Há algum tempo atrás, eu não me submeti de forma a apoiar certas graves mudanças
e erros doutrinários e de práticas de um líder de uma importante organização
batista que já foi e ainda se considera um dos bastiões do fundamentalismo. Ao
contrário, de público adverti e exortei contra os desvios iniciados por tal
líder. Como ele é quase que adorado pelos seus seguidores, como esses os seguem
quase como se ele fosse Deus, como lhe dedicam lealdade incondicional,
consequentemente passei a receber, quer diretamente ou por telefonemas ou
cartas ou e-mails, ofensas e agressões verbais, algumas delas muito dolorosas
por virem de pessoas que muito amávamos. Baseado em um e-mail de David Cloud,
escrevi a seguinte carta-padrão como resposta a meus ofensores quase que
adoradores do líder e da denominação deles:
Olá.
Lamento que você se sinta assim, me odeie tanto, me agrida e injurie tanto.
Mas, diante de Deus, tenho a responsabilidade de julgar os pregadores (e suas
mensagens e vidas) pela Palavra de Deus, e pretendo continuar a fazer isso,
apesar da oposição por aqueles que seguem cegamente os homens (o que é
idolatria).
Reconheço que eu não sou nada e que eu não sou ninguém. Sou simplesmente um
homem que o Senhor salvou por Sua graça e chamou para pregar, ensinar e
escrever. Eu não sou digno desse chamado, mas Deus não chama pessoas dignas;
Ele chama quem Ele quer chamar, normalmente os mais fracos, em oposição aos
fortes; chama os que são ninguém, em oposição aos nobres.
Ninguém gosta de ser criticado e ninguém gosta de ouvir ser criticado o seu
pastor ou algum seu herói espiritual, mas não há razão para automaticamente,
sem nenhum profundo exame de todos os fatos, passar a nutrir ódio por quem
emitiu a crítica. Não há nenhuma razão para, automaticamente, partir para o
ataque sem medidas contra o mensageiro denunciador de erros ( tal como Natan
confrontou Davi), não há nenhuma razão para colocá-lo em sua lista negra. Todos
nós faríamos bem, ao contrário, em investigar e ponderar todos os fatos e
críticas, à luz da Palavra de Deus, ao invés de responder às críticas de uma
maneira carnal semelhante à de um feroz pit-bull guardião de pátio de
ferro-velho.
Vemos, pelas seguintes Escrituras, que o crente tem a responsabilidade de
testar tudo pela Palavra de Deus:
“Por isso estimo todos os teus preceitos acerca de
tudo, como retos, e odeio toda falsa vereda.” (Sl 119:128 ACF)
“Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em
Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia
nas Escrituras se estas coisas eram assim.” (At 17:11 ACF)
“E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.” (1Co 14:29
ACF)
“20 Não desprezeis as profecias. 21 Examinai tudo. Retende o bem.”
(1Ts 5:20-21 ACF)
As Escrituras que se seguem autorizam o pregador a proclamar a Palavra de Deus
incluindo reprovação e repreensão e exortação.
“Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de
vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo
admoestar-vos uns aos outros.” (Rm 15:14 ACF)
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria,
ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e
cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração.” (Cl 3:16
ACF)
“Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas,
repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.” (2Tm 4:2 ACF)
“Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém
te despreze.” (Tt 2:15 ACF)
“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém
administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus
seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o
sempre. Amém.” (1Pe 4:11 ACF)
“Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que
se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;”
(Hb 3:13 ACF)
Eu nunca vi nada na Bíblia que iria limitar um ministério de testar e reprovar,
de modo que certos pastores influentes não estariam sujeitos a serem testados e
reprovados. E eu nunca vi nada na Bíblia que exija que um pregador exerça
reprovação só em um contexto privado. (Ver http://solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/PorQueVoceNaoSegueMat18-DCloud.htm )
Os profetas do passado reprovaram publicamente até mesmo os mais
piedosos reis, quando esses transigiram espiritualmente.
“Porém Eliezer, filho de Dodava, de Maressa,
profetizou contra Jeosafá, dizendo: Porquanto te aliaste com Acazias, o
SENHOR despedaçou as tuas obras. E os navios se quebraram, e não puderam ir
a Társis.” (2Cr 20:37 ACF)
Paulo repreendeu Pedro publicamente, por sua hipocrisia.
“Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente
conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu,
sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os
gentios a viverem como judeus?” (Gl 2:14 ACF)
Se os amigos de Pedro tivessem sido como um monte de batistas de hoje que se
dizem fundamentalistas (mas não o são) e que eu conheço, eles teriam atacado
Paulo por sua audácia em repreender "o homem de Deus", e,
especialmente, por repreendê-lo diante dos outros. Perguntariam
“Por que você, Paulo, não falou com Pedro privadamente,
em vez de levar o assunto a público?” Estava Paulo com ciúmes de Pedro? Sim,
deve ter sido isso. Quem foi Paulo em comparação a Pedro? Somente quando Paulo
viesse a ganhar 3.000 almas para o Senhor através de um único sermão, e quando
viesse a pastorear uma igreja de dezenas de milhares de membros, então ele
poderia ser qualificado para repreender o grande Pedro, mas não antes. Por que,
quando Paulo pregou no Areópago, apenas um punhado de pessoas responderam e
foram salvas? Provavelmente porque ele fez muito de uma questão de arrependimento!
Quem é que Paulo acha que ele é para reprovar Pedro por sua hipocrisia? Será
que Paulo pensa que ele é o epítome da perfeição cristã? Sim, ele provavelmente
está cheio de orgulho e obcecado de ciúmes. Além disso, Paulo é picuinhas. A
pequena "hipocrisia" de Pedro, se você quiser chamá-la assim, não foi
grande coisa.” Por que Paulo não aponta suas armas somente contra o real
inimigo (contra o Diabo e suas mais grosseiras seitas, contra os mais
grosseiros pecados e contra os líderes das mais grosseiras seitas), ao invés de
atirar balas nos soldados feridos do nosso próprio exército de cristãos? Paulo
não percebe que é errado ser divisionista? Além disso, Paulo nem sequer era um
membro da igreja de Jerusalém, então ele tinha que se restringir e se ocupar com
o seu próprio negócio. Se ele quer reprovar alguém, que reprove os judaizantes
e os gnósticos, mas deixe de fora, não toque em nenhum homem de Deus.”
Estes é o pensamento de um grande número de batistas que se consideram
fundamentalistas e não o são. Mas a atitude de lealdade inquestionável a
qualquer homem não é bíblica, mas é própria de seitas. Nenhum pregador está
acima de ser testado pela Palavra de Deus. Qualquer pregador é susceptível a
contemporizar e a errar. E se a sua contemporização e o seu erro são públicos e
possíveis de serem notados, e se podem ter uma influência pública, então a
repreensão tem que ser pública.
Um pregador realmente dedicado a Deus não deseja nem incentiva (nem permite)
que lhe seja dada nada nem de longe parecido com "lealdade
inquestionável" Embora ninguém gosta de repreensão, um homem de Deus sabe
que a repreensão é necessária.
“O que ama a instrução ama o conhecimento, mas o
que odeia a repreensão é estúpido.” (Pv 12:1 ACF)
“Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica,
porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se
estas coisas eram assim.” (At 17:11 ACF)
Eu não estou defendendo um espírito de somente criticar, de picuínhas. Eu não
estou defendendo fofocas carnal. Eu não estou defendendo criticismo com base em
ignorância, ou somente em subjetivas preferências pessoais ou mero
tradicionalismo.
Estou defendendo uma crítica com dedicação a Deus e emitida com sabedoria em
uma atitude compassiva e baseada solidamente sobre a Escritura corretamente
dividida por pessoas que amam a Cristo e têm em vista somente a Sua glória.
Os bereanos não são chamados de "nobres" na Escritura, porque eles
concediam uma lealdade cega a Paulo. Eles são chamados de "nobres",
porque eles constantemente testavam a pregação de Paulo pela Palavra de Deus.
Não só eles eram certos em fazê-lo, como também eles estavam exercendo um
ministério espiritual essencial e fundamental.
A única autoridade de um pregador é a Bíblia, e quando ele se desvia dela
que ele não tem autoridade nenhuma. Considere a seguinte exortação:
“Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a
palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver.”
(Hb 13:7 ACF)
Aqui vemos que governantes espirituais qualificados são aqueles que falam a
Palavra de Deus. Essa é a autoridade deles, e essa é a única autoridade deles,
e eles devem ser testados por esta mesma Palavra. A conversação (ou seja, o
modo de vida) deles também deve ser testada para saber se está de acordo com a
Palavra de Deus e se eles são qualificados para exercer o ofício de pastor, tal
como consta em 1 Timóteo 3 e Tito 1.
A Bíblia descreve, nas primeiras igrejas, um homem como esses modernos
incentivadores de culto à personalidade deles próprios, sem questionamentos.
Seu nome era Diótrefes, e o apóstolo João advertiu contra ele, em termos
inequívocos.
“9 ¶ Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que
procura ter entre eles o primado, não nos recebe. 10 Por isso, se eu for,
trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras
maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os
que querem recebê-los, e os lança fora da igreja. 11 Amado, não sigas o
mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a
Deus.” (3Jo 1:9-11 ACF)
Diótrefes tinha um problema de CORAÇÃO. Ele era um homem orgulhoso. Ele
tornou-se inflado em sua própria estimativa, amando a preeminência.
Diótrefes tinha problema de VONTADE. Ele governou a Igreja por sua própria
vontade, mas o trabalho de pastor é o de governar em obediência à vontade de
Deus. O pastor qualificado não é "soberbo" (cheio de sua vontade)
(Tito 1:7). “Porque convém que o bispo seja
irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem
iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;”
(Tt 1:7 ACF) A igreja é o rebanho de Deus e edifício de Deus, a criação
de Deus. O pastor não deve querer ser senhor sobre a herança de Deus (1 Ped.
5:3). “Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus,
mas servindo de exemplo ao rebanho.” (1Pe 5:3 ACF)
Diótrefes também teve um problema de AUTORIDADE. Ele, obviamente, sentiu que
era uma autoridade em si mesmo, ao passo que a única autoridade do pastor é a
Bíblia. O líder cristão que tenta levar a Igreja pelo pensamento humano e por
tradições ou filosofias do homem tem que ser rejeitado.
Nenhum pregador batista que alega ser fundamentalista (mas nem de longe se
parece com os melhores e verdadeiros batistas fundamentalistas das décadas de
1930 a 1950) que eu saiba fala loucuras diretamente contra os apóstolos, mas
alguns deles falam loucuras contra aqueles que tentam testá-los pela doutrina
dos apóstolos e pela prática. E eles "proibem" os seus "críticos",
assim como Diótrefes o fez, às vezes até mesmo expulsando-os da igreja.
HÁ MUITOS DIÓTREFES ENTRE LÍDERES BATISTAS QUE ALEGAM SER FUNDAMENTALISTAS (mas
nem de longe se parecem com os melhores e verdadeiros batistas fundamentalistas
das décadas de 1930 a 1950), MAS TÊM SIDO INFLUENCIADOS POR ESSES MODERNOS
INCENTIVADORES DE CULTO, SEM QUESTIONAMENTOS, ÀS PERSONALIDADES DELES PRÓPRIOS.
Você pode dizer que um homem é um Diótrefes quando ele proíbe qualquer tipo de
crítica a si, e quando ele fala loucuras contra seus críticos, usando palavras
malignas e inculcando a idéia de que aqueles que falam contra ele estão
realmente falando contra Deus.
Meus amigos, cuidado com o espírito de Diótrefes.
Pregador, lute sem cessar para que esse espírito não consiga alcançá-lo,
começar tendo alguma influência sobre si, por fim dominá-lo.
Irmãos, não sejam apanhados pelas garras de tais homens, elas são tão maléficas
como as garras das seitas. Eles vão tentar usurpar o lugar de Jesus Cristo em
sua vida e irão roubar-lhe o direito dado por Deus de vocês mesmo, diretamente,
investigarem e interpretarem fatos e pessoas, e os julgarem espiritualmente,
guiados somente e diretamente pela Bíblia e pelo Espírito Santo.
Ao mesmo tempo, eu gostaria de exortar o povo de Deus se submeter à autoridade
de líderes realmente dedicados a Deus, sinceros, humildes, exalando o perfume
de todos os bagos do fruto do Espírito Santo, em suas vidas pessoais, em
família, no púlpito, no andar diário. Se você não é um pastor, você não tem a
autoridade de um pastor e seu trabalho não é o de liderar a igreja. Quando cada
membro da igreja pensa de si mesmo como um pastor da igreja e considera a si
mesmo capaz de determinar a direção da igreja, há confusão. A obediência a
pastores realmente chamados por Deus é uma disciplina espiritual muito
importante e é necessária para a paz na Igreja e para a bênção e progresso na
obra de Deus neste mundo necessitado. Temos que aprender que nunca vamos
concordar com qualquer pastor em todos os assuntos. As decisões finais para a
liderança espiritual da igreja são de responsabilidade dele e ele as deve tomar
em temor e tremor diante da face de Deus, pois é ele é quem vai dar conta por
elas.
“12 E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que
trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; 13 E
que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre
vós.” (1Ts 5:12-13 ACF)
Pastores realmente chamados e qualificados por Deus têm real autoridade
espiritual que Deus lhes deu e devem ser alegremente obedecidos como, E
enquanto, e na medida em que) eles obedecem à Palavra de Deus (Hebreus 13:17),
“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles;
porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para
que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hb
13:17 ACF)
mas um Diótrefes excede essa autoridade e domina com dureza sobre o povo de
Deus, de uma maneira carnal e obstinada.
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém.” (1Jo
5:21 ACF)
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