A Bíblia não é inerrável e infalivelmente inspirada e preservada só nos autógrafos e línguas originais, mas no texto tradicional e traduções King James Almeida Corrigida Fiel, contra Crítica Textual
Daryl R. Coats
(Traduzido por Valdenira - http://solascriptura-tt.org [ver nota1])
Desde que Satanás perguntou a Eva, "É assim que Deus
disse?", centenas de mentiras têm sido ditas sobre a Bíblia. A maioria
dos "fundamentalistas" tem bastante discernimento para reconhecer a
maior parte dessas mentiras; no entanto, as duas maiores mentiras sobre a
Bíblia, -- as duas mentiras que, em última análise, formam a base de todas as
outras mentiras - não somente não são reconhecidas pela maioria dos
"fundamentalistas laodiceianos" e dos "conservadores
laodiceianos", mas na realidade são promovidas pelas suas faculdades e
seminários e igrejas. Ambas as mentiras dizem respeito à inspiração da Bíblia e
tentam miná-la. A primeira clama que a Bíblia "É" [na realidade, eles
gostariam de dizer "FOI"] inspirada apenas "nos manuscritos
originais"; a segunda afirma que a Bíblia é inspirada apenas "nas
línguas originais". Estas duas mentiras compartilham uma coisa em comum
com toda mentira que já foi falada sobre a Bíblia desde Gen 1:1: elas
simplesmente disfarçam o desejo do homem natural de solapar a autoridade de
Deus.
[a] Supostamente, os tradutores da "The New King James Version" (Nova
Versão do Rei Tiago) são conservadores "crentes-e-reverenciadores da
Bíblia", pois cada um deles assinou uma declaração de que cria na
inspiração "dos autógrafos originais"; que vergonha, no entanto, que
eles não estavam traduzindo os manuscritos originais! [b] "Só a Bíblia,
e a Bíblia em sua inteireza, é a Palavra de Deus escrita, e assim é inerrante
nos seus escritos originais," diz a declaração doutrinária de uma
organização cristã que sustenta escavações arqueológicas e que publica um
periódico noticioso mensal. Aparentemente ninguém, naquela organização, tem
notado que a expressão "dos autógrafos originais" transforma a
declaração em logicamente falaz [e traiçoeira armadilha]. Aparentemente,
ninguém naquela organização notou que "inerrante nos escritos
originais" não implica [que a Bíblia é] "inerrante AGORA". [c]
Como um teólogo liberal assinalou em sua revisão crítica de "The Battle
for the Bible" ("A Batalha pela Bíblia"), de Harold Lindsell: a
única diferença real entre as posições conservadora e a liberal, sobre a
Bíblia, é que os conservadores dizem que a Bíblia já costumou ser inspirada e
inerrante, enquanto os liberais dizem que ela nunca foi inspirada ou inerrante.
Ambas as posições concordam que, agora, a Bíblia não é inspirada nem inerrante.
A posição dos fundamentalistas e conservadores, sobre a inspiração da Bíblia,
não apenas é idêntica à posição liberal, mas também é idêntica à posição
carismática e "neo-evangélica". [Ademais,] jamais é explicado
exatamente como esta similaridade é mantida [se eles estão] em um estado de
"separação" do mundo! [d] "Cremos que a Santa Bíblia, como
originalmente escrita, foi inspirada e foi o produto de homens controlados pelo
Espírito, e, portanto, contém a verdade sem qualquer mistura de erro ao seu
conteúdo," diz o primeiro artigo na declaração de fé de um
"ministério profético" na Califórnia. Deixamos ao leitor imaginar
como é que inspiração com o verbo no tempo passado ("foi inspirada")
é prova para inerrância com o verbo no tempo presente "portanto, contém a
verdade sem qualquer mistura de erro ao seu conteúdo"). [e] "Cremos
que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita, sem erro nos manuscritos originais, e
de infalível autoridade divina em matéria da fé e da vida [prática]",
diz um anúncio de uma igreja presbiteriana em Oxford, Mexesses. Imediatamente,
depois destas palavras, no anúncio, vem a revelação da verdadeira questão que
temos [hoje] nas nossas mãos: autoridade final. "Nossos únicos outros
padrões doutrinários são o da Confissão de Fé de Westminster, e o do Catecismo
(o Maior e o Menor)."
Em outras palavras, uma vez que a Bíblia não mais é inerrante, é necessário
para esta igreja ter dois "padrões doutrinários" em adição à Bíblia.
Isto sempre está ocorrendo. Uma vez que os manuscritos originais não mais
existem, alguma outra autoridade tem que substituí-los, quer esta outra
autoridade seja o Livro dos Mórmons, o Credo de Nicéia, ou uma educação
superior. Os modernos "eruditos da Bíblia" compreendem isto
excedentemente bem, e é por isto que têm que gastar tanto tempo falando e
escrevendo sobre "originais" que não mais podem existir. Uma vez que
os "originais inspirados" não mais existem, os eruditos e suas
conjecturas [têm que tomar e] tomam o lugar da Bíblia e fazem de si próprios
"a autoridade final."
Tal como o "elo perdido" [dos evolucionistas], os manuscritos
originais jamais têm sido vistos pelos crentes laodiceianos. Como, então, pode
alguém crer que eles são inspirados? [Agora,] suponha que, trancado em meu
escritório, está um livro que ninguém jamais viu, e que não há absolutamente
nenhuma maneira de você jamais poder vê-lo. Você gostaria de estar arriscando
sua salvação eterna na dependência de se ou não o conteúdo daquele livro tinha
sido inspirado? Espero que não. A maioria das pessoas razoáveis esperaria ver o
objeto em questão antes de formar um julgamento sobre ele. Mas os crentes de hoje
estão mais que desejosos de julgar algo que ninguém jamais tem visto, por 2000
anos ou mais. Quer algum estudioso ou "leigo" queira ou não
admiti-lo, as atuais CÓPIAS dos "originais inspirados" são a única
evidência existente para se asseverar a inspiração daqueles originais, e se
aquelas cópias não são também inspiradas, não há evidência de que os originais
foram inspirados. De fato, se as cópias que sobreviveram até hoje não são
inspiradas, então tampouco são os originais, porque é mais impossível que inspiração
produza não-inspiração do que a figueira produza jiló (veja Tiago 3:12; cf Gn
1:21,24,25: tudo que Deus criou se reproduz "conforme as suas
espécies").
Se a Bíblia foi inspirada somente nos manuscritos originais, ninguém em toda a
história do mundo jamais teve uma Bíblia inspirada: os autógrafos originais de
Jó e os livros de Moisés desapareceram mais de mil anos antes do primeiro livro
do Novo Testamento ter sido escrito, assim ninguém nunca possuiu uma Bíblia
completa composta dos "originais divinos". Nem ninguém jamais possuiu
[sequer] um Novo Testamento completo e constituído dos "originais
inspirados", porque os originais foram distribuídos entre mais de uma
dúzia de igrejas individuais e locais. Se a Bíblia foi inspirada somente nos
manuscritos originais, hoje ninguém pode ter confiança realmente total no que
está na Bíblia, porque ninguém de hoje jamais viu os manuscritos originais. Não
nos surpreende que esta atitude [de falta de confiança realmente total] é a que
está por trás de cada "Bíblia" em inglês publicada depois de 1611. "Apenas
podemos seguir o melhor julgamento de estudiosos competentes, como sendo a mais
provável reconstrução do texto original", diz o prefácio da RSV
[Revised Standard Version]", desonesto demais para definir o que é um
"estudioso competente", para jogar fora o falar dubiamente, e admitir
francamente: "Isto é [somente] o que pensamos que a Bíblia deve ser [mas
temos muitas dúvidas]". A "sábia incerteza [dos 'realmente
eruditos']" é mais claramente evidente na 3a edição do "Novo
Testamento Grego" da UBS [United Bible Societies], cuja introdução afirma "A
letra A [adicionada após uma passagem] significa que o texto é virtualmente
certo, enquanto B indica que há algum grau de dúvida. A letra C significa que
há um considerável grau de dúvida se o texto ou o aparato crítico contêm a
leitura superior [nota: "a leitura superior" não é o mesma que
"a leitura correta"!] [entre as muitas alternativas propostas], enquanto
D mostra que há um muito alto grau de dúvida concernente à leitura selecionada
pelo texto." Aparentemente, de ano para ano os eruditos mudam suas
maneiras de pensar sobre que "leituras" são genuínas; senão, como
explicaríamos as "mais de quinhentas mudanças" entre a segunda e
terceira edições do "Novo Testamento Grego" da UBS?
Se a Bíblia foi inspirada somente nos manuscritos originais, ninguém, hoje, tem
uma Bíblia inspirada. Se isto é verdade, o que faz a sua religião diferente
daquela do budista, ou hindu, ou maometano ou mórmon? Se a Bíblia que você lê,
estuda, memoriza e prega não é inspirada, o que a faz diferente do Carão, do
livro dos Mórmons, dos escritos dos Upanishads, nenhum dos quais também é
inspirado?
Se a Bíblia foi inspirada somente nos manuscritos originais, Deus teve um
bocado de trabalho por nada. Somente Moisés viu o original das "duas
tábuas de testemunho" (Ex 31,32). Os "manuscritos originais" de
Êxodo e de Deuteronômio, então, não contêm os "escritos originais"
dos dez mandamentos. Será que Êxodo 20 e Deuteronômio 5 de certa forma não foram
inspirados, mesmo nos "autógrafos originais" daqueles livros?
Baruque e Jeudi (e possivelmente Jeremias) foram as únicas pessoas que jamais
leram o "original divino" de porções de Jeremias (Jr 36). Menos de
uma dúzia de igrejas locais e ainda menos indivíduos jamais possuíram uma cópia
inspirada de um livro do Novo Testamento. O que havia de tão especial em
Filemom e Gaio que fez Deus lhes dar cópias inspiradas do Novo Testamento mas
não a todos os crentes cristãos? O que havia de tão especial na carnal igreja
em Coríntios que fez Deus lhes dar duas epístolas inspiradas? E como Deus
decidiu qual das sete igrejas na Ásia Menor receberia o "original
divino" de Apocalipse e quais seis teriam que se contentar com cópias
"desinspiradas" do original?
Se a Bíblia não mais é inspirada, quem tirou sua inspiração? Quem a deu, em
primeiro lugar? Deus deu ao homem seu sopro e só Deus tem a autoridade para
retirá-lo (Gn 2:7, Dn 5:23). Se Deus deu à Bíblia Sua inspiração (e ele deu -
2Tm 3:16), então só Deus poderia tê-la tirado. Se ele o fez, então ele violou
seu próprio mandamento "Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem
diminuireis contra ela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR vosso Deus,
que eu vos mando," [traduzimos diretamente da King James Version.
ponderamos outras maneiras de traduzir, preferimos esta]. Aqui, em Deuteronômio
4:2, Deus, através do Seu uso da palavra "contra", está se referindo
mais do que a apenas letras ou palavras. Se ele tirou [a inerrável inspiração
da Bíblia], então ele mentiu quando jurou em Sl 89:34 "Não quebrarei a
minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios." De acordo
com os rejeitadores da Bíblia, então, Deus é culpado do mesmo pecado de que
eles são culpados.
Felizmente a Bíblia não diz nada sobre a sua inspiração ser limitada aos
"escritos originais" ou mesmo às "língua originais". Certo,
muitos homens ensinam que ela diz tal coisa, e cada um deles cita 2Tm 3:16 para
provar seu ponto de vista. Mas é isto realmente o que o versículo diz?
Analisando o versículo no contexto que ele aparece (2Tm 3:14-17), "Tu,
porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de
quem o tens aprendido, (15) E que desde a tua meninice sabes as sagradas
Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo
Jesus. (16) Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; (17) Para que
o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa
obra." você notará que Paulo admoesta Timóteo para permanecer (v. 14)
naquelas mesmas escrituras que ele tinha estudado quando criança (v. 15),
porque toda a escritura é divinamente inspirada (v. 16) e é proveitosa para
prover "perfeitamente" o homem de Deus. Timóteo possuía de alguma
maneira os manuscritos originais dos livros do Velho Testamento? Claro que não.
Mas as escrituras que ele possuía eram inspiradas!
Mesmo tirando fora do contexto, 2Tm 3:16 não pode ser usado como texto-prova
para uma inspiração limitada. Leia-o com toda atenção. Em nenhuma parte no
versículo as palavras "nos manuscritos originais" ocorrem. Por este
motivo, em nenhuma parte no versículo você encontrará um verbo no passado. Está
escrito "Toda a escritura É divinamente inspirada," não está escrito
"FOI divinamente inspirada." A inspiração da Bíblia está no presente
do indicativo - AGORA. A Bíblia está viva e ainda respira, e seria melhor se
você se alegrasse com isto. Deus inspirou a Bíblia por apenas uma razão: "Para
que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa
obra." (2Tm 3:17). Se a Bíblia tivesse sido inspirada somente nos
manuscritos originais, você não teria chance de viver e trabalhar para Deus da
maneira que Ele quer. 2Tm 3:16 também não diz nada sobre ser a Bíblia inspirada
só nas "línguas originais" (hebraico, aramaico e grego). Nem você
encontrará uma referência para "línguas originais" em nenhum lugar na
Bíblia. Mas os "eruditos" (e os não tão eruditos mas que sofreram
lavagem cerebral) continuam a ensinar que a inspiração da Bíblia é de algum
modo limitada às "língua originais". Se a Bíblia é inspirada somente
no hebraico, aramaico e grego, menos que 2% do povo que já viveu foi capaz de
ler ou entender a Bíblia (ou porções dela) na sua "forma inspirada".
Novamente a questão surge: Por que teria Deus se preocupado em inspirar a
Bíblia se só um punhado de pessoas seria capaz de se beneficiar de sua
"forma inspirada"? Quando Deus fez o evangelho possível a todas as
pessoas que queriam recebê-lo, não ensinou ele que "não faz acepção de
pessoas"? [At 10:34 e Rm 2.11]. Não provou ele isto, quando enviou ao
romano que falava latim, Cornélio, a mesma palavra que Ele tinha originalmente
enviado aos filhos de Israel que falavam hebraico, no Velho Testamento (At
10:34-37)? Não importa qual a linguagem ou nacionalidade de uma pessoa, se ela
teme a Deus e "faz o que é justo" (v. 35), Deus lhe dará (e lhe
permitirá que reconheça) a mesma palavra "que Deus enviou aos filhos de
Israel" (v. 36). O mesmo Deus que pode entender uma oração em qualquer
idioma pode também se comunicar em qualquer idioma.
Stewart Custer, no seu panfleto com o enganador título "The Truth About
the King James Version Controversy" [A Verdade a Respeito da Controvérsia
da Bíblia do Rei Tiago] clama que "dizer ... que a Bíblia do Rei Tiago
é a inerrante Palavra de Deus, é dizer que, dentre todas as pessoas do mundo,
Deus favorece [somente] aquelas que falam inglês" (p. 13). Ao
contrário, dizer uma tal coisa é admitir que Deus favorece todas as pessoas no
tocante a fazer-lhes a Bíblia disponível. A alegação de Custer é logicamente
falaciosa, se é que não é completamente hipócrita: será possível que ele não
compreende que dizer que a Bíblia é inspirada somente nas línguas originais é dizer
que Deus, de certo modo, favoreceu [somente] as pessoas que falavam hebraico,
aramaico e grego, a maioria das quais morreu há mais de mil anos?
Se a Bíblia é inspirada somente nas línguas originais, então ela é um livro
morto, porque o hebraico, o aramaico e o grego Koine da Bíblia são, todas três,
línguas mortas [nem mesmo os judeus e gregos de hoje as falam e entendem bem!].
A Bíblia, no entanto, clama ser viva ("quick" He 4:12). "Sendo
de novo gerados, ... pela palavra de Deus, viva, e que permanece para
sempre." (1Pe 1:23). "... as palavras que eu vos disse são
espírito e vida." (Jo 6:63). Uma vez que é viva, a Bíblia pode ver e
discernir e produzir vida, uma impossibilidade se ela estivesse morta.
Se a Bíblia é inspirada somente nas línguas originais, então ela é barbárica
[para nós que não as falamos]. "Mas, se eu ignorar o sentido da voz,
serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para
mim." , escreveu Paulo à igreja em Corinto (1Co 14:11). Deus exigiu
que os corintianos traduzissem os seus "idiomas desconhecidos" de
maneira que toda a igreja pudesse ser edificada (1Co 14:5). À luz disto, uma
vez que Deus inspirou a Bíblia para equipar os crentes para o Seu serviço, será
que não seria antibíblico que limitasse a inspiração da Sua palavra ao
hebraico, aramaico e grego (idiomas desconhecidos para 90% das pessoas que
jamais viveram)? Não seria antibíblico que Deus não traduzisse a sua palavra?
Certamente seria. Eis porque, de acordo com 1Co 14:5, 19, 27-28, Deus
"interpreta" convertendo das "línguas originais" para o
texto da própria Bíblia [que todos podemos ler].
Literalmente, "interpretar" significa "traduzir" (isto,
interessantemente, lança nova luz na declaração de Paulo de que a Bíblia não é
de nenhuma " particular interpretação " (2Pe 1:20). Um professor, um
pregador ou estudioso que faz a sua própria tradução de uma Bíblia grega ou
hebraica está fazendo uma interpretação particular!). Na minha igreja,
"faladores da linguagem dos sinais" traduzem ("interpretam")
sermões e testemunhos e músicas, em benefício dos surdos. Quando eu trabalhei
na África, "intérpretes" traduziam minhas mensagens e apresentações
do inglês para o swahili. José escondeu sua identidade dos seus irmãos falando
para eles através de um intérprete que traduzia do egípcio para o hebraico (Gn
42:7,23). Várias vezes, no Novo Testamento grego, Deus lança algumas palavras
em hebraico ou aramaico e então as "interpreta" para o grego, de modo
que não fossem barbáricas (Mt 1:23, 27:33, Mc 5:41, 15:22,34, Jo 1:41-42, 9:7,
19:17, At 9:36, 4:36, 13:8, He 7:1-2). Deus também traduz palavras em hebraico
que aparecem na porção aramaica de Daniel (Dn 5:25-28).
Um estudo da "interpretação" encontrada em Daniel 5 lança muita luz
na "questão [das versões] da Bíblia". Quando Daniel e os outros
jovens hebreus foram trazidos para a Babilônia, eles foram treinados no uso da
"língua dos caldeus" (Dn 1:4). Embora todo judeu na corte de Belsazar
fosse completamente fluente no seu hebraico nativo e no seu aramaico adotado,
somente Daniel foi capaz de interpretar o hebraico escrito na parede; da mesma
maneira, em si só, anos de estudo das "línguas da Bíblia" não
qualificam um homem para "interpretar" a Bíblia -- "são de
Deus as interpretações" (Gn 40:8). Deus provê a tradução que ele
deseja, confeccionada pelas mãos de um homem ao qual Ele tem provado, e
qualquer outra tradução é uma "particular interpretação". Em adição,
note que, por clareza, a tradução de Deus adiciona palavras não encontradas nos
"originais" (e.g., as palavras em itálicas na AV 1611). [Note também]
que Deus refreou o seu julgamento sobre Belsazar até que este tivesse ouvido as
palavras na sua própria linguagem!
Alguns argumentam que a Versão Autorizada da Bíblia não poderia ser inspirada
porque, se o fosse, então os tradutores do rei Tiago teriam sido exatamente tão
"inspirados" quanto os "escritores originais". A Bíblia, no
entanto, não diz que Pedro, Paulo, Moisés ou qualquer outro escritor bíblico
foi inspirado. Ao invés, ela diz que os escritores da Bíblia "foram
movidos" (2Pd 1:21). Somente a própria Bíblia é inspirada. Crença em que
os escritores foram inspirados é responsável por obras tais como a Epístola aos
Laodicenses e duas epístolas adicionais para a igreja em Corinto. Se Paulo
fosse inspirado, então tudo que ele escreveu seria Escritura; e não é. Se
Salomão fosse inspirado, então todos os três mil dos seus provérbios e todos os
mil e cinco de seus cânticos seriam Escritura; mas não são.
Exatamente como Deus pode usar pecadores salvos para registrar a Sua palavra,
assim também pode usar pecadores salvos para traduzir a Sua palavra. Roma,
naturalmente, se opõe completamente a isto, especialmente quando Deus traduziu
a Sua palavra para o inglês. Como muitos fundamentalistas dos anos 1980 o
fizeram, Roma [na Reforma] denunciou a AV quando ela estava sendo traduzida,
clamando que Deus poderia falar somente nas linguagens da Bíblia; a resposta
dos tradutores a tamanho nonsense é tão válida hoje como o foi em 1611.
"Nós não negamos, nós não afirmamos e declaramos que a ... tradução da
Bíblia para o inglês ... contém a palavra de Deus, antes que é a Palavra de
Deus: do mesmo modo que o decreto do rei, que ele expressou no Parlamento,
ainda é o decreto do rei mesmo depois de ser traduzida para o francês, holandês,
italiano e latim."
O que a América necessita hoje é de mais crentes que afirmem e não [de crentes
que] neguem que a King James 1611 é a Palavra de Deus. Que a Bíblia em inglês é
exatamente tão inspirada quanto a Bíblia nas suas "linguagens originais"
é enxergado em várias passagens da Bíblia: no dia de Pentencoste Pedro pregou
somente um sermão, todavia cada pessoa presente ouviu aquele sermão em sua
própria língua. Do mesmo modo como houve somente um sermão, há somente uma
Palavra de Deus. Do mesmo modo como o sermão não ficou restrito à língua
"original" de Pedro, assim também a Palavra de Deus não é restrita às
suas línguas "originais" (2Tm 2:9). E exatamente como cada versão do
sermão de Pedro foi verdadeiramente fiel ao "original", assim também
as versões genuínas da Bíblia são fiéis ao original, o qual está estabelecido
para sempre no céu. Centenas de versões falsificadas existem hoje, mas elas não
são fiéis ao original. A única versão autorizada da Bíblia em inglês, a única
pela qual Deus é o responsável, é a Bíblia do Rei Tiago.
Se a Bíblia é somente inspirada nas línguas originais, então toda passagem do
Velho Testamento citada no Novo Testamento é não inspirada, porque o Novo
Testamento as traduz [para o grego] ao invés de citá-las [em hebraico]. Se a
Bíblia é inspirada somente nas línguas originais, parte do Velho Testamento tem
de ser uma tradução não inspirada do egípcio, porque a Escritura falou ao
[coração de] Faraó (Rm 9:17), e eu duvido muito que ela lhe falou em hebraico.
Se a Bíblia é inspirada somente nas línguas originais, seria melhor você
começar a apreender aquelas línguas tão rapidamente quanto puder. Jesus disse
que o homem viveria por toda palavra que procede da boca de Deus. Ele ordenou
que suas palavras permaneçam em nós e, se ele de modo algum deixou sequer uma
sua palavra em inglês, seria melhor que nós as pegássemos das línguas
originais, de maneira que possamos parar de viver em desobediência.
De acordo com Is 55:11, uma característica da palavra inspirada é que ela realizará
o que agrada a Deus. O que é que Deus deseja? Ele deseja que pecadores se
arrependam de seus pecados e sejam salvos (Is 55:7, Ez 18:23, 2Pd 3:9, Lc
14:23), e a pregação da palavra inspirada realiza isso (Is 55:11, Rm 10:14,15,
2Tm 3:15). Será que a KJ 1611 realiza o que Deus deseja? Se realiza, então a KJ
1611 é inspirada, porque a palavra que realiza aquilo que Deus deseja, [ela]
"sai da minha boca".
De acordo com He 11:5, "Enoque foi trasladado". O significado
original de "trasladar" não é o de "passar de uma linguagem para
outra" mas, ao contrário, é "conduzir ou mover uma pessoa, de um
local ou condição, para outro; transferir, transportar" (Dicionário de
Inglês Oxford). Enoque foi apanhado, conduzido e transportado de um local (a
Terra) para outro (o Céu). [Semelhantemente,] como uma tradução para o inglês,
a KJ 1611 tem sido apanhada, conduzida e transportada de um local (as línguas
originais) para outro (o inglês). Será que esse processo de traslado afetou a
inspiração da Bíblia? De modo nenhum. Note que, depois da sua trasladação,
Enoque foi a mesma pessoa que tinha sido antes. Se houve alguma mudança depois
de ter sido trasladado, na realidade foi para melhor. Da mesma maneira, a
Bíblia do Rei Tiago é exatamente tão inspirada depois de ser traduzida [das
línguas originais para o inglês] quanto [o texto nas línguas originais] tinha
sido antes. Somente mudaram o local e a língua de expressão da Palavra, sua
natureza permaneceu a mesma.
Alguns argumentarão, no entanto, que algumas coisas não podem ser
[perfeitamente] convertidas de um idioma para outro; algumas coisas
tornar-se-ão nubladas exceto se estiverem na língua "original". Uma
vez ouvi um estudante oferecer esta desculpa para não ler a Bíblia: "Ler
em uma tradução é ruim, porque há algumas palavras no grego e no hebraico que
nós não sabemos exatamente o que significam." De algum modo, ele não podia
compreender que, se o significado de uma palavra é desconhecido, ser capaz de
lê-la na sua "linguagem original" ainda não o ajudará a saber o que
significa!
A perda de significado como um resultado da tradução pode ser verdadeira quanto
à literatura ordinária, mas a Bíblia não é apenas literatura, nem é ordinária.
Deus pode se comunicar [perfeitamente] em qualquer língua - claramente, precisamente
- porque ele é Deus. Deus não é autor de confusão (1Co 14:33 - no contexto de
"interpretação"!). E se a Bíblia fosse ininteligível sem o
conhecimento das "línguas originais", isto seria confusão na pior
escala. A doutrina de que uma idéia (que pode ser expressa em hebraico ou
grego) de algum modo não possa ser [perfeitamente] expressa em inglês, não é
nada mais do que etnocentricismo erudito. (Mesmo porque grande parte do
vocabulário grego tem sido absorvido no vocabulário inglês, o maior entre quaisquer
língua de toda a História). O fato de que a Bíblia em inglês ainda é a Palavra
de Deus, não tem impedido que um vasto número de pregadores, professores e
estudiosos digam de modo contrário: "O que isto significa no grego
original", "uma melhor tradução seria"; "o hebraico
realmente diz... " Eu ainda tenho de ver um exemplo de "indo de volta
para o grego" que não seja uma perda de tempo por uma ou por ambas destas
razões: (1) para começo de conversa, a passagem em questão era clara; (2) as
palavras em questão poderiam ser explanadas por um dicionário (de inglês) ao
invés de um léxico (de grego).
"Indo de volta para o grego" é [o truque] eruditamente aceitável de
se livrar de doutrinas das quais você não gosta e/ou de colocar eruditismo como
autoridade final. Por exemplo, aqui está como a maioria dos eruditos e
expositores explicam o que "inspirado" significa: "A frase
'divinamente inspirada' é , ela toda , uma só palavra no grego, theopneustos,
literalmente assoprada por Deus". Todavia, quando eu procuro theopneustos
no meu léxico, eu só encontro isto: "divinamente inspirado." Saber
grego não explica o que a palavra literalmente significa. Para aprender o
significado literal, um pessoa deve rastear a etimologia da palavra.
Primeiro de tudo, qualquer pessoa que fala inglês e [tem razoável]
familiaridade com sua própria língua, não necessita de um erudito grego para
lhe dizer o significado literal de theopneustos. Não chegou theos ao inglês em
um número de formas tais quais "teologia" e "teismo"? Não
chegou "pneustos" (assoprado) ao inglês em um número de formas
incluindo "pneuma", "pneumático" e "pneumonia"?
Em segundo lugar mesmo se o pregador não estiver familiarizado com a sua língua
nativa, então, se ele está desejoso de pesquisar a etimologia de "theopneustos",
por que não deveria ele, somente por uma mudança, estar desejoso de pesquisar a
etimologia da palavra inglesa "inspirada"?
A palavra inglesa "inspirada" literalmente significa "produzida
pelo assoprar; respirar para dentro [de] algo", com a conotação de que uma
deidade está fazendo o assoprar! Isto deveria ser óbvio para qualquer americano
que fez o secundário e que teve de memorizar as linhas de abertura do
"prólogo geral" das Chaucer's Canterbury Tales, que falam de Zephirus
inspirando coisas com seu doce fôlego (linhas 5-7).
"Divinamente inspirada" literalmente significa "divinamente
inspirada". "In" obviamente significa "em" ou
"dentro"; e "spirar" vem da palavra latina para respirar,
sendo a origem da nossa palavra "espírito" (ver Jo 3:8 e 20:22).
Quando sua respiração sai dos seus pulmões, você Expira. Quando ela entra
nos pulmões, você Inspira. [Combinando as duas coisas, ou não as
diferenciando, você Respira]. As vezes isto é feito com ajuda de em um respirador.
Quando você respira através de sua pele, você TRANspira. Quando você
fica bastante próximo de alguém de maneira que você compartilha a sua
respiração, você CONspira. Quando suas palavras [confidenciais] chegam
ao conhecimento de outras pessoas, algo tem transpirado. Note que pudemos
descobrir tudo isto somente consultando um dicionário, não foi necessário
usarmos nenhum léxico.
O número de passagens bíblicas abusadas pelos "eruditos das línguas
[originais]" é quase uma legião e inclui João 21:15-17 (embora o texto
grego do Novo Testamento use "phileo" e "agape"
indistintamente), Mateus 12:40 (a baleia de Jonas) e outras que, literalmente,
são numerosas demais para listar aqui. O motivo satânico atrás de tal abuso é
simplesmente estabelecer uma autoridade final diferente daquela da Bíblia. A
"posição batista histórica" sempre cita que a Bíblia é a autoridade
final em todos os assuntos. Quando as línguas originais são enfatizadas, como
elas são hoje, então a autoridade final não é [mais] a Bíblia, mas alguma outra
coisa é que a é. Uma vez, eu conheci uma mulher cujo marido estudava em um
seminário. Tornou-se chato, para ela, o ler (pior ainda estudar) a sua Bíblia,
porque a exposição aos ensinos do seminário e ao novo conhecimento do marido,
em hebraico e grego, a convenceram de que todas as traduções da Bíblia eram
falhas e que a Bíblia, uma vez que não era [presentemente] inspirada, tinha
sido inspirada somente nas línguas originais. Uma vez que ela não as conhecia,
deixou de estudar a Bíblia e, ao invés disso, tomou a palavra dos eruditos em
grego e hebraico como se fossem aquilo que realmente estava na Bíblia.
Quando a Bíblia é inspirada somente nas "línguas originais", somente
aqueles que conhecem essas línguas (ou que clamam que as conhecem) a podem ler,
e então eles se tornam a autoridade final porque as pessoas leigas e ignorantes
vão para elas ao invés de estudar a Bíblia elas próprias. Estudantes de
História reconhecerão que este é o mesmo artifício usado pela igreja católica e
sua "Vulgata Latina, inspirada" durante mil e quinhentos anos. Não
admira, então, que tantos batistas e protestantes estão ávidos para abraçar o
catolicismo através do movimento ecumênico!
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"As Duas Mentiras" é uma série em cinco partes que apareceu no Bible
Believers Bulletin, entre setembro de 1988 a janeiro de 1989. Mais informações
a respeito da King James Bible podem ser obtidas de: The Bible Baptist
Bookstore, PO Box 7135, Pensacola FL, Zip Code 32514, Phone 477-8812.
[Nota1 da Tradutora: eu e Hélio, meu marido, concordamos em tudo com o autor,
exceto: pensamos que não há mal em se tomar uma palavra do mesmo Texto
Tradicional usado na Almeida 1681/1753 e atualizarmos sua grafia (por exemplo,
"baptismo" para "batismo"); nem em substituirmos uma
palavra usada pelo próprio Almeida, por um melhor sinônimo (por exemplo,
mudarmos "baptismo" para "imersão")].
[Por que os "altos escalões" dos seminários, da AIBREB - Associação das Igrejas Batistas Regulares do Brasil, e associações estaduais (APIBRE, AIBRECE, etc.) das Igrejas Batistas Regulares, ao invés de estudarem + agradecerem + aprofundarem + divulgarem alertas como este, os temem tanto e tentam a todo custo proibir que se os façam ante todos os membros de suas igrejas batistas regulares?!?! Hélio, 2011]
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.