Estamos vivendo uma época em que o
mundo passou a avaliar tudo apenas pelo resultado. É filosofia do pragmatismo.
O que é pragmatismo? O pragmatismo é muito semelhante ao utilitarismo. É a
crença de que os resultados, e/ou utilidade, estabelece o padrão para aquilo
que é bom. Para um pragmatista/utilitarista se uma técnica, ou mesmo um método
produz o resultado desejado, a utilização de tal recurso é válida.
Afinal de contas, o que há de errado
com o pragmatismo, uma vez que até o bom senso tem uma dose de pragmatismo
legitimo? Se um remédio não produz o efeito esperado, procura-se o médico e
solicita-se outro medicamento que funcione. Quando entramos em nosso quarto e
acionamos o interruptor, e a lâmpada não acende, trocamos a lâmpada. Se a
nova lâmpada acende, é razoável supor que o problema estava na lâmpada
"queimada". Portanto, realidades pragmáticas simples como essas por
si mesmas são óbvias.
Quando, porém, se usa o pragmatismo
para estabelecer juízos acerca do certo e do errado, ou quando se faz dele uma
filosofia de vida, que passa a dirigir a teologia, ou do ministério, haverá
inevitavelmente um choque desastroso com as Sagradas Escrituras. Veja porque:
As realidades bíblicas e espirituais
não são determinadas tomando-se como base o que funciona, o que não funciona.
Observe que, em I Co 1.22,23; e 2.14, Paulo nos alerta que nem sempre o
Evangelho produz uma resposta positiva. Por outro lado, as heresias e o engano
satânico podem ser bastante eficazes (Mt 24.23,24; 2Co 4.3,4). Jesus também
alerta que a reação da maioria nem sempre pode ser usada como parâmetro
seguro para determinar o que é válido. Outro aspecto igualmente importante é
que a prosperidade não serve para constatar a veracidade (Jó 12.6).
De uma maneira sutil, em vez uma vida
regenerada, é a aceitação por parte do mundo e a quantidade de pessoas
presentes nos cultos que vem se tornando o alvo maior das igrejas contemporâneas.
Pregar a Palavra e confrontar o pecado com ousadia são vistos como coisas
antiquadas, meios ineficazes de alcançar o mundo para Cristo. Essa maneira de
pensar distorce por completo a missão da igreja, porque a grande comissão não
é um manifesto de marketing. O evangelismo não precisa de vendedores, e, sim
profetas. A semente que produz o novo nascimento é a Palavra de Deus (I Pe
1.23).
Um dos sinais mais visíveis do
pragmatismo na área evangélica são as mudanças convulsivas que, nas últimas
décadas, tem "revolucionado" o culto nas igrejas. Onde a filosofia
passou a ser planejar e realizar cultos dominicais que sejam mais divertidos do
que reverentes. Mais show do que adoração. O resultado é culto mais centrado
na pessoa humana (antropocêntrico), do que centrado na pessoa de Deus (teocêntrico).
O mais grave é que a teologia é forçada a ceder o lugar de honra à
metodologia. Vejam o que escreveu Elmer l. Towns: "antigamente a declaração
de fé representava a razão de ser de uma denominação. Hoje, a metodologia é
o vínculo que mantém as igrejas unidas. Uma declaração ministerial define a
igreja e sua própria existência ministerial" . Observem a sutileza desta
afirmação, ele diz entre linhas, escancaradamente, que Deus, Jesus e o Espírito
Santo e a sua santa revelação deixaram de ser o vínculo de união entre as
igrejas. Por incrível que pareça muitos acreditam que essa idéia é um avanço
para igreja atual. Alguns pastores chegam a afirmar que a igreja dos nossos dias
precisa de algo mais do que as quatro prioridades apresentadas no livro de Atos
- A doutrina dos apóstolos, a comunhão, o partir do pão e as orações (At
2.42).
Encantados na onda do
"resultado", de encher rapidamente as igrejas, muitos líderes
embarcaram numa verdadeira corrida aos mais variadas metodologias de
"crescimento". Livros dos mais variados foram escritos, uns
incentivando o marketing , outros a auto-ajuda, outros entretenimento e muito
mais. O resultado é que a recreação, o entretenimento, e mesmo a música, de
forma perspicaz, passaram a apagar o verdadeiro culto e a comunhão dominical.
Irmãos, não podemos colocar nossa confiança em métodos e fórmulas. Nossa
confiança deve estar no Todo Poderoso. Mas, há um detalhe muito especial: é
preciso ter vida espiritual, é preciso haver dedicação, é preciso ter o caráter
de Jesus. É obvio que a espiritualidade tem um custo.
Por outro lado, com as fórmulas e métodos
não é preciso ser espiritual, não é preciso gastar tempo recebendo a
mensagem de Deus, não é preciso ter uma vida devocional, basta seguir as fórmulas
de marketing, agradar ao povo, dar um show nos púlpitos...
Nesse embalo, novos e bonitos nomes
tais como: "celebração", "gospel", "nova unção",
"renovação", foram inseridos em nosso linguajar, para justificar
"novos tempos". A pregação é encarada como antiquada principalmente
a pregação expositiva. "Ninguém se preocupa em verificar se o que está
sendo pregado é verdadeiro ou falso. Um sermão é um sermão, não importa o
assunto; só que quanto mais curto melhor" . Já faz mais de cem anos que
Spurgeon proclamou essas palavras, mas infelizmente elas ainda continuam atuais
para os nossos dias.
Não é à inovação em si que me
oponho. Tenho consciência de que os estilos de adoração estão em constantes
mudanças. Se Spurgeon chegasse à nossa igreja hoje, ele não gostaria de nosso
órgão, de nossa orquestra. Não sou preso a esse ou aquele estilo de música
ou liturgia. Na realidade sou contra a estagnação das igrejas. Também não
alimento nenhuma intenção de fabricar normas arbitrárias a fim de dizer o que
é aceitável ou não nos cultos. Todavia, meu embate é contra a filosofia que
relega Deus e a sua Palavra um papel secundário na igreja. Discordo daqueles
que acreditam que técnicas e métodos humanos podem resgatar almas para os céus
com mais eficiência do que o Deus Todo Poderoso. Nessa altura, as palavras de
MacArthur merecem uma especial atenção: "Se existe algo que a história
nos ensina, este ensino é que os ataques mais devastadores desfechados contra a
fé sempre começaram com erros sutis surgidos dentro da própria igreja".
O pragmatismo como filosofia
norteadora do ministério é defeituoso e desleal para com a igreja de Jesus
Cristo. Como prova de veracidade, chega mesmo a ser satânico, porque atende aos
objetivos do maligno de afastar o crente da realidade da Palavra de Deus, de que
as Escrituras são uma questão de vida e não apenas de crença.
Qual o tipo de ministério que agrada
a Deus? "Prega a Palavra" (II Tm 4.2). O centro de nossos ministérios
deve ser a obediência a esse simples mandamento. A tarefa do pregador é
proclamar as Escrituras (Rm 10.14; Ne 8.8). Não há outra fórmula, pregar é o
compromisso maior de nosso chamado. Se, não atendermos com urgência a essa
vocação, nossos ministérios serão puxados para o declínio, e nos veremos em
busca do pragmatismo, aplicando na igreja os padrões do mundo.
Nos dias atuais é importante que
"a teologia mantenha o diálogo com as demais ciências, sem jamais perder
seu elemento máximo: a fé nas sagradas Escrituras" . Por outro lado, a
falta de temor a Deus, que tem caracterizado a presente geração de adoradores,
tem produzido uma adoração sem qualquer senso de reverência ao Adorado.
Minha oração é que este artigo
instigue nossa forma de pensar, conduzindo-nos à Palavra de Deus, "para
ver se as coisas" são "de fato assim" (At 17.11).
Wilson Franklim
Pr Assistente da PIBVila da Penha RJ, doutorando em Teologia.
Copiado de http://www.arespostafiel.hpg.ig.com.br/
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.