Os capítulos anteriores desta série podem ser lidos em "A Espada do Espírito", em http://www.espada.eti.br/pragmatismo.htm
O vento que soprava nas plantações de algodão do Delta do Mississipi não conseguia aliviar a estranha opressão da noite e a lua pelejava contra as trevas para conseguir iluminar pelo menos tenuamente a solitária figura com uma guitarra na mão que se aproximava do cruzamento entre as Rodovias 61 e 49, perto de Clarksdale, no estado do Mississipi. Essa solitária figura tinha um encontro marcado com o destino e seu coração certamente pesava e palpitava tanto que o homem mal sentia o incômodo vento leste que soprava seu lamentoso uivo pela plantação. Quando chegou à desolada encruzilhada, recitou um antigo encantamento invocando o espírito de Legba para abrir o caminho para os espíritos apropriados canalizarem suas energias por meio de sua guitarra - exatamente enquanto o curandeiro do vodu que o tinha instruído canalizava um espírito usando seu próprio corpo. A figura solitária então se sentou na encruzilhada e começou a tocar a guitarra. Quando deu meia-noite, a figura sombria de um enorme homem negro materializou-se diante de seus olhos, pegou a guitarra, afinou-a e entregou-a de volta ao músico solitário antes de desaparecer em pleno ar. Mais uma vez, o músico solitário começou a tocar, mas desta vez, o espírito de Legba permeou cada fibra do homem à medida que sua guitarra espontaneamente produzia o estilo musical que viria a ser conhecido como "The Blues". Tivesse o homem sido capacitado com clarividência para ver o futuro, certamente teria ficado arrasado com o fato que tinha acabado de ser o progenitor de um estilo musical que varreria toda a civilização ocidental - pois ao fazer um pacto com Legba, (que é a versão no vodu para aquele que os cristãos chamam de Lúcifer), Robert Johnson tinha acabado de se tornar o "Pai do Rock and Roll". Assim, pode-se afirmar que a música Rock é "uma derivação do vodu, a versão americanizada da religião africana". (1)
Essa descrição deriva da lenda de Robert Johnson, o homem que recebe o crédito de ter criado o gênero musical que se tornaria a base para a música Rock contemporânea. Por essa distinção, o nome Robert Johnson está colocado de forma permanente no Salão da Fama do Rock and Roll em Cleveland, em Ohio. Embora o relato precedente seja parte de uma lenda, o fato é que o Rock and Roll realmente tem suas origens no vodu africano. Para evitar qualquer malentendido, essa observação não é uma acusação racista, mas simplesmente aponta para a música e os ritmos derivados das práticas profundamente ocultistas daqueles que estavam escravizados não somente pelos homens, mas também pelos poderes demoníacos em religiões que descendem diretamente das religiões cananitas no Velho Testamento. Esses escravos africanos trouxeram consigo para o Novo Mundo a adoração aos seus falsos demônios-deuses, suas danças rituais e suas batidas de tambores. De acordo com Eileen Southern:
"Não há dúvidas que o Haiti foi o local central em que as tradições religiosas africanas ... sincretizaram-se com as crenças do catolicismo romano para produzir o vodu... as cerimônias giravam em torno da adoração ao deus-serpente Damballa por meio do canto, das danças e da possessão espiritual". (2)
Ela também diz:
"Não se pode negar que há um forte relacionamento entre o que descobrimos no vodu haitiano demoníaco e seu correspondente na cidade de New Orleans e outras cidades do sul dos EUA. Não se pode negar também que o movimento do Rock and Roll moderno evoluiu parcialmente de algumas das danças descritas anteriormente, progredindo por diversos estágios: dança Rumba, Rhythm and Blues, Rock and Roll, Disco, Heavy Metal, etc... dizer que uma conexão africana com os ritmos do Rock não existe é igualmente enganoso e desonesto." (3)As origens da música Rock contemporânea não somente tiveram suas raízes no reino demoníaco do espiritismo e do vodu, mas também produziram exemplos morais como Marylin Manson, Janis Joplin, KISS (Knights in Satan's Service, ou Cavaleiros no Serviço de Satanás), Ozzy Osbourne e Black Sabbath, ACDC (Anti Christ Devil's Child, ou Anticristo Filho do Diabo), e outros numerosos demais para mencionar. Além disso, a cultura do Rock and Roll gerou o abuso generalizado das drogas, introduziu as religiões orientais na sociedade ocidental e facilitou a revolução sexual. O clímax da nova geração do Rock and Roll veio nas agitações sociais do final dos anos 60 quando aqueles que nasceram no período pós-guerra lançaram fora os padrões morais absolutos de seus pais em um esforço de criar uma sociedade baseada no relativismo "faça aquilo que você quiser e do modo como quiser". Como resultado da "nova moralidade" e da adoção generalizada das "novas realidades da vida", a fibra moral da geração da Segunda Guerra Mundial foi completamente perdida na nova contracultura (veja o Capítulo 4). O epicentro dessa nova cultura estava localizado nos campus universitários de todo o país e foi liderada por grupos de universitários radicais como os Estudantes Por uma Sociedade Democrática (SDS, de Students for a Democratic Society). A partir desse clima político e social emergiu um exército virtual de indivíduos jovens e contrários ao sistema, que ficou conhecido como hippies.
A cultura hippie adotou um estilo de vida que promovia o anticapitalismo, a vida em comunidades, o abuso das drogas, o pacifismo, um estilo relaxado de se vestir, religião oriental, ambientalismo radical, e tudo o mais que parecesse estar em conflito direto com os padrões e valores da geração anterior - porque esses indivíduos viam a si mesmos como revolucionários com um "chamado justo" para mudar o mundo. O movimento hippie não era nem remotamente cristão, mas um segmento do movimento começou a ver Jesus Cristo como o "primeiro revolucionário". Eles viam o Deus encarnado como "um rebelde barbudo com uma causa de 2000 anos atrás" (4) Embora muitos tenham começado a professar fé em Jesus Cristo, havia um grande problema: Eles queriam possuir o dom eterno oferecido pelo Salvador, mas sem qualquer vestígio de santificação pessoal. Em essência, desejavam continuar em seu estilo de vida contrário à Bíblia, anti-sistema, ao mesmo tempo em que faziam profissão de fé em Cristo. Esses indivíduos ficaram conhecidos como "Malucos Por Jesus", ou "Povo de Jesus". Havia outros sinais dentro do movimento Malucos Por Jesus que imediatamente começaram a levantar bandeirolas vermelhas para os fundamentalistas bíblicos. Por exemplo, em Seattle, "o Exército do Povo de Jesus" foi criado em resposta a uma visão recebida pela evangelista Linda Meissner, que viu um 'exército de adolescentes marchando para Jesus'." (5) Incidentes como esse introduziram as filosofias carismáticas no movimento e somente serviram para obscurecer ainda mais uma situação teologicamente confusa. Uma vez que pastores conservadores começaram a recrutar ligações com os hippies em suas equipes ministeriais, esses indivíduos tiveram efeitos dramáticos nas igrejas. Billy Graham começou a comparecer aos encontros do "Povo de Jesus" e instruía os jovens a "ficarem doidões por Jesus sem bloqueios e sem ressaca". (6) Alguns ministérios formados fizeram tentativas genuínas de alcançar esses jovens com o evangelismo bíblico autêntico, mas outros, como Billy Graham, usaram a filosofia neo-evangélica da infiltração (veja o Capítulo 3) e adaptaram seus ministérios para atenderem especificamente a esse segmento populacional.
Para os propósitos desta discussão, o desenvolvimento mais dramático concebido dentro do "Movimento de Jesus" foi a criação de uma síntese da música Rock e com as letras religiosas que levou o Movimento Carismático (veja o Capítulo 5) para o evangelicalismo dominante até que essa síntese se transformou naquilo que é agora chamado de Música Cristã Contemporânea (MCC). Assim, a música do Movimento de Jesus que começou em cafés, clubes noturnos religiosos, grupos de igrejas como Son City (liderados por Bill Hybels, o pastor atual da Igreja da Comunidade de Willow Creek), deram à luz bandas de Rock religioso, e festivais organizados de Rock religioso tornaram-se o novo padrão para a música sacra para muitos milhares de evangélicos. A desculpa popular dada em todos os níveis para esse novo padrão paradoxal era comumente definido como "Eles estão combatendo a influência negativa da música Rock dominante". (7) Essa desculpa faz a falsa suposição que a música em si é amoral, como declarado no "Credo do Roqueiro Cristão":
"Acreditamos que essas verdades são auto-evidentes - que toda a música foi criada igual - que nenhum instrumento ou estilo musical é em si mesmo maligno - que a diversidade da expressão musical que emana do homem é uma evidência da ilimitada criatividade do nosso Pai Celestial" (8).Os "roqueiros cristãos" que redigiram esse credo deveriam ou estar caminhando adormecidos durante suas vidas inteiras, ou estavam sendo totalmente desonestos. A música não é amoral. Existem estilos de música, cultura ou arte que têm uma virtude intrínseca - virtude baseada na própria beleza". (9) Por outro lado, existem estilos musicais, culturais, ou artísticos que são intrínsecamente imorais - imoralidade que não somente apela e exalta a carne, mas que produz comportamento inadequado nos indivíduos. Por exemplo, no caso do "Rap", esse tipo particular de expressão está associado com "matar policiais, estuprar mulheres, e vender bebida". (10). O fato é que não é a letra que constitui a imoralidade desta e de outras formas do gênero Rock, mas a música Rock tem uma imoralidade intrínseca e um apelo distinto à natureza carnal do homem. De acordo com o Dr. Max Schoen, em The Psycology of Music, "a não-neutralidade da música é tão esmagadora que francamente fico admirado que uma pessoa séria diga o contrário". (11) (O Dr. Schoen fez essa observação em 1940 - muito antes do advento do "Rock and Roll".) Richard M. Taylor acrescentou, "Não podemos mudar o efeito básico de certos tipos de ritmos e batidas simplesmente inserindo algumas palavras religiosas ou semi-religiosas." (12) Finalmente, até mesmo tipos como Frank Zappa (da banda Mothers Invention), na edição de 28/6/1969 da revista Life declarou, "O Rock é sexo. A batida combina com o ritmo do corpo." (13). A Bíblia, em total contraste, instrui os cristãos, na epístola aos Filipenses, a "pensar em tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama". [Filipenses 4:8-9] A pergunta que então precisa ser feita é: O gênero de Rock com letras "cristãs" produz conformação ou rebelião a Filipenses 4?
De acordo com o Dr. Jack Wheaton, autor de Crisis in the Christian Music, existem muitos perigos em adotar o formato do Rock, adicionar letras cristãs e então pensar que você tem uma nova forma de música realmente sacra:
"Rejeito a idéia que os estilos musicais possam ser julgados como música boa ou ruim... O tipo de música que que você gosta é definido pela sua formação e pela sua cultura." (17)
A segunda sentença dessa afirmação pode ter alguma validade, mas a segunda sentença não tem correlação lógica alguma com a primeira. O estilo musical de preferência pode bem ser determinado principalmente pela formação e cultura do indivíduo, mas esse fato não neutraliza a moralidade ou imoralidade da música. Por exemplo, como no caso mencionado anteriormente do vodu, existem culturas inteiras que são inquestionavelmente controladas pelo ocultismo e pela feitiçaria; e, como resultado, o estilo musical preferido por um membro dessa cultura é com toda a probabilidade também demonicamente inspirado (Na verdade, o mesmo pode ser dito a respeito da cultura do Rock and Roll.)
Além disso, a afirmação do Dr. Warren sobre a matéria do estilo musical e cultura é muito desconcertante; pois ao igualar a preferência de um estilo musical com base na cultura de um indivíduo, ele está essencialmente descartando qualquer forma de absolutismo. Dizer que "não existe estilos musicais bons ou maus, mas somente uma preferência cultural" equivale à idéia que "a 'verdade' da minha cultura é tanto 'verdade' quanto a 'verdade' da sua cultura". (ou) Nenhuma 'verdade' é superior à qualquer outra 'verdade'. Para mover a terminologia de volta à arena musical, essa visão está declarando a igualdade de todos os estilos musicais, e a tolerância pós-moderna (veja o Capítulo 6). Ele faz isso simplesmente para defender sua afirmação que "a música na igreja deve ser do mesmo estilo musical que a clientela-alvo ouve no rádio", e ele cria essa regra para o participante do Jogo da Igreja do Novo Paradigma como um veículo para alcançar o resultado do resultado exponencial da igreja.
Para sermos honestos, Rick Warren realmente apresenta alguns pontos muito bons (juntamente com outros muito ruins) em seu livro Uma Igreja com Propósitos. Entretanto, não existem pontos bons no capítulo sobre música. Ele está tão preocupado com o crescimento da igreja que aparentemente se estende longamente em sua tentativa de justificar qualquer filosofia pragmática que resulte no crescimento exponencial. Ele insiste repetidamente que a música é amoral sem apresentar nenhuma documentação para essa sua posição, além de sua opinião pessoal. Além disso, ele novamente insulta a inteligência de seus leitores com sua enganosa "torção das Escrituras", destruindo completamente o contexto do Salmo 96:1. O salmo diz, "Cantai ao SENHOR um cântico novo". O Dr. Warren então utiliza essa Escritura para criticar as igrejas que entoam "cânticos antigos" (18). O contexto da Escritura reflete um "novo cântico" devido à mudança no coração, não um cântico contemporâneo para atrair os "sem-igreja" a um serviço de adoração que sirva para entreter e não seja ameaçador.
Não somente Rick Warren abraça o relativismo cultural com base em correlações ilógicas e furadas e na distorção enganosa das Escrituras, mas também não corrobora nenhuma de suas opiniões sobre música na igreja com a Palavra de Deus. Exatamente o que, então, é a base para suas opiniões? A resposta é óbvia - O fato que aquilo funciona! Novamente, o uso do pragmatismo obscurece a direção e os ensinos da Palavra de Deus. O Dr. Warren reconhece que "... a música é o comunicador principal dos valores da geração mais jovem." (19) Essa é uma afirmação com a qual este autor concorda plenamente, mas ainda permanece a pergunta, "Quais valores?" Será se Rick Warren quer dizer que as igrejas devam utilizar o estilo musical de Alice Cooper, Ozzy Osbourne, ou ACDC para comunicar os valores desses indivíduos aos jovens cristãos? Será se quer dizer que as igrejas devam garantir a presença da batida do Heavy Metal em todos seus cânticos e coros de louvor para efetivamente comunicar sensualidade, satisfação da carne, ou apenas transmitir os valores da música derivada do vodu demoníaco? Logicamente, ele realmente não quer dizer esses valores. Ao invés disso, quer usar a música contemporânea para difundir os valores de Deus para "... que Satanás não tenha um acesso irrestrito a toda uma geração." (20)
Entretanto, com base em fatos em vez de em opiniões, essa estratégia produzirá resultados opostos em toda a Igreja do Novo Paradigma. Com base no fato da origem ocultista e dos efeitos físicos e emocionais da música Rock contemporânea, no fato dos valores e estilo de vida dos ícones famosos e mais conhecidos da música Rock contemporânea, e no fato que a Música Cristã Contemporânea é doutrinariamente deficiente ou contém erros, como alguém poderia querer trazer esse estilo musical para dentro da igreja? Isso não equivale a realmente fazer um convite para Lúcifer vir e participar na comunhão? O que aconteceu com "não dar a Satanás um acesso irrestrito"? Como também afirmado sucintamente pelo ex-líder da adoração da MCC Dan Lucarni, "Quando convidamos a música Rock, trazemos com ela um espírito de imoralidade com o que essa música está inevitavelmente associada." (21)
Isso também leva a uma discussão sobre o conceito de adoração. Os animadores dos serviços contemporâneos acusam os "tradicionalistas" (a terminologia do tradicionalismo será discutida no final deste capítulo) de ignorância da verdadeira adoração, e assim colocam uma grande ênfase na "adoração e louvor". O problema, entretanto, é o conceito contemporâneo de adoração ser totalmente baseado na experiência. Dan Lucarni novamente afirma, "Nossa adoração precisa estar baseada na verdade 'conforme ela está escrita' e não na nossa experiência, nossas sensações ou emoções, as necessidades sentidas do consumidor, ou nossa versão da verdade centrada no homem." (22) Como a própria Bíblia diz, "Deus é Espírito, e importa que os que o adorem o adorem em espírito e em verdade." [João 4:24]. A adoração contemporânea baseada na experiência ignora a verdade da Palavra de Deus e traz o mundo para dentro da igreja. Essa nova redefinição da adoração resultou em uma assembleia que equivale mais a um programa de variedades do que uma preparação humilde para a pregação da Palavra de Deus. (Após uma visita à Igreja da Comunidade de Saddleback, este autor achou que tinha acabado de participar de uma versão religiosa do programa do Ed Sullivan na televisão. As questões dos serviços contemporâneo versus tradicional começam no coração da matéria (como novamente definido por Dan Lucarni):
Propósito principal da adoração:
A outra falácia que os contemporâneos precisam encarar é o conceito bíblico que as pessoas são salvas não pela música, mas sim pela pregação. A Bíblia não diz que os pecadores serão convertidos pela manipulação emocional e sensual da batida da música mais animada, mas a Bíblia diz enfaticamente, "... aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação." [1 Coríntios 1:21]. Historicamente, em algumas ocasiões, pessoas vieram a Cristo por meio dos grandes hinos da fé, como "Há Poder no Sangue", mas esses hinos literalmente pregam a Palavra de Deus ao pecador. Por outro lado, a Música Cristã Contemporânea é muito fraca sob o ponto de vista doutrinário. Essa fraqueza não é coincidência, pois essa música é feita para vender, não para convencer. A MCC é feita para despertar as emoções, não transmitir as coisas profundas de Deus. Como afirmado diversas vezes neste manuscrito, a doutrina divide porque a verdade divide - portanto, para que uma nova canção ou CD resulte no enriquecimento de seus produtores, precisa cruzar as fronteiras sociais e teológicas de modo a apelar a uma clientela maior. Por outro lado, as igrejas bíblicas estão incumbidas de guardar, viver e perpetuar as doutrinas fundamentais da Palavra de Deus. A Música Cristã Contemporânea é uma funesta deterrência a essas instruções para a igreja neotestamentária.
Como foi dito anteriormente neste manuscrito, mais do que qualquer outro mandamento nas Escrituras, Deus chama seu povo para a santidade pessoal - e a santidade envolve a separação do mundo. A inclusão da música Rock na igreja desafia o chamado à santidade convidando o mundo para entrar na igreja. Aqueles que estão trabalhando arduamente para fazer a transição da igreja para o modelo do novo paradigma não somente estão desconsiderando totalmente a Doutrina da Separação, mas também estão abraçando o mundo de modo a alcançar o resultado do crescimento exponencial da igreja sob o disfarce do evangelismo.
André terminou sua leitura com as palavras "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." [João 1:12-13] Essas palavras tiveram um profundo impacto em Pedro e em Marlene. Pedro tinha crescido em um lar secularizado e somente ia à igreja para assistir a casamentos e funerais. A família de Marlene freqüentava uma igreja protestante tradicional uma ou duas vezes por ano. Os dois abordaram André após o jantar e começaram a fazer perguntas sobre as razões para Jesus Cristo ter vindo ao mundo. André sugeriu convidar o pastor da igreja para fazer uma visita e responder à algumas das perguntas. Uma semana mais tarde, essa reunião resultou na salvação de Pedro e de Marlene. Em mais uma semana, ambos foram batizados e tornaram-se membros da Igreja Batista Beira-Rio.
Pedro e Marlene estavam famintos pela Palavra de Deus, e André os convidou a freqüentar sua classe na Escola Dominical. O professor era tudo o que eles queriam - ele fazia questão que seus alunos conhecessem não somente aquilo em que criam, mas por que criam. A classe da Escola Dominical consistia de lições bíblicas diretas da Palavra de Deus, e não lições enlatadas normais de literatura superficial de Escola Dominical que muitos na igreja ouvem desde os nove anos de idade. As aulas também não eram sobre questões sociais, políticas, relacionamentos ou psicologia. O professor fazia de tudo para tornar os estudos doutrinários em teologia interessantes e não cedia às pressões daqueles que o criticavam por não seguir o currículo prescrito da igreja. Esse professor tinha a coragem de ser relevante tornando-se bíblico. Pedro e Marlene não estavam apenas motivados para estudar a Palavra de Deus em busca da verdade, mas também em aplicar essa verdade em todos os aspectos de suas vidas.
Pedro e Marlene também aprenderam muitíssimo com a pregação da Palavra de Deus do púlpito. Entretanto, à medida que os meses foram passando, começaram a detectar uma mudança de direção por parte da liderança da igreja. A música na igreja deu uma notável guinada, dos hinos doutrinariamente sólidos que eles começaram rapidamente a amar para um estilo musical contemporâneo baseado no Rock que os faziam lembrar da música das emissoras seculares de rádio. A igreja logo acrescentou a bateria e uma guitarra baixo para ajudar na transição para um serviço contemporâneo de adoração, mais alegre e animado. O pastor sistematicamente começou a afastar-se da pregação expositiva da Palavra de Deus e acrescentou uma direção psicológica em seus sermões. Alguns domingos, eles saíam da igreja imaginando se o pastor tinha copiado seu sermão de uma palestra da Dra. Laura Schelsinger, em vez de prepará-lo sob a direção do Espírito Santo de Deus. Eles tinham a impressão de ouvir muito sobre a "visão do pastor para a igreja", sobre como financiar essa "visão", e como trazer os sem-igreja para os serviços. Eles achavam muito estranho que não eram instruídos a ir e proclamar o evangelho, mas ao invés disso, eram orientados a sair pelo bairro e exaltar as virtudes da Igreja Batista Beira-Rio.
Contemporizações adicionais por parte da liderança da igreja os deixaram em um desconforto cada vez maior, mas a classe na Escola Dominical era como um oásis em um virtual deserto de contemporização. Quanto mais a igreja parecia ser levada pelo vento, indo à deriva, mais o professor da Escola Dominical insistia que eles se posicionassem pela verdade da Palavra de Deus. Ele usava unicamente a tradução Almeida Corrigida e Fiel da Bíblia, mostrava os problemas com a Música Cristã Contemporânea, e não arredava o pé do ensino expositivo das Escrituras. Entretanto, os rumores de que ele era divisivo, não estava disposto a seguir as diretrizes do superintendente da Escola Dominical, e que demonstrava falta de vontade de apoiar a visão do pastor para a igreja pareciam proliferar na congregação. Parecia que a classe era um navio sendo agitado em um mar vasto e turbulento e a maioria dos membros percebia que a proliferação dos rumores de um motim contra a liderança da igreja pelos alunos da classe fazia com que a influência deles na igreja como um todo tivesse de ser marginalizada até o ponto de se tornar irrelevante. O professor fundamentalista e seus seguidores (que incluíam Pedro, Marlene e André) que se firmavam na Palavra de Deus foram rotulados de "obstrucionistas" que estavam inibindo a operação do Espírito Santo. Eles sabiam que a hora de sua partida tinha chegado e não podiam mais continuar tendo comunhão naquela igreja.
Esse cenário tornou-se hoje muito comum. De acordo com os proponentes da transição da igreja, todos eles enfrentam graus variados de oposição constante. Rick Warren, Dan Southerland, e outros, continuam a escrever e a proferir palestras em seminários a milhares de pastores sobre os modos mais eficazes de lidar com a oposição à mudança. Parece que eles vêem a si mesmos como Neemias durante a reconstrução dos muros de Jerusalém sob as mais adversas circunstâncias. Dan Southerland chegou ao ponto de basear todo o seu livro Transição: Conduzindo Pessoas Através da Mudança usando o pano de fundo o livro de Neemias e suas experiências para reconstruir os muros. Entretanto, existem grandes diferenças entre o trabalho de Neemias e o desses proponentes do novo paradigma:
Não é possível deixar de imaginar se esses pastores dedicados que têm um desejo ardente de alcançar os "sem-igreja", construir igrejas para os "sem-igreja", e conquistar seu mercado-alvo para Cristo alguma vez já leram a Bíblia. Em caso afirmativo, eles devem estar cortando grandes porções das Escrituras que contradizem totalmente as filosofias desse novo paradigma. A Bíblia é muito clara que as pessoas levadas a uma determinada igreja devem ser pastoreadas pelo pastor. A Bíblia também é muito prolixa em suas analogias que comparam o pastor e a congregação ao pastor de ovelhas e seu rebanho. Em termos bem claros, o pastor deve ser para a congregação como um pastor de ovelhas é para seu rebanho. Quando essas comparações são levadas um passo adiante, os ensinos de Jesus precisam ser incluídos. Eles descreveu a si mesmo como o "bom pastor que dá a vida pelas ovelhas." Além disso, Jesus contou a parábola do pastor que deixou as 99 ovelhas e arriscou a própria vida para trazer uma única ovelha perdida de volta ao aprisco. O reconhecimento desse ensino das Escrituras leva à seguinte pergunta: "Como marginalizar e eliminar membros do aprisco se equipara ao conceito do pastoreio altruísta, sacrificial e competente?" Como pode um homem amar a menor ovelha de seu rebanho e "decidir quem abandona definindo a visão"? Como uma atitude de marginalização e eliminação daqueles que querem preservar os ensinos fundamentais da Palavra de Deus se equipara no coração de um homem chamado para ser o pastor do rebanho que Deus lhe deu? Dan Southerland relata que a igreja que ele pastoreava iniciou o processo de transição com 300 membros. Ao longo do período de transição, a igreja perdeu 300 membros e ganhou outros 2000. Dos 300 membros originais, mais da metade abandonou a igreja. Dan Southerland informa, entretanto, que valeu a pena a troca de perder esses 300 para ganhar 2000 "sem-igreja" para o "reino". Em lugar dessa atitude, Dan Lucarni faz uma pergunta muito pertinente, "Que tipo de pastor é esse que decide que vale a pena perder algumas ovelhas?" (29)
Isso não quer dizer que a Bíblia omita o assunto da eliminação de membros da igreja. Por exemplo, houve um homem na igreja de Corinto que cometeu adultério com sua madrasta. O apóstolo Paulo ordenou que aquele indivíduo fosse excluído da igreja.. O princípio da disciplina eclesiástica é muito bem definido nas epístolas de Paulo, e essa disciplina normalmente resultará na exclusão de um membro da comunhão na igreja local. Entretanto, em parte alguma da Palavra de Deus há qualquer indicação da expulsão de um membro por querer manter os princípios das Escrituras. Como informado anteriormente neste manuscrito, o livro de Atos elogia os bereanos por examinarem as Escrituras para confirmar as afirmações dos missionários de Antioquia. O desejo de marginalizar ou eliminar esses "pilares da igreja" que se opõem à visão do novo paradigma é completamente estranho às instruções da Palavra de Deus.
Infelizmente, muitos que compreendem essa verdade não estão dispostos a pagar o preço associado com a oposição à "visão" do agente de transformação transicional. Como muitos não querem agitar o barco, ser divisivos, ou rotulados de "criadores de problemas", sucumbem à ameaça da estratégia da marginalização e da eliminação usada pelo novo paradigma. Eles têm uma compreensão do problema, mas faltam-lhes a coragem para se oporem abertamente à transição da igreja. Esses membros da igreja ponderarão sua posição de contemporização até que estejam totalmente auto-justificados na desobediência à Palavra de Deus e auto-conciliados diante do mandamento de se separar "dos irmãos que andam desordenadamente". A despeito do fato de reconhecerem o problema, eles eventualmente tornam-se parte do problema.
Finalmente, a Regra 7 é a culminação das Regras de 1 a 6. É a Regra 7 que força o agente de mudança do novo paradigma a lidar com a realidade que estará perdendo aqueles que realmente se posicionam pelos princípios da Palavra de Deus. O jogo do pragmatismo está eliminando da igreja aqueles que realmente preservam os mandamentos das Escrituras que determinam a defesa das doutrinas fundamentais da Palavra de Deus a todo o custo, e os agentes de mudança do novo paradigma compreendem perfeitamente que os indivíduos que se mantêm fieis ao Livro - e não os tradicionalistas - representam a maior ameaça ao sucesso deles. Assim, a ênfase precisa ser colocada em lidar com a oposição; pois aqueles que defendem a verdade mantêm a moral em um terreno elevado. A estratégia resultante de marginalização e eliminação é o plano perfeito. Aqueles que estão no ardor dessa batalha precisam orar e pedir coragem para enfrentar os que quererão desacreditar seus esforços. Entretanto, como Pedro, Marlene e o André descobriram, chega um momento em que a separação é o único recurso bíblico diante de tão grande apostasia.
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.