Uma Revisão e Observações sobre Artigo de Peter Whitfield:

Uma Dissertação sobre os Pontos Vogais Hebraicos
[i]




Dr. Thomas M. Strouse

Seminário Teológico Batista Emanuel




 

Introdução


Embora alguns possam supor que a defesa para a inspiração dos pontos vogais hebraicos seja uma novidade recente, tanto as Escrituras quanto à História argumentam em defesa do seu estado de origem. Os argumentos das Escrituras prevalecem, enquanto os argumentos históricos continuam imediatamente. A Biblioteca da Yale Sterling Memorial em New Haven, CT é uma das oito bibliotecas no mundo que possuem a obra rara de Peter Whitfield intitulada “Uma Dissertação sobre os Pontos Vogais Hebraicos. Demonstrando serem uma parte Original e Essencial da Linguagem” (Liverpool: Peter Whitfield, 1748), 288 pp. Este é um dos vários volumes que mostram a tendência na era pós-Reforma de defender a inspiração dos pontos vogais hebraicos contra as especulações do século 16, bem a gosto de Elias Levita e Jacque Cappel (Capellus). Outros desta tendência de defenderem os pontos vogais como divinamente doados foram Johann Buxtorf e John Owen (século 17), John Gill assim como Whitfield (século 18) e John Moncrieff (século 19).



 

Uma Revisão da Dissertação de Whitfield


O extenso volume de 288 páginas de Whitfield inclui uma introdução, dez argumentos e uma conclusão. Ao longo da obra ele dialoga com as posições de Levita e Capellus, dando vários exemplos bíblicos para refutar a noção deles da novidade dos pontos vogais. Na introdução, Whitfield enfatiza como a Igreja Católica Romana favorece a posição de Levita porque permite aos padres terem “a palavra final” na interpretação. A falta de pontos vogais autoritativos no Antigo Testamento Hebraico deixa a [critério do] intérprete o significado de muitas palavras. As seções seguintes do volume de Whitfield são os argumentos para a origem divina dos pontos vogais hebraicos do Antigo Testamento.



I. A necessidade dos pontos vogais na leitura da linguagem hebraica (pp. 6-46).

Whitfield argumenta pela óbvia necessidade das vogais para o ensino da linguagem hebraica. Sem as vogais, as simples pronúncias tão necessárias ao aprendizado do idioma são impossíveis. Ele reprova a ingenuidade de Levita ao sugerir que o mestre poderia ensinar uma criança com esforço auditivo (pp.22-23). O autor dá vários exemplos bíblicos provando sua necessidade.




II. A necessidade no Hebraico de formar diferentes conjugações, modos, tempos, assim como formas duais e plurais em nomes (pp.47-57).

Que os verbos hebraicos, incluindo as sete conjugações, modos e tempos e os nomes hebraicos com terminações singulares, duais, plurais estão baseadas nos indicadores diagnósticos vogais, isto não tem controvérsia. A tremenda complexidade da linguagem hebraica sem vogais argumenta contra qualquer tradição de preservação oral inscrita [só] recentemente através da invenção das vogais. Whitfield enfaticamente argumenta “quem quer que considere os muitos exemplos dessas diferenças, como elas ocorrem, perceberá que ele[1] deve ter sido uma pessoa de muita sagacidade, que pôde tê-las observado sempre sem os pontos” (p.48).[2]



III. A necessidade de pontos vogais para distinguir um grande número de palavras com diferentes significados que sem os pontos vogais são os mesmos (58-61).

Whitfield dá muitos exemplos das mesmas consoantes com diferentes pontos constituindo diferentes palavras. A marca diacrítica (ponto) acima do dente direito ou do dente esquerdo da letra shin / sin faz uma grande diferença em algumas palavras. Ele argumenta que se ele desse todos os exemplos, Whitfield precisaria “transcrever uma boa parte de Bíblia ou do léxico [hebraico]” (p.58).



IV. A inconsistência da latência dos pontos vogais à luz do zelo judaico com sua linguagem desde o cativeiro babilônico (62-65).

Os judeus eram zelosos por sua linguagem, observa Whitfield, e não teriam sido descuidados [a ponto de] deixar que sua vocalização das escrituras desaparecesse [e fosse “preservada”] através de uma tradição oral descuidada ou indiferente, progressivamente, desde o tempo do cativeiro. Ele cita várias antigas autoridades descrevendo o “fanatismo” judeu sobre proteger o detalhamento de suas Escrituras.



V. As várias e inconsistentes opiniões dos defensores da novidade dos pontos vogais sobre os autores, tempo, lugar e circunstâncias de sua instituição (66-71).

Whitfield argumenta que a defesa do sistema vogal recente tem uma ampla variedade de sugestões. Concernente aos autores, alguns defendem que o(s) inventor(es) foram os Judeus Tiberianos enquanto outros sugerem que foi o Rabino Judah Hakkadosh (cf. AD 230). Alguns dizem que os pontos foram inventados depois do Talmude (cf. AD 200-500), pelo Massoretas (AD 600), ou no século X ou XI. Sobre o local, alguns posicionaram em Tiberíades enquanto outros sugerem a Ásia Menor.



VI. O total silêncio dos antigos escritores, judeus e cristãos sobre sua origem recente (72-88).

Whitfield cita tanto os antigos rabinos quanto Jerônimo como negligenciando a referência à origem tardia (pós-Mosaica) dos pontos vogais.



VII. A necessidade absoluta de certificar-se da autoridade Divina da Escritura do Antigo Testamento (89-119).

O autor Whitfield afirma que as Escrituras são baseadas em palavras e palavras são baseadas em consoantes e vogais. Se não há vogais nos originais do Antigo Testamento Hebraico, então não há autoridade Divina sobre as Escrituras hebraicas do Antigo Testamento, ele argumenta, citando II Tm 3:16. Whitfield dá então uma vasta lista de passagens que mudam o significado quando os pontos são perdidos e através disso, diminuindo a autoridade Divina.



VIII. As muitas anomalias ou irregularidades da pontuação na gramática hebraica (120-133).

A objeção de Whitfield à novidade dos pontos-vogais diz respeito às muitas exceções às regras dos pontos-vogais, pelas quais essas anomalias e irregularidades demandam um sistema codificado para suas exceções para enfatizar um particular ponto da gramática e da verdade.



IX. A importância das leituras de Kethib versus as interpretações marginais de Qere[3] (134-221).

A existência da leitura de Kethib (palavra aramaica para “escrever”) no texto hebraico e as leituras de Qere (aramaico para “chamar”) à margem dos manuscritos hebraicos mostram que os rabinos eram sérios acerca de preservar as palavras originais, incluindo os pontos vogais, quando uma palavra questionável aparecia num manuscrito. A antiguidade pré-Cristã das leituras de Qere na margem demanda uma antiguidade pré-Massorética dos pontos vogais.



X. A resposta para duas questões materiais (222-282).

Whitfield responde a duas de três questões significativas nesta seção:

Por que a LXX e a versão de Jerônimo diferem do texto hebraico sobre as vogais correspondentes em nomes próprios?

Por que o silêncio dos escritores judeus sobre a pontuação anteriormente ao século VI da Cristandade? E

Por que cópias não apontadas eram usadas nas sinagogas judaicas?

Ele refuta resumidamente as primeiras questões afirmando que as diferenças nas traduções e nos textos hebraicos apontados não podem ser atribuídas às vogais já que os tradutores obviamente usavam cópias apontadas, e que os Judeus comentaristas, coesos com os Massoretas, de fato se referiam aos pontos. A terceira questão, respondida mais tarde em seu livro, é resolvida pelo fato de que não há prova história que [somente] cópias não-apontadas fossem usadas exclusivamente nas sinagogas.



Conclusão:

Whitfield conclui sua defesa bíblica e lingüística da antiguidade das vogais, dizendo:

“É manifestamente impossível que o contrário seja uma verdade auto-evidente, incontestável; e todos os escritos que foram publicados a favor da novidade, não o podem fazer. Especialmente porque, em todos eles, muitas respostas imperfeitas foram dadas a cada um desses argumentos pela antiguidade; e os principais argumentos [a favor da novidade] não têm sido mais que meramente mencionados [brevemente]. E o caráter dos ilustres autores, que defenderam a novidade dos pontos é, certamente no mínimo, equilibrado pelos de opinião contrária: pois contra Elias Levita, Capellus, Walton, etc, não nos envergonhamos de opor os dois Buxtorfs...Vander Hoogt...Gagnier... Scultens (p.288).



Algumas observações sobre a Inspiração das Vogais Hebraicas

Os escritores acima mencionados, que defenderam a origem Divina dos pontos vogais hebraicos, incluindo Whitfield, dão consistentemente alguns argumentos lingüísticos básicos sobre as Escrituras, que são difíceis se não impossíveis de serem superados.

Este presente autor revisitará os primeiros três argumentos de Whitfield e dará exemplos “fresquinhos” [tirados] do Texto Hebraico das Escrituras para provar a necessidade Bíblica dos pontos vogais hebraicos divinamente inspirados e preservados:




A própria necessidade bíblica da leitura e escrita da linguagem hebraica:


Quando o Senhor renovou Sua aliança com Israel, ele usou Moisés para escrever as mesmas palavras que estavam nas tábuas iniciais dos mandamentos (Ex 34:1 e seg.). O Senhor disse a Moisés: “Escreve estas palavras; porque conforme ao teor destas palavras tenho feito aliança contigo e com Israel” (v.27). A expressão “conforme o teor destas palavras” (‘al piy hadevariym ha’elleh) poderia ser traduzida literalmente como: “à [base] da boca dessas palavras”. O único modo pelo qual Moisés poderia ter escrito as palavras ditas pelo Senhor era ouvir as vogais nas consoantes e então escrever as palavras com as vogais intactas. A Lei Mosaica, então, se constituiu das palavras realmente escritas por Jeová, incluindo consoantes e vogais.[4] Além disso, os judeus deveriam obedecer a Lei Mosaica nos menores detalhes, não acrescentando nem diminuindo nada dela (Dt 4:2). Eles deveriam manter ou preservar (shamar) a Lei e não esquecer as coisas que nela foram vistas e escritas e então ensinar a seus filhos a Lei mosaica (vv. 6, 9, 10; cf. 6:7; 32:46).

Esses versículos argumentam conclusivamente contra qualquer noção de que os sons das vogais foram meramente dados para Moisés que os tenha passado pela tradição oral da pronúncia até que os Massoretas inventaram um sistema para aproximar as vogais. A especulação de [Elias] Levita de que os Massoretas inventaram os pontos não tem nada que a recomende, mas tem a autoridade das Escrituras para condená-la.

O Salmo inicial se dirige ao homem abençoado e sua responsabilidade de se alegrar e meditar na lei do Senhor, dizendo: “Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1:2). A palavra “meditar” vem de hagah que significa “sussurrar” e sugere a deliberada pronúncia das palavras da Escritura. É impossível recitar consoantes sem vogais e é impossível se alegrar (chaphatz) em consoantes com vogais não autoritativas. Novamente, a visão falaciosa de que o homem teria inventado os pontos vogais hebraicos nada tem que a defenda. Será que há alguma razão para que aqueles que [realmente] crêem na Bíblia [como A Palavra de Deus] tenham que sustentar e apoiar o ponto-de-vista que o Senhor Deus, o Criador da habilidade da linguagem, negligencie as vogais, pelo menos até o ponto de que Ele as preservaria [perfeitamente] em forma escrita? Enfim, Jesus Cristo não se referiu a Si mesmo como “o Alfa e o Ômega” (Ap 1:8; 21:6), a primeira e a última vogais do idioma grego?




A necessidade lingüística para distinguir verbos e substantivos hebraicos


Os verbos hebraicos são feitos de sete radicais, dos quais há o radical Qal e seis radicais derivados, incluindo Niphal, Piel, Pual, Hithpael, Hiphil e Hophal. Esses radicais se aplicam igualmente a verbos fortes e fracos. A diferenciação de alguns desses radicais é baseada na pontuação complexa das vogais, sem o que haveria tremenda confusão. O Piel e Pual diferem entre si, assim como o radical Qal somente por vogais e marcas diacríticas. O radical Niphal perfeito 3 ms (3ª pessoa, masculino, singular), o Niphal imperfeito 1 cp (1ª pessoa, comum, plural) e Niphal particípio ms diferem somente por pontos vocais e ambos podem ser confundidos com o Qal imperfeito 1cp, exceto pelos pontos. As formas imperfeitas de todos os radicais, exceto o Hiphil e Hithpael são idênticas sem pontos e haveria a conseqüente confusão sem os pontos vogais divinamente preservados. Se os radicais são significativos, que devem ser, então suas respectivas diferenças vogais são significativas e devem ser cuidadosamente mantidas para tornar compreensível uma dada passagem.

Por exemplo: em Gn 1:26, as Escrituras usam o primeiro de vários verbos Qal imperfeitos 1 cp (na `eseh) para Deus designar “façamos” o homem. No entanto, sem as vogais, este verbo poderia ser “ele foi feito” (Niphal [passivo] perfeito 3 ms), ou “nós seremos feitos” (Niphal imperfeito 1 cp). Além disso, o Niphal particípio ms sem a pontuação teria as mesmas consoantes e significado de “sendo feito”. Embora alguns possam dizer que o contexto sempre mostraria qual conjugação e tempo teria sido divinamente inspirado, nesse caso, o contexto provavelmente eliminaria só o particípio. Jeová teria dito “façamos” o homem ou “ele [o homem] foi feito” ou “nós teremos sido feitos” homem?

Outro exemplo seria suficiente sobre esse ponto:

Como resposta à indagação de Isaque sobre o sacrifício animal, Abraão respondeu “Deus proverá (yire’eh) para si [mesmo] o cordeiro” (Gen 22:8). É o verbo Qal imperfeito 3ms e, portanto ativo (Deus proverá para Si [mesmo] o cordeiro) ou Niphal imperfeito 3 ms e portanto, reflexivo (Deus proverá a Si [mesmo] para o cordeiro)? O Texto Massorético tem a primeira leitura e, portanto, a resposta é que Deus, e ninguém mais, incluindo Abraão, proverá o cordeiro. Sem a pontuação autoritativa, a teologia precisa requerida aqui e em outro lugar é perdida.

Com relação a nomes, as terminações de substantivos masculinos são necessárias para determinar o número. Os nomes hebraicos podem ser singulares, duais e plurais. Exemplos de nomes masculinos duais incluem coisas como pares, tipo mãos, pés, olhos, ouvidos, etc. A terminação distintiva de um nome masculino dual é pathach, yodh, chirek e mem, em contraste com a terminação distintiva de um nome masculino plural, como: chirek, yodh, mem. O primeiro versículo das Escrituras do Antigo Testamento é instrutivo. As Escrituras dizem: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gen 1:1). Sem as vogais autoritativas, poder-se-ia entender que a palavra masculina “Deus” (‘elohim) é um nome masculino plural e que a palavra “céu” (hashshamayim) é um nome masculino dual. O Texto Massorético ensina que o plural “Cabeça de Deus” criou os dois céus (primeiro e segundo). Ou seria que o nome dual “Cabeça de Deus” (yin yang) criou uma pluralidade de céus?

Com respeito aos nomes próprios, o texto consonantal dá várias alternativas interessantes, mas não-autoritativas ao Texto Massorético indicado. Em Provérbios 30:1, Agur dirigiu-se a Itiel e Ucal? Kidner afirma:

“As consoantes hebraicas desta frase podem ser revocalizadas para a leitura: ‘eu me fatiguei, oh Deus, eu me fatiguei, oh Deus e cheguei ao fim’... que introduz bem o tema aberto. As versões antigas eliminam da mesma forma os nomes próprios, mas discordam em suas traduções. Permanece uma questão aberta” [!!!]

Se os pontos vogais podem ser re-arranjados em nomes próprios, o que impede do intérprete de fazer um re-arranjo da maioria dos capítulos do texto hebraico e, portanto, da criação de uma nova e falsa doutrina?

Outro exemplo da alegada necessidade de revocalização do Texto Massorético traz consternação aos que mantém a integridade e originalidade dos pontos vogais hebraicos. Na passagem que leva ao “grande muro” de Afeque, a Escritura afirma “...e caiu o muro sobre vinte e sete mil homens, que restaram...” (I Rs 20:30)

Kulus, citando a afirmação de Donald Wiseman: “Os ‘mil’ (‘eleph) podem ser re-vocalizados sem mudança de consoantes para ‘oficial’ (‘alluph)... o número pode representar vinte e sete oficiais mortos...”, “carregando” alguns [incrédulos] que “não ouvirão este número [de 27 mil homens] porque é muito grande”[!!!] Neste contexto não se sabe se 27 mil homens foram mortos ou se 27 oficiais foram mortos.




A Necessidade dos Pontos Vogais para Distinguir Diferentes Palavras das Mesmas Consoantes:


No Salmo 119, a estrofe sin/shin (vers. 161-168) mostra uma ilustração da necessidade de marcas diacríticas (i.e., ‘til’ [Mt 5:18]). O sibilante ou letra ‘s’ designada de sin parece um pente de três dentes com um ponto sobre o dente esquerdo (f). O shin tem a mesma forma consonantal, mas tem o ponto diacrítico sobre o dente direito (v) e produz a consoante ‘sh’. O salmista declarou no v. 164 “Sete vezes no dia te louvo pelos juízos da tua justiça”. Sem o ponto diacrítico sobre o dente direito da primeira consoante no nome sheva` (‘sete’), a palavra poderia ser o verbo perfeito sava` (“ele está satisfeito”). Portanto, o texto hebraico poderia dizer “Ele está satisfeito no dia em que eu te louvo pelos juízos da tua justiça”. O contexto não pode ter uma solução autoritativa e consequentemente, o texto se torna uma cera pronta a ser moldada por qualquer intérprete.

Moisés fez trocadilho[5] sobre a nudez de Adão e Eva e a sutileza da serpente usando duas palavras com as mesmas consoantes `arom e `arum, respectivamente. A única diferença entre esses dois adjetivos, além do primeiro estar no plural e o outro no singular é o ponto vogal. O que Moisés tencionava dizer: o casal estava nu e a serpente era sutil, o casal era sutil e a serpente era sutil; o casal era sutil e a serpente estava nua, ou o casal estava nu e a serpente estava nua? Neste estágio do desenvolvimento da narrativa de Moisés, seria impossível saber, com certeza absoluta, sem a pontuação.

Finalmente, uma rápida passada de olhos por um glossário hebraico mostraria diferenças básicas só pela pontuação. Por exemplo, consideremos o seguinte:

‘l (‘Deus’ ou ‘para’ ou ‘não’), ‘m (‘mãe’ ou ‘se’), ‘ph (‘nariz’ ou ‘também’), ‘th (‘com’ ou ‘você’), bn (‘perceber’ ou ‘entre’), bqr (‘vacas’ ou ‘manhã’), gll (‘listar’ ou ‘à conta de’), hw’ (‘ele’ ou ‘ela’), hnh (‘eles’ ou       ‘veja’), zcr (‘macho’ ou ‘lembrar’), chwh (‘inclinar’ ou ‘Eva’), lchm (‘lutar’ ou ‘pão’), mn (‘a partir de’ ou ‘maná’), ngs/ngsh (‘bater’ ou ‘aproximar’), `d (‘testemunha’ ou ‘dentro’), `wr (‘acordar’ ou ‘pele’), `m (‘gente’ ou ‘com’), prs/prsh (‘disseminar’ ou ‘cavaleiro’), r`(‘amigo’ ou ‘mau’), e shm (‘nome’ ou ‘lá’). Com estas palavras (algumas delas sendo verbos, outras substantivos, outras adjetivos, e outras pronomes, perfazendo um total de milhares de possibilidades contextuais), seria ridículo sugerir que vogais originalmente não foram gravadas nas Escrituras.




Conclusão


O livro de Whitfield chama atenção ao contínuo ataque à autoridade das Escrituras. Ele argumenta sucintamente sobre as Escrituras e as necessidades lingüísticas da inspiração e preservação dos pontos vogais do texto hebraico do Antigo Testamento. Ele está na lista dos defensores da preservação das vogais hebraicas. Os que tentariam sobrepor os argumentos bíblicos e lingüísticos comandados por esses estudiosos devem fazê-lo à base de várias pressuposições. Eles devem pressupor que as Escrituras não ensinam a preservação das palavras do Senhor, que o Hebraico pode ser aprendido precisamente e pode ser preservado sem vogais autoritativas e que o Senhor Deus, por alguma razão desconhecida, desdenha da preservação das vogais junto com Suas consoantes inspiradas e preservadas.

Este ensaio refutou três pressuposições falaciosas. A questão real é sobre a autoridade final. Quem tem a última palavra sobre o Antigo Testamento e conseqüentemente sobre todas as Escrituras: a Igreja Católica Romana, os Massoretas, os estudiosos modernos, ou o Senhor Jesus Cristo? Os crentes professos na Bíblia [como a Palavra de Deus] reconhecerão que o Senhor fala autoritativamente, [sem interrupções], por intermédio das palavras [consoantes + vogais] do Antigo Testamento?




[1] N. R.: “Ele” se refere a quem quer que supostamente tenha inserido o suposto sistema de vocalização sobre o suposto texto consonantal hebraico primitivo.

[2] N. R.: Whitfield está utilizando a figura de linguagem, de origem semântica, conhecida como “ironia”, “que consiste em, aproveitando-se do contexto, utilizar palavras que devem ser compreendidas no sentido oposto do que aparentam transmitir”. (Pasquale & Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa pág. 575)

[3] N.R.: Em Inglês, Kethiv e Keri, respectivamente.

[4] N.R.: Sem ir ao hebraico, pegue sua ACF e abra em Ex 17:14. Deus manda Moisés escrever num livro para memória a vitória de Josué e seus homens contra Amaleque e seu povo. Manda também, relatar o escrito aos ouvidos de Josué. (Relatar é fazer uma exposição minuciosa de fatos), logo, se Moisés tinha que relatar o que estava escrito aos ouvidos de Josué, isto só poderia ser feito se as vogais estivessem lá no escrito (para poderem ser faladas por Moisés e ouvidas por Josué)!!! Acrescente Dt 30:9-14, onde a voz do SENHOR, que deveria ser guardada pelos israelitas, está “neste livro da lei” (v. 10). Isto só é possível com o uso das vogais. Note que “esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires” (v. 14); uma vez que só Moisés ouviu o total teor da lei que Deus deu a Israel (Ex 20:18-21:1) e mesmo assim Deus diz que ela está junto à boca de Seu povo por meio dos  “escritos neste livro da lei” (v. 10), conclui-se claramente que isto só foi possível porque Moisés escreveu exatamente o que ouviu do SENHOR, usando, sem sombra de dúvidas, as vogais. Atente na seqüência: estes textos afirmam que o escrito (por Moisés) é falado, ouvido e entendido (“não te é encoberto”, v. 11) desde o princípio, provando, com “infalíveis provas” (At 1:3), que Moisés escreveu, e conseqüentemente todos os demais escritores do VT, todos os seus escritos usando consoantes e vogais.

[5] N. R.: Trocadilho: (Do cast. [a la] trocadilla, «às avessas»). Precisamente, paronomásia, (lingüística) figura de retórica que consiste em empregar, na mesma frase, palavras semelhantes no som ou na escrita, mas diferentes no sentido.

 



[i] Do original em inglês: “A Review of and Observations about Peter Whitfield’s: A Dissertation on the Hebrew Vowel-Points” – acessível em www.deanburgonsociety.org

TRADUÇÃO: JEANNE RANGEL

Revisão: Alexander da Silva Vasconcelos (com a colaboração de Hélio Menezes). N. R. = Nota do Revisor.



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