Eclesiastes 12:2-6: Sua Interpretação Literal ... É Figurada! Linda Poesia Da Decadência Do Corpo Na Velhice, Até À Morte.

Em Eclesiastes 12:2-7, o Espírito Santo de Deus, usando Salomão, descreve o avanço da velhice poeticamente, em inigualável beleza e precisão, figurativamente comparando-o ao de uma casa decadente. Isto deve nos comover de gratidão pelo efêmero dom da vida, deve nos dar mais compreensão e amor a nossos pais e aos idosos em geral, deve nos dar sabedoria para sabermos “viver enquanto morremos” a cada dia, e deve nos motivar a servir a Deus a cada dia, enquanto e tanto quanto pudermos.

“1 ¶  LEMBRA-TE também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;

2  ANTES QUE SE ESCUREÇAM O SOL, E A LUZ, E A LUA, E AS ESTRELAS, E TORNEM A VIR AS NUVENS DEPOIS DA CHUVA;
À medida que envelhecemos, pouco a pouco vem o declínio nos motivos, ocasiões, e até capacidade para sentimentos de profunda alegria e eletrizante entusiasmo. Surgem recorrentes e crescentes ataques de melancolia …
- “escureçam” pode ser alusão à diminuição da visão.
- “o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas” podem se referir à primavera, ao melhor da vida, à prosperidade da vida.
- “o sol, e a luz, e a lua” podem ser alusão ao esplendor da fisionomia, à luz e brilho dos olhos, à beleza das bochechas e outras partes da face; ou podem se referir às superiores e inferiores faculdades da alma, ao entendimento, o raciocínio, à capacidade de julgamento e discernimento, à vontade, e às afeições.
- “as estrelas”: podem ser alusão às brilhantes noções e idéias que se erguem na imaginação e são fixadas na memória.
- “tornem a vir as nuvens depois da chuva” podem se referir aos fluídos que saem dos olhos, nariz, e boca; também podem aludir à perpétua sucessão de males, aflições e desordens; ou, ainda, podem ser referência às sobrancelhas destilando lágrimas, como nuvens depois da chuva; finalmente, podem significar o inverno, o decair, o ocaso da vida.

3  NO DIA EM QUE TREMEREM OS GUARDAS DA CASA,
Os braços e as mãos, antes tão fortes, pouco a pouco enfraquecem e se tornam débeis, em certos casos até quase inoperantes. 
- “os guardas da casa” podem ser alusão às mãos e braços, que trabalham para manutenção do corpo, o alimentam, o protegem e defendem de quedas e acidentes e inimigos, na mocidade sendo
tão fortes, mas que, pouco a pouco, enfraquecem e se tornam débeis, em certos casos até quase inoperantes. Na velhice, não apenas murcham e como um maracujá seco, ficam com movimentos endurecidos, não se estendem nem se contraem como antes, não têm a força e velocidade e precisão e resistência de antes, ficam adormecidos, com dores e tremores.

E SE ENCURVAREM OS HOMENS FORTES,
- “os homens fortes” parecem ser as pernas, particularmente as coxas, cujas músculos são os mais fortes do nosso corpo, quando somos jovens nos permitem correr e saltar com surpreendente potência e velocidade, mas quando velhos e enfraquecidos nos impedem tudo isso e deixam nossos joelhos vergar e dobrar de modo a cairmos perigosamente.
- Mas também podem se referir aos ossos em geral, que ficam frágeis, e nossas articulações se desgastam de forma a ficarmos inoperantes ou totalmente inválidos quanto à função, e tortos e encurvados na forma.

E CESSAREM OS MOEDORES, POR JÁ SEREM POUCOS,
Nossos dentes vão ficando escassos, sem os de cima terem adequados correspondentes em baixo, ou vice-versa, vão ficando desencontrados, ou frágeis, ou frouxos- balançantes, ou com outros problemas, ou são substituídos, ou ficam totalmente faltando e sem substitutos. Não podemos mastigar o que nossa mente se lembra de como era bom fazê-lo. Temos que comer comida branda, às vezes pastosa, por fim semi- líquida. Isto não nos dá o mesmo prazer de antes, e às vezes comemos pouco por não gostarmos do que ainda podemos comer.

E SE ESCURECEREM OS QUE OLHAM PELAS JANELAS;

- “os que olham” referem-se aos olhos propriamente ditos. Em torno dos 40 anos nossa visão começa a ficar ruim para muito perto, depois catarata ou outras coisas nublam e depois vão escurecendo nossa visão.
- “janelas” aludem às órbitas; ou às pálpebras e “pestanas” (cílios).

4  E AS PORTAS DA RUA SE FECHAREM POR CAUSA DO BAIXO RUÍDO DA MOEDURA,
- “Portas” podem se referir às aberturas do corpo, e “rua” aos caminhos e passagens pelos quais a comida passa.
- “se fecharem” pode aludir à uma relativa diminuição no fluxo através destas portas.
- A boca fica fechada no fato dos dois lábios parecerem sobrar por causa da total ausência de dentes, por isso ficam chupados para dentro da boca.
- O baixo ruído da moedura: ao invés do forte ruído de dentes esmagando comida dura, só há débeis ruídos de gengivas amassando papa e purê e mingau e sopinha.
- Aos poucos nossa audição irá diminuindo, teremos dificuldade em entender cochichos cruzados em ambientes barulhentos, em entender gravações que não forem feitas com total qualidade, particularmente em outros idiomas.

E SE LEVANTAR À VOZ DAS AVES,
- A cada dia, o lutar para conseguirmos dormir será maior, nosso sono não será tão repousante e gostoso como antes, e não conseguiremos deixar de acordar aos primeiros ruídos externos, antes do que gostaríamos, às vezes antes de clarear.

E TODAS AS FILHAS DA MÚSICA SE ABATEREM.
- Nossas vozes vão perder o trovejar, a firmeza e a beleza. Vão se tornar baixas, trêmulas, sem o brilho de outrora. Enfraquecerão nossos pulmões, garganta, cordas vocálicas. Algumas pessoas terão dificuldade para nos ouvir e entender.
- Ou enfraquecerão nossos ouvidos, particularmente o tímpano e o nervo auditivo.
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5  COMO TAMBÉM QUANDO TEMEREM O QUE É ALTO, E HOUVER ESPANTOS NO CAMINHO,
Vamos evitar fazer algumas coisas físicas que fazíamos antes, ou fazê-las com bem menor poder e levando bem mais tempo e cuidado, tendo muito medo d
e lesões devidas à nossa fragilidade.

E FLORESCER A AMENDOEIRA,
Nossos cabelos começarão ficando grisalhos, finalmente ficarão brancos como a neve, além de poucos e com menos viço.

E O GAFANHOTO FOR UM PESO,
De tão fracos, aos poucos nosso caminhar irá ficando hesitante como o do gafanhoto parece ser, talvez chegue a parecer que estamos“passando a ferro” (os pés se arrastarão ao invés de se saltarem e correrem com vigor), o andar se tornará hesitante e mesmo doloroso.

E PERECER O APETITE;
Diminuirão os nossos vários e saudáveis apetites na nossa vida.

PORQUE O HOMEM SE VAI À SUA CASA ETERNA, E OS PRANTEADORES ANDARÃO RODEANDO PELA PRAÇA;

Morreremos, mas a vida de todos continuará.

6  ANTES QUE SE ROMPA O CORDÃO DE PRATA, E SE QUEBRE O COPO DE OURO, E SE DESPEDACE O CÂNTARO JUNTO À FONTE, E SE QUEBRE A RODA JUNTO AO POÇO,
Todos os itens mencionados neste verso estão associados a um poço. Através de toda a Escritura, um poço é uma metáfora para a vida. Mas este não mais está sendo usado para retirar água. 
Algum dia nosso corpo vai estar desgastado. Cada um de nós dois será apenas uma casca seca de nosso eu anterior. Os quatro verbos enfatizam o final da vida. Você e eu vamos morrer! Cada momento é um presente de Deus, brilhantemente embrulhado, esperando para ser aberto, admirado, e para sadiamente nos deleitarmos com este instante. A natureza doce e amarga da percepção disso tudo torna o presente mais precioso: Sabendo nós que o cordão de prata vai um dia se romper, nós o estimamos ainda mais precioso, enquanto está em nossas mãos.
- Cordão de prata: a medulla oblongata (que vital e preciosa e delicada!), cinzenta- prateada.
- Copo de ouro: o cérebro revestido pelas amarelas membranas dura e pia mater, tudo dentro do crânio.
- Cântaro junto à fonte: a vena cava, que traz de volta o sangue para o ventrículo direito do coração, aqui chamado de fonte, no sentido que produz jorros de sangue na sístole (contração) e diástole (expansão).
- Roda junto à cisterna: a grande aorta, que recebe sangue da cisterna , o ventrículo esquerdo do coração, e o distribui às diferentes partes do sistema circulatório.

7  E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.




Hélio,
dez. 2010.

traduzindo e adaptando de diversos autores



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