Cristãos, tendo William B. Riley como presidente. Essa Associação passou a fazer
conferências bíblicas, apresentando os cinco pontos do fundamentalismo
que incluía:
(1) Inerrância das
Escrituras: cremos na inspiração
verbal-plenária da Escritura;
(2) Nascimento Virginal de
Cristo:
cremos que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo;
(3) Expiação Vicária de Cristo:
cremos
que Cristo morreu pelos [em lugar de os] pecadores;
(4) Ressurreição Corpórea e Segunda Vinda
[pré-Milenial] de Cristo: cremos que Cristo está vivo e
voltará;
(5) Historicidade dos
Milagres: cremos em todos os milagres
relatados na Bíblia.
Os
presbiterianos, em 1916, apresentaram os mesmos pontos fundamentais acima,
unindo o quinto ponto, o da historicidade
dos milagres, com o quarto, o da ressurreição corpórea. Mas os
fundamentalistas pré-milenistas tendiam a colocar no quarto ponto, o da ressurreição corporal e segunda vinda de
Cristo, a doutrina pré-milenial, mudando a historicidade dos milagres de quarto
para um quinto ponto, ou até mesmo a doutrina pré-milenial como o quinto ponto, conforme vemos acima.
Em 1923
Machen, um líder presbiteriano, em seu livro Christianity and Liberalism chamou a nova religião naturalista de liberalismo, mas posteriormente seguiu
a moda mais popular, chamando-a de modernismo.
As maiores
batalhas eclesiásticas ocorriam nas denominações Presbiteriana do Norte e
Batista do Norte nos EUA. Em 1921 os batistas criaram a Federação Nacional dos Fundamentalistas dos
Batistas do Norte e a Associação
Fundamentalista e em 1923 a União
Bíblica Batista. As batalhas centralizavam-se nos seminários, nas juntas
missionárias e na ordenação de ministros. No entanto as verdadeiras fortalezas
dos fundamentalistas eram as igrejas batistas do sul e as incontáveis novas
igrejas independentes espalhadas pelo sul, centro-oeste, leste e oeste dos
EUA.
Embora o
fundamentalismo inicial tenha sido divulgado através do cinco fundamentos, é um erro pensar que
apenas estes cinco pontos faziam parte do fundamentalismo. De 1910 a 1915 foi
publicado em 12 volumes uma obra chamada Os Fundamentos que já combatia uma lista
enorme de doutrinas heréticas.
Esta obra
teve sua origem entre pessoas das escolas bíblicas e eclesiásticos
independentes, associados, mais tarde, com o Instituto Bíblico de Los Angeles e
Instituto Bíblico Moody. Seus autores iniciais eram batistas, presbiterianos,
anglicanos e outros independentes, dos EUA, da Inglaterra, Escócia e Canadá.
Os oitenta
e três artigos abrangiam os seguintes temas:
(1) uma declaração e defesa
apologética das principais doutrinas cristãs (ex. Deus, a revelação, a
encarnação, a ressurreição, o Espírito Santo, a inspiração);
(2) uma defesa da
Bíblia contra a alta Crítica alemã;
(3) uma crítica a movimentos considerados
não-cristãos (ex. filosofia moderna, ateísmo, romanismo, eddyismo, mormonismo,
racionalismo, darwinismo [que deu origem ao Processo de Scopes em 1925],
espiritismo, socialismo);
(4) uma
ênfase dada à evangelização e às missões;
(5) vida piedosa como demonstração
prática de defesa da verdadeira fé.
Os
fundamentalistas fracassaram na tentativa de expulsar os modernistas de qualquer
denominação. Além disso eles perderam a batalha contra o evolucionismo. Agora
lutavam entre si, dentro das denominações, embora os ortodoxos fossem a maioria.
Por isso os fundamentalistas saindo de suas denominações, passaram a fundar
novas denominações. Em 1932 foi fundada a Associação Geral das Igrejas Batistas
Regulares, em 1936 a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, em 1938 a Igreja
Presbiteriana Bíblica, em 1947 a Associação Batista Conservadora dos Estados
Unidos.
George
Marsden faz o seguinte comentário sobre este fato: "Na década de 1930, quando se tornou
dolorosamente claro que reforma a partir de dentro não poderia evitar a expansão
do modernismo nas principais denominações do Norte [dos Estados Unidos], mais e
mais fundamentalistas começaram a fazer da separação [da maioria das
denominações da América] um artigo de fé. Embora a maioria que tinha sustentado
o Fundamentalismo nos anos de 1920 ainda permanecesse em suas denominações,
muitos batistas dispensacionalistas e alguns poucos
presbiterianos influentes estavam exigindo separatismo. (Marsden, Reforming
Fundamentalism: Fuller Seminary and The New Evangelicalism, Grand Rapids; Eerdmans, 1987, p7).
Além do
separatismo esses "novos" fundamentalistas defendiam o
cristianismo verdadeiro, baseado numa interpretação literal da Bíblia.
George Dollar dá a seguinte definição ao Fundamentalismo: "Fundamentalismo histórico é a interpretação
literal de todas as afirmações e atitudes da Bíblia e a aguerrida
denúncia-exposição de todas as afirmações e atitudes não bíblicas." (Dollar,
A
History of Fundamentalism in América, 1973). [O amilenismo e pós-milenismo rejeitam a interpretação literal da
Escritura, especialmente das profecias. Alegorizam a
Escritura para harmonizá-la com seus ensinamentos. Por conseqüência negam o
reinado futuro e literal de Cristo sobre a terra].
Neste
período o termo fundamentalista veio
a significar todos os protestantes ortodoxos, das denominações recém
estabelecidas das igrejas do sul [fora das grandes denominações do norte], e das
igrejas independentes em todas as partes dos EUA.
A partir de
1940 os fundamentalistas começaram a se dividir. Nesta divisão havia aqueles
que, voluntariamente, mantinham o uso do termo, por continuarem a defender as
doutrinas fundamentais da fé. Do outro lado havia aqueles que passaram a
rejeitar o termo por considerá-lo indesejável, por entender que o termo carrega
conotações de "divisão", "intolerância", "tolice" e atitude "anti-intelectual", despreocupado
com os problemas sociais.
Este
segundo grupo queria reconquistar a comunhão com os protestantes das grandes
denominações do norte, presbiterianos, batistas, metodistas e episcopais. Este
grupo passou a ser chamado de "evangelicais" ou "evangélicos". A partir de 1948
alguns passaram a ser chamados de "neo-evangélicos".
A partir
daí o termo fundamentalismo passou a
representar um significado contraste, não somente contra o liberalismo ou modernismo, mas contra o evangelicalismo ou neo-evangelicalismo.
O contraste
entre fundamentalistas e evangélicos foi institucionalizado pelo surgimento de
organizações. Os fundamentalistas fundaram em 1941 o Conselho Americano de Igrejas Cristãs,
de caráter separatista. Os evangélicos, em 1942, fundaram a Associação Nacional de Evangelicais, que aceitava todos os protestantes e todas
as denominações. O termo fundamentalista continuou sendo usado pelas igrejas que
compunham o Conselho Americano de Igrejas
Cristãs e por diversas igrejas sulinas e independentes não incluídas no
grupo. O Instituto Bíblico Moody e o Seminário Teológico de Dallas, usavam o
termo com orgulho. O Conselho
Internacional das Igrejas Cristãs, fundado em 1948, procurou dar ao termo
aceitação mundial, em oposição ao Conselho Mundial de
Igrejas.
Os
fundamentalistas e evangélicos, de 1950 a 1960, tinham muita coisa em comum.
Ambos criam nas doutrinas tradicionais da Bíblia, promoviam a evangelização e
missões, defendiam uma moralidade contra o fumo, a bebida, o teatro, o cinema, o
jogo de baralho. Os fundamentalistas, no entanto, eram mais fiéis ao
cristianismo bíblico. Militavam contra a apostasia nas igrejas, contra o
comunismo, contra os vícios pessoais e eram menos dispostos a conformar-se com a
respeitabilidade social e intelectual. Opunham-se ao evangelho ecumenizado de
Billy Graham, rejeitavam o liberalismo do Seminário Teológico Fuller.
Na América
do Norte e na Inglaterra, aqueles que não eram nem fundamentalistas nem
evangélicos, tendiam a considerar os dois grupos como fundamentalistas. Este
engano continua existindo hoje, pois muitos acreditam que todos os evangélicos
são fundamentalistas, o que não é a verdade. Esta noção equivocada deve-se
àqueles que defendem uma atitude não separatista, de caráter ecumênico entre as
denominações. Mas os verdadeiros fundamentalistas se destacam por sua atitude de
separação: "...saí do meio deles, e apartai-vos..."
(2Co.6:17) e
...sai dela, povo
meu" (Ap.18:4).
Embora os
neo-evangélicos se considerem fundamentalistas, a história demonstra que de fato
não são.
O
neo-evangelicalismo tem sempre apoiado os cinco fundamentos, com exceção do
dispensacionalimo. Até mesmo os idólatras romanistas e
os sabatistas legalistas concordam com os cinco
fundamentos. Todos os demônios também crêem! É certo que os cinco fundamentos
são indispensáveis, mas estão longe de serem suficientes. Assim os
neo-evangélicos, que não são fundamentalistas da antiga linha, que defendia
muito mais do que apenas os cinco fundamentos, se declaram fundamentalistas
somente porque aceitam os cincos pontos do fundamentalismo. Ao invés de
admitirem que não são fundamentalistas e admitirem que têm repudiado a
fundamento bíblico, eles têm feito concessões e transigências contrárias à
palavra de Deus. Eles estão tentando redefinir o fundamentalismo de modo que o
mesmo se ajuste às suas condições e na tentativa de adaptar o fundamentalismo às
suas crenças, eles têm afirmado que o fundamentalismo histórico não passou de
uma mera exaltação dos "cinco fundamentos".
O
surgimento do evangelicalismo e do neo-evangelicalismo
é a prova de que o fundamentalismo foi além de apenas defender os cinco pontos
fundamentais. A separação entre fundamentalistas e evangélicos é prova incontestável de
que havia diferenças gritantes entre esses dois grupos. Até mesmo antes de 1930
o fundamentalismo não foi conformista, mas depois desta data o fundamentalismo
tornou-se ainda mais separatista. O Dr. Cloud citando John Ashbrook informa que este autor definiu o fundamentalismo
como "a crença, a proclamação e o
guerrear pelas doutrinas básicas do cristianismo, levando a uma atitude de
separação escriturística daqueles que as
rejeitam." (Ashbrook, John,
Axioms of
Separation, nd,
p.10).
Hoje
aqueles que negam o guerrear contra
o erro e o separar-se,
características do Fundamentalismo Histórico, estão tentando reescrever a
história, isto é, falsificá-la, a fim de tornar o movimento evangélico ecumênico
aceitável, até mesmo por aqueles que, hoje, se declaram fundamentalistas.
A história,
no entanto, mostra que a nota chave do neo-evangelicalismo foi o repúdio ao
separatismo e a outros aspectos considerados negativos da antiga linha do fundamentlismo. Na sua história do Seminário Teológico Fuller, Reforming Fundamentalism, o historiador George M.
Marsden torna claro que os antigos líderes de Fuller estavam conscientemente recusando os aspectos
"negativos" da linha antiga do fundamentalismo histórico. O próprio título do
livro de Marsden é evidência do caráter do
Fundamentalismo Histórico, de estar em guerra. Está claro, para os historiadores
honestos, que o fundamentalismo de cinqüenta anos atrás, isto é, da década de
1940, era caracterizado por guerrear, caracterizado por ter a disposição de
lidar com os fatos negativos, expondo, denunciando e combatendo o erro e os
errados, e caracterizado por separação do erro e dos errados. Foram exatamente
esses fatos que fizeram nascer o neo-evangelicalismo, em oposição a estas
características do fundamentalismo histórico.
Marion
Reynolds, diretor da FEA Fundamental Evangelistic Association, em Los Osos,
Califórnia, conhece bem a história do fundamentalismo, pois seu pai foi um dos
líderes do fundamentalismo de antigamente, e ele próprio tem estado na linha de
frente do fundamentalismo por pelo menos 40 anos. Então Marion sabe do que está
falando, ele conhece a verdadeira história do fundamentalismo
americano.
Ao replicar
à acusação de Jack van Impe, Marion disse que os
líderes fundamentalistas de hoje têm abandonado suas heranças e que o
fundamentalismo de antigamente foi, não apenas confrontar ou guerrear contra o
erro, mas sim, e muito mais, uma afirmação positiva das doutrinas centrais do
cristianismo.
Reynolds
diz que "foi nos inícios da década de
1940 que uma maior separação ocorreu, e o movimento evangélico nasceu. Foi nesta época que
o mesmíssimo espírito agora sendo advogado por van
Impe foi a força impulsionadora da decolagem do movimento evangélico. Daquele
tempo em diante, a incessante batalha entre o fundamentalismo e o liberalismo tem sido complicada por
este terceiro movimento, o evangelicalismo, que tomou uma
posição intermediária, de traiçoeiro acomodamento e colaboracionismo. Alegando que, doutrinariamente, apega-se à
posição fundamentalista, o evangelicalismo advogou uma
posição mais positiva e uma comunhão mais aberta. Um ponto principal, naquele
tempo, como hoje, gira em torno da questão de como tratar os irmãos que andam
desordenadamente, e se constitui desordem ou não para um irmão, o permanecer em
comunhão com aqueles que negam os fundamentos da fé. Os verdadeiros
fundamentalistas crêem que todos os irmãos que têm comunhão com falsos mestres
também são igualmente desobedientes e também estão caminhando desordenadamente.
Portanto, o mandamento de Deus para
nos separarmos de tais irmãos desobedientes não é menos importante para ser
obedecido do que o mandamento de Deus para nos separarmos dos falsos
mestres."
(M.H. Reynolds Jr. Heart
Disease
in
Christ's Body: Fundamentalism... Is It Sidetracked? [Doença Cardíaca no Corpo de Cristo:
Fundamentalismo... Está ele posto de lado, num desvio sem saída?] Los Osos,
Fundamental Evangelistic Association, nd).
Nos fins da
década de 1970 os fundamentalistas norte-americanos destacaram-se nacionalmente,
especialmente pela campanha de Ronald Reagan pela presidência dos Estados Unidos
em 1980. Ofereceram uma resposta àquilo que muitos consideravam uma suprema
crise social, econômica, moral e religiosa nos EUA. Identificavam um novo
inimigo: o humanismo secular que era responsável por subverter escolas,
universidades, o governo e, acima de tudo, as famílias.
Estes
fundamentalistas lutavam contra todos os inimigos originados do humanismo
secular: o evolucionismo, o liberalismo político e teológico, a moralidade
pessoal frouxa, a perversão sexual, o socialismo, o comunismo e qualquer
diminuição da autoridade absoluta e inerrante da
Bíblia. Conclamavam os norte-americanos a voltarem aos fundamentos da fé e aos
valores morais fundamentais dos Estados Unidos.
Na
liderança desta fase encontrava-se uma nova geração de fundamentalistas que
usavam a televisão e a palavra impressa, tais como Tim LaHaye, Hal Lindsey e Pat Robertson. A base deles era batista e sulina, mas alcançaram
todas as denominações. Tiveram o benefício de três décadas de expansão
fundamentalista, mediante a evangelização, as publicações, o crescimento da
igreja e o ministério pelo rádio. Tendiam a ofuscar a distinção entre
fundamentalistas e evangélicos, e por isso, nem todos os fundamentalistas
aceitavam estes novos líderes, razão pela qual foram designados de
neo-fundamentalistas.
Os
neo-fundamentalistas continuavam a apresentar traços importantes do antigo
fundamentalismo, mas eram de muitas maneiras diferentes de seus
antecessores.
O Congresso
Mundial dos Fundamentalistas, que se reuniu em 1976, no Usher Hall, Edinburgh, Scotland deu a seguinte definição de um fundamentalista:
"Um
fundamentalista é um crente nascido de novo no Senhor Jesus Cristo
que:
1. Mantém uma
inarredável lealdade à Bíblia, como sendo inerrante,
infalível e verbalmente inspirada.
2. Crê que tudo
que a Bíblia diz, assim é.
3. Julga todas as
coisas pela Bíblia e somente dela aceita julgamento.
4. Afirma as
verdades fundamentais da fé cristã histórica: a doutrina da trindade, a
encarnação, o nascimento por uma virgem, a expiação substitutória [sic], a ressurreição corporal em glória, a
ascensão, a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, o novo nascimento através da
regeneração pelo Espírito Santo, a ressurreição dos santos para a vida eterna, a
ressurreição dos perdidos para o julgamento final e a condenação eterna e
consciente, a comunhão dos santos, os quais são o corpo de
Cristo.
5. Pratica
fidelidade àquela fé e empenha-se por pregá-la a toda
criatura.
6. Expõe e se
separa de toda negação eclesiástica àquela fé, acomodação com o erro e apostasia
da verdade.
7. Ardentemente
guerreia pela fé que, de uma vez para sempre, foi entregue aos santos."
(CLOUD, David W. Way
of Life Literature, 1701 Harns Rd, Oak Harbor, WA 98277, [http://wayoflife.org/~dcloud])
O
fundamentalismo tem tomado uma grande variedade de formas. Como um movimento,
tem sido largamente interdenominacional, mas muitas igrejas separatistas e
independentes, tais como as igrejas conhecidas como Batistas Independentes e
Igrejas Bíblicas Independentes, têm aceito o nome de Fundamentalista. Apesar
desta variedade, no entanto, uma das principais marcas características do
fundamentalismo – sua própria essência – sempre tem sido o guerrear pela fé [o
corpo de doutrina] da palavra de Deus. Qualquer crente que não seja
verdadeiramente guerreador no seu posicionar-se pela verdade não tem nenhum
direito de herdar nem usar o nome de Fundamentalista Bíblico.
Weniger
escreveu para combater a falácia de que os fundamentalistas se preocupam apenas
com os cinco fundamentos: "Como afluente
presbiteriano da luta contra o modernismo, o fundamentalismo talvez tenha a ver
somente com os cinco fundamentos... Mas a corrente principal do fundamentalismo,
mais especificamente os Batistas de todas as faixas, os quais de longe
representam a grande maioria dos fundamentalistas, nunca aceitou somente os
cinco fundamentos. A World's Christian Fundamentals Association
[Associação Fundamentalista Cristã Mundial], fundada em 1919, tinha pelo menos uma
dúzia de doutrinas cristãs ressaltadas. O mesmo é verdade quanto à Fundamental
Baptist Fellowship
[Comunhão dos Batistas Fundamentalistas], originada em 1920. Um verdadeiro
fundamentalista sob nenhuma circunstância restringiria sua posição doutrinária
aos cinco fundamentos. Mesmo o Dr. Carls F. H. Henry,
um teólogo neo-evangélico, listou pelo menos várias dúzias de doutrinas
essenciais à fé. A única vantagem de reduzir a fé a cinco fundamentos é fazer
possível uma mais larga inclusão de religionistas [sic], que podem estar muitíssimo afastados em
heresias em outras doutrinas específicas. É muito mais fácil ter um grande
número de adeptos, quando nos acomodamos ao mais baixo denominador comum em
doutrina." (G. Archer Weniger, in Calvary Contender, 15 de abril de
1994).
O Dr. David
W. Cloud em sua obra Way of Life
Literature, argumenta: "Embora o acomodamento doutrinário e o
mundanismo estejam devorando algumas Igrejas Batistas Fundamentalistas, pelas
suas beiras, louvo a Deus pelo Movimento Fundamentalista. Louvo a Deus que por
26 anos, no meio da apostasia destas últimas horas, tenho encontrado comunhão
com igrejas que são comprometidas com todo o conselho de Deus. Posso ficar de pé
no púlpito de centenas de Igrejas Batistas Fundamentalistas e pregar qualquer
coisa da Bíblia e ser completamente franco ao falar sobre apostasia e pecado, e
receber um amém. Louvo ao Senhor por isto. Batistas crentes na Bíblia são mais
que Protestantes ou Evangélicos. Eles não crêem que o Catolicismo Romano
necessita ser reformado; crêem que ele foi a mais completa apostasia já desde
sua incepção, no século IV. Em tudo procuram encontrar a si próprios em acordo
com a autoridade do Novo Testamento, inclusive quanto às ordenanças e a
eclesiologia. Rastreiam sua herança não através da Igreja Católica Romana, via
Reforma, mas através das igrejas Neo-Testamentárias que foram perseguidas por
Roma através da Idade das Trevas. Não dão a mínima importância às tradições,
exceto aquelas deixadas pelos apóstolos no Novo Testamento."
Pastor
Luiz Antonio Ferraz
http://br.geocities.com/prlaferraz/index.html
Todas as
citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC
(até 1948) são as autênticas Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), são as
únicas que o crente deve usar, pois são fielmente traduzidas somente da Palavra
de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o
Textus Receptus).
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.