Em 1996, metade dos americanos freqüentadores de igreja participava de somente 12% das igrejas do país (1) e a tendência de formação de mega-igrejas continua em ritmo crescente. Existem muitas razões para essa tendência, mas em grande parte, o crescimento das mega-igrejas está baseado na aposta que os membros dessas igrejas fazem parte de uma organização que exemplifica aquilo que é reconhecido como sucesso. Embora essas igrejas certamente tenham um impacto muito positivo em seus bairros e cidades e sejam vistas como virtuais centros de refúgio dentro do charco moral em grande parte decadente do novo milênio; é preciso novamente repetir a pergunta - O sucesso percebido de uma organização religiosa que recebe aplausos entusiásticos dos homens é necessariamente equivalente à aprovação de um Deus santo? Além disso, em que base se estabelece aquilo que Deus aprova? As respostas honestas a essas perguntas precisam depender unicamente da obediência aos ensinos doutrinários e aos métodos detalhados na Palavra de Deus; e pode-se chegar logicamente à conclusão que qualquer igreja ou organização religiosa em crescimento que afasta-se das instruções da posição bíblica está meramente experimentando crescimento com base nos mesmos conceitos utilizados por qualquer empresa secular em expansão. A partir da perspectiva do novo paradigma, a infusão desses conceitos seculares nas operações da igreja é classificada como "novo modo de pensar".
Um conhecido pastor do novo paradigma deu um perfeito exemplo do novo modo de pensar quando afirmou, "As igrejas que se empenham para serem igrejas do Novo Testamento precisam buscar viver seus princípios e absolutos, não reproduzir os detalhes." (2) O que ele quer dizer com "princípios", "absolutos" e "detalhes"? A definição que ele faz desses termos ficaram claros quando também afirmou, "Estamos no negócio de construir o Reino de Deus." (3) Com base nessas duas declarações, pode-se somente assumir que ele quer dizer que a igreja precisa manter as doutrinas fundamentais da fé, mas esquecer-se das instruções para as igrejas dadas aos coríntios, a Timóteo (veja o Capítulo 8) e aos outros destinatários das epístolas do Novo Testamento em favor dos princípios empresariais do marketing discutidos na "Regra 1". O problema com essa abordagem é o simples fato que a metodologia da Palavra de Deus não pode ser ignorada e ao mesmo tempo a pureza de sua doutrina ser mantida. Como afirmado em um capítulo anterior - a obra de Deus precisa ser realizada do modo de Deus. Uma vez que os métodos do homem são empregados, a Palavra de Deus é contemporizada, e uma contemporização leva a outra até que o cristianismo autêntico deixa de existir. Quando levado até suas conclusões lógicas, esse é o ponto culminante da Religião Orientada Para Resultados.
O fato é que a maioria das mega-igrejas afirma ser "orgulhosamente evangélicas". (É preciso observar que sob o guarda-chuva do termo 'evangélico' residem muitas tonalidades de igrejas não-denominacionais, interdenominacionais, conservadoras, carismáticas e independentes.) (mas)... geralmente não as fundamentalistas". (4). Essa declaração fundamental de posicionamento doutrinário é confirmada pela descrição, "... eles levam a Bíblia muito a sério, se não sempre literalmente". (5). Francamente, Lúcifer e seus anjos caídos encaram a Bíblia com muita seriedade, mas há um "grande abismo" que separa uma posição da inerrância literal ou uma interpretação literal da Palavra de Deus e meramente "encarar a Bíblia com seriedade". Essa visão menos que literal da Palavra de Deus está levando muitos que usam o distintivo de "evangélico" a direções que continuam a alargar a distância entre as igrejas que mantêm a verdade bíblica e aquelas que estão simplesmente brincando de igreja.
Essas direções são evidentes na declaração citada anteriormente de um pastor de uma dessas mega-igrejas quando ele disse, "Estamos no negócio de construir o Reino de Deus'". (6) Embora essa afirmação possa soar boa à primeira vista (e as intenções do pastor possam muito bem ser nobres - Deus é o juiz nesta matéria) há um erro insidioso e duplo nessa filosofia:
1. "Estamos no negócio de..."
2. "... construindo o Reino de Deus"
Esta regra baseia-se em duas suposições:
Essa promoção está tentando vender a idéia que chegou o tempo de pular para dentro do vagão e provocar uma transicão em sua igreja de uma posição tradicional e separada para o modelo do novo paradigma porque Deus está abençoando o novo sonho de como fazer igreja com números que estão levando países inteiros ao reavivamento! Agora, quem em sã consciência não quereria receber esse derramamento das bênçãos de Deus? Qual cristão não gostaria de ver milhares de pessoas convertendo-se a Cristo? Qual pastor não gostaria que sua igreja fosse a maior igreja na história do cristianismo? Além de fazer essas perguntas, deve-se também ser muito cuidadoso para não ser nem um pouquinho crítico desses sucessos porque tal espírito crítico seria o mesmo que criticar o derramamento do Espírito de Deus.
Além disso, se alguém conclui que CRESCIMENTO = BÊNÇÃO, a lógica diz que NENHUM CRESCIMENTO = MALDIÇÃO. Com base na conclusão que nenhum crescimento é o resultado da maldição de Deus sobre um dado ministério, existem milhares de pastores e missionários que trabalharam fielmente durante anos sem ver frutos visíveis de seus esforços que foram sem dúvida amaldiçoados por Deus. Poderia essa possibilidade ser verdadeira? Se o crescimento numérico deve ser a base para as bênçãos de Deus, não seriam a Igreja Católica Romana e a Igreja Mórmom as duas organizações mais abençoadas que "usam o nome de Jesus Cristo na face da Terra? Isso significa que qualquer pequeno trabalho é um triste fracasso à vista de Deus? Todos devem brincar de igreja com os números ou arriscar incorrer na maldição de Deus? Todos os verdadeiros pastores tementes a Deus estão sonhando esse "novo sonho'? De onde esse novo sonho se originou? Esse 'sonho' é o resultado da liderança do Espírito Santo de Deus, ou é a tática de marketing que alguém esquematizou para obter um determinado resultado?
Embora todas essas perguntas mereçam uma resposta, outras questões precisam ser feitas primeiro: De onde a Associação Batista de Dallas obteve essas informações? Estão esses números de "pessoas que estão se convertendo a Cristo" vindo de igrejas bíblicas ou dos serviços carismáticos de informações? Os ministérios carismáticos têm um histórico de anunciar grandes reavivamentos em países do Terceiro Mundo, lotando os estádios com pessoas que desejam a cura para suas enfermidades físicas ou testemunhar algum sinal sobrenatural. Foi exatamente o que aconteceu anos atrás no Brasil. De acordo com fontes como PTL (Praise The Lord) e TBN (Trinity Broadcast Network) houve um grande reavivamento no Brasil, mas contatos com missionários fundamentalistas bíblicos naquele país revelam que esse reavivamento foi uma total fabricação. A mesma dúvida precisa ser lançada nos números da Associação Batista de Dallas, e certamente ninguém em boa consciência poderia atribuir à metodologia do novo paradigma qualquer genuíno reavivamento - pois há uma vasta diferença no verdadeiro reavivamento e um resultado numérico baseado nas táticas de marketing das agências de propaganda situadas na Avenida Madison, em Nova York.
Isto posto, o terreno foi preparado pela Associação Batista de Dallas para que qualquer indivíduo em seu meio que venha a criticar o Seminário de Transições das Igrejas seja rotulado de divisivo ou cismático por criticar o derramamento do Espírito Santo. Os números são verdadeiramente convincentes e a evidência parece ser massacrante, de modo que por que alguém poderia pensar em criticar tal movimento? De modo a ganhar uma melhor compreensão, um exame mais de perto em alguns dos detalhes dessa transição precisam ser investigados. As seguintes são as orientações para fazer a transição da igreja conforme delineadas pelos principais pensadores do novo paradigma:
1. Faça tudo o que for necessário para alcançar as pessoas para Cristo.
Essa primeira orientação soa muito piedosa e espiritual. Aceitando-se essa afirmação como está, a maioria dos leitores deste manuscrito concordaria que tais esforços de evangelismo são requeridos desde que a metodologia esteja dentro do contexto bíblico. Entretanto, é preciso lembrar o contexto dessa afirmação. Ela deve ser lida assim: "Faça tudo o que for necessário para alcançar seu mercado-alvo para Cristo." Isso simplesmente significa que uma igreja precisa:
2. Esqueça as preferências pessoais para alcançar os perdidos. (12)
Novamente, essa afirmação precisa ser vista em seu contexto. Por exemplo:
3. Enfoque em objetivos pragmáticos e medidos em vez de acadêmicos. (13)
O foco nos objetivos pragmáticos está baseado na mesma posição que CRESCIMENTO=BÊNÇÃO. Os objetivos pragmáticos dizem que se um plano de ação resulta na execução bem sucedida de um determinado resultado, esse resultado (bem como os métodos usados para alcançar o resultado) precisam ser a vontade de Deus para o ministério e evidências da bênção de Deus. Além disso, para garantir a replicação do resultado, o processo precisa passar por precisas medições e procedimentos. Essas medições podem estar baseadas no número de respondentes, no dinheiro coletado nas ofertas, na venda de materiais relacionados, ou no crescimento mensurado da igreja. Essas mensurações podem ser equiparadas aos balanços de lucros e perdas ou gráficos de crescimento das receitas. Todo esse programa é muito similar aos modelos empresariais, como o Controle Estatístico do Processo, os procedimentos das normas ISO, ou o Gerencimento da Qualidade Total. A chave para o processo neste caso, entretanto, é a correlação do sucesso do programa com as bênçãos de Deus no próprio processo.
Por outro lado, o "antigo modo de pensar" pode incluir objetivos acadêmicos e não-pragmáticos, como expor a verdade da Palavra de Deus, a edificação dos ouvintes, a comunhão dos crentes, o crescimento espiritual, o impacto da Palavra de Deus nos corações dos ouvintes, corações transformados, vidas transformadas e vida santa. Todos esses objetivos acadêmicos e tradicionais não necessariamente resultariam em crescimento da igreja. As pessoas que porventura compareçam a um serviço de igreja que propague esses objetivos podem não tolerar a intrusão da Palavra de Deus em seus desejos carnais; e alguns indivíduos podem não lidar bem com a afronta ao seu estilo de vida pessoal. Além disso, muitos desses objetivos nunca poderiam ser medidos precisamente deste lado da eternidade. Entretanto, a obtenção desses objetivos colherá retribuições eternas em vez de garantir auto-satisfação temporária do ouvinte ou o crescimento e enriquecimento da organização.
4. Enfoque na Experiência. (14)
Os "Três Pilares" da igreja orientada para resultados são "Relevante, Animada e Prática". Esses três pontos focais são a fundação da implementação da metodologia do novo paradigma. Esses pontos serão tratados em mais detalhes na "Regra 5", mas é preciso compreender que qualquer coisa na cultura atual que é caracterizada por esses três princípios precisa estar baseada na experiência humana a partir de uma perspectiva secular. Nesse caso, se alguém desejar se relacionar com o Henrique e a Simone sem-igreja, precisa relacionar-se com a relevância contemporânea para as experiências de vida pessoais do Henrique e da Simone. Portanto, qualquer tentativa de alcançar o Henrique e a Simone com o evangelho em qualquer nível fora daquilo que eles reconhecem como sendo de relevância prática derivada da experiência pessoal é fútil, e o Henrique e a Simone nunca irão então adentrar pela porta da igreja. Se esse é absolutamente o caso, a abordagem ao ministério precisa estar baseada e em sintonia com a cultura pós-moderna. Um dos melhores exemplos da implementação desse método é o estilo de encontro de grupo do "Estudo da Bíblia" em que cada um dos participantes relaciona-se com uma determinada passagem das Escrituras com base em "O que esta passagem diz para mim?" A essência de tal "estudo" depende de uma interpretação das Escrituras com base na experiência individual da pessoa. Tais exercícios, na maior parte das vezes, simplesmente resultam em uma "acumulação da ignorância" (15) sem que ninguém deixe a sessão remotamente enriquecido com o alimento sólido da Palavra de Deus. Uma vez que esse estilo de metodologia seja adotado, questões mais sérias aparecem na igreja. Por exemplo, uma igreja pode adotar uma determinada posição em qualquer variedade de assuntos - divórcio e recasamento, participação em sociedades secretas, qualificações para os pastores e diáconos, homossexualidade, aborto, etc. ad nauseum com base nas experiências pessoais na vida do "facilitador da visão para a igreja" em vez de em "Assim diz o SENHOR".
Se a Palavra de Deus é para ser obedecida, a busca por uma espiritualidade orientada pela experiência dentro da igreja precisa ceder lugar à vida dirigida e cheia com o Espírito Santo. Além disso, a vida cheia do Espírito somente pode ser derivada da total obediência à Palavra de Deus interpretada dentro de seu contexto. Do contrário, o foco na experiência é uma abordagem auto-centrada à espiritualidade com total ambivalência aos mandamentos da Palavra de Deus. A idéia da caminhada cristã baseada em "Como me relaciono com Deus e o que Ele faz por mim" é absolutamente risível. Essa teologia psicologizada tem levado muitas pessoas na igreja a adotarem uma atitude em relação a Deus e à Sua Palavra que caracteriza os membros da igreja moderna como "filhos mimados de Deus" em vez de santos obedientes e altruístas e um Deus que é caracterizado mais como uma "mamãe ganso" (16) do que o Criador onipotente do universo, que exige obediência à Sua Palavra. A igreja precisa esquecer a abordagem fatal orientada para resultados no ministério, "retornar ao básico" da Palavra de Deus e seguir os princípios de governança da igreja, conforme prescritos nas epístolas de 1 e 2 Timóteo. (Veja o Capítulo 6.)
O édito de "nunca criticar aquilo que Deus está abençoando" não somente leva o filho de Deus mais para fundo na precária e confusa teia da tolerância pós-moderna (veja o Capítulo 6), mas também leva o indivíduo a um caminho que está em oposição direta à Palavra de Deus. Um dos mais notáveis elogios em todo o Novo Testamento foi dado aos bereanos em Atos 17:11:
"Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim."Embora as palavras que os bereanos estivessem avaliando fossem verdadeiras, eles confirmaram tudo o que ouviram com a verdade da Palavra de Deus. Porventura o autor do livro de Atos os criticou por terem sido tão julgadores, divisivos ou intolerantes? O autor do livro de Atos os condenou por não aceitarem a palavra dos missionários sem nada questionar? Não, muito pelo contrário, os bereanos foram elogiados por manterem a Palavra de Deus como o padrão e a base da verdade - exatamente como os cristãos de hoje deveriam também fazer, e exatamente como o apóstolo Paulo afirmou, "Mas o que é espiritual discerne bem tudo". (17)
Usar a Palavra de Deus como o padrão final de medição não está muito mais na moda, e os verdadeiros cristãos estão enfrentando cada vez mais acusações de preconceito, arrogância e intolerância. Entretanto, existem algumas regras básicas que todo cristão deve seguir na preparação para encontrar qualquer diálogo religioso:
Em resumo, a Regra 4 é meramente uma acusação velada de intolerância contra qualquer um que questione a validade da teoria de que CRESCIMENTO = BÊNÇÃO. Uma vez que os números impressionantes da Religião Orientada Para Resultados são medidos pelo padrão da Palavra de Deus, a Igreja do Novo Paradigma desaba do elevado pedestal da aclamação para as profundezas das tentativas humanas e mundanas de contornarem ou evitarem as instruções escritas de Deus.
O Dr. Rick Warren, da Igreja de Saddleback, é o originador dessa regra para a igreja do novo paradigma. Em seu livro, Uma Igreja com Propósitos, o Dr. Warren faz diretamente a pergunta, "Você está sendo fiel à Palavra de Deus se insistir em comunicá-la em um estilo fora de moda?" (20). Ele também diz, "Defendo a posição que quando uma igreja continua a usar métodos que não funcionam mais, isso é ser infiel a Cristo." (21). Para responder a essas acusações, é preciso primeiro fazer uma análise das perguntas com base na metodologia incorporada pela igreja do novo paradigma. Essa metodologia do novo paradigma, conforme ela se relaciona com os estilos fora de moda" e "métodos que não funcionam mais" podem ser discutidos sob os seguintes títulos:
Relacionar-se com a cultura popular é a base para o modo de pensar do novo paradigma, e é esse raciocício furado que inicia mais uma descida à apostasia. Entretanto, é muito interessante (conforme registrado nos capítulos anteriores) que a batalha (mal-posicionada como possa estar) para "salvar a cultura e a herança cristã" deteriorou-se ao ponto que a igreja precisa agora relacionar-se com a cultura pós-moderna para experimentar crescimento. Se alguém pudesse viajar de volta no tempo para os anos 60 e examinar as origens da cultura pós-moderna de hoje, ver de primeira mão o movimento hippie, e estudar o estilo de vida dos "Malucos por Jesus" ninguém poderia ter imaginado que essas filosofias teriam um peso tão grande sobre o braço conservador da igreja evangélica na virada para o século XXI. A maioria dos cristãos conservadores (com algumas exceções notáveis, como Billy Graham) ficou horrorizada com o caminho cultural que aqueles jovens tinham começado a percorrer. Esse grupo, como regra geral, via o Filho de Deus como "um rebelde barbudo com uma causa, de 2000 anos atrás" (22). Porém, parcialmente alimentados pelo apoio de homens como Billy Graham, "Malucos por Jesus", como Bill Hybels, conseguiram com sucesso integrar aquela mesma cultura no reino do evangelicalismo conservador. Para conseguir essa tarefa, a estratégia da infiltração, proposta com estardalhaço pelos neo-evangélicos (veja o Capítulo 3), foi brilhantemente executada para fazer a transição do evangelicalismo conservador e o de muitos fundamentalistas para o pensamento do novo paradigma.
Esses aspectos do modo de pensar do novo paradigma são resumidos na seguinte afirmação do guru de crescimento de igrejas Donald McGavran, "Os maiores obstáculos para a conversão são sociais, não teológicos." (23) Essa afirmação, na verdade, abre a porta para a edição cultural do evangelho de Jesus Cristo até um ponto que o desfigura e o torna irreconhecível biblicamente. Se os obstáculos são sociais, os relacionamentos sociais e os princípios da psicologia humanista devem tomar precedência sobre o ensino doutrinário da Palavra de Deus. Em segundo lugar, se esse é então o caso, a igreja deve identificar-se com a cultura, abraçar a cultura, e realinhar suas prioridades para dar aos princípios da psicologia humanista domínio sobre os princípios doutrinários da Palavra de Deus de modo a ganhar convertidos e experimentar o crescimento exponencial da igreja. Os resultados finais de tal "ministério" produzirão pessoas que não terão mais a capacidade de discernir a diferença "nos ensinos das Escrituras e nos do psicólogo Carl Rogers". (24) Foi exatamente isso que aconteceu na Igreja da Comunidade de Willow Creek, pastoreada por ninguém menos que o ex-"Maluco por Jesus" Bill Hybels.
Um exemplo dessa posição pode ser vividamente ilustrada analisando-se um sermão pregado em uma igreja do novo paradigma em um bairro residencial elegante de Atlanta, na Geórgia, em 2/11/2003. A estrutura em tópicos da mensagem foi anotada por este autor, que estava entre as estimadas 7.500 pessoas presentes naquele culto dominical. Mesmo sabendo o que deveria ser esperado em uma "igreja" como aquela, o conteúdo da mensagem foi muito pior do que poderia ser imaginado. Pelo menos o pastor preparou os ouvintes para o pior quando afirmou que compreendia que muitos dos presentes tinham crescido na igreja; e que alguns teriam problemas com a experiência. Entretanto, para deixar todos os presentes à vontade (com algumas poucas exceções - uma das quais pode ser você), ele afirmou, "Nós nos desfizemos da parte da igreja..." Todo o programa (que iniciou com uma solista cantando o sucesso do momento "Por que os tolos de apaixonam?") e sua mensagem em particular confirmou esse comentário além de qualquer sombra de dúvida:
O tema do sermão foi "Fazendo a Coisa Certa". O veículo por meio do qual esse tema foi ilustrado foi o exercício de sabedoria na área da pureza sexual. A mensagem alinhou-se perfeitamente com os "Três Pilares" da igreja do novo paradigma mencionados anteriormente. Ela foi relevante, animada e prática. Entretanto, ela não foi bíblica. O resumo da estrutura em tópicos é o seguinte:
A. Qual é a coisa sábia a fazer?
D. Ações que não são sábias levam à conseqüências sérias na vida mais tarde.
E. Devemos estabelecer padrões pessoais que nos inibam de cruzar a linha para atos que não são sábios.
Essa mensagem teria sido mais apropriada para uma palestra secular da Dra. Laura Schlessinger (que provavelmente também utilizaria mais referências religiosas). Entretanto, essa mensagem foi baseada estritamente na psicologia, e não na Bíblia. Uma análise dos pontos principais revela o seguinte:
Se a cultura pós-moderna, que enfatiza mais a psicologia que a teologia, for usada para fazer uma igreja crescer, tal igreja logo cessará de ser uma verdadeira igreja (veja o Capítulo 2) - pois, como foi conclusivamente ilustrado, a mensagem precisa mudar para acomodar uma cosmovisão psicológica. O mesmo se aplica em outras áreas, como o ensino da evolução como um fato científico, a aceitação da homossexualidade, etc. Embora essas questões e filosofias estejam em contradição direta à Palavra de Deus, a igreja do novo paradigma precisa chegar a um consenso com o Henrique e a Simone sem-igreja sobre esses tópicos para que eles adentrem pela porta da frente da igreja.
Como ilustrado em outros casos, Rick Warren novamente abusa da credulidade e insulta a inteligência de seus leitores no livro Uma Igreja com Propósitos, com a revelação esclarecedora, "Quando Jesus disse aos seus discípulos para comerem o que for colocado diante deles, estava instruindo-os a serem sensíveis à cultura local." Os discípulos viviam em Israel - a cultura judaica. Eles compartilhavam a cultura judaica baseada na Lei Mosaica como todos aqueles com quem se comunicavam. Em outras palavras, eles já faziam parte da mesma cultura, e para o Dr. Warren manipular as Escrituras em uma tentativa anêmica de justificar metodologia sem base escriturística é claramente enganoso. Com Rick Warren como o "menino poster" (e a despeito do ensino específico na Palavra de Deus exigindo santidade e separação), a igreja do novo paradigma convida as filosofias humanistas do mundo para se infiltrarem e permearem a teologia cristã até o ponto que a síntese resultante crie um ambiente de transição na igreja que deixe o descrente muito à vontade, em conforto. Como resultado dessa síntese, essa pseudo-igreja começa a buscar ao deus (a inicial minúscula é intencional) que deseja em vez de o Deus eterno e onipotente. À medida que essas filosofias começam a se construir uma sobre a outra e se multiplicar, igrejas como as das Comunidades de Willow Creek, Saddleback e Northpoint alcançam o resultado dual do crescimento exponencial e a erradicação do fundamentalismo fora de moda de seu meio.
A Igreja de Saddleback, pastoreada por Rick Warren, está afiliada à Convenção Batista do Sul dos EUA e o Dr. Warren foi educado em seminários da Convenção Batista. A igreja de Saddleback é uma igreja batista. Entretanto, o nome dela não é Igreja Batista de Saddleback, mas simplesmente Igreja da Comunidade de Saddleback. O Dr. Warren insiste que a eliminação de "Batista" do nome não é uma contemporização, mas uma estratégia de marketing. (25) Evidentemente, muitos outros pastores chegaram à mesma conclusão e o nome "Igreja da Comunidade" está se tornando cada vez mais comum nos últimos anos. Muitas dessas igrejas têm tradicionalmente adotado um rótulo "não-denominacional", porém cada vez mais, as igrejas estão se movendo para uma posição "interdenominacional".
A principal razão para deixar os estigmas denominacionais é evitar perder aqueles que discordam das posições de um determinado grupo ou denominação. Por exemplo, as igrejas batistas ensinam o batismo por imersão após a salvação, a segurança eterna dos crentes e a autonomia da igreja local. Isso difere das denominações protestantes que mantiveram as práticas católicas do batismo infantil, a perda da salvação por continuar a pecar, e a hierarquia eclesiástica. Como base nesses dois exemplos, a igreja não-denominacional, como regra geral, adota um sistema de crenças que cruza as barreiras denominacionais tradicionais. Por exemplo, uma igreja não-denominacional pode praticar o batismo infantil e ao mesmo tempo ensinar a segurança eterna do crente. Por outro lado, a igreja interdenominacional busca eliminar os credos teológicos e encontrar um terreno comum com todas as denominações com base em "Apenas ame a Jesus - a teologia só atrapalha." (26) A Igreja da Comunidade de Willow Creek identifica-se como interdenominacional. Isso simplesmente significa que Willow Creek aceita pessoas de qualquer matiz denominacional e, como outras igrejas do novo paradigma que usa um nome neutro, não é dirigida por um sistema de crenças ou por uma determinada teologia, mas sim por uma filosofia de marketing.
Este autor tem uma posição totalmente pró-KJV (King James Version, equivalente da tradução Almeida, Corrigida e Fiel), mas também está muito ciente das dinâmicas potencialmente destrutivas do debate sobre as traduções. Antes de iniciar qualquer debate, qualquer discussão, ou apresentar argumentos sobre a questão da tradução, é preciso ser muito cuidadoso para lembrar que essas discussões giram em torno da Palavra de Deus e, assim, o assunto deve ser abordado com reverente conhecimento das palavras que se originaram muito além do nível humano. O fato é que a KJV e a NKJV (New King James Version) são as únicas traduções inglesas das Escrituras que estão baseadas exclusivamente no Texto Bizantino da igreja primitiva (não-católica) - o Textus Receptus (o Texto Recebido), e esse foi o texto usado pela verdadeira igreja por mais de 1.600 anos. Como discutido no Capítulo 2, todas as traduções modernas, com exceção da NKJV, utilizam o Novo Testamento de Wescott e Hort, e a história é conclusiva que as intenções de Wescott e Hort eram descontinuar (se não destruir) o Texto Recebido, os manuscritos usados por Wycliff, Tyndale e Coverdale em todas as primeiras traduções das Escrituras Sagradas para o inglês. Isto posto, aqui não é o local para entrar no debate sobre as traduções, e este autor também não adota a posição que os fundamentalistas de boa fé que optam por uma posição mais branda sobre a questão da tradução "afastaram-se da fé". Entretanto, esses fundamentalistas precisam estar bem cientes do fato que a utilização de traduções modernas das Escrituras tornou-se uma estratégia crítica na criação da igreja do novo paradigma. Quando implementada em todos seus outros aspectos, essa estratégia resultará na criação de uma igreja para a cultura pós-moderna que desafia todos os aspectos do fundamentalismo e busca fazer a transição da igreja para uma religião híbrida que atraia um segmento populacional de nível social mais elevado. Com base unicamente nesse fato, as igrejas com a coragem de seguir e preservar as instruções das Escrituras precisam também adotar uma política que exija que somente uma tradução baseada no Texto Recebido (como a Almeida Corrigida e Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana, ou a Almeida Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil) seja usada do púlpito, em todos os materiais para a Escola Dominical, por todos os professores que lecionam na Escola Dominical, e em todas as funções oficiais da igreja. Sempre haverá alguns que discordarão dessa posição, mas os seguintes aspectos precisam ser considerados:
A cultura pós-moderna da sociedade ocidental tornou-se uma cultura da psicologia e, aparentemente, ninguém mais é responsável por seus próprios atos. Todos são vítimas: Meus problemas foram causados por outra pessoa; agi de uma maneira imprópria por que sofri abuso na infância; tenho estes problemas por que passei por privações quando criança; sou simplesmente uma vítima do ambiente em que vivi; sou basicamente uma boa pessoa, mas não tenho auto-estima devido às ações de outras pessoas; preciso... preciso... preciso, e outra pessoa é a culpada. A reação popular a essa vitimização maciça da sociedade é o aconselhamento ou a terapia, e a "grande comunidade evangélica" não é exceção à regra. O fato é que a igreja evangélica foi "seqüestrada pela psicologia no final dos anos 70" (27) e nunca mais retornou à sua habitação original. Como evidência disso, alguns dos evangélicos mais famosos são "psicólogos cristãos" que ganharam fama e dinheiro propagando uma síntese de ensino cristão com a psicologia popular. O problema intrínseco associado com tal síntese é o fato que (como indicado no Capítulo 8), os conceitos do genuíno cristianismo e da psicologia serem diametralmente opostos. Em resumo, a psicologia procura olhar dentro do indivíduo para encontrar bondade e força, ao mesmo tempo em que acusa as influências externas pelas deficiências do indivíduo. O cristianismo, por outro lado, ensina que o indivíduo é um pecador depravado sem justiça própria e cuja única esperança é a justiça imputada de Jesus Cristo. A psicologia procura formar a auto-estima do indivíduo, enquanto a Palavra de Deus declara que os indivíduos devem "considerar os outros superiores a si mesmo". [Filipenses 2:3] Em essência, a "Geração do EU" busca auto-justificação dentro de si mesmos em vez de buscar a justificação diante de Deus pela fé na obra consumada de Jesus Cristo.
Assim, na busca de um caminho de auto-realização, a igreja evangélica hoje desenvolveu um "novo evangelho" que é mais apropriado para atender às necessidades sentidas do Henrique Sem-Igreja, da Simone Sem-Igreja, ou do típico residente do Vale de Saddleback, do que em tratar a questão das suas ofensas à justiça de um Deus que é santo. Esse "novo evangelho" precisa incorporar a terminologia da psicologia para garantir que os indivíduos sem-igreja possam relacionar-se em um nível prático, e precisam apelar ao atendimento das necessidades sentidas e emocionais dos sem-igreja, de modo a fazê-los compreender a necessidade de freqüentar regularmente a igreja. Os princípios desse "novo evangelho" são os seguintes:
O psicólogo cristão defenderá a posição que:
Entretanto, como pode a infusão do humanismo no cristianismo bíblico fazer algo senão corromper o cristianismo bíblico? A Bíblia é muito clara que todas as respostas aos problemas da vida são encontradas dentro da palavra revelada de Deus. Isso significa que se alguém estiver buscando a "coisa sábia a fazer", lidar com o pecado pessoal, lutar com relacionamentos interpessoais, ou determinar qual metodologia deve ser usada para alcançar os perdidos - as respostas não se encontram na experiência do homem, nas estratégias do marketing ou na psicologia. As respostas, entretanto, residem dentro das páginas da eterna e infalível Palavra de Deus. Portanto, ao buscar o aconselhamento cristão, a pessoa deve buscar aqueles que seguem as instruções da Palavra de Deus em resolver as respostas aos dilemas da vida. Com base nessa verdade, a fórmula da psicologia cristã deve ser redefinida:
ESCRITURA + MÉTODOS PSICOLÓGICOS = PERVERSÃO DA VERDADE
ESCRITURA (TESE) x PSICOLOGIA CLÍNICA (ANTÍTESE) = RESULTADO (SÍNTESE)
Por outro lado, o aconselhamento bíblico cristão não buscará infundir o humanismo no cristianismo bíblico; mas, ao invés disso, o conselheiro cristão bíblico manterá as Escrituras em seus próprios méritos e princípios. Como a Palavra de Deus ensina que o cristão está em uma luta constante contra a velha natureza pecaminosa, os indivíduos precisam se confrontar com a fonte do problema e abordar cada questão a partir de uma posição de fraqueza humana e sob a ótica de um Deus Santo - em vez de procurar atribuir a culpa aos outros. O conselheiro cristão baseado na Bíblia forçará o indivíduo a ver a si mesmo como Deus o vê e a lidar com seus problemas a partir da perspectiva que eles são provavelmente conseqüência do pecado. Asim, a fórmula escriturística do aconselhamento está em oposição direta à fórmula proposta pela cultura pós-moderna da psicologia. (33)
Quando a Igreja do Novo Paradigma infunde os métodos pseudo-científicos e a terminologia de Carl Rogers, Skinner, Jung, ou Freud nos princípios da Palavra de Deus, não existe mais convicção do pecado, a rebelião do Henrique Sem-Igreja contra Deus não é abordada e não ocorre nenhum evangelismo genuíno. Se os pastores acharem que precisam encaminhar membros de suas igrejas a terapeutas profissionais (seculares ou cristãos), devem primeiro considerar que esses terapeutas desenvolverão o amor a si mesmo em um indivíduo que pode estar precisando desesperadamente fazer uma auto-confrontação e lidar com questões em sua vida em um nível espiritual. Conforme T. A. McMahon afirmou:
"O aconselhamento secular começa e termina com o eu: o aconselhamento profissional 'cristão' inicia e termina com o cristianismo interpretado por meio das teorias do 'eu'. O resultado de ambos é a antítese daquilo que a Bíblia ensina." (34)Mesmo que um pastor que está brincando com o jogo da Igreja do Novo Paradigma perceba as questões associadas com o encaminhamento dos membros de sua igreja à psicoterapia, ele criou um grande dilema para si mesmo:
Como mencionado anteriormente neste manuscrito, a única coisa com a qual podemos contar é a mudança e não há um aspecto da sociedade do século 21 em que a mudança seja mais óbvia que na área da tecnologia. Considere o exemplo do agora desprezado videocassete. O videocassete tornou-se um aparelho de consumo popular no início dos anos 80, em meio a um grande grande entusiasmo geral. Agora, vinte anos mais tarde, o videocassete está se tornando obsoleto com o advento da tecnologia do DVD. Esse é apenas um dos muitos exemplos que confirmam o grande avanço em vídeo, telecomunicações, informática e muitas outras tecnologias que tornaram a vida do dia a dia muito diferente do que era nos anos 70, nos anos 80 e até mesmo no início dos anos 90. Esses avanços na tecnologia tiveram um impacto enorme na igreja e em sua capacidade de edificar e de evangelizar. A televisão via satélite permitiu que os ministérios cristãos transmitissem a mensagem do evangelho de Jesus Cristo a milhões de pessoas, que de outro modo não teriam ouvido a proclamação do evangelho. Embora a tecnologia tenha se tornado um maravilhoso instrumento no ministério da igreja, tornou-se também um ingrediente vital no crescimento da Religião Orientada Para Resultados.
O vulcão da tecnologia entrou em erupção após a Segunda Guerra Mundial e os indivíduos que cresceram a partir dos anos 50 cresceram com a caixa mágica - a televisão. Antes da televisão, a vida era muito diferente: as crianças ocupavam seu tempo com atividades físicas, tarefas no lar, ou lendo livros; os vizinhos conversavam uns com os outros regularmente (ou até diariamente); e os membros das famílias passavam tempo conversando, trabalhando e brincando juntos. Entretanto, a "babá eletrônica" agora já formou e moldou três gerações de indivíduos com imagens que estabeleceram um padrão para o que é considerado verdadeiro entretenimento. Além disso, o padrão tem sido constantemente elevado para o que exatamente é entretenimento aceitável e o que é insanamente enfadonho; e os padrões definidos por Hollywood e que retratam o que constitui entretenimento válido entrou fundo na psiquê de todas as pessoas. É a infusão desse padrão em todas as facetas da vida que tornaram o ensino e o entretenimento inseparáveis; (36) e, como resultado, a televisão criou um clima em que os indivíduos "não mais pensam e analisam... mas simplesmente respondem à manipulação inteligente de suas emoções". (37). A influência da televisão exerce muitos efeitos profundos na igreja evangélica moderna, e é esse Padrão de Hollywood [aqui no Brasil diríamos, o Padrão Globo de Qualidade] que a Igreja do Novo Paradigma aspira alcançar. A instilação de motivação para essa aspiração torna-se óbvia quando se compreende que os participantes no Jogo da Igreja do Novo Paradigma percebem que não somente podem se identificar, mas também assimiliar aquilo que há de mais avançado da cultura pós-moderna, de modo a obter o resultado do crescimento exponencial da igreja dentro de um mercado-alvo que está em ascensão na escala social. Ignorar o impacto da utilização da tecnologia que permite que o serviço da igreja imite o Padrão de Hollywood certamente (aos olhos do participante do novo paradigma) equivale a "comunicar a Palavra de Deus em um 'estilo fora de moda".
Neste ponto, é preciso entender que os cristãos não devem confundir teologia com "estilo". A teologia baseia-se em substância, e o estilo está baseado nos desejos da cultura. Portanto, adotar a metodologia do novo paradigma de colocar o estilo sobre a substância equivale a colocar "as coisas deste mundo" sobre as coisas de Deus. Quando isso acontece, "o resultado final de confundir teologia com estilo é uma teologia confusa". (38) Muitas igrejas estão tentando fazer a ponte entre os diferentes estilos de adoração oferecendo um "serviço contemporâneo" para os jovens e um serviço mais tradicional para a "velha-guarda". Normalmente, o resultado de ficar em cima do muro e tentar agradar a todos é o desastre. Lembra-se do princípio do novo paradigma de alcançar um mercado-alvo específico? Essa metodologia somente confunde a questão por que as "igrejas" que recorrem a essas estratégias estão criando um cisma tentando "atender às necessidades sentidas" de diversas atitudes e cosmovisões sem nenhum denominador comum para manter a organização junta. Sim, existem aqueles que dirão, "Vamos esquecer a teologia e apenas amar a Jesus! - Você pode amar a Jesus no serviço tradicional, e eu posso amar a Jesus no serviço contemporâneo - Seremos todos uma grande e feliz família desde que apenas amemos a Jesus." Entretanto, sem teologia, a qual "Jesus" essas pessoas amarão? O argumento sempre retorna ao ponto que aqueles que jogam os resultados do Jogo da Igreja do Novo Paradigma estão realmente colocando o estilo sobre a substância, e qualquer sistema de crença que não tenha substância (neste caso, a sã doutrina) é meramente um jogo de conchas. Um provocador experiente do jogo de conchas certamente reunirá uma multidão e receberá os aplausos dos homens. Entretanto, por quanto tempo os aplausos dos homens ecoarão na eternidade? Quantas conversões genuínas advirão da manipulação emocional de um jogo de conchas? Como podem os santos reunidos serem edificados presenciando um jogo de conchas?
Embora toda igreja deva buscar honrar a Deus e ao mesmo tempo edificar os santos com a ordem e o conteúdo de cada serviço da igreja, existe o já mencionado "grande abismo" entre aqueles que ministram segundo o modelo bíblico e aqueles que implementam o padrão de Holywood de produção e apresentação. Trazer o padrão de Hollywood para dentro da igreja é algo muito arriscado, mas o perigo certamente é percebido quando a igreja substitui ou confunde a edificação com o entretenimento. A maioria das pessoas compreende o entretenimento do estilo de Hollywood, mas o que exatamente é edificação? A palavra grega que foi traduzida como "edificar" na Bíblia pode ser melhor definida como "o processo de construir uma estrutura". Essa é exatamente a principal função da igreja:
Além disso, o entretenimento (ao contrário da edificação) não constrói nada. O indivíduo vem à igreja, é entretido até o ponto em que vai embora sentindo-se bem consigo mesmo, mas não há mudança na vida - há somente um vazio mais profundo no espírito que quando ele adentrou pela porta da frente. O indivíduo pode sair exclamando "Esta igreja tem estilo!" - mas sem que a doutrina seja ensinada para convencer ou edificar, tal igreja tem falta de toda a substância transformadora de vidas. Finalmente, esse indivíduo simplesmente testemunhou um perfeito jogo de conchas - um jogo que poderia possivelmente resultar em ramificações eternas indescritíveis e horrorosas para sua própria alma.
Aquele que comete o crime de apresentar algo enfadonho sem ser solicitado perde automaticamente o Jogo da Igreja do Novo Paradigma. De acordo com a filosofia do novo paradigma, enfadar o buscador em um serviço de igreja é o "pecado imperdoável" e aquele que apresenta a referida chatice está na realidade cometendo pecado. A implicação dos parágrafos anteriores indica que se alguém atende o Padrão Hollywood de entretenimento, o serviço da igreja não será chato. Olhando de forma lógica essa mentalidade, será se seguir uma abordagem alternativa ou até oposta ao ministério condena esse ministério primeiro à chatice e depois ao fracasso? A resposta a essa pergunta está mais dentro do coração do ouvinte que na metodologia real usada no serviço da igreja. O Padrão de Hollywood, mencionado anteriormente, tem influenciado os indivíduos na cultura ocidental a se tornarem muito mais resistentes às coisas de Deus que os indivíduos nas gerações anteriores - os corações de cada nova geração parecem estar se endurecendo ao evangelho. Essa opinião é a base inteira para o argumento apresentado por Rick Warren, Robert Schuller, Bill Hybels e todas as demais "estrelas" do Novo Paradigma - que para efetivamente ministrar, é preciso "relacionar-se com a cultura popular" (39). Esse argumento soa não somente crível, mas altamente justificável na superfície, mas há um ingrediente vital que todo esse movimento parece desconsiderar:
A obra de Deus não está sob o controle da metodologia, tecnologia, engenhosidade, sabedoria, ou direção do homem; e a obra de Deus não pode ser adequadamente executada usando-se práticas empresariais seculares. A obra de Deus está sob a direção do Espírito Santo, e o Espírito Santo de Deus opera dentro dos limites da palavra escrita de Deus.
É claro que a Palavra de Deus deve ser apresentada com entusiasmo. Entretanto, os dois ingredientes necessários para o sucesso do ministério são muito simples:
"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medula, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (40).
Uau! Como pode algo tão poderoso ser enfadonho? Se essa arma for utilizada como ela própria manda, por que deveriam os cristãos "comunicarem por meio da porta dos fundos" das emoções das pessoas? Por que os cristãos precisam de uma estratégia de marketing? O fato é que a Religião Orientada Para Resultados trouxe o mundo para dentro da igreja e mostrou ao Espírito Santo o caminho da porta de saída pelos fundos. Se os indivíduos endurecerem seus corações ao Espírito de Deus até ao ponto em que fiquem enfadados com a Palavra de Deus, nenhuma quantidade de manipulação, entretenimento, ou psicologia trará esses indivíduos aos pés do Salvador. Esses indivíduos poderão vir à "igreja" para serem entretidos, para receberem orientações sobre como reduzir a carga de estresse, ou para construir sua auto-estima - mas até que abram seus corações para a direção do Espírito Santo, a condição espiritual de seus corações continuará a mesma.
A seguir estão algumas citações que formam a base da "Regra 5" do Jogo da Igreja do Novo Paradigma:
O homem de Deus deve estudar a Palavra de Deus, defender e preservar a doutrina vital que ela ensina, alcançar os perdidos com essa verdade, alimentar as ovelhas com essa verdade, e confiar o depósito dessa verdade a homens fiéis que a perpetuem para as futuras gerações.
Permitir a entrada do estilo ou da cultura na equação somente corrompe ou perverte a Palavra de Deus com a sabedoria do mundo. O homem de Deus deve manter as antigas verdades a despeito dos ditames e da sabedoria da cultura pós-moderna, e deve se firmar e pregar essas antigas verdades sem fazer quaisquer concessões ao mundo moderno que escarnece dessa posição "fora de moda".
Autor: Mac Dominick
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