Em Eclesiastes
12:2-7, o Espírito Santo de Deus, usando Salomão, descreve o avanço da velhice
poeticamente, em inigualável beleza e precisão, figurativamente comparando-o
ao de uma casa decadente. Isto deve
nos comover de gratidão pelo efêmero dom da vida, deve nos dar mais
compreensão e amor a nossos pais e aos idosos em geral, deve nos dar
sabedoria para sabermos “viver enquanto morremos” a cada dia, e deve nos
motivar a servir a Deus a cada dia, enquanto e tanto quanto pudermos.
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“1 ¶ LEMBRA-TE também do teu Criador nos dias da tua
mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a
dizer: Não tenho neles contentamento;
2
ANTES QUE SE ESCUREÇAM O SOL, E A LUZ, E A LUA, E AS ESTRELAS, E TORNEM
A VIR AS NUVENS DEPOIS DA CHUVA;
À medida que
envelhecemos, pouco a pouco vem o
declínio nos motivos, ocasiões, e até capacidade para sentimentos de profunda
alegria e eletrizante entusiasmo.
Surgem recorrentes e crescentes ataques de melancolia …
- “escureçam” pode ser alusão à diminuição da visão.
- “o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas” podem
se referir à primavera, ao melhor da vida, à prosperidade da vida.
- “o sol, e a luz, e a lua” podem ser alusão ao
esplendor da fisionomia, à luz e brilho dos olhos, à beleza das bochechas e
outras partes da face; ou podem se referir às superiores e inferiores
faculdades da alma, ao entendimento, o raciocínio, à capacidade de julgamento
e discernimento, à vontade, e às afeições.
- “as estrelas”: podem ser alusão às brilhantes noções e idéias que se
erguem na imaginação e são fixadas na memória.
- “tornem a vir as nuvens depois da chuva” podem se referir aos
fluídos que saem dos olhos, nariz, e boca; também podem aludir à perpétua
sucessão de males, aflições e desordens; ou, ainda, podem ser referência às
sobrancelhas destilando lágrimas, como nuvens depois da chuva; finalmente, podem
significar o inverno, o decair, o ocaso da vida.
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3 NO DIA EM QUE TREMEREM OS GUARDAS DA CASA,
Os braços e as mãos, antes tão
fortes, pouco a pouco enfraquecem e se tornam débeis, em certos casos até
quase inoperantes.
- “os guardas da casa” podem ser alusão às mãos e braços, que
trabalham para manutenção do corpo, o alimentam, o protegem e defendem de
quedas e acidentes e inimigos, na mocidade sendo tão fortes, mas que, pouco a pouco, enfraquecem e se
tornam débeis, em certos casos até quase inoperantes. Na velhice, não apenas murcham e como um
maracujá seco, ficam com movimentos endurecidos, não se estendem nem se
contraem como antes, não têm a força e velocidade e precisão e resistência de
antes, ficam adormecidos, com dores e tremores.
E
SE ENCURVAREM OS HOMENS FORTES,
- “os homens fortes” parecem ser as pernas,
particularmente as coxas, cujas músculos são os mais fortes do nosso
corpo, quando somos jovens nos permitem correr e saltar com surpreendente
potência e velocidade, mas quando velhos e enfraquecidos nos impedem tudo
isso e deixam nossos joelhos vergar e dobrar de modo a cairmos
perigosamente.
- Mas também podem se referir aos ossos em geral, que ficam frágeis, e
nossas articulações se desgastam de forma
a ficarmos inoperantes ou totalmente inválidos quanto à função, e tortos e
encurvados na forma.
E
CESSAREM OS MOEDORES, POR JÁ SEREM POUCOS,
Nossos dentes vão ficando
escassos, sem os de cima terem adequados correspondentes em baixo, ou
vice-versa, vão ficando desencontrados, ou frágeis, ou frouxos- balançantes,
ou com outros problemas, ou são substituídos, ou ficam totalmente faltando e
sem substitutos. Não podemos
mastigar o que nossa mente se lembra de como era bom fazê-lo. Temos que comer
comida branda, às vezes pastosa, por fim semi- líquida. Isto não nos dá o
mesmo prazer de antes, e às vezes comemos pouco por não gostarmos do que
ainda podemos comer.
E SE ESCURECEREM OS QUE OLHAM PELAS JANELAS;
- “os que olham” referem-se aos olhos propriamente ditos. Em
torno dos 40 anos nossa visão começa a ficar ruim para muito perto,
depois catarata ou outras coisas nublam e depois vão escurecendo
nossa visão.
- “janelas” aludem às órbitas; ou às pálpebras
e “pestanas” (cílios).
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4 E AS PORTAS DA RUA SE FECHAREM POR CAUSA DO BAIXO
RUÍDO DA MOEDURA,
- “Portas” podem se referir às
aberturas do corpo, e “rua” aos caminhos e passagens pelos quais a comida
passa.
- “se fecharem” pode aludir à uma relativa diminuição no fluxo através destas
portas.
- A boca fica fechada no fato dos dois lábios parecerem sobrar por
causa da total ausência de dentes, por isso ficam chupados para dentro da
boca.
- O baixo ruído da moedura: ao invés do forte ruído de dentes esmagando
comida dura, só há débeis ruídos de gengivas amassando papa e purê e
mingau e sopinha.
- Aos poucos nossa audição irá diminuindo, teremos dificuldade em
entender cochichos cruzados em ambientes barulhentos, em entender gravações
que não forem feitas com total qualidade, particularmente em outros idiomas.
E SE LEVANTAR À VOZ DAS AVES,
- A cada dia, o lutar para conseguirmos dormir será maior,
nosso sono não será tão repousante e gostoso como antes, e não
conseguiremos deixar de acordar aos primeiros ruídos externos, antes do que
gostaríamos, às vezes antes de clarear.
E TODAS
AS FILHAS DA MÚSICA SE ABATEREM.
- Nossas vozes vão perder o trovejar, a firmeza e a beleza. Vão
se tornar baixas, trêmulas, sem o brilho de outrora. Enfraquecerão nossos
pulmões, garganta, cordas vocálicas. Algumas pessoas terão dificuldade para
nos ouvir e entender.
- Ou enfraquecerão nossos ouvidos, particularmente o tímpano e o nervo
auditivo.
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5 COMO TAMBÉM QUANDO TEMEREM O QUE É ALTO, E HOUVER
ESPANTOS NO CAMINHO,
Vamos evitar fazer algumas coisas físicas que fazíamos antes, ou fazê-las com
bem menor poder e levando bem mais tempo e cuidado, tendo muito medo de lesões devidas à nossa fragilidade.
E
FLORESCER A AMENDOEIRA,
Nossos cabelos começarão ficando grisalhos, finalmente ficarão brancos
como a neve, além de poucos e com menos viço.
E
O GAFANHOTO FOR UM PESO,
De tão fracos, aos poucos nosso caminhar irá ficando hesitante como o
do gafanhoto parece ser, talvez chegue a parecer que estamos“passando a
ferro” (os pés se arrastarão ao invés de se saltarem e correrem com vigor), o
andar se tornará hesitante e mesmo doloroso.
E
PERECER O APETITE;
Diminuirão os nossos vários e saudáveis
apetites na nossa vida.
PORQUE
O HOMEM SE VAI À SUA CASA ETERNA, E OS PRANTEADORES ANDARÃO RODEANDO PELA
PRAÇA;
Morreremos, mas a vida de todos continuará.
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6 ANTES QUE SE ROMPA O CORDÃO DE PRATA, E SE QUEBRE O COPO
DE OURO, E SE DESPEDACE O CÂNTARO JUNTO À FONTE, E SE QUEBRE A RODA JUNTO AO
POÇO,
Todos os itens mencionados neste
verso estão associados a um poço. Através de toda a Escritura, um poço é uma metáfora para
a vida. Mas este não mais está sendo usado para
retirar água.
Algum dia nosso corpo vai estar desgastado. Cada um de nós dois será apenas uma casca seca de
nosso eu anterior. Os quatro verbos enfatizam o final da vida. Você e
eu vamos morrer! Cada momento é um presente de Deus,
brilhantemente embrulhado, esperando para ser aberto, admirado, e para
sadiamente nos deleitarmos com este instante. A natureza doce e amarga da
percepção disso tudo torna o presente mais precioso: Sabendo nós que o cordão
de prata vai um dia se romper, nós o estimamos ainda mais precioso, enquanto
está em nossas mãos.
- Cordão de prata: a medulla
oblongata (que vital e
preciosa e delicada!), cinzenta- prateada.
- Copo de ouro: o cérebro revestido pelas amarelas membranas dura e pia mater, tudo dentro do crânio.
- Cântaro junto à fonte: a vena cava, que
traz de volta o sangue para o ventrículo direito do coração, aqui chamado de
fonte, no sentido que produz jorros de sangue na sístole (contração) e
diástole (expansão).
- Roda junto à cisterna: a grande aorta, que recebe sangue da cisterna
, o ventrículo esquerdo do coração, e o distribui às diferentes partes
do sistema circulatório.
7
E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.
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