Robert Santos
Antes de adentrar o tema, o primeiro passo é considerar e entender como era
regulada a escravidão na Bíblia, somente após isso vamos adentrar ao fato se
ela é ou aprovada. AA escravidão, entre os israelitas, isto é, na Lei, era tolerada, inicialmente o que leva alguém a ser escravo?
'>E qual era o
tratamento dado aos escravos? Pois bem, a essas perguntas está 1Estes são os estatutos que lhes proporás. 2Se comprares um
servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de graça. 3Se entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele. 4Se seu senhor lhe
houver dado uma mulher e ela lhe houver dado filhos ou filhas, a mulher e seus
filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho. 5Mas se aquele servo expressamente
disser: Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e a meus filhos; não quero sair
livre, 6Então seu SENHOR o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou ao
umbral da porta, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o
servirá para sempre. 7E se um homem vender sua filha para ser serva, ela não sairá como saem
os servos. 8Se ela não agradar ao seu senhor, e ele não se desposar com ela, fará
que se resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, agindo deslealmente com
ela. 9Mas se a desposar
com seu filho, fará com ela conforme ao direito das filhas. 10Se lhe tomar outra,
não diminuirá o mantimento desta, nem o seu vestido, nem a sua obrigação
marital. 11E se lhe não fizer estas três coisas, sairá de graça, sem dar
dinheiro. 16E quem raptar um homem, e o vender, ou for achado na sua mão,
certamente será morto. 20Se alguém ferir a seu servo, ou a sua serva, com pau, e morrer debaixo
da sua mão, certamente será castigado; 21Porém se sobreviver por um ou dois dias, não será
castigado, porque é dinheiro seu. 26E quando alguém ferir o olho do seu servo, ou o olho da sua serva, e o
danificar, o deixará ir livre pelo seu olho. 27E se tirar o dente do seu servo, ou o dente da
sua serva, o deixará ir livre pelo seu dente." (Ex 21:1-11,16,20,21,27).
Basicamente,
um hebreu ficaria escravo em 3 situações: a) em extrema pobreza, poderia vender sua liberdade ou a de
seus filhos obviamente para ter como se sustentar, isso se dava também na
hipótese de débito, o que normalmente evidencia dificuldades financeiras (Ex 21:2,7; 22:3; Lv
25:39; Dt 15:12; I Rs
9:22; II Rs 4:1; Ne 5:5; Jr 34:14); b) como punição ao roubo,
se um ladrão roubasse algo e não tivesse como pagar (Ex 22:3,4); c) prisioneiro
de guerra, isso pelos outros povos, situação em que um israelita o deveria
comprar pra si, podendo revendê-lo para outro israelita (Lv 25). Para combater
a pobreza, especialmente a possibilidade de miséria, havia mecanismos na Lei
para o sustento dos pobres e contenção da pobreza, como: provisão de alimentos para os pobres (Lv 19:9,10; Dt
24:20,21; Ex 23:10,11), empréstimos para quem precisasse, o que deveria ser
feito com liberalidade (Dt 15:7,8), inclusive refreando os juros (Ex 22:25; Lv
25:36,37). Portanto, diametralmente oposto ao que se pensa,
a escravidão entre os israelitas, era ato extremo, para o qual se havia elevado
abrandamento: "pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te
ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu
necessitado, e para o teu pobre na tua terra." (Dt 15:11).
Ainda sobre a escravidão entre eles, haviam dois períodos de tempo, o ano sabático, isto é, de sete em sete anos (Ex 21:2,3), e o ano
jubileu, ou seja, o 50º ano (Lv 25:14), em outras palavras, depois da 7ª semana
de anos, tempos nos quais o senhor deveria dar o resgate dos seus escravos,
momento que deveria ser feito da seguinte forma: 12Quando teu irmão
hebreu ou irmã hebréia se vender a ti, seis anos te servirá, mas no sétimo ano o
deixarás ir livre. 13E, quando o deixares ir livre, não o despedirás vazio. 14Liberalmente o
fornecerás do teu rebanho, e da tua eira, e do teu lagar; daquilo com que o
SENHOR teu Deus te tiver abençoado lhe darás. 15E lembrar-te-ás de que foste servo na terra do
Egito, e de que o SENHOR teu Deus te resgatou; portanto hoje te ordeno isso."
(Dt 15:12-15). Sobre o tratamento dos escravos israelitas: "43Não te assenhorearás dele com rigor, mas do teu Deus terás
temor. 53Como diarista, de ano em
ano, estará com ele; não se assenhoreará sobre ele com rigor diante dos teus
olhos." (Lv 25:43,53). Por estes versos e algumas passagens, podemos
compreender que o escravo israelita não era mal tratado.
Havia outra classe de escravos, os estrangeiros, estes sim podiam ser
escravizados, como os israelitas o poderiam ser por outros povos, isto é,
comprado normalmente por pobreza ou capturado em caso de guerra. Logo alguém pensará, então os israelitas faziam os estrangeiros que
vivessem com eles empobrecer e, de imediato, os comprariam como escravos, mas
isso também não é fato, a Lei regulava isso também, estabelecendo direitos aos
estrangeiros (Ex 12:49; Lv 24:22; Nm 9:14; Dt 1:16; 24:14,17; 27:19; Jr 22:3), inclusive o amor a
eles: "18Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro,
dando-lhe pão e roupa. 19Por isso amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do
Egito." (Dt 10:18,19), "3E não fale o filho do estrangeiro, que
se houver unido ao SENHOR, dizendo: Certamente o SENHOR me separará do seu
povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que sou uma árvore seca. 4Porque assim diz o SENHOR a respeito dos eunucos, que guardam os meus
sábados, e escolhem aquilo em que eu me agrado, e abraçam a minha aliança: 5Também lhes darei na
minha casa e dentro dos meus muros um lugar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a
cada um deles, que nunca se apagará. 6E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem ao
SENHOR, para o servirem, e para amarem o nome do SENHOR, e para serem seus
servos, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem a
minha aliança," (Is 56:3-6).
Voltando ao direito dos escravos, agora de forma geral, eles poderiam ser
prosélitos, quer dizer, seguirem o judaísmo (Ex 12:44; Dt 12:18; 29:10-13; 31:10-13),
o mutilado por seu mestre devia ser posto em liberdade (Ex 21:26,27), os
fugitivos deveriam ser bem tratados e não devolvidos ao seu mestre (Dt
23:15,16), direito de participar das festas (Dt 16:14), direito ao descanso aos
sábados (Ex 23:12) e não se podia sequestrar ou roubar um homem (Ex 21:16; Dt
24:7), sendo esta um mote importante para demonstrar o sentido da Lei sobre a
escravidão, ela permite e regula, não a impõe. Aduzindo ao exposto: O direito dos
escravos era reconhecido: "13Se desprezei o
direito do meu servo ou da minha serva, quando eles contendiam comigo; 14Então que faria eu
quando Deus se levantasse? E, inquirindo a causa, que lhe responderia? 15Aquele que me formou no ventre não o fez também a ele? Ou não nos formou do mesmo modo na madre?"
(Jó 31:13-15), os quais, muitas das vezes eram
tratados com delicadeza (Pv 29:21), uma outra pessoa não deveria acusar um
servo perante o senhor dele (Pv 30:10), justamente também por descumprimento de
deveres para com seus escravos, Judá foi destruída (Jr 34:11).
Chegando ao Novo Testamento, precisa fazer uma rápida digressão histórica, os
judeus estavam sob o domínio do império romano, que ditava as leis, e a
escravidão do império normalmente era vitalícia e os escravos nem de longe
gozavam de direitos, um exemplo da opressão romana é que um soldado poderia
compelir um judeu (ou mesmo outro de qualquer povo dominado) a fazer algo,
levar algum objeto a certa distância, por isso, o Supremo Mestre disse: "e,
se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas." (Mt
5:41), assim o Novo Testamento exorta como os cristãos escravos deveriam se
portar para com os seus senhores, ensina que os escravos crentes devem procurar
se libertar, mas não ter muito cuidado com isso (I Co 7:21-23), por causa de
Cristo, ser sujeito aos seus senhores (Cl 3:22-25; I Tm
6:1,2; I Pd 2:18-21), e também exorta gerais aos
senhores e servos (Ef 6:5-9), sendo que aos senhores o dever de tratar bem os
escravos (Cl 4:1), observações que se estendem também aos trabalhadores
assalariados: "eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas
terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram
entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos." (Tg 5:4), (Lv 19:13; Dt
24:14,15; Jó 24:10,11; 31:38,39; Is 5:7; Jr 22:13; Hc 2:11; Ml 3:5; Cl 4:1).
O Novo Testamento mais ainda prega a igualdade de todos em Cristo: "nisto
não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem
fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus."
(Gl 3:28), ainda vale ler, neste momento a carta a Filemom, peço que o leitor
se reporte, só são 25 versos, mas por o assunto já estar extenso não
transcreverei aqui. Sumariando tudo o que foi dito, a Bíblia regulava a
escravidão, que normalmente era voluntária e ligada a falta de dinheiro ou por
ser presa de guerra, todos os escravos tinham direito, inclusive ao descanso, e
o ânimo da Lei, em punir com pena de morte os traficantes de escravos, deixa
claro que jamais foi algo querido, tão somente regulado e, em especial, os
escravos eram incorporados na sociedade. Ainda friso que há uma grotesca
diferença entre o tipo de escravidão acima mencionada e a praticada por outros
povos, normalmente opressiva e contra os índios e negros. A pergunta então é, por qual motivo a Bíblia regula já que não aprova? A
resposta é simples, é um código de defesa do escravo, concedendo-lhe direitos
mínimos. Ainda insisto em um ponto, se os escravocratas que se diziam seguir a
Bíblia, neste ponto, a aplicasse seguramente não imporia a escravidão. A
disparidade fica ainda maior se comparada com o tipo de escravidão dos povos
vizinhos a Israel!
Por segundo, a Bíblia não foi escrita para ser um livro que ensina ciências
naturais, também não o foi para ser um livro sociológico, ela
foi escrita para mostrar aos homens o caminho de volta ao seu Criador, fato
normalmente esquecido, justamente por isso a Bíblia menciona diversas coisas,
porém não as ensina, tão somente menciona, entre elas a escravidão, de igual
modo que havia divórcio e a poligamia e foram regulados, mas nunca foi querido
por Deus; por terceiro, a Bíblia, mais precisamente o Novo Testamento assenta
uma divisão, separação plena entre igreja e estado: "e Jesus, respondendo,
disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele." (Mc 12:17),
sendo que cabe ao estado, ao governo legislar sobre diversos assuntos e não a
igreja.
Ainda restou uma passagem em Lc 12:47,
o pessoal gosta de torcer o escrito, citam dois, três versos e simplesmente não
lêem os versos precedentes nem os seguintes, o verso Lc 12:41-48: "41E disse-lhe Pedro: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a
todos? 42E disse o Senhor:
Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus
servos, para lhes dar a tempo a ração? 43Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar
fazendo assim. 44Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá. 45Mas, se aquele
servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os
criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se,46Virá o senhor
daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a
sua parte com os infiéis. 47E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem
fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; 48Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites,
com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se
lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.".
Não farei comentário visto estar claro
não ser uma apologia a escravatura: "42Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis
que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus
grandes usam de autoridade sobre eles; 43Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que
entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal;" (Mc 10:42,43), "fostes
comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens." (I Co
7:23), "nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os
outros superiores a si mesmo." (Fp 2:3), "9Sabendo isto, que a
lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios
e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas,
para os homicidas, 10Para os devassos, para os sodomitas,para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sã
doutrina," (I Tm 1:9,10), "lembrai-vos
dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como
sendo-o vós mesmos também no corpo." (Hb 13:3).
Diferente do muito propalado, a Bíblia, além de não defender a
escravidão, abriu caminho para que se encerrasse, quando ela trata deste tema
tão somente o faz para proteger o escravo, garantindo-lhe direitos mínimos ao
descanso, ao não dano, e à integração social, algo muitissimamente
muito diferente do praticado por outros povos. Convido o leitor a estudar parte
do direito comercial, como era regulada a falência, mais especificamente o
porquê da palavra bancarrota.
Aproveitando e finalizando o
tema, o homem nasce em uma escravidão esta é espiritual: "16Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos
para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a
morte, ou da obediência para a justiça? 17Mas graças a Deus que, tendo sido servos do
pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18E, libertados do
pecado, fostes feitos servos da justiça. 19Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne;
pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia,
e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça
para santificação.20Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da
justiça. 21E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais?
Porque o fim delas é a morte. 22Mas agora, libertados do pecado, e feitos
servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida
eterna." (Rm 6:16-22), esta é o ensino e objetivo bíblico, libertar
homens desse reino de trevas.
Robert Santos
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
(retorne a http://solascriptura-tt.org/ Seitas/
http://solascriptura-tt.org/Seitas/Romanismo/
http://solascriptura-tt.org/Seitas/Pentecostalismo/
retorne a http:// solascriptura-tt.org/ )
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.